domingo, 29 de janeiro de 2017

Domingo de Zaqueu

32º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES
29 de Janeiro de 2017 (CC) 16 de Janeiro (CE)
Veneração das Cadeias de S. Pedro Apóstolo
Modo 7









Neste dia, comemoramos e honramos as correntes do apóstolo São Pedro que as aceitou para a glória do Senhor. O apóstolo Lucas, nos Atos dos Apóstolos, nos relata: «Naquele tempo, o rei Herodes, prendeu alguns da igreja a fim de maltratá-los. Tiago, irmão de João, foi morto à espada. Ao ver que isto agradava aos judeus, decidiu também prender Pedro. Isto se sucedeu durante as Festas do Pão Ázimo. Depois de ser capturado, Pedro foi colocado na prisão sob a vigia de quatro grupos de quatro soldados cada um. Herodes tencionava levá-lo a juízo após a Páscoa até quando ficaria preso. A igreja orava constante e fervorosamente a Deus por ele. Nas vésperas do julgamento, à noite, Pedro dormia acorrentado sob a vigia dos soldados. Também alguns guardas vigiavam a entrada da prisão. De repente apareceu um anjo do Senhor e uma luz resplandeceu na cela.  Pedro acordou ouvindo a voz do anjo que lhe dizia: ‘Ide depressa, levanta-te’. Neste momento as correntes se partiram nas mãos de Pedro». 
Estas correntes que se partiram sob a intervenção do Arcanjo estão abençoadas e realizou muitos milagres. Aqueles que a veneram com fé são curados de todos os tipos de doenças. E para que fossem protegidas, eram repassadas entre os cristãos até que, muitos anos depois, os reis cristãos a guardaram na Igreja de São Pedro em Constantinopla. 
Textos Comemorativos:  
Atos 12:1-11; João 21:15-25


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (X)

João 21:1-14

1 Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: 2 Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. 3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. 4 E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. 5 Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. 6 E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. 7 Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão 8 Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. 9 E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. 10 Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. 11 Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. 12 Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. 13 Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. 14 Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.

LITURGIA


Tropárion
Pela Tua Cruz, destruíste a morte, / abriste as portas do paraíso ao ladrão, / converteste em alegria o pranto das Miróforas / e lhes disseste que aos apóstolos anunciassem / que ressuscitaste dos mortos, ó Cristo Deus, // revelando ao mundo a grande misericórdia. 

Kondákion
O domínio da morte já não pode submeter o homem, / pois Cristo, descendo, aboliu e destruiu o seu poder, / o Hades está vencido, e os profetas se alegram, clamando em uníssono: / «O Salvador apareceu àqueles que têm fé! // Corram, fiéis, para a Ressurreição!» 

Megalinárion
Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores; / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, / pois te invocamos com fé: / rogai por nós junto de Deus, // tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Tropárion da Veneração das Preciosas Cadeias 
do Santo e Proeminente Apóstolo Pedro Modo 4
Sem sair de Roma, vieste até nós pelas preciosas cadeias que carregaste, / ó Primeiro entre os Apóstolos; / E, inclinando-se perante elas com fé, suplicamos: / Em tuas orações roga a Deus que nos conceda // a Sua grande misericórdia!

Glória ao  Pai ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion Modo 2
Louvemos ao grande Pedro, / o chefe e o primeiro dentre os Apóstolos, / o discípulo divino da Verdade, / e com fé, beijemos as suas cadeias, // recebendo a libertação das nossas transgressões.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Prokímenon

O Senhor dará poder a Seu povo 
O Senhor abençoará Seu povo com a paz.

Oferecei ao Senhor, ó filhos de Deus,
Oferecei ao Senhor tenros cordeiros.

1 Timóteo 4:9-15

9 Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação. 10 Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem. 11 Manda estas coisas e ensina-as. 12 Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. 13 até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino. 14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbítero. 15 Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.

Aleluia 

Aleluia, aleluia, aleluia!
É bom exaltar o Senhor
E cantar louvores ao teu Nome, ó Altíssimo (Sl 91:1) 

Aleluia, aleluia, aleluia!
Proclamar pela manhã o teu amor
E a tua fidelidade pela noite (Sl 91:2). 
Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 19:1-10

1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico. 3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura. 4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali. 5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa. 6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria. 7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador. 8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. 9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.


† † †


COMENTÁRIO


Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os que querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula. 

O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.

No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu”, o qual consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa, que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.

A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada: Zaqueu, como fruto de sua fé e esforço pessoal (Tiago 2:24). 

Na perspectiva mistagógica, podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e da nossa incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “Shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.

O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa participação na Natureza Divina, alcançando, assim, a semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.


O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece no meio do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).

Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão, Eucaristia).

A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceiamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.


Pe. Mateus (Antonio Eça) 


ORAÇÃO

Ó Deus, Tu És o meu Deus, de madrugada Te buscarei; a minha alma tem sede de Ti; a minha carne Te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água; para ver a Tua força e a Tua glória, como Te vi no santuário. Porque a Tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios Te louvarão. Assim eu Te bendirei enquanto viver; em Teu Nome levantarei as minhas mãos. A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca Te louvará com alegres lábios, quando me lembrar de Ti na minha cama, e meditar em Ti nas vigílias da noite. Porque Tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das Tuas asas me regozijarei. A minha alma Te segue de perto; a Tua destra me sustenta. Mas aqueles que procuram a minha alma para a destruir, irão para as profundezas da terra; cairão à espada, serão uma ração para as raposas. Mas o rei se regozijará em Deus; qualquer que por ele jurar se gloriará; porque se taparão as bocas dos que falam a mentira.


Salmos 62:1-11 (63:1-11)

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