PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
03 de Setembro de 2016 (CC) / 21 de Agosto (CE)
São Tadeu, apóstolo dos 70 (séc. I);
S. Mártir Bassa de Edessa e seus filhos Theogonius, Agapius e Pistus (Séc. IV).
Modo 1
03 de Setembro de 2016 (CC) / 21 de Agosto (CE)
São Tadeu, apóstolo dos 70 (séc. I);
S. Mártir Bassa de Edessa e seus filhos Theogonius, Agapius e Pistus (Séc. IV).
Modo 1
O apóstolo Tadeu era judeu, oriundo da cidade de Edessa. Era de um profundo conhecimento das Sagradas Escrituras tendo peregrinado por Jerusalém nos tempos do Precursor, São João Batista. Ao escutar as pregações de João e observando a vida angelical que levava o Profeta, ficou tão impressionado que se fez batizar por João. Entretanto, tendo ouvido os ensinamentos e visto os milagres realizados por Nosso Senhor Jesus Cristo, logo passou a segui-Lo. Depois da Ascensão de Nosso Senhor, retornou para a sua cidade natal, Edessa, curando muitos enfermos de lepra e, iluminando com a palavra da verdade, edificou igrejas na Síria chegando até Beirute. Nesta cidade, com a graça de Deus, Tadeu ensinou o Evangelho e batizou a muitas pessoas. Finalmente, entregou sua alma a Deus em paz, depois de ter aplicado fielmente em sua vida o mandamento dado por Nosso Senhor Jesus Cristo aos apóstolos: «Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo». (Mt 28,19-20).
1 Coríntios 1:3-9
3 Graça seja convosco, e paz, da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 4 Sempre dou graças a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus; 5 porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda palavra e em todo o conhecimento, 6 assim como o testemunho de Cristo foi confirmado entre vós; 7 de maneira que nenhum dom vos falta, enquanto aguardais a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, 8 o qual também vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.
Mateus 19:3-12
3 Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? 4 Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, 5 e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? 6 Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem. 7 Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? 8 Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio. 9 Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.] 10 Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. 11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado. 12 Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
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COMENTÁRIO
“Este é Um Grande Mistério”
Alguns fariseus se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram para pô-lo à prova: É lícito ao homem divorciar-se da sua mulher por qualquer motivo? Novamente os fariseus o colocam à prova, novamente aqueles que leem a lei não entendem a lei, novamente aqueles que se dizem intérpretes da lei necessitam de outros mestres. Não bastava com que os saduceus lhe tivessem estendido uma cilada a propósito da ressurreição, que os doutores lhe interrogassem sobre a perfeição, os herodianos a propósito do imposto, e outros sobre as credenciais de seu poder. Todavia há quem quer sondá-lo a respeito do matrimônio, a ele que não é suscetível de ser tentado, a ele que instituiu o matrimônio, a ele que criou todo este gênero humano a partir de uma primeira causa.
E ele, respondendo-lhes, lhes disse: Não lestes que o Criador no princípio os criou homem e mulher? Entendo que este problema que me tendes proposto – disse – diz respeito à estima e à honra da castidade, e requer uma resposta humana e justa. Pois observo que sobre esta questão existem muitos malpredispostos e que lisonjeiam ideias injustas e incoerentes.
Por que, que razão existe para usar de coação contra a mulher, enquanto que se é indulgente com o marido ao qual se deixa em liberdade? Realmente, se uma mulher houvesse consentido em desonrar o tálamo nupcial, ficaria obrigada a expiar seu adultério, penalizando-a legalmente com duríssimas sanções; por que, pois, o marido que tivesse violado com o adultério a fidelidade prometida a sua mulher, fica absolvido de toda condenação? Eu não posso de jeito nenhum dar a minha aprovação a esta lei; estou em completa discordância com esta tradição.
Aqueles que sancionaram esta lei eram homens, e por isso foi promulgada contra a mulher; e como colocaram aos filhos sob o pátrio poder, deixaram ao sexo frágil na ignorância e no abandono. Onde está, portanto, a equidade da lei? Um é o Criador do varão e da mulher, ambos foram formados do mesmo barro, uma mesma é a imagem, única a lei, única a morte, a mesma ressurreição. Todos fomos procriados a partir de um varão e de uma mulher: um e idêntico é o dever que têm os filhos para com os seus progenitores.
Com que cara exiges, pois, uma honestidade com a qual tu não correspondes? Como pedes o que não dás? Como podes estabelecer uma lei desigual para um corpo dotado de igual honra? Se te fixas na culpabilidade, pecou a mulher, mas também Adão pecou: a serpente enganou a ambos, induzindo-os ao pecado. Não pode dizer-se que um era mais fraco e o outro mais forte. Preferes insistir na bondade? Cristo salvou a ambos com sua paixão. Ou será que se encarnou somente para o homem? Não, também pela mulher. Padeceu a morte somente pelo homem? Também para a mulher proporcionou a salvação mediante a sua morte.
Porém, me dirás que Cristo é proclamado descendente da estirpe de Davi e talvez concluirás disto que aos homens lhes corresponde o primado de honra. Eu sei, porém não é menos certo que nasceu da Virgem, o que é válido igualmente para as mulheres. Serão, portanto – diz –, os dois uma só carne: Por isso, a carne, que é uma só, tenha igual valor.
Contudo, São Paulo – inclusive com o seu exemplo – concede à castidade caráter de lei. E o que é que diz e em que se fundamenta? Este é um grande mistério: refiro-me a Cristo e à Igreja. É bonito para uma mulher reverenciar a Cristo em seu marido; é igualmente bonito para o marido não menosprezar a Igreja em sua mulher. Que a mulher – diz – respeite ao marido, como a Cristo. Por seu lado, que o marido dê a sua esposa alimento e calor, como Cristo faz com a Igreja.
São Gregório Nazianzeno, Bispo (séc. IV)
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Sobre o Divórcio e o Segundo Casamento
A questão é muito séria e delicada e a interpretação e a aplicação dos princípios bíblicos ligados ao casamento, muitas vezes, são feitas tendo em conta as paixões humanas e não a vontade divina. O tempo não me permite fazer uma análise completa da doutrina da Igreja sobre este tema, mas vou tentar sistematizar as seguintes ideias:
1. O casamento é a união sagrada entre um homem e uma mulher, que assumem livre e responsavelmente o caminho da salvação através de amor, ajuda mútua e procriação. Para este efeito, a Igreja abençoa o casamento e cada cônjuge (crente, fiel e consciente) recebe o outro como um dom de Deus e como uma „metade sua”, sem a qual não se sente realizado. A Igreja chama e ajuda os esposos a superar as paixões e a espiritualizarem o amor mútuo e os casamentos feitos por impulsos viciosos, interesses ou obrigações não recebem a bênção de Deus, pois somente pode haver amor verdadeiro onde há liberdade (tanto física e jurídica, como sobretudo espiritual, para com os vícios/paixões).
2. O casamento é considerado um ato único e irrepetível, que só é quebrado pela morte de um cônjuge (Rom 7:2-3). Quando São Paulo diz que „é melhor casar-se do que ficar abrasado” (I Cor 7,9), ele se refere a viuvez e as mulheres que nunca foram casadas (I Cor 7:8) ou às que, estando casadas, deixaram seus homens adúlteros, sem que elas tenham cometido adultério, porque, de outro modo, isso contradiria um outro texto bíblico (Mateus 5:32). O mesmo princípio também é valido e no caso dos homens e as especulações que dizem que aos homens lhes seria permitido mais do que as mulheres é totalmente errado. Consequentemente, o segundo casamento é aceito pela Igreja somente para as pessoas viúvas (geralmente, um ano após a morte de cônjuge) e para os que ficaram sozinhos depois que o marido/esposa abandonou sua família, pecando com outra pessoa. O segundo e o terceiro casamento são vistos pela Igreja como uma excepção que pode ser tolerada no máximo 2 vezes (além do primeiro casamento) e sua aprovação pela Igreja vem acompanhada pelo afastamento da Sagrada Comunhão (O Sacramento) de 2 a 5 anos. Mais do que isso, o terceiro casamento é admitido apenas se a pessoa em causa não tenha atingido 40 anos de idade e não tiver filhos. Na Igreja Russa e, parcialmente, na Grega, a dispensa para o segundo e terceiro casamento é dada pelo hierarca da diocese, e na Igreja Romena-pelo pai espiritual. Infelizmente, existem poucos casos em que os pedidos de divórcio e segundo casamento são seriamente examinados e conforme à doutrina da Igreja (baseada, obrigatoriamente, nas Escrituras).
3. Na minha opinião, abençoar os casamentos ilegais não significa, de nenhuma forma, uma saudação de “bem-vindo” e um incentivo ao arrependimento, mas somente um encorajamento a pecar e a se divorciar. A Igreja não pode e não tem o direito de abençoar um casamento baseado no adultério (inicialmente amante, depois esposo/esposa). Então, se um homem e uma mulher se tiverem divorciado (por vários motivos, outros do que o adultério) e somente após um período conheceram-se e querem casar-se, a Igreja pode abençoar esse casamento (mesmo assim, como excepção, não como regra). Mas, se alguém, estando casado, tiver encontrado um /uma amante e apenas depois se tiver divorciado e solicita Casamento com „o novo parceiro”, o Casamento tem que ser recusado. O padre deve analisar muito bem a situação, para evitar profanar os Sacramentos da Igreja e se, por negligência ou desejo de ganhar dinheiro, ele aprovar um casamento desse tipo, devemos dizer claramente que um Casamento desses não é valido (independentemente do luxo da festa ou do dinheiro gasto).
Nesta situação, existem muitas irregularidades e os que se divorciam e tentam legalizar juridicamente um adultério devem entender que religiosamente, ele não pode ser legalizado de nenhuma forma. Não devem existir excepções nem para os políticos, nem para os benfeitores da igreja, pois os mandamentos divinos têm a mesma força sobre todos e não significa que, depois dum casamento desses (formal), a relação dos que vivem em adultério já passa de pecado para bênção. Certamente que não! Um Casamento assim não é valido mesmo que feito ou aprovado pelo patriarca. E quando alguém solicita a bênção dum relacionamento pecaminoso (baseado em adultério), nós não lhes devemos dar falsas impressões e ilusões, mas chama-los ao arrependimento e à abstinência. Não esqueçamos que os que cometeram semelhantes infâmias pedem o Casamento somente para tranquilizar a consciência, não porque estariam sentindo a necessidade da bênção de Deus, sabendo muito bem que Deus os abençoou no primeiro casamento e que Ele não muda a Sua vontade e bênção sem razão, seguindo os costumes mundanos dos devassos. Sim, os que vivem assim não devem beneficiar nem do Casamento, nem da Comunhão, nem do enterro até deixarem o pecado, independentemente de poder refazer o primeiro casamento ou não. Chegamos à conclusão que a aceitação dum divórcio na Igreja não significa (ou não deveria significar) também a autorização automática dum novo casamento.
4. À questão sobre a relação dos cônjuges depois da morte, nos responde o próprio Cristo, que destaca que no Reino de Deus, não há mais maridos e esposas, mas que todos são como os anjos do céu (Mateus 22,30). Lá, não há diferenças entre sexos, como também não há diferenças entre os anjos, mas todos são iguais. Por outro lado, conforme os textos bíblicos e patrísticos, podemos concluir que no Reino de Deus todos vão estar numa comunhão completa, independentemente de terem sido ou não parentes na terra; e no inferno, todos vão estar numa alienação completa, ainda que na terra podem ter sido muito próximos. Não é excluído também que um dos esposos vá para o céu e o outro, para o inferno; por isso, sobre uma continuidade das relações familiares no outro mundo não podemos falar ou, pelo menos, não temos base bíblica ou patrística para fazê-lo.
Peço desculpas pela resposta sumária, mas espero que ela possa contribuir, a resolver a situação, pois a facilidade com a qual a Igreja aprova o segundo casamento é mesmo alarmante e perigosa. Não temo dizer que muitos desses casamentos nem são validos. Podemos dizer também que, quando um casal se casa pela primeira vez, mas sem fé e consciência, mas sim em virtude dum só costume mundano ou por causa de uma sessão de fotos dentro da igreja, o Casamento poderia não ser valido também. Não no sentido em que deveria ser repetido (eventualmente, por um padre “melhor”), mas no sentido em que ele não tem efeito nenhum se não for um ato consciente e sustido por um modo de vida adequado. Efeitos mágicos e mecânicos na Igreja não existem e, graças a Deus, nem podem existir!
Pe. Peter Pruteanu
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