DOMINGO DE ZAQUEU
27 de Janeiro de 2019 (CC) 14 de Janeiro (CE)
Novos Mártires e Confessores da Igreja russa; Lembrança de todos os que partiram que sofreu em anos de perseguição pela fé em Cristo; Venerável Efraim , o Sírio (373); Venerável Teodósio, o abade, de Totma (Vologda) (1568); São Teodoro confessor, padre (1933); Novo Hieromartyrs Inácio, bispo de Skopinsk, Vladimir sacerdote e Hieromartyr Bartholomeus, Virgem-mártir Olga (1938); Venerável Leontius, confessor (1972); Venerável Efraim, abade, taumaturgo de Novotorzhok (1053); Venerável Efraim, bispo de Pereyaslavl (Kiev Cavernas) (1098); Venerável Paládio , o Eremita, de Antioquia (4 c;); Venerável Isaac , o Sírio, o bispo de Nínive (asceta escritor) (7º c;); "Sumorin Totma" Ícone da Mãe de Deus (16 c;); O venerável João de Reomans (544) (Gália); O venerável Tiago, o Asceta de Porphyreon na Palestina (grego).
Modo 4
Hoje comemoramos os incontáveis milhões de fiéis que sofreram e morreram nas mãos dos ateus soviéticos. Estes incluem o czar-mártir Nicolau II e o resto da família real russa (4 de julho); Patriarca Tikhon (24 de março); Grã-duquesa Elizabeth (5 de julho); milhares de mártires, clérigos e leigos, cujos nomes são conhecidos; mas também milhões e milhões de simples crentes cujos nomes foram perdidos para a história. O número dos Novos Mártires da Rússia excede em muito todos aqueles da "Era dos Mártires", dos primeiros três séculos do cristianismo. Que sua memória seja eterna.
A data desta comemoração foi primeiramente estabelecida pela Igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia, em 1981, então adotada pelo Patriarcado de Moscou em 1992. Cerca de 1050 novos mártires foram glorificados pelo Patriarcado em 2000, e muitos outros devem ser reconhecidos nos próximos anos.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (IV)
Lucas 24:1-12
E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição
As santas mulheres discípulas do Senhor, / recebendo do Anjo a boa-nova da Ressurreição / correram orgulhosas / dizer aos Apóstolos: / “a morte está vencida, / pois Cristo nosso Deus ressuscitou, // e concedeu ao mundo a Sua infinita misericórdia”.
Glória ao †Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...
Kondákion da Ressurreição
Meu Salvador e Libertador, / como Deus Tu libertaste de suas amarras aqueles nascido na terra, /e partiste em pedaços os portões do Inferno, / e ressuscitaste ao terceiro dia // como Mestre.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador / não desprezes as súplica de nenhum de nós pecadores; / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, // tu que defendes sempre àqueles que te veneram.
Prokímenon no Modo 4
Ó, Senhor, quão harmoniosas são as Tuas obras!
Feitas, todas, com sabedoria. (Sl. 103:24)
Bendiz ó minha alma ao Senhor,
Senhor meu Deus, Tu És infinitamente grande! (Sl. 103:1)
1 Timóteo 4:9-15
9, na pureza. 13 até à minha volta, aplica-te à ler as Escrituras Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação. 10 Pois para isto é que nos afadigamos e suportamos opróbrios, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis. 11 Ordena e ensina estas coisas. 12 Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, no espírito, na fépara o povo, à exortação e ao ensino. 14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. 15 Pratica estas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.
Aleluia Modo 4
Aleluia, aleluia, aleluia!
O Senhor te ouça no dia da tribulação
Te proteja o Nome do Deus de Jacó!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva, Senhor, o Teu Povo,
E abençoa a Tua Herança!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lucas 19:1-10
1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico. 3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura. 4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali. 5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e o avistou, e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa. 6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria. 7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador. 8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. 9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
† † †
HOMILIA
Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula.
Estas pulsões, nos ensinam também os Santos Padres, só podem ser vencidas pela Graça e a ascese, ou seja, o esforço espiritual, aquilo que São Paulo chama de “exercício da piedade”. As principais ferramentas deste combate são as orações, os jejuns, a caridade e as dignas participações da Eucaristia. Destes esforços e de seu fruto, assim nos diz São Pedro:
“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:8).
Sem este combate a alma não progride. E naquele no qual este combate ou esforços estão ausentes, nos diz o mesmo Apóstolo, que o tal é “ cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados” (2 Pedro 1:9).
O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.
No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu” que consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.
A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada, como fruto de sua fé e esforço pessoal: Zaqueu (Lucas 19:8-10; Tiago 2:24).
Na perspectiva mistagógica podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.
O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.
O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece nas duas margens do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).
Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão).
A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.
Padre Mateus (Antonio Eça)
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