segunda-feira, 20 de outubro de 2014

20ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

20 de Outubro de 2014 (CC) / 07 de Outubro (CE)
Ss. Sérgio e Baco, mártires (†t 297/304)


Diz-se que estes santos eram oficiais do exército romano na fronteira com a Síria. Sérgio era o comandante da escola de recrutas e Baco seu subalterno. Ambos gozavam do prestígio do imperador Maximiano, até o dia em que este se deu conta de que sempre, enquanto ia ao templo de Júpiter oferecer sacrifícios os dois soldados ficavam à porta. Imediatamente os mandou chamar para que tomassem parte da cerimônia. Como se negassem a obedecer, o imperador ordenou que suas insígnias militares fossem retiradas e que fossem vestidos com roupas femininas e levados assim por toda a cidade. Depois os desterrou para Rosafa, na Mesopotâmia, onde o governador mandou que fossem tão cruelmente açoitados que Baco veio a falecer durante as torturas. Seu corpo foi jogado na rua, mas os corvos o protegeram contra a voracidade dos cães. (o mesmo se conta de outros santos). 

São Sérgio foi obrigado a caminhar um longo trecho com unhas de ferro nos pés, até o local onde foi decapitado. Os martirológios e os escritores eclesiásticos antigos dão testemunho do martírio destes santos, porém os detalhes de sua morte não são fidedignos. 

No ano 431, Alexandre, o Metropolita de Hierápolis, ordenou restaurar uma igreja que estava sobre o sepulcro de São Sérgio. No século VI, as paredes desta igreja estavam cobertas de prata. Alexandre investiu muito dinheiro na restauração desta igreja e, três anos mais tarde, a região de Rosafa se tornou Diocese, ficando esta igreja fora de sua jurisdição, o que o desagradou muito. Em memória deste santo, a cidade passou a se chamar Sergiopólis. Justiniano a fortificou, honrando particularmente a memória destes mártires. A Igreja de Rosafa era uma das mais famosas do Oriente. Sérgio e Baco, juntamente com Teodoro, Demétrio, Procópio e Jorge eram os patronos do exército Bizantino.




LITURGIA


Filipenses 2:12-16

12Sendo assim, meus amados, como sempre obedecestes, não somente na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, colocai em prática a vossa salvação com reverência e temor a Deus, 13pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade.

14Fazei tudo sem murmurações nem contendas; 15para que vos torneis puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis, vivendo em um mundo corrompido e perverso, no qual resplandeceis como grandes astros no universo, 16retendo firmemente a Palavra da vida, para que, no dia de Cristo, eu tenha motivo de me gloriar no fato de que não foi inútil que corri e trabalhei.

Lucas 7:36-50

36Tendo sido convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se, como era o costume, junto à mesa. 37Assim que tomou conhecimento que Jesus estava reunido à mesa, na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro cheio de perfume. 38E, posicionando-se atrás de Jesus, prostrou-se a seus pés e começou a chorar. Suas lágrimas molharam os pés de Jesus, mas ela, em seguida os enxugou com os próprios cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. 39Diante de tal cena, o fariseu que o havia convidado falou consigo mesmo: “Se este homem fora de fato profeta, bem saberia quem nele está tocando e que espécie de mulher ela é: uma pecadora!”


40Então, voltou-se Jesus para o fariseu e lhe propôs: “Simão, tenho algo para dizer-te”. Ao que ele aquiesceu: “Sim, Mestre, dize-me”. 41“Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta. 42Nenhum dos dois tinha com que pagar, por isso o credor decidiu perdoar a dívida de ambos. Qual deles o amará mais?” 43Replicou-lhe Simão: “Imagino que aquele a quem foi perdoada a dívida maior”. Ao que Jesus o congratulou: “Julgaste acertadamente!” 44Então, virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: “Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me trouxeste água para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com os próprios cabelos. 45Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde que cheguei não cessa de me beijar os pés. 46E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo, ungiu os meus pés. 47Por tudo isso, te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado. 48Em seguida, Jesus afirmou à mulher: “Perdoados estão todos os teus pecados!” 49Então, os demais convidados começaram a comentar: “Quem é este que pode até perdoar pecados?” 50E Jesus revela à mulher: “A tua fé te salvou; vai-te em permanente paz”.



COMENTÁRIOS

“Anfilóquio de Icônio (séc. IV) 
Um fariseu rogava a Jesus que fosse comer com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, recostou-se à mesa. Ó graça inenarrável! Ó inefável bondade! Ele é médico e cura todas as enfermidades, para ser útil a todos: bons e maus, ingratos e agradecidos. Por isso, convidado agora por um fariseu, entra naquela casa que até aquele momento estava repleta de males. Onde quer que morasse um fariseu, ali existia um antro de maldade, uma cova de pecadores, o aposento da arrogância. Mas mesmo que a casa daquele fariseu reunisse todas estas condições, o Senhor não se desfez de aceitar o convite. E com razão. 
Prontamente aceita o convite do fariseu, e o faz com delicadeza, sem reprovar-lhe sua conduta: em primeiro lugar, porque queria santificar os convidados, e também o anfitrião, a sua família e o próprio esplendor dos manjares. Em segundo lugar, aceita o convite do fariseu porque sabia que ampararia a uma meretriz e destacaria seu abrasador e ardente anelo de conversão, para que ela, deplorando seus pecados diante dos letrados e dos fariseus, lhe concedesse oportunidade de ensinar-lhes como se deve aplacar a Deus com lágrimas pelos pecados cometidos. 
E uma mulher da cidade, uma pecadora, diz, colocando-se detrás, junto aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe seus pés com suas lágrimas. Louvemos, pois, a esta mulher que alcançou o aplauso de todo o mundo. Ela tocou aqueles pés imaculados, compartindo com João o corpo de Cristo. Na verdade, aquele se apoiou sobre o seu peito, de onde extraiu a doutrina divina; esta, porém, se abraçou naqueles pés que por nós percorriam os caminhos da vida. 
De sua parte, Cristo – que não se pronuncia sobre o pecado, mas louva a penitência; que não castiga o passado, mas sonda o porvir –, omitindo as maldades passadas, honra a mulher, elogia sua conversão, justifica suas lágrimas e premia seu bom propósito; porém, o fariseu, ao ver o milagre fica desorientado e, trabalhado pela inveja, nega-se a admitir a conversão daquela mulher: ainda mais, solta-se em injúrias contra aquela que assim honrava ao Senhor, lança o descrédito contra a dignidade daquele que era honrado, censurando-o de ignorante: Se este fosse profeta, saberia quem é esta mulher que o está tocando. 
Jesus, tomando a palavra, dirige-se ao fariseu embrenhado em tal tipo de murmurações: Simão, tenho algo a dizer-te. Ó graça inefável! Ó inenarrável bondade! Deus e homem dialogam: Cristo apresenta um problema e estabelece uma norma de bondade, para vencer a maldade do fariseu. Ele respondeu: Fala, mestre! Um credor tinha dois devedores. Observa a sabedoria de Deus: nem sequer nomeia a mulher, para que o fariseu não falseie intencionalmente a resposta. Um, diz ele, lhe devia quinhentos denários e o outro cinquenta. Como não tinham com que pagar, ele perdoou aos dois. Perdoou aos que não tinham, não aos que não queriam: uma coisa é não ter e outra muito distinta não querer. Um exemplo: Deus não nos pede outra coisa além da conversão; por isso quer que estejamos sempre alegres e apressemo-nos em acorrer à penitência. Contudo, se tendo vontade de converter-nos, a multidão de nossos pecados revela o impróprio de nosso arrependimento, não porque não queremos, mas porque não podemos, então nos perdoa a dívida. Como não tinham com que pagar, perdoou aos dois. 
Qual dos dois o amará mais? Simão contestou: Suponho que aquele a quem ele perdoou mais. Jesus lhe “disse: Julgaste corretamente. E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês a esta mulher pecadora, à qual tu rejeitas e à qual eu acolho? Desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Por isso te digo: seus muitos pecados estão perdoados. Porque tu, ao receber-me como convidado, não me honraste com o ósculo, não me perfumaste com unguento; esta, porém, que alcançou o esquecimento de seus numerosos pecados, honrou-me até com suas lágrimas. 
Portanto, todos os que aqui estão presentes, imitai o que ouvistes e concorrei no pranto desta meretriz. Lavai vosso corpo não com água, mas com lágrimas; não vistais o manto de seda, mas a incontaminada túnica da continência, para que consigais idêntica glória, dando graças ao Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A ele a glória, a honra e a adoração, com o Pai e o Espírito Santo agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.”
   
Santo Efrém, o Sírio (séc. IV) 
A pecadora recebeu, em troca de seus beijos, a graça dos pés santos, que se tinham dedicado caminhando para que a ela chegasse o perdão dos pecados. Ela, com o unguento que derramou gratuitamente, dava repouso aos pés de seu Médico, que lhe trouxe grátis um tesouro de salvação para as suas doenças. Aquele que sacia aos famintos não foi convidado para encher o seu ventre, mas em vista da penitência da pecadora convidou-se a si mesmo aquele que justifica aos pecadores. 
Não era dos manjares do fariseu do que nosso Senhor estava faminto, mas tinha fome das lágrimas da pecadora. E quando se saciou e aplacou a fome das lágrimas, voltou-se para reprovar a quem lhe tinha convidado somente para uma comida passageira, a fim de mostrar que não foi convidado em razão do alimento corporal, mas do auxílio espiritual. Não era pelo prazer que nosso Senhor se tinha misturado com os que comiam e bebiam, como pensava o fariseu, mas para misturar “seu ensinamento na comida dos mortais como Medicina de Vida. 
O fariseu havia preparado para nosso Senhor coisas magníficas em seu banquete. A pecadora, entretanto, ali só pôde fazer por ele coisas pequenas. Porém aquele, com seus magníficos manjares, dava a degustar a nosso Senhor a pequenez de seu amor, enquanto que esta, com suas lágrimas, deu a degustar a nosso Senhor a abundância de seu amor. Aquele que lhe havia convidado para um grande banquete, foi reprovado pela pequenez de seu amor, enquanto que ela, com suas pequenas lágrimas, apagou as grandes contas de suas dívidas. 
Entrei em tua casa, e não me deste água para meus pés. Isto era uma injúria sobre algo que era devido. Esta, entretanto, os regou com suas lágrimas. Isto era a paga devida. Tu não me ungiste com óleo. Isto era sinal de negligência. Esta, entretanto, ungiu os meus pés com azeite perfumado. Isto era um sinal de diligência. Tu não me destes o ósculo. Um testemunho de desamor. Esta, entretanto, não cessou de beijar os meus pés. Um sinal de amor. 
Portanto, nosso Senhor teve em conta e mostrou que todas estas coisas o fariseu as devia a nosso Senhor, porém “porém ele tinha recusado de pagá-las. Entrou a pecadora, e pagou tudo o que aquele não tinha querido pagar. E como ela tinha pago as dívidas do ingrato, o Justo perdoou a dívida de seus próprios pecados. 
Que médico, fariseu cego, impede aos enfermos que cheguem até ele? Porém tu blasfemas contra nosso Médico, dizendo: “Por que se aproximou dele esta enferma?” Esta, cujas chagas foram curadas graças às suas lágrimas! Mas aquele que tinha descido para ser uma fonte de salvação para os enfermos, tinha proclamado isto: Todo aquele que tenha sede, que venha a mim e beba. Quando os fariseus, companheiros deste, murmuravam contra a salvação dos pecadores, o Médico teve que lhes explicar sua arte, que a porta estava aberta para os enfermos, e não para os sãos. Porque os sãos não têm necessidade de médico, mas os doentes. Visto que o louvor do médico está na saúde dos enfermos, a vergonha do fariseu é maior, por resmungar a nosso Médico com o que constituía a sua glória. 
Nosso Senhor, que havia feito sinais pelas ruas, também quando entrou na casa daquele fariseu faria sinais maiores que os de fora. Pois pelas ruas curou os “de fora. Pois pelas ruas curou os corpos enfermos, e dentro, ao invés, curou as mentes doloridas. Fora, deu a vida a Lázaro morto; dentro, deu a vida à pecadora morta. Retornou ao cadáver a alma viva que tinha saído dele, e lançou da pecadora o mortal pecado que morava em seu interior. 
Também tu, fariseu, sedento de injúria, o que viste em nosso Senhor para dizer: “não é um profeta?” O que nele aparecia eram as coisas próprias do Senhor dos profetas. Porque os rios de lágrimas se apressavam a proclamar que se derramavam como na presença de Deus. Os beijos cheios de compunção davam testemunho de que queriam obter do Senhor das dívidas aquilo que rompesse os recibos das contas. O rico unguento da pecadora proclamava ser o suborno da penitência. 
Estes são os medicamentos que a pecadora ofereceu ao seu Médico, para que com suas lágrimas ele alvejasse suas manchas, e com seus beijos ele curasse suas chagas, e com seu perfumoso unguento ele fizesse seu mau nome doce como o aroma de seu perfume. Este é o Médico que cura o homem com os medicamentos que eles levam a ele. Estes são os prodígios que se viram, mas o fariseu em seu lugar somente via a injúria. 
Glória ao Invisível que se revestiu de visibilidade, para que os pecadores pudessem aproximar-se dele! Nosso Senhor não impediu a pecadora de aproximar-se como o fariseu esperava que o fizesse, porque toda a razão pela qual tinha descido daquela altura a qual o homem não alcança, é para que chegassem a ele pequenos publicanos como Zaqueu; e toda a razão pela qual a Natureza que não pode ser apreendida se havia revestido de um corpo, é para que pudessem beijar seus pés todos os lábios, como o fez a pecadora. Ó brasa santa, de fato, ocultou-se no véu da carne, e aproximou-se a todos os lábios impuros, e os santificou. E aquele que parecia haver convidado a seu ventre para um banquete, na realidade tinha convidado a seus pés ao banquete das lágrimas da pecadora. 
Este é o Médico bom, que saiu para ir à pecadora que lhe andava buscando no interior de seu coração. E ela ungiu os pés de nosso Senhor, que não a pisoteou, a ela que era pisoteada por todos como o pó da terra. Realmente, a tinham pisoteado os fariseus, que se tinham a si mesmos por justos e desprezavam a todos os homens. Porém teve piedade dela o Misericordioso, e seu corpo puro santificou a sua impureza.

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