08 de Outubro de 2014 (CC) / 25 de Setembro (CE)
Santa
Eufrosina de Alexandria, monja (séc. V)
Eufrosina era filha única de uma família muito rica.
Seu pai, Panfúcio, era um dos homens mais ricos da cidade de Alexandria e, com
sua esposa, distinguiam-se por sua fé em Cristo. Aos doze anos Eufrosina ficou
órfã de sua mãe, e seu pai passou a se
dedicar inteiramente ao cuidado e educação da filha. Aos 18 anos de idade, seu
pai quis desposá-la com um jovem da alta sociedade. Entretanto, a alma de
Efrosinis já havia compreendido o amor de Deus, e o casamento seria um sério
obstáculo para a sua vida espiritual e seu serviço aos necessitados. Por isso,
certo dia, repartiu todos os seus bens com os pobres, saiu silenciosamente de
sua casa disfarçada de homem e procurou abrigo num monastério. A Santa era
muito admirada por sua luta espiritual e por sua predisposição ao trabalho. Viveu no monastério durante 38
anos, e ao final de seus dias se reencontrou com seu pai que, mais tarde, seria
também consagrado monge. Assim, a vida
de Eufrosina nos recorda as palavras do Evangelho que nos diz:
«Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade» (Tt 2, 12)
«Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade» (Tt 2, 12)
LITURGIA
Efésios 5:25-33
Vós, maridos, amai vossas
mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para
a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas
próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a
si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e
sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo, da
sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se
unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o,
porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em
particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o
marido.
Lucas 5:33-39
Disseram-lhe, então, eles:
Por que jejuam os discípulos de João muitas vezes, e fazem orações, como também
os dos fariseus, mas os teus comem e bebem? E ele lhes disse: Podeis vós fazer
jejuar os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias virão, porém,
em que o esposo lhes será tirado, e então, naqueles dias, jejuarão. E
disse-lhes também uma parábola: Ninguém deita um pedaço de uma roupa nova para
a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha.
E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá
os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; Mas o vinho novo
deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. E ninguém
tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.
COMENTÁRIOS
«Então jejuarão»
«Dias virão em que o Esposo lhes será retirado; então jejuarão.» Pois que o Esposo nos foi retirado, é, para nós, tempo de tristeza e de lágrimas. Este Esposo «é mais belo que todos os filhos dos homens; a graça escorre nos seus lábios» (Sl 44,3) e, contudo na mão dos seus carrascos, perdeu todo o brilho, toda a beleza, e foi arrancado à terra dos vivos (Is 53, 2-8). Ora o nosso luto é justo se ardemos de desejo de O ver. Felizes dos que, antes da Sua Paixão, puderam gozar da Sua presença, interrogá-Lo como queriam e escutá-lo como se devia... Quanto a nós, assistimos agora ao cumprimento daquilo que Ele disse: «dias virão em que desejareis apenas ver um dos dias do Filho do homem, mas não o vereis» (Luc 17,22)...
Quem não diria com o rei profeta: «As minhas lágrimas tornaram-se o meu alimento, dia e noite, enquanto me diziam sem cessar: “onde está o teu Deus?"» (Sl 41,4). Cremos n' Ele, sem dúvida, sentado já à direita do Pai, mas enquanto estivermos neste corpo, estamos longe d' Ele (2 Cor 5,6), e não podemos mostrá-Lo àqueles que duvidam da sua existência e, mesmo quem a nega dizendo: «Onde está o teu Deus?»...
«Um pouco mais de tempo ainda, dizia o Senhor aos Seus discípulos, e não me vereis mais» (João 16,19). Agora é a hora acerca da qual Ele disse: «Vós estareis na tristeza, mas o mundo estará na alegria»... Mas, acrescenta ele, «voltarei a ver-vos e o vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos retirará a vossa alegria» (v. 20). A esperança que nos dá assim, Aquele que é fiel nas suas promessas não nos deixa, desde agora, sem nenhuma alegria – até que venha a alegria sobreabundante do dia em que nos tornaremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é (1Jo 3,2)... «Uma mulher que vai dar à luz, diz Nosso Senhor, sofre, porque chegou a sua hora, mas quando o filho nasce, experimenta uma grande alegria, porque um ser humano veio ao mundo» (João 16,21). É esta alegria que ninguém poderá tirar-nos, e da qual estaremos cheios, logo que passemos da concepção presente da fé à luz eterna. Jejuemos, pois, agora, e rezemos, porque estamos ainda no dia do parto.
Agostinho, Bispo de Hipona.
Como Jejuar
Quando é que os discípulos de Cristo devem jejuar? Quando o Noivo estiver ausente. Embora realmente presente em Espírito entre nós, já por dois mil anos ausente fisicamente. O Noivo nos foi retirado, embora não nos tenha deixado órfãos.
O jejum, conforme ensina a Santa Tradição, além de
simbolizar o luto ou arrependimento pelos pecados cometidos, também é um
exercício de privação do apetite, dos desejos por saciedade e do prazer oral.
Esta privação não é um exercício “de dor pela dor”, mas um treinamento de
fortalecimento da nossa capacidade de resistir aos apelos do corpo,
fortalecendo a nossa vontade em agradar a Deus, que se acha enfraquecida pelo
pecado, o qual se apodera de nós por meio dos apelos da carne, ou seja, é um
combate aos obstáculos que se interpõem em nossa jornada para Deus. Não é
meritório, e sim, terapêutico; não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta em
que nos torna aptos para sermos moldados pelo Espírito na imagem (semelhança),
do Senhor (2 Cor. 3: 17-18).
Como deve ser praticado o jejum?
Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de forma oculta, usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam que estamos jejuando.
Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de forma oculta, usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam que estamos jejuando.
Em segundo lugar praticando-o, conforme as nossas
forças e de acordo com as circunstâncias. Existem três tipos de jejuns: o
rigoroso, o estrito e o moderado. O jejum rigoroso diz respeito a uma total
abstinência de comida e bebida, inclusive água. O jejum estrito corresponde à
abstinência total de comidas e bebidas, podendo, no entanto, beber água. E, por fim, o jejum moderado, que consiste
numa abstinência de ingestão de produtos animais (carnes, lacticínios e
derivados) como também de bebida forte.
Os dois primeiros tipos de jejuns são altamente
impróprios para as pessoas desacostumadas a esta pratica, principalmente aquelas que habitam os grandes centros urbanos e necessitam empreender
trabalhos diários, vivendo sob forte e constante tensão. Estes dois tipos de
jejuns são próprios aos monges e monjas. O terceiro tipo de jejum - quando
tiver de ser realizado por um longo período (tal como os períodos Quaresmais),
deve ser feito sob a orientação de alguém já experiente. As pessoas com
problemas de saúde ou sob tratamento médico devem se abster de jejuar, pois
afinal de contas, não é a comida e nem a bebida que nos recomenda perante Deus
(1 Cor. 8:8; Col. 2:16).
A Santa Tradição prescreve a todos os Cristãos
Ortodoxos um jejum moderado (salvo em ocasiões especiais e próprias) duas vezes
por semana (às quartas-feiras e às sextas-feiras); além de um jejum parcial a
partir da meia noite do sábado até o final da Divina Liturgia (a qual é
celebrada aos domingos pela manhã), a fim de que os preciosos Corpo e Sangue de
nosso Senhor Jesus Cristo, sejam as primícias de nossa alimentação.
Padre Mateus (Antonio Eça)
A Graça do Matrimônio
O casamento, antes de ser um veículo de procriação, da satisfação psicológica e do prazer, é primeiramente, um sinal da grande Graça Divina, pela qual Ele, Deus, quis fazer com que o homem se tornasse participante de Sua Natureza Divina (2 Pedro 1:3,4). Assim, Paulo, nos revela, que este "deixar o homem pai e mãe para se unir à sua mulher" tem uma dimensão muito mais profunda do que simplesmente a união conjugal dos gêneros humanos (macho e fêmea). Ele aponta para a encarnação do Verbo, pela qual, o Adão terreno se elevaria à estatura do Adão Divino (Ef. 4:13).
Para que esta graça pudesse se concretizar, o Verbo teve de suportar em Sua carne as dores e as injustiças que são provocadas pelas paixões humanas, as quais Ele as venceu cravando-as na cruz. E isto Ele o fez por amor a Igreja, a fim de purificá-la e torná-la apta a participar da Natureza Divina. Por isto, na Igreja, o Matrimônio é visto como "misterion" (sacramento) e um sinal da jornada espiritual, na qual, homem e mulher, cumpre um papel distinto, em esforço e ajuda mútua para alcançar o objetivo Divino.
O macho, símbolo do Adão Celeste, encabeça todas as coisas e as rege, não como os tiranos terrenos, mas como o Soberano Eterno, capaz de se humilhar e padecer por amor.
A fêmea, símbolo da Igreja - a qual tem na Eva redimida (a Santa Mãe do Verbo Encarnado) seu modelo de fé, rejeita o seu direito à autonomia e, igualmente por amor, serve ao seu amado.
Vivenciar esta jornada, este caminho espiritual, é algo muito penoso para a alma humana, em sua atual realidade, por estar tomada por muitas e grandissíssimas paixões. Por isto, a Igreja, prescreve os jejuns e os exercícios espirituais, a fim de que este caminho, esta jornada seja concluída e alcance seu objetivo.
Portanto, todos os que vivenciam o Matrimônio em sua perspectiva primeira e última, alcançam a Graça e a plenitude do reino dos Céus.
Os que que vivem o Matrimônio com ênfase apenas nas suas dimensões secundárias (reprodução e satisfação erótica), estão sujeitos a todos os elementos que degeneram a relação, daí as fragmentações e os divórcios.
O objetivo comum une e fortalece. As perspectivas pessoais, isolam e fragmentam.
Padre Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
Como
a corça suspira pelas correntes de água, assim minha alma suspira por ti, meu
Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a
face de Deus? As lágrimas são meu pão, dia e noite, enquanto me repetem, todo o
dia: “Onde está o teu Deus?” De dia o Senhor use de misericórdia! De noite
cantarei uma prece a Deus, que é minha vida. Por que estás abatida, ó minha
alma, e gemes dentro de mim? Espera em Deus! Ainda o aclamarei: “Salvação da
minha face e meu Deus!”.
Salmo 41(42): 2-4,9,12
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