terça-feira, 18 de novembro de 2014

24ª Terça-feira Depois de Pentecostes

18 de Novembro de 2014 (CC) / 05 de Novembro (CE)
Ss. Mártires Galacião e sua esposa Episteme († 253)


Galacião e Episteme viveram no século III. Os pais de Galacião, Clitofon e Leucipa, viviam em Emessa, na Síria. Durante muito tempo sofreram por não terem filhos. Leucipa, numa certa ocasião, prestou amavelmente auxílio a um eremita cristão de nome Onofre, protegendo-o de seus perseguidores e foi recompensada com a graça da fé. Deus atendeu suas preces concedendo-lhe que ficasse grávida, o que fez com que Clitofon também aderisse à fé. Tendo nascido o filho, perceberam que sua tez era branca como a neve e, por isso, deram-lhe o nome de Galacião (ou Galakteão). Com o passar do tempo Galacião se tornou um belo jovem, destacado por seus dons. Com as bênçãos de seu pai, casou-se com uma pagã chamada Episteme (ciência ou conhecimento). Depois de casado, Galacião disse a sua esposa que gostaria de viver castamente com ela. A jovem esposa, a quem pareceu muito estranha e desconfortável tal proposta, tentou de todos os modos dissuadi-lo, sem êxito. Galacião expôs então os mistérios da fé, e Episteme concordou em receber o batismo de suas mãos. Depois, venderam todos os seus bens, repartiram o dinheiro com os pobres e Galacião se retirou para um eremitério em Publião, no deserto do Sinai. Episteme ingressou numa comunidade de virgens consagradas. Três anos mais tarde Galacião foi detido e levado diante do magistrado de Edessa. Tomando conhecimento do fato, Episteme decidiu entregar-se para estar ao lado de seu esposo no sofrimento. Os guardas lhe arrancaram suas vestes para com isso causar-lhe vergonha. Neste instante, porém, os cinqüenta e três oficiais que estavam presentes, ficaram cegos. O santo casal foi cruelmente torturado com golpes brutais, depois, lhes arrancaram a língua, lhes cortaram os pés e, finalmente, foram mortos por decapitação. 


1 Tessalonicenses 3:9-13

Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus, 10  olhando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta à vossa fé? Ora, o mesmo nosso Deus e Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo, encaminhem a nossa viagem para vós. E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco; para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos.

Lucas 12:42-48

E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá. Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis. E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.


REFLEXÃO


Seja a fé precursora de teu caminho, seja a Escritura divina o teu caminho. Bom é a celestial guia da palavra. Acende tua candeia nesta lâmpada, para que refulja teu olho interior, que é a lâmpada de teu corpo. Tu tens abundância de lâmpadas: acende-as todas, porque te foi dito: tenham a cintura cingida e as lâmpadas acesas.

Onde a obscuridade é muito densa, se necessitam muitas lâmpadas, para que em meio de tão profundas trevas brilhe a luz de nossos méritos. Estas são as lâmpadas que a lei dispôs que ardessem continuamente na tenda do encontro. Na realidade, a tenda de encontro é este nosso corpo, no qual veio Cristo através de um templo maior e mais perfeito, como está escrito, para entrar no santuário por seu próprio sangue e purificar nossa consciência da mancha e das obras mortas; deste modo, em nossos corpos, que mediante o testemunho e qualidade de seus atos manifestam o oculto e secreto de nossos pensamentos, brilhará, quais outras lâmpadas, a clara luz de nossas virtudes. Estas são as lâmpadas acesas, que dia e noite brilham no templo de Deus. Se conservas em teu corpo o templo de Deus, se teus membros são membros de Cristo, luzirão tuas virtudes, que ninguém conseguirá apagar, a menos que teu próprio pecado as apague. Resplandeça a solenidade de nossas festas com esta luz de espírito puro e afetos sinceros.

Portanto, brilhe sempre a tua lâmpada. Cristo repreende inclusive aos que, servindo-se da lâmpada, nem sempre a utilizam, dizendo: Tende a cintura cingida e as lâmpadas acesas. Não nos alegremos eventualmente da luz. Alegra-se eventualmente aquele que na igreja escutou a Palavra e se regozija; porém, ao sair dela, esquece-se do que ouviu e não se preocupa mais. Este é o que perambula por sua casa sem lâmpada; e, em consequência, caminha em trevas, aquele que se ocupa de atividades próprias das trevas, vestido das vestes do diabo e não de Cristo. Isto acontece cada vez que não reluz a lâmpada da palavra. Portanto, não descuidemos jamais da Palavra de Deus, que é para nós origem de toda virtude e certa potenciação de todas as nossas obras.

Se os membros de nosso corpo não podem agir corretamente sem luz – pois sem luz os pés vacilam e as mãos erram –, com quanta maior razão não irão referir-se à luz da palavra os passos de nossa alma e as operações de nosso espírito? Pois também existem algumas mãos da alma, que tocam acertadamente – assim como Tomé tocou os sinais da ressurreição do Senhor –, se nos ilumina a luz da palavra presente. Que esta lâmpada permaneça acesa em toda palavra e em toda obra. Que todos os nossos passos, externos e internos, movam-se para a luz desta lâmpada.


Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)







Eis aqui mais uma vez um desses grandes mandamentos do Senhor, que arranca aos discípulos do Verbo da nuvem opaca que os envolvia, e os leva ao céu com um grande impulso. Ele nos exorta a vencer o sono, a buscar a vida do alto, a ter nosso espírito acordado constantemente, a tirar de nossos olhos o entorpecimento das coisas enganadoras e mentirosas. Falo desse entorpecimento e desse sono, que fixam aos homens no erro, e lhes tecem imagens de sonhos: honras, riquezas, poder, grandezas, prazeres, êxito, vantagens, notoriedade, objetivos ruins que perseguem aturdidamente uma raiva e teimosice ridículas. Esses pretendidos bens, tão fugitivos como o tempo, não têm mais que fachada de realidade, e a própria ilusão se desmorona rapidamente: parece que nascem para nada mais que morrer, como as ondas que as águas levantam; inchadas por uma rajada de vento erguem por um instante a crista que o ar tinha levantado; depois voltam a cair com ele, e então o olhar não vê nada mais que o tranquilo espelho do mar.

Para aniquilar tais sonhos, o Senhor nos pede para superar este pesado sono. Assim já não deixaremos escapar a firmeza das realidades perseguindo freneticamente o nada. O Senhor nos compromete a velar nestes termos: Tenham a cintura cingida e as lâmpadas acesas. A luz que ilumina o nosso olhar lança de nossos olhos o sono; o cinto que aperta os nossos rins mantém os nossos corpos alertas, expressa um esforço que não tolera nenhuma preguiça. Que claro é o sentido desta imagem! Cingir os rins da temperança é viver à luz de uma consciência pura; a lâmpada da sinceridade ilumina a vida, faz resplandecer a verdade, tem a alma em vigilância, a torna impermeável a ilusão, estranha a futilidade de todas essas pobres fantasias. Vivemos segundo as exigências do Verbo? Então entraremos numa vida semelhante à dos anjos...

São eles, na verdade, que esperam o Senhor no regresso das núpcias e que se sentam às portas do céu com os olhos bem abertos, a fim de que o rei da glória possa aí passar de novo, quando voltar das núpcias e regressar à beatitude que está acima dos céus. Saindo de lá como um esposo sai da câmara nupcial, de acordo com o texto do saltério, ele uniu a si, como uma virgem, pela regeneração sacramental, a nossa natureza que se tinha prostituído com os ídolos, restituindo-lhe a sua incorruptibilidade virginal.

Tendo já acabado as núpcias, uma vez que a Igreja foi desposada pelo Verbo... e introduzida na câmara dos mistérios, os anjos esperavam o regresso do rei da glória à beatitude que é própria da sua natureza. É por isso que o texto diz que a nossa vida deve ser semelhante à dos anjos, para que, tal como eles, vivamos longe do vício e da ilusão, para estarmos prontos para acolher a parusia do Senhor e, vigiando também nós as portas das nossas moradas, estejamos prontos a obedecer quando ele voltar e bater à porta.

São Gregório de Nissa (séc. IV)
   



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