quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

27ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

03 de Dezembro de 2015 (CC) / 20 de Novembro (CE)
São Gregório, o Decapolita, mon. († 842); Proclo Patriarca de Constantinopla
Pré-festa da entrada da Mãe de Deus no Templo
Jejum da Natividade


São Gregório viveu no século IX e era natural de Erinopolis de Decápolis, na Ásia Menor. Recebeu uma esmerada educação cristã de sua mãe Maria que, com sua fé viva em Cristo, educou seu filho de acordo com os preceitos evangélicos. Gregório foi tonsurado monge ainda jovem e buscava aperfeiçoar-se sempre, com muita luta e permanente dedicação. O que mais era notável em sua vida era o amor pela oração e o aguçado conhecimento, o que julgava essencial para manter sua mente limpa e a soberania moral da carne. A todos os que lhe perguntavam por que se dedicava com particular empenho neste sentido, respondia com as palavras do Evangelho: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.”. (1° Epístola aos Coríntios 9,25). São Gregório, não se satisfazendo apenas com a vida monástica, participou ativamente de duras lutas contra os iconoclastas. Realizou muitas viagens a Éfeso, Constantinopla, Corinto, Roma, Cicília e Tessalônica onde instalou o Monastério de São Minas. Por último, foi a Constantinopla onde, depois de muito trabalho na defesa da ortodoxia da Fé Cristã, descansou em paz no ano 816.

1 Timóteo 6:17-20

Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam se apoderar da vida eterna. Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, A qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém.


Lucas 16:1-9


E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinquenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.



REFLEXÃO

São Autênticas Riquezas Aquelas Que, Uma Vez Possuídas, Não Podemos Perder.



Usai o dinheiro injusto para fazer amigos. Acaso Zaqueu possuía suas riquezas de forma justa? Leiam e vejam. Era o chefe dos publicanos, ou seja, aquele a quem eram entregues os tributos públicos. Dali tirou as suas riquezas. Tinha oprimido a muitos; tinha roubado a muitos, tinha armazenado muito. Cristo entrou em sua casa e a salvação chegou a ele, pois o Senhor afirma: Hoje entrou a salvação nesta casa.

Contemplai agora em que consiste a salvação. Inicialmente desejava ver ao Senhor, pois tinha baixa estatura. Como a multidão o impedia, subiu num sicômoro e o viu quando passava. Jesus o viu e disse: Zaqueu, desce. Convém que hoje eu fique em tua casa.Estás suspenso, mas não te mantenho no ar, ou seja, não dou tempo ao tempo. Querias ver-me ao passar; hoje me encontrarás habitando em tua casa. O Senhor entrou nela. Zaqueu, cheio de alegria, disse: Darei aos pobres a metade dos meus bens.

Veja como corre quem se apressa a usar o dinheiro injusto para fazer o bem com aquilo, que tu não permaneças sendo mau. As tuas moedas se convertem em bem e tu vais continuar sendo mau?

Pode-se entender também de outra maneira; não a calarei. O dinheiro injusto são as riquezas do mundo, procedam de onde procedam. De qualquer forma que se acumulem, são riquezas injustas. O que significa “são riquezas injustas”? É ao dinheiro que a injustiça chama com o nome de riquezas. Se tu buscas as verdadeiras riquezas, são outras. Nelas abundava Jó, ainda que estivesse nu, quando tinha o coração cheio de Deus e, tendo perdido tudo, proferia louvores a Deus, qual pedras preciosas. De que tesouro se nada possuía?

Essas são as verdadeiras riquezas. As outras somente a injustiça as denomina assim. Se as tens, não te reprovo: recebeu uma herança, teu pai ficou rico e as legou para ti. As adquiriste honestamente. Tu tens a casa cheia como fruto dos teus trabalhos, não te reprovo. Contudo, não as chames riquezas, porque, se fazes isto, as amarás e, se as amares, perecerás com elas. Perde-as, para que tu não pereças; doa-as, para adquiri-las; semeia-as, para colhê-las.

Não as chames riquezas, porque não são as verdadeiras. Estão cheias de pobreza e sempre sujeitas a infortúnios. Como chamar riquezas ao que te faz ter medo do ladrão, te leva a sentir medo do teu criado, medo de que te mate, que as pegue e fuja? Se fossem verdadeiras riquezas, te dariam segurança.

Portanto, são autênticas riquezas aquelas que, uma vez possuídas, não podemos perder. E para não ter medo do ladrão por causa delas, estejam ali onde ninguém as arrebata. Escuta ao Senhor: Acumulai vossos tesouros no céu, onde o ladrão não entra. Então serão autênticas riquezas: quando as mudes de lugar. Enquanto estão na terra, não são riquezas. Porém, o mundo, a injustiça, as denominam riquezas. Por isso Deus as chama dinheiro da injustiça, porque é a injustiça quem as denomina riquezas.


Bendito Agostinho, bispo de Hipona (séc. V)




Sobre a Perfeita Fé Em Deus



Querendo o Senhor conduzir seus discípulos para a fé perfeita, disse no Evangelho: Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. O que são as coisas pequenas? O que são as grandes? As pequenas são os bens desta vida, que ele prometeu dar aos que creem nele, tais como o sustento, as vestes e outras necessidades corporais, como a saúde e coisas do tipo, ordenando-nos categoricamente que não andemos preocupados com elas, mas esperemos com confiança nele, pois Deus é a providência daqueles que a ele se acolhem, providência total e segura.

As coisas grandes são os dons da vida eterna e incorruptível, que ele prometeu a quantos creiam nele e aos que continuamente estão dependentes destas coisas e a ele buscam em suas necessidades, porque assim está ordenado: Vós, porém, buscai sobretudo o Reino de Deus e a sua justiça, e as outras coisas vos serão dadas por acréscimo. Nestas coisas pequenas e temporais se demonstrará se alguém crê em Deus, que prometeu concedê-las para nós, na condição, porém, de que não andemos oprimidos por elas, mas unicamente nos preocupemos das realidades futuras e eternas.

E ficará perfeitamente estabelecido que alguém crê nos bens incorruptíveis e busca de verdade os bens eternos se conserva uma fé sadia nestes bens. De fato, cada um dos que aceitaram a palavra de verdade deve provar-se e examinar-se a si mesmo, ou ser examinado e provado por mestres do espírito, sobre quais são as razões de sua fé e quais as motivações de sua entrega a Deus: deve ponderar se crê realmente e de verdade apoiado na Palavra de Deus, ou se crê mais induzido pela opinião que formou sobre a justificação e a fé.

Toda pessoa tem ao seu alcance a possibilidade de comprovar e demonstrar-se a si mesmo se é fiel nas pequenas coisas – refiro-me aos bens temporais. De que forma? Escuta: Te crês digno do Reino dos Céus? Te confessas filho de Deus nascido do alto? Te consideras co-herdeiro de Cristo, destinado a reinar eternamente com ele e a gozar das delícias na misteriosa luz por séculos incontáveis e infinitos, assim como Deus? Me contestarás, sem dúvida: Certamente. Essa é precisamente a razão pela qual deixei o mundo e me entreguei em corpo e alma ao Senhor.

Examina-te, portanto, e observa se as preocupações terrenas ainda não te retêm, ou o desmedido cuidado do sustento e da veste corporal, ou também outros interesses e o conforto, como se tu fosses capaz de prover-te por ti mesmo do que te foi ordenado de não preocupar-te de forma alguma, ou seja, de tua vida. Pois se estás convencido de poder alcançar os bens imortais, eternos, permanentes e carentes de inveja, muito mais convencido têm de estar de que o Senhor te concederá estes bens efêmeros e terrenos, que ele concede inclusive aos homens ímpios e até aos próprios pássaros, havendo-te ele mesmo ensinado a não preocupar-te com nada destas coisas.

Portanto, você, que te fizeste peregrino deste mundo, deves obter uma fé nova e peregrina, um modo de pensar e de viver superior ao de todos os homens deste mundo. Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo pelos séculos. Amém.”

Anônimo do Séc. IV

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