13 de Setembro 2013 (CC) / 31 de Agosto (CE)
Deposição da preciosa cintura da SS. Mãe de Deus em Xalcopratia (séc. VI).
Trasladação das relíquias de S. Focas, mártir (séc. I), S. Ezequiel, profeta (séc. VI a.C), Ss. Apolinário e Vital de Ravena, mártires (séc. I).
2 Coríntios 7:10-16
10 Porque a tristeza segundo Deus opera
arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo
opera a morte. 11 Pois vêde quanto cuidado não produziu em vós
isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! sim, que defesa própria, que
indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes
estar inocentes nesse negócio. 12 Portanto, ainda que vos escrevi,
não foi por causa do que fez o mal, nem por causa do que o sofreu, mas para que
fosse manifesto, diante de Deus, o vosso grande cuidado por nós.
13 Por isso temos sido consolados. E em nossa consolação nos alegramos ainda
muito mais pela alegria de Tito, porque o seu espírito tem sido recreado por
vós todos. 14 Porque, se em alguma coisa me gloriei de vós para
com ele, não fiquei envergonhado; mas como vos dissemos tudo com verdade, assim
também o louvor que de vós fizemos a Tito se achou verdadeiro. 15
E o seu entranhável afeto para convosco é mais abundante, lembrando-se da
obediência de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor.
16 Regozijo-me porque em tudo tenho confiança em vós.
Marcos 2:18-22
18 Ora, os discípulos de João e os
fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos
de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? 19
Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias,
enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem
jejuar; 20 dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo;
nesses dias, sim hão de jejuar. 21 Ninguém cose remendo de pano
novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e
torna-se maior a rotura. 22 E ninguém deita vinho novo em odres
velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e
também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.
REFLEXÃO
Quando é que os discípulos
de Cristo devem jejuar? Quando o Noivo estiver ausente. Embora realmente
presente em Espírito entre nós, já por dois mil anos ausente fisicamente. O
Noivo nos foi retirado, embora não nos tenha deixado órfãos.
O jejum, conforme ensina a
Santa Tradição, além de simbolizar o luto ou arrependimento pelos pecados
cometidos, também é um exercício de privação do apetite, dos desejos por
saciedade e do prazer oral. Esta privação não é um exercício “de dor pela dor”,
mas um treinamento de fortalecimento da nossa capacidade de resistir aos apelos
do corpo, fortalecendo a nossa vontade em agradar a Deus, que se acha
enfraquecida pelo pecado, o qual se apodera de nós por meio dos apelos da
carne, ou seja, é um combate aos obstáculos que se interpõem em nossa jornada
para Deus. Não é meritório, e sim, terapêutico; não é um fim em si mesmo, mas
uma ferramenta em que nos torna aptos para sermos moldados pelo Espírito na
imagem (semelhança), do Senhor (2 Cor. 3: 17-18).
Como deve ser praticado o
jejum? Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de forma oculta,
usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam que estamos
jejuando.
Em segundo lugar
praticando-o, conforme as nossas forças e de acordo com as circunstâncias.
Existem três tipos de jejuns: o rigoroso, o estrito e o moderado. O jejum
rigoroso diz respeito a uma total abstinência de comida e bebida, inclusive
água. O jejum estrito corresponde à abstinência total de comidas e bebidas,
podendo, no entanto, beber água. E, por
fim, o jejum moderado, que consiste numa abstinência de ingestão de produtos
animais (carnes, lacticínios e derivados) como também de bebida forte.
Os dois primeiros tipos de
jejuns são altamente impróprios para as pessoas desacostumadas a esta pratica,
principalmente àquelas que habitam os grandes centros urbanos e necessitam
empreender trabalhos diários, vivendo sob forte e constante tensão. Estes dois
tipos de jejuns são próprios aos monges e monjas. O terceiro tipo de jejum -
quando tiver de ser realizado por um longo período (tal como os períodos
Quaresmais), deve ser feito sob a orientação de alguém já experiente. As
pessoas com problemas de saúde ou sob tratamento médico devem se abster de
jejuar, pois afinal de contas, não é a comida e nem a bebida que nos recomenda
perante Deus (1 Cor. 8:8; Col. 2:16).
A Santa Tradição prescreve
a todos os Cristãos Ortodoxos um jejum moderado (salvo em ocasiões especiais e
próprias) duas vezes por semana (às quartas-feiras e às sextas-feiras); além de
um jejum parcial a partir da meia noite do sábado até o final da Divina
Liturgia (a qual é celebrada aos domingos pela manhã), a fim de que os
preciosos Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam as primícias de
nossa alimentação.
Padre Mateus (Antonio Eça)
«Então jejuarão»
«Dias virão em que o Esposo
lhes será retirado; então jejuarão.» Pois que o Esposo nos foi retirado, é, para nós, tempo de
tristeza e de lágrimas. Este Esposo «é mais belo que todos os filhos dos
homens; a graça escorre nos seus lábios» (Sl 44,3) e, contudo na mão dos seus
carrascos, perdeu todo o brilho, toda a beleza, e foi arrancado à terra dos
vivos (Is 53, 2-8). Ora o nosso luto é justo se ardemos de desejo de O ver.
Felizes dos que, antes da Sua Paixão, puderam gozar da Sua presença,
interrogá-Lo como queriam e escutá-lo como se devia... Quanto a nós, assistimos
agora ao cumprimento daquilo que Ele disse: «dias
virão em que desejareis apenas ver um dos dias do Filho do homem, mas não o
vereis» (Luc 17,22)...
Quem não diria com o rei
profeta:
«As minhas lágrimas
tornaram-se o meu alimento, dia e noite, enquanto me diziam sem cessar: “onde
está o teu Deus?"» (Sl 41,4).
Cremos n' Ele, sem dúvida,
sentado já à direita do Pai, mas enquanto estivermos neste corpo, estamos longe
d' Ele (2 Cor 5,6), e não podemos mostrá-Lo àqueles que duvidam da sua
existência e, mesmo quem a nega dizendo: «Onde
está o teu Deus?»...
«Um pouco mais de tempo
ainda, dizia o Senhor aos Seus discípulos, e não me vereis mais» (João 16,19). Agora é a
hora acerca da qual Ele disse: «Vós
estareis na tristeza, mas o mundo estará na alegria»... Mas, acrescenta
ele, «voltarei a ver-vos e o vosso
coração alegrar-se-á, e ninguém vos retirará a vossa alegria» (v. 20). A
esperança que nos dá assim, Aquele que É fiel nas suas promessas não nos deixa,
desde agora, sem nenhuma alegria – até que venha a alegria sobreabundaste do
dia em que nos tornaremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é (1Jo
3,2)... «Uma mulher que vai dar à luz
(diz Nosso Senhor), sofre, porque chegou
a sua hora, mas quando o filho nasce, experimenta uma grande alegria, porque um
ser humano veio ao mundo» (João 16,21). É esta alegria que ninguém poderá
tirar-nos, e da qual estaremos cheios, logo que passemos da concepção presente
da fé à luz eterna. Jejuemos, pois, agora, e rezemos, porque estamos ainda no
dia do parto.
Agostinho, Bispo de Hipona.
Sermão 200
ORAÇÃO
Como a corça suspira pelas
correntes de água, assim minha alma suspira por ti, meu Deus. Minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de Deus? As
lágrimas são meu pão, dia e noite, enquanto me repetem, todo o dia: “Onde está
o teu Deus?” De dia o Senhor use de misericórdia! De noite cantarei uma prece a
Deus, que é minha vida. Por que estás abatida, ó minha alma, e gemes dentro de
mim? Espera em Deus! Ainda o aclamarei: “Salvação da minha face e meu Deus!”.
Salmo 41(42): 2-4,9,12
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