domingo, 27 de dezembro de 2015

Domingo dos Antepassados de Cristo

27 de Dezembro de 2015 (CC) 14 de Dezembro (CE)
Ss. Tirso, Léucio, Kalinico, Apolônio, Ariano e Filêmon, mártires († séc. III)
Jejum da Natividade
(Peixe, azeite e vinho permitidos)
Modo 5



Domingo dos Antepassados de Cristo (Comemorado no domingo que cai entre os dias 11 e 17 de dezembro)

Neste domingo, em preparação da Natividade de Nosso Senhor, lembramo-nos do Patriarca Abraão e sua linhagem, antepassados ​​de Cristo. A história de Abraão e sua fidelidade está no livro de Gênesis. 
"Através da genealogia dos Santos Ancestrais e Patriarcas, Nosso Salvador Jesus Cristo É, Ele mesmo também, de certa forma, o fruto da fé de Abraão. Por isso, quando Deus dá a conhecer a cada um de nós a sua voz enquanto ainda estamos na estranha terra das paixões e vaidades mundanas, devemos,  assim como Abraão, sem hesitar, deixar tudo o que é nosso, e com fé seguir a vocação divina até chegarmos à Terra Prometida, onde, por nossa vez, seremos capazes de - espiritualmente - dar à luz  ao Cristo, O Qual, plantado em nós pela fé e pelo Batismo, É Gerado em nós, e em nós Se desenvolve, por meio das virtudes e do resplendor da luz da contemplação. Nós, descendentes de Abraão, "filhos da promessa" como Isaque, tendo nos tornado "filhos de Deus" através do dom do Espírito Santo, somos transformados na Imagem de Cristo ... Tornemo-nos, portanto, genealogia ​​de Cristo e continuemos firmes na fé, para que possamos celebrar a festa da sua Natividade, dizendo: Já não sou eu quem vive, mas, é Cristo que vive em mim. " (Synaxarion) 
Comemoração dos Santo Mártires Tirso, Léucio, Kalinico, Apolônio, Ariano e Filêmon 
Estes santos mártires viveram no século III e eram naturais de Bithynia na Capadócia. Todos de famílias distintas, eram humildes servidores do Senhor «na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido» (II Cor. 6,6). Eles se afastaram da agitação, o que não foi suficiente para se ocultarem da fama de homens muito caridosos, o que os tornou conhecidos. O prefeito Kombrikios, um fanático idólatra, percebendo que se tornavam cada vez mais conhecidos e procurados, de muitas formas tentou pôr limites ao trabalho que realizavam, o que levou Léucio ir conversar com ele e solicitar sua benevolência para com eles. Após lhe ter ouvido, Kombrikios o condenou a morte, e na manhã do dia seguinte Léucio foi decapitado do lado de fora da cidade. Tal acontecimento entristeceu os cristãos, porém aumentou o fervor dos seguidores de Cristo. Depois de dois dias, outro cristão chamado Tirso, foi à presença do prefeito e, destemidamente lhe admoestou: «a idolatria é um erro e Cristo será, finalmente, vencedor». Estas e outras palavras sábias proferidas por Tirso foram ouvidas por um sacerdote idólatra de nome Calinico que, depois, se converteu ao cristianismo após ter iluminada sua alma. O prefeito ordenou que ambos fossem decapitados.



MATINAS


João 20:11-18

E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.

LITURGIA

Tropário da Ressurreição
Fiéis, cantemos e adoremos o Verbo Co-Eterno ao Pai e ao Espírito Santo, / nascido para nossa salvação, da sempre Virgem Maria, / pois Ele aceitou livremente sofrer a morte na Cruz/ para dar a vida a todos os mortos//, pela Sua gloriosa Ressurreição.

Kondákion da Ressurreição 
Tu, ó meu Salvador, desceste ao Inferno, /e partiste em pedaços os portões, como Todo-Poderoso, /e como Criador, ressuscitaste os mortos, /e destruíste, ó Cristo, o aguilhão da morte, /e libertou Adão da maldição, ó Tu Que amas a humanidade. /Por isso, nós todos clamamos:// Salva- nos, ó Senhor.

Hino à Theotokos Modo 5
Alegra-te, ó Portão Intransponível do Senhor! / Alegra-te, Muro e Proteção daqueles que correm para ti! / Alegra-te, ó Refúgio Inabalável! / Alegra-te, ó Virgem Mãe de Deus e Teu Criador! / Não cesse de orar por aqueles que te louvam e adoram teu Filho (2x). // Bendito seja o Nome do Senhor, agora e para todo o sempre.

Tropárion Para o Domingo dos Santos Antepassados do Senhor Modo 2
Pela fé Tu justificaste as ascendências, / desposando por meio deles a Igreja dos gentios / Estes santos exultam em glória / pois, de sua semente saiu um fruto glorioso: / Aquele  que nasceu, não por sêmen.// Pelas orações de Teus antepassados, ó Cristo Deus, tem misericórdia de nós.

Kondákion Para o Domingo dos Santos Antepassados do Senhor Modo 2
Vós não adorastes os ídolos / ó três vezes Benditos / mas armados com a essência imaterial de Deus, / vós O glorificastes em meio às chamas das provações, / e desta insuportáveis chamas clamastes a Deus exclamando: / Apressa-Te, ó Compassivo! / Prontamente vem em nosso auxílio, // pois Tu És misericordioso e poderoso para realizar tudo quando desejares.

Tropárion dos Santos Tirso, Lucio e Companheiros Modo 4
Em seus sofrimentos, ó Senhor, / Teus mártires de Ti receberam coroas imperecíveis, ó nosso Deus; / pois, possuidor de Teu poder, / zombaram de seus algozes e esmagaram a débil audácia dos demônios.// Por suas súplicas, salva as nossa almas.

Kondákion dos Santos Tirso, Lucio e Companheiros Modo 2
Injuriando o tirano impiedoso, / ó campeões da fé e piedade, / denunciastes sua sede bestial de sangue, / e fortalecidos com a ajuda de Cristo, ó Tirso e Léucio, / triunfante ante seu iracundo antagonismo.// Com aqueles que convosco padeceram, orai em nosso favor.

Prokímenon

Tu nos guardas, Senhor, 
E nos livras da vingança eterna. (Sl. 11:8)

Salva-nos, Senhor, pois não há mais santos. (Sl. 11:1)

Hebreus 11:8-16

Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber, e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido. Por isso também de um, e esse já amortecido, descenderam tantos, em multidão, como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Eu cantarei eternamente as Tuas misericórdias, Senhor;
anunciarei a Tua verdade de geração em geração.

Aleluia, aleluia, aleluia!
Pois disseste: «A misericórdia elevar-se-á como um edifício eterno
e nos céus a Tua verdade será solidamente estabelecida».

Aleluia, aleluia, aleluia!


Lucas 14:16-24

16 Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a muitos. 17 E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está preparado. 18 Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado. 19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado. 20 Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir. 21 Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 22 Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e ainda há lugar. 23 Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha. 24 Pois eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.




«A Parábola das Bodas»


Nesta parábola, Cristo trata da transferência do Reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os "convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não quiseram entrar no Reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande devoção nos serviços a Deus.

«O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico. E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide pois às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo p elos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com vestido de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? E ele emudeceu. Disse então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos» (Mt. 22:2-14).

No contexto de tudo o que foi dito, e das duas parábolas anteriores, esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o Reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.

O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por Sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica etc. , apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escrevia o Apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tim. 3:5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.

Extraído de «Parábolas Evangélicas»
do Bispo Alexander (Mileant),
tradução de Marina Tschernyschew


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