terça-feira, 28 de janeiro de 2014

32ª Terça-feira Depois de Pentecostes

28 de Janeiro de 2014 (CC) 15 de Janeiro de 2014 (CE)
São Paulo de Tebas; São João Kalibita, o que vivia em uma gruta.


Tiago 3:1-10

     1 Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo.    2 Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de refrear também todo o corpo.    3 Ora, se pomos freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, então conseguimos dirigir todo o seu corpo.    4 Vede também os navios que, embora tão grandes e levados por impetuosos ventos, com um pequenino leme se voltam para onde quer o impulso do timoneiro.    5 Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia.    6 A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno.    7 Pois toda espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano;    8 mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal.    9 Com ela bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.    10 Da mesma boca procede bênção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim.   

Marcos 11:11-23

     11 Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.    12 No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,    13 e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.    14 E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.    15 Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;    16 e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;    17 e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.    18 Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.    19 Ao cair da tarde, saíam da cidade.    20 Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.    21 Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.    22 Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.    23 Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. 


COMENTÁRIO

A leitura do Evangelho de hoje faz saltar aos nossos olhos uma faceta de Cristo pouco lembrada e até mesmo negada por muitos cristãos: a severidade e a virilidade, pois geralmente se concebem tais características como incompatíveis com a natureza do amor, principalmente quando este é compreendido única e pragmaticamente numa dimensão romântica.

O ícone denominado “Pantokrator do Sinai” (obra datada do sec. IV e preservada pelo Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai) chama muita atenção, além de sua beleza, pela estranha pintura dos olhos de Cristo, que nesta tela se apresentam desenhados de formas distintas e assimétricas. Esta disposição faz com que uma de suas faces lhe confira um semblante severo e a outra uma aparência tenra. São os olhares da justiça e da misericórdia, as quais em Cristo não são realidades divergentes, mas convergentes, conforme está escrito no Salmo 84(85): “A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram” (Sl 84:10).

O episódio narrado pelo Evangelista São Marcos da maldição da figueira é uma figuração teológica da nação de Israel, que regada e adubada pelos Patriarcas, por Moisés e todos os Profetas foi encontrada estéril e sem fruto quando o Emanuel lhe veio visitar. Por isto João Batista clamava: “O machado está posto na raiz das árvores e toda árvore que não der fruto será cortada e lançada ao fogo”. A observação que são Marcos faz de que não havia frutos na figueira por ainda não ser o tempo de figos, representa a chegada repentina e inesperada do Reino de Deus e do Seu Juízo. A figueira, a oliveira e a videira sempre foram usadas pelos Profetas do Velho Testamento como símbolos de Israel.

O Templo transformado em camelódromo (mercado público) exemplifica a perversão religiosa existente em Israel; e a ação viril de Cristo, o juízo devastador que cairia sobre eles, não ficando “pedra sobre pedra” quando os Romanos devastaram Jerusalém, no ano 70 dc, pondo definitivamente um fim ao culto judaico, fazendo assim, cessar o sacrifício e a possibilidade de perdão, conforme a Antiga Aliança. Assim, São Paulo adverte: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus”. E São Tiago, o irmão do Senhor, no trecho de sua Epístola que hoje lemos, se mostra cuidadoso para que os mestres cristãos não repitam os mesmos erros dos judeus, lembrando que os mestres sofrem juízo mais severo do que os demais e, que a habilidade no falar deve estar conjugada a uma disciplina pessoal capaz de subjugar as paixões que atuam na natureza humana.

Pe. Mateus (Antonio Eça)


ORAÇÃO

Guarda, Senhor, a minha alma, e livra-me; não me deixes abatido, porquanto confio em Ti. Preservem-me a inocência e a retidão, porquanto espero em Ti. Salmo 24:20,21 (25:20,21)

Nenhum comentário:

Postar um comentário