A Festa da Sinaxe de São João Batista, Profeta e Precursor, é celebrada no Calendário Ortodoxo, no dia posterior à grande Festa da Epifania do Senhor. Comemora-se neste dia a trasladação da santa relíquia da mão do Precursor à Constantinopla, mão que batizou o próprio Senhor. Por esta razão, esta festa é contada entre as grandes festas do Precursor, de modo que não devemos silenciar sobre os efeitos milagrosos e sobrenaturais que dela sobrevém.
A chegada da santa relíquia (mão direita) de São João Batista à Constantinopla ocorreu na tarde da Festa da Epifania, já celebrada pela igreja primitiva no dia 6 de Janeiro, como conta a tradição:
São Lucas, o Evangelista, foi à cidade de Sebaste onde foi sepultado o corpo do Precursor. Encontrou-o intacto, mas não conseguiu retirá-lo porque foi impedido pelos cristãos locais que o veneravam. Foi-lhe concedido retirar apenas a mão direita do corpo do Precursor que São Lucas trouxe para Antioquia, sua cidade natal, onde registrou-se muitos e grandes milagres após sua chegada».
São João Batista era filho do Sacerdote Zacarias e de Isabel, tendo vivido, até seus 30 anos, uma vida ascética no deserto da Judéia, dedicada inteiramente à oração e busca da perfeição espiritual. Vestia-se com vestes de pêlo de camelo e em sua cintura portava um cinto de couro, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre.
Depositário da graça divina, era um grande pregador da Palavra de Deus e as multidões eram convocadas a escutá-lo. Protestava duramente contra os fariseus que, aparentando uma imagem de santidade, ocultava sob esta aparência a crueldade, as impurezas mental e espiritual. Essencialmente, a sua pregação se centrava num imperativo característico: «Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo»”, preparando assim o caminho para o plano de salvação de Jesus Cristo.
No início da pregação pública de Jesus, as pessoas lentamente deixavam João para seguir o Nazareno. Isto, que poderia causar inveja e ciúme em qualquer pessoa que não tivesse o Espírito Santo; no entanto, para João, isto lhe dava muita alegria e felicidade.
Esta festividade de São João, o Precursor, de quem Jesus Cristo disse: «Entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista» (Mt 11,11) foi instituída no V século.
Os textos comemorativos da festa são: Atos 19:1-8 e João 1:29-34.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Tiago 2:1-13
Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se em vossa assembleia entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais? Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado? Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei. Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.
Marcos 13:1-8
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REFLEXÃO
Os textos acima nos falam de dois tipos de juízo, de natureza distintas: O primeiro diz respeito aos julgamentos que fazemos em nosso interior, e o segundo, do Juízo de Deus que virá de forma notória sobre todos os homens.
O primeiro juízo, esse que diz respeito aos julgamentos que fazemos dos outros, é sempre, via de regra, um juízo injusto, porque:
1. É um juízo baseado na aparência e em conformidade com as nossas paixões, como por exemplo, fazer distinção entre ricos e pobres; preferir ou preterir pessoas de acordo com os nossos interesses pessoais e egoístas;
2. Por ser um juízo sem misericórdia e parcial, no qual desprezamos pessoas que não possuem os mesmos valores que os nossos, nos esquecendo, que todos nós, não observamos totalmente a Lei de Deus. Por isto, nos aconselha o nosso Senhor Jesus Cristo a não praticarmos juízos condenatórios, porque com a medida com a qual julgarmos, seremos julgados também. Assim, Tiago, o irmão do Senhor, nesta sua epístola nos lembra que quebrar um mandamento da Lei, é quebrar toda Lei. Os julgamentos que fazemos dos outros devem ser intermediados pela compaixão e amor, uma vez que nós mesmos estamos rodeados e somos assaltados por muitas paixões e fraquezas. Se assim não agirmos, também sem misericórdia seremos julgados, pelo rigor da Lei. Mas, quem, ao contrário, conduzir sua interioridade pela misericórdia para com o outro, será recompensado com a misericórdia de Deus (a misericórdia triunfa no juízo), pois, “bem-aventurados são os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.
O Segundo Juízo, grande e terrível, é assim alcunhado, por causa do severo castigo que ele dará aos injustos deste mundo. Contudo, mesmo este Juízo, apesar de sua ira, não deixa de ser também um juízo de misericórdia, pois, as catástrofes parciais que Deus envia sobre a humanidade, como sinais e manifestações prévias do Juízo vindouro, são remédios amargos, visando corrigir os desvarios humanos:
«E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. E não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua fornicação, nem dos seus furtos». Apocalipse 9:20-21
«E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras». Apocalipse 16:11
A confusão religiosa que antecede a vinda visível do reino de Deus (falsos cristos e falsos profetas), também é juízo sobre a humanidade que busca uma religião que legitime suas paixões ou à busca de satisfação do ego (reconhecimento social, enriquecimento, poder, etc), e rejeitam a Fé que nos conduz à renunciar as paixões e nos induz à jornada em direção à semelhança com Deus (2 Tess. 2:12-12).
Pe. Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
“Ó Senhor e Mestre da minha vida, afasta de mim o espírito de preguiça, o espírito de desânimo, o desejo de poder e de palavreado inútil. Mas concede a mim, Teu servo, o espírito da castidade, da humildade, da paciência e do amor. Sim, Senhor e Rei, concede-me que eu veja as minhas faltas e não julgue meus irmãos. Pois, Tu És bendito pelos séculos dos séculos. Amém.
São Efraím, o Sírio
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