27 de Novembro de 2014 (CC) / 14 de Novembro (CE)
Santo Apóstolo Felipe, digno de toda a honra (séc. I)
Santo Apóstolo Felipe, digno de toda a honra (séc. I)
Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato com São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!».
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro a ser Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe: «Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé: «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?»
A respeito de sua pregação depois da Ascensão de Senhor e de Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu (também chamado de Natanael), tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!
COMEMORAÇÃO DO APÓSTOLO FILIPE
Troparion Modo III
Ó santo apóstolo Filipe
suplica ao Deus misericordioso
que conceda às nossa almas
a remissão das transgressões.
Kontakion, Modo VIII
Teu discípulo, amigo,
e imitador do Teu sofrimento, Filipe,
portador de Divina Eloquência,
Te proclamou ao mundo como Deus;
por suas orações e da Theotokos,
preserva Tua Igreja e toda a cidade
dos inimigos mais iníquos, ó Clementíssimo.
LEITURAS COMEMORATIVAS
1 Coríntios 4:9-16; João 1:43-51
LEITURAS ORDINÁRIAS
2 Tessalonicenses 2:13-3:5
Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra. No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós; para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos. Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno. E confiamos quanto a vós no Senhor, que não só fazeis como fareis o que vos mandamos. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.
Lucas 16:1-9
E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinquenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
REFLEXÃO
São Autênticas Riquezas Aquelas Que, Uma Vez Possuídas, Não Podemos Perder.
Usai o dinheiro injusto para fazer amigos. Acaso Zaqueu possuía suas riquezas de forma justa? Leiam e vejam. Era o chefe dos publicanos, ou seja, aquele a quem eram entregues os tributos públicos. Dali tirou as suas riquezas. Tinha oprimido a muitos; tinha roubado a muitos, tinha armazenado muito. Cristo entrou em sua casa e a salvação chegou a ele, pois o Senhor afirma: Hoje entrou a salvação nesta casa.
Contemplai agora em que consiste a salvação. Inicialmente desejava ver ao Senhor, pois tinha baixa estatura. Como a multidão o impedia, subiu num sicômoro e o viu quando passava. Jesus o viu e disse: Zaqueu, desce. Convém que hoje eu fique em tua casa. Estás suspenso, mas não te mantenho no ar, ou seja, não dou tempo ao tempo. Querias ver-me ao passar; hoje me encontrarás habitando em tua casa. O Senhor entrou nela. Zaqueu, cheio de alegria, disse: Darei aos pobres a metade dos meus bens.
Veja como corre quem se apressa a usar o dinheiro injusto para fazer o bem com aquilo, que tu não permaneças sendo mau. As tuas moedas se convertem em bem e tu vais continuar sendo mau?
Pode-se entender também de outra maneira; não a calarei. O dinheiro injusto são as riquezas do mundo, procedam de onde procedam. De qualquer forma que se acumulem, são riquezas injustas. O que significa “são riquezas injustas”? É ao dinheiro que a injustiça chama com o nome de riquezas. Se tu buscas as verdadeiras riquezas, são outras. Nelas abundava Jó, ainda que estivesse nu, quando tinha o coração cheio de Deus e, tendo perdido tudo, proferia louvores a Deus, qual pedras preciosas. De que tesouro se nada possuía?
Essas são as verdadeiras riquezas. As outras somente a injustiça as denomina assim. Se as tens, não te reprovo: recebeu uma herança, teu pai ficou rico e as legou para ti. As adquiriste honestamente. Tu tens a casa cheia como fruto dos teus trabalhos, não te reprovo. Contudo, não as chames riquezas, porque, se fazes isto, as amarás e, se as amares, perecerás com elas. Perde-as, para que tu não pereças; doa-as, para adquiri-las; semeia-as, para colhê-las.
Não as chames riquezas, porque não são as verdadeiras. Estão cheias de pobreza e sempre sujeitas a infortúnios. Como chamar riquezas ao que te faz ter medo do ladrão, te leva a sentir medo do teu criado, medo de que te mate, que as pegue e fuja? Se fossem verdadeiras riquezas, te dariam segurança.
Portanto, são autênticas riquezas aquelas que, uma vez possuídas, não podemos perder. E para não ter medo do ladrão por causa delas, estejam ali onde ninguém as arrebata. Escuta ao Senhor: Acumulai vossos tesouros no céu, onde o ladrão não entra. Então serão autênticas riquezas: quando as mudes de lugar. Enquanto estão na terra, não são riquezas. Porém, o mundo, a injustiça, as denominam riquezas. Por isso Deus as chama dinheiro da injustiça, porque é a injustiça quem as denomina riquezas.
Bendito Agostinho, bispo de Hipona (séc. V)
Sobre a Perfeita Fé Em Deus
Querendo o Senhor conduzir seus discípulos para a fé perfeita, disse no Evangelho: Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. O que são as coisas pequenas? O que são as grandes? As pequenas são os bens desta vida, que ele prometeu dar aos que creem nele, tais como o sustento, as vestes e outras necessidades corporais, como a saúde e coisas do tipo, ordenando-nos categoricamente que não andemos preocupados com elas, mas esperemos com confiança nele, pois Deus é a providência daqueles que a ele se acolhem, providência total e segura.
As coisas grandes são os dons da vida eterna e incorruptível, que ele prometeu a quantos creiam nele e aos que continuamente estão dependentes destas coisas e a ele buscam em suas necessidades, porque assim está ordenado: Vós, porém, buscai sobretudo o Reino de Deus e a sua justiça, e as outras coisas vos serão dadas por acréscimo. Nestas coisas pequenas e temporais se demonstrará se alguém crê em Deus, que prometeu concedê-las para nós, na condição, porém, de que não andemos oprimidos por elas, mas unicamente nos preocupemos das realidades futuras e eternas.
E ficará perfeitamente estabelecido que alguém crê nos bens incorruptíveis e busca de verdade os bens eternos se conserva uma fé sadia nestes bens. De fato, cada um dos que aceitaram a palavra de verdade deve provar-se e examinar-se a si mesmo, ou ser examinado e provado por mestres do espírito, sobre quais são as razões de sua fé e quais as motivações de sua entrega a Deus: deve ponderar se crê realmente e de verdade apoiado na Palavra de Deus, ou se crê mais induzido pela opinião que formou sobre a justificação e a fé.
Toda pessoa tem ao seu alcance a possibilidade de comprovar e demonstrar-se a si mesmo se é fiel nas pequenas coisas – refiro-me aos bens temporais. De que forma? Escuta: Te crês digno do Reino dos Céus? Te confessas filho de Deus nascido do alto? Te consideras co-herdeiro de Cristo, destinado a reinar eternamente com ele e a gozar das delícias na misteriosa luz por séculos incontáveis e infinitos, assim como Deus? Me contestarás, sem dúvida: Certamente. Essa é precisamente a razão pela qual deixei o mundo e me entreguei em corpo e alma ao Senhor.
Examina-te, portanto, e observa se as preocupações terrenas ainda não te retêm, ou o desmedido cuidado do sustento e da veste corporal, ou também outros interesses e o conforto, como se tu fosses capaz de prover-te por ti mesmo do que te foi ordenado de não preocupar-te de forma alguma, ou seja, de tua vida. Pois se estás convencido de poder alcançar os bens imortais, eternos, permanentes e carentes de inveja, muito mais convencido têm de estar de que o Senhor te concederá estes bens efêmeros e terrenos, que ele concede inclusive aos homens ímpios e até aos próprios pássaros, havendo-te ele mesmo ensinado a não preocupar-te com nada destas coisas.
Portanto, você, que te fizeste peregrino deste mundo, deves obter uma fé nova e peregrina, um modo de pensar e de viver superior ao de todos os homens deste mundo. Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo pelos séculos. Amém.”
Anônimo do Séc. IV
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