domingo, 6 de dezembro de 2015

27º Domingo Depois de Pentecostes

05 Dezembro de 2015 (CC) / 23 de Novembro (CE)
PÓS-FESTA DA ENTRADA DA MÃE DE DEUS NO TEMPLO
Santos Anfilóquio, bispo de Icônio e Gregório Akragantinos († 395)
Jejum da Natividade
(Peixe Permitido)



Anfilóquio foi amigo íntimo de São Gregório de Nazianzeno, seu primo, e de São Basílio, ainda que fosse mais jovem que ambos. As cartas que estes dois santos enviaram a Anfilóquio constituem a principal fonte de informação. Anfilóquio nasceu na Capadócia. Em sua juventude, foi retórico em Constantinopla onde, ao que parece, passou por dificuldades econômicas. Sendo ainda jovem, retirou-se para um lugar solitário nas proximidades de Nazianzo, juntamente com seu pai que já contava idade bastante avançada. São Gregório dava ao seu amigo um pouco de grãos em troca de alguns legumes que Anfilóquio e seu pai colhiam em sua horta.  
Numa de suas cartas, queixa-se de sempre sair perdendo no negócio. No ano 374, quando estava com 35 anos de idadeAnfilóquio foi eleito bispo de Icônio, aceitando este cargo muito a contragosto.  O pai de Anfilóquio queixou-se a Gregório de que, assim, haviam lhe privado da companhia de seu filho. Em sua resposta, São Gregório afirmou que não havia participado desta nomeação e que ele também sofria, vendo-se privado da companhia do amigo. São Basílio, que muito provavelmente tenha sido o principal responsável por esta eleição, escreveu a Anfilóquio uma carta de felicitações. Nela, exorta ao amigo a nunca se deixar seduzir pelo mal, ainda que lhe pareça estar na moda ou que existam outros precedentes, já que foi chamado a guiar seu rebanho, e não a deixar-se guiar por ele. Imediatamente após sua consagração, Santo Anfílóquio foi visitar São Basílio em Cesaréia.  
Lá pregou ao povo, e suas homilias foram apreciados, ainda mais que de todos os estrangeiros que haviam pregado naquela cidade. Santo Anfilóquio consultava com freqüência a São Basílio acerca de diversos aspectos da doutrina e disciplina, e graças ao pedido de São Basílio, escreveu o Tratado sobre o Espírito Santo. Foi ainda Santo Anfilóquio quem pregou o panegírico de São Basílio em seus funerais. Mais tarde, reuniu em Icônio um concílio contra os hereges macedonianos que negavam a divindade do Espírito Santo. No ano 381, participou do Concílio Ecumênico de Constantinopla contra os mesmos hereges. Nesta ocasião conheceu São Jerônimo a quem leu seu próprio Tratado sobre o Espírito Santo. Anfilóquio pediu ao imperador Teodósio I que proibisse as reuniões de arianos, mas o imperador se negou por julgar demasiado rigorosa esta medida. Mais tarde o santo se dirigiu ao palácio, quando Arcádio, seu filho, já havia sido proclamado imperador e o encontrou junto ao seu pai. Santo Anfilóquio saudou Teodósio, ignorando a presença de seu filho Arcádio. Quando Teodósio o fez notar, Anfilóquio acariciou as bochechas de Arcádio deixando Teodósio furioso com esse seu gesto. Então, Anfilóquio lhe disse: “Vejo como não suportas que teu filho seja tratado com leviandade. Como podes, pois, permitir que desonrem ao Filho de Deus?” Impressionado com essas palavras, o imperador proibiu logo depois aos arianos de realizarem suas reuniões, pública ou privadamente. 
Santo Anfilóquio também combateu zelozamente a heresia nascente dos messalianos, maniqueus e “iluminados” que punham a essência da religião exclusivamente na oração. Em Sida da Panfilia, Santo Anfilóquio presidiu um sínodo contra estes tais hereges. São Gregório Nazianzeno chamava Santo Anfilóquio de “bispo irrepreensível”, anjo e arauto da verdade. O pai de nosso santo afirmava que ele curava os enfermos através de suas orações.

MATINAS

Lucas 24:12-35

Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso. E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles, os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Quando Te entregaste a morte ó Vida Imortal,
aniquilaste os infernos pelo esplendor de Tua divindade; 
e quando ressuscitaste os mortos das profundezas da terra,
todas as potências celestes exclamaram: 
Ó Cristo nosso Deus, ó Autor da Vida Senhor, ,glória a Ti!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Kondáquion da Ressurreição
Tu Te levantaste da tumba, ó Salvador Onipotente, 
e o inferno, vendo esta maravilha, estremeceu de medo, 
e os mortos ressuscitaram de seus túmulos. 
Adão e toda a Criação se alegram Contigo, 
e o mundo, ó Salvador meu, Te louva para sempre. 

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotokion
Teus méritos são glorificados acima de toda a razão, ó Mãe de Deus,
na pureza selada, preservaste a tua virgindade, 
verdadeiramente mãe, és reconhecida que deste à luz o verdadeiro Deus
roga a Ele que salve as nossas almas!

Prokímenon

O Senhor é minha força e meu vigor
Ele foi a minha salvação. (Sl 118:14)

O Senhor severamente me castigou,
mas não me entregou à morte. (Sl 118:18)

Efésios 6:10-17)

No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.

Lucas 12:16-21

16 Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;  17 e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. 18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens; 19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. 20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? 21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. 



HOMILIA


“O Desprendimento das Riquezas”

Disse-lhe alguém da multidão: "Mestre, diz ao meu irmão que reparta comigo a herança". E ele respondeu: "Mas homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?" Toda esta passagem está ordenada a como aceitar a dor para confessar ao Senhor, seja por desprezo da morte, pela esperança do prêmio ou pela ameaça de um castigo eterno que jamais deixará de ser tal. E visto que, frequentemente, acontece que a avareza é causa de tentação para a virtude, acrescenta-se também o mandamento de suprimi-la e como se deverá fazê-lo, quando diz o Senhor: Quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?

Aquele que havia descido por razões divinas, com toda a justiça rejeita as terrenas, e não se digna fazer-se juiz de pleitos nem repartidor de heranças terrenas, visto que ele tinha que julgar e decidir sobre os méritos dos vivos e mortos. Deves, portanto, observar não o que pedes, mas a quem pedes, e não acredites que um espírito dedicado a coisas maiores pode ser importunado por insignificâncias.

Por isso, não é sem razão que é rejeitado esse irmão que pretendia que o Dispensador dos bens celestiais se ocupasse em coisas materiais, quando precisamente não deve ser um juiz o mediador no pleito da repartição de um patrimônio, mas o amor fraterno; ainda que, na realidade, o que um homem deve buscar não é o patrimônio de dinheiro, mas o da imortalidade. Porque de forma vã reúne riquezas aquele que não sabe se poderá desfrutar delas, como aquele que, pensando em derrubar os granjeiros repletos para recolher as novas messes, preparava outros maiores para as abundantes colheitas, sem saber para quem as reunia.

Já que todas as coisas que são do mundo permanecem nele, e nos abandona tudo aquilo que entesouramos para os nossos herdeiros; e, na realidade, deixam de ser nossas todas essas coisas que não podemos levar conosco. Somente a virtude acompanha aos falecidos, somente a misericórdia nos serve de companheira, essa misericórdia que atua em nossa vida como norte e guia até as mansões celestiais, e busca conseguir para os falecidos, em troca do desprezível dinheiro, os tabernáculos eternos.

Assim o testemunham os preceitos do Senhor, quando diz: Fazei-vos amigos das riquezas injustas, para que, quando estas faltem, vos recebam nos eternos tabernáculos. Este é um preceito inteligente, cheio de sabedoria e apto para animar também aos avaros a que optem por trocar as coisas corruptíveis pelas eternas, as terrenas pelas divinas. Porém, visto que muitas vezes a entrega se entorpece pela debilidade da fé e, quando se vai repartir a herança, vem à mente a preocupação de tudo o que é necessário para a vida, o Senhor acrescenta: Não vos preocupeis de vossa vida pelo que comereis nem de vosso corpo pelo que vestireis; porque, em verdade, a alma é mais importante que o alimento e o corpo mais que as vestes.

Porque aos que creem em Deus não há melhor meio para dar-lhes confiança como esse sopro vital que é o espírito, o qual faz durar a união completa da alma e do corpo, unidade que, por outro lado, não exige nenhum trabalho nosso e que perdura, sem que falte o alimento apropriado, até chegar o dia da morte. E se a alma está vestida da roupagem do corpo e este recebe vida em virtude da energia da alma, torna-se absurdo crer que nos faltará o alimento suficiente precisamente quando recebemos o mais, que é a realidade permanente da vida.

Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)
Tratado ao Evangelho de São Lucas in loc.

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