terça-feira, 8 de dezembro de 2015

28ª Terça-feira Depois de Pentecostes

08 de Dezembro de 2015 (CC) 25 de Novembro (CE)
Conclusão da Apresentação da Theotokos no Templo
Ss. Clemente, papa de Roma († 100) 
e Pedro, Patriarca de Alexandria († 312), hieromártires; 
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)


É Santo Irineu quem nos conta que, na Cátedra de Roma, o terceiro sucessor se chamava Clemente. São Clemente I (também conhecido como Clemente Romano) ocupou o Trono da Sé de Roma entre os anos de 88 a 97. Nascido em Roma, de família hebraica, foi o sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente Romano (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes), o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto. Discípulo de São Pedro, após eleito restabeleceu o uso da Crisma, seguindo o rito de São Pedro e iniciou o uso da palavra Amém nas cerimônias religiosas. É conhecido pela carta que escreveu para atender a um pedido da comunidade de Corinto, na qual rezava uma convincente censura à decadência daquela igreja, devida, sobretudo, às lutas e invejas internas entre os fiéis (consta que os presbíteros mais jovens teriam usurpado as prerrogativas dos mais velhos), estabelecia normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos). O tempo em que São Clemente esteve à frente da Igreja de Roma (92-102) foi marcado por uma relativa paz e tolerância por parte dos imperadores Vespasiano e Tito. 
Tropárion dos Santos Clemente e Pedro  Modo IV
Ó Deus de nossos pais,/ que sempre nos trata conforme a Tua mansidão/ não nos prives de Tua misericórdia,/ mas através de suas súplicas/ conduza em paz as nossas vidas.

Kontakion dos Hieromártires Modo II
Ó Divinas e irremovíveis torres da Igreja,/ pilares piedosos da piedade verdadeiramente vigorosa,/ mui louváveis Clemente e Pedro; por suas súplicas preserva-nos a todos.


2 Timóteo 3:16-4:4 

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.

Lucas 17:26-37

E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á. Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. Dois estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado. E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias.

REFLEXÃO
A Boa Vontade Procede e Se Consuma Em Deus 

São João Cassiano
O primeiro movimento de boa vontade (no homem) Deus mesmo nos concede por sua inspiração. Esta nos atrai ao caminho da salvação, já seja por impulso imediato dele, ou pelas exortações de um homem, ou pela força das circunstâncias. E também é um dom de sua mão a perfeição das virtudes. O que de nós depende é corresponder com frieza ou com entusiasmo a esse impulso da graça. Segundo isto, merecemos o prêmio ou o tormento, na medida em que tenhamos cooperado ou não, com nossa fidelidade ou infidelidade, a esse plano divino que sua condescendência e paternal providência havia concebido sobre nós... 
Idêntica linha de conduta observamos na cura dos dois cegos do Evangelho: Que Jesus passe por onde eles estavam é graça de sua condescendência e providência; conceder que os cegos falem e digam: Tem piedade de nós, Senhor, Filho de Davi!, é obra de sua fé e confiança nele. E o fato de que a luz volte aos seus olhos e vejam, é dom exclusivo da misericórdia divina. 
Cabe observar que mesmo depois de haver recebido algum benefício de Deus, subsiste a força da graça divina e a liberdade humana. O manifesta o episódio dos dez leprosos que foram curados pelo Senhor ao mesmo tempo. Somente um deles, por obra de seu livre-arbítrio – secundando, é claro, a moção divina –, retorna para dar graças. O Senhor elogia a iniciativa. 
Porém, ao mesmo tempo reclama e pergunta pelos outros nove. Com isto manifesta que sua solicitude continua agindo a favor dos homens, apesar de sua ingratidão que esquece os seus benefícios. Ambas as coisas são igualmente um dom de sua visita: acolher e respeitar ao agradecido, e buscar repreender aos ingratos. 
Ademais, convém que creiamos com uma fé incondicional que nada acontece no mundo sem a intervenção de Deus. Devemos realmente reconhecer que tudo acontece ou por sua vontade ou por sua permissão. O bem, mediante a sua vontade e o seu auxílio; o mal, por sua permissão, quando, para punir nossos crimes ou a dureza de nosso coração, nos abandona à tirania do demônio ou as vergonhosas paixões da carne. 
O apóstolo nos ensina isto com evidência nestas palavras: Por isto Deus os abandonou as suas paixões ignominiosas, e também: Porque não se preocuparam de conhecer a Deus, os entregou aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno. E o próprio Senhor diz pela boca do profeta: E o meu povo não ouviu a minha voz, e Israel não obedeceu aos meus mandatos. Por isto lhes abandonei – diz – aos pensamentos de seu coração e andaram segundo os seus próprios caprichos. 
Devemos considerar que se a liberdade se destaca na desobediência do povo, não é menos evidente, por outro lado, a contínua providência que Deus tem sobre os seus. De fato, não deixa de encaminhar-lhes diariamente seus avisos, clamando, por assim dizer, a Israel. Quando afirma: Se meu povo me escutasse, mostra claramente que ele falou a Israel, o primeiro. E não somente pela lei escrita lhes fala assim Deus, mas também por contínuas e diárias admoestações, segundo aquela que diz Isaías: O dia inteiro estendi as minhas mãos ao povo que não cria em mim e me contradizia. 
São João Cassiano (séc. V)

Devemos Orar Especialmente Por Todo O Corpo Da Igreja 

Oferece a Deus um sacrifício de louvor, cumpre os teus votos ao altíssimo. Louvar a Deus é o mesmo que fazer votos e cumpri-los. Por isso, foi-nos dado a todos como modelo aquele samaritano que, ao ver-se curado da lepra juntamente com outros nove leprosos que obedeceram à palavra do Senhor, retornou ao encontro de Cristo, e foi o único que glorificou a Deus, agradecendo-lhe. Dele disse Jesus: Somente este estrangeiro voltou para dar glória a Deus? E lhe disse: Levanta-te e vai, tua fé te salvou. 
Com isto o Senhor em seu divino ensinamento te mostrou, de um lado, a bondade de Deus Pai e, por outro, te insinuou a conveniência de orar com intensidade e assiduidade: mostrou-te a bondade do Pai, revelando-te como ele se compraz em conceder-nos os seus bens, para que aprendas com isso a pedir bens aquele que é o próprio bem; mostrou-te a conveniência de orar com intensidade e assiduidade, não para que repitas sem cessar e mecanicamente fórmulas de oração, mas para que adquiras a virtude de orar frequentemente. Porque, repetidamente, as longas orações vão acompanhadas de vanglória, e a oração seguidamente interrompida tem como companheira a negligência. 
Portanto, o Senhor também te exorta a que tenhas o máximo interesse em perdoar os outros quando tu pedes o perdão de tuas próprias culpas; com isso, tua oração se torna recomendável por tuas obras. O apóstolo afirma, também, que se deve orar primeiro afastando as controvérsias e a ira para que desta forma a oração se encontre acompanhada da paz de espírito e não se misture com sentimentos alheios a oração. Ademais, também nos é ensinado que convém orar em todos os lugares: assim o afirma o Salvador, quando diz, falando da oração: Entra no teu quarto. 
Porém, entende-o bem, não se trata de um quarto rodeado de paredes, no qual o teu corpo se encontra fechado, mas sim daquela morada que existe em teu próprio interior, no qual residem os teus pensamentos e moram os teus desejos. Este quarto para a oração vai contigo a todos os lugares, em toda a parte onde te encontres continua sendo um lugar secreto, cujo só e único árbitro é Deus. 
Também te é dito que deves orar especialmente pelo povo de Deus, ou seja, por todo o corpo, por todos os membros de tua mãe, a Igreja, que vem a ser como um sacramento do mútuo amor. Se somente pedes por ti, tu também serás o único a suplicar por ti. E, se todos suplicam somente por si mesmos, a graça que o pecador alcançará será, sem dúvida, menor que a que obteria do conjunto dos que intercedem se estes fossem muitos. Mas, se todos pedem por todos, também se deve dizer que todos suplicam por cada um. 
Concluamos, portanto, dizendo que, se rezas somente por ti, serás, como já dissemos, o único intercessor em teu favor. Mas, se tu rezas por todos, também a oração de todos te aproveitará, pois tu também formas parte do todo. Desta maneira, alcançarás uma grande recompensa, pois a oração de cada membro do povo se enriquecerá com a oração de todos os outros membros. Nisto não existe nenhuma arrogância, mas uma grande humildade e um fruto mais copioso. 
Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)


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