domingo, 3 de fevereiro de 2019

36º Domingo Depois de Pentecostes

03 de Fevereiro de 2019 (CC) 21 de Janeiro (CE)
S. Máximo, o Confessor († 662)
Modo 3


São Máximo nasceu em Constantinopla em uma nobre família da qual recebeu uma boa educação. Foi um dos conselheiros do imperador Heráclio (610-641). Naquela época, a heresia dos monofisitas, na qual acreditava também o imperador, alastrava-se fortemente. (do grego μονο = único, é uma doutrina cristológica do século V que admitia em Jesus Cristo uma só natureza, a divina. Foi elaborada por Eutiques em reação ao Nestorianismo e foi considerada também uma heresia. Esta doutrina era originária do Egito e estendeu-se progressivamente à Palestina e à Síria. Os monofisitas não aceitam, portanto, a doutrina das “duas naturezas”, decretada pelo Concílio de Calcedônia (451); negam a  natureza humana de Jesus Cristo e, por consequência, reduzem os seus sofrimentos salvíficos na Cruz).

Máximo deixou então o palácio imperial e ingressou no monastério Cristopolsky do qual, tempos depois, tornou-se seu abade. Sendo teólogo e grande pensador de seu tempo, ardoroso defensor da Ortodoxia, combateu com coragem os erros da doutrina monofisita. Foi frequentemente perseguido pelos inimigos da Igreja. Os argumentos de São Máximo em prol da Ortodoxia foram tão conclusivos que depois de um debate público com o Patriarca monofisita de Constantinopla Pirro, este acabou por renunciar em 645 a heresia. Várias vezes foi deportado e chamado à Constantinopla. As exortações e as promessas dos hereges transformavam-se, frequentemente, em ameaças, constrangimentos e golpes contra São Máximo. No entanto, o santo permanecia firme em suas convicções religiosas. Cortaram-lhe o braço direito e a língua para que não pudesse mais nem escrever nem proclamar e defender a verdade. Enviaram-lhe recluso ao Caucaso em Lasov, região da Mingrelia, onde faleceu em 13 de agosto de 662, data que já havia previsto.

São Máximo escreveu muitas obras teológicas em defesa da Ortodoxia. Suas obras são valiosas por suas pregações sobre a vida espiritual e contemplativa, algumas das quais fazem parte da coleção dos sermões dos Santos Padres que falam da vida dos ascetas. Nestas pregações se revelam a profundidade espiritual e a agudeza de pensamento de São Máximo. Também escreveu uma obra explicando a Liturgia com grande significado teológico. 
Leituras comemorativas 
Mateus 11:27-30 Matinas
Gálatas 5:22-6:2
Lucas 6:17-23

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (III)


Marcos 16:9-20

E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.

LITURGIA

Tropárion
Alegrem-se os céus e exulte a terra, / pois o Senhor mostrou a força de Seu braço; / vencendo a morte pela morte, / Ele que É o Primogênito dentre os mortos; / arrancou-nos das profundezas do inferno // e concedeu ao ao mundo a Sua infinita misericórdia! 

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion
Hoje, Tu, ó Compassivo, ressuscitaste do túmulo, / e nos conduziste para fora dos portões da morte. / Hoje Adão dança de alegria e Eva rejubila, / e com eles os Profetas e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano / a ti cantamos, Virgem Mãe de Deus! / Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo recebido de ti, / padecendo os sofrimentos da cruz / livrou-nos da iniquidade, // Ele, o Amigo dos seres humanos.

Prokímenon

Cantai louvores ao nosso Deus, cantai louvores! 
Cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores! (Sl. 46:6) 

Aplaudi com as mãos, todos os povos;
Cantai a Deus com voz de triunfo (Sl. 46:1) 

1 Timóteo 1:15-17

Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna. Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei; 
Não seja eu confundido para sempre,
Por Tua justiça, livra-me!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor 
E uma casa de refúgio que me abrigue. 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 18:35-43

E aconteceu que chegando ele perto de Jericó, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo. E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava. Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim. E os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe, Dizendo: Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja. E Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te salvou. E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.

† † †

ENSINO DOS SANTOS PADRES

“Está Evidente Que Este Cego É Todo O Gênero Humano”

Nosso Redentor, conhecendo que os corações de seus discípulos haviam de ser gravemente perturbados em sua sagrada paixão, muito antes que essa acontecesse, deu-lhes notícia sobre ela e da ressurreição: para que ao verem-lhe morrer, como ele tinha dito, estivessem certos de que haveria de ressuscitar. Porém, sabendo o Senhor que os discípulos enquanto carnais não podiam compreender as palavras deste mistério, quis realizar em sua presença um milagre, e então deu visão para um cego, para levá-los à firmeza da fé com obras extraordinárias, já que não conseguiam compreender bem as palavras. Mas os milagres de nosso Redentor devem se ouvir de modo que creiais que aconteceram assim como são referidos, e juntamente com isso haveis de crer que possuem em seu interior outro simbolismo. Suas obras são tão cheias de surpresas, que por uma parte mostram exteriormente seu maravilhoso poder, e por outra encerram interiormente um mistério divino.

Não sabemos, na verdade, quem era este cego, porém sabemos no mistério a quem representa. Está evidente que este cego é todo o gênero humano: o qual em nosso primeiro pai foi lançado das alegrias do paraíso, e sendo ignorante e privado da claridade da luz soberana, padece as trevas à qual foi condenado; porém, é iluminado com a presença do Salvador, para que ao menos dentro da alma sinta luz para desejar o bem, e com este desejo comece a caminhar pelo caminho das boas obras para alcançar-lhe.

Mas haveis de notar que o cego é iluminado quando Jesus Cristo nosso Salvador chega a Jericó: Jericó em nossa língua quer dizer “lua”! A lua na Sagrada Escritura denota a deficiência da natureza humana, porque, alterando-se e diminuindo-se de hora em hora, assinala os defeitos e mudanças que em nós se encontram. Chegando, pois, nosso Senhor a Jericó, o cego recupera a vista, porque é manifesto que, quando Deus uniu consigo a fraqueza de nossa humanidade, a linhagem humana recobrou a vista que tinha perdido: porque abaixando-se Deus a sofrer coisas de homem, foi elevado o homem a degustar coisas de Deus.

E vem muito a propósito dizer que este cego estava sentado à beira do caminho e mendigando, porque a própria verdade Cristo nosso Redentor falando de si diz: Eu sou o caminho. É claro que é cego aquele que não sente em si a claridade da luz soberana; mas quando já tem o princípio, que é crer em seu Redentor, podemos dizer que está sentado junto do caminho. E se havendo crido, silencia e não pede misericórdia para ver a luz eterna, e cessa de pedir esta graça, diremos que o cego está junto ao caminho, mas que não pede esmola; mas se junto com o ato de crer pede graça a Deus, diremos que o cego está junto ao caminho, e que está pedindo.

Olhem, portanto, meus irmãos! Quem quer que conheça as trevas de sua cegueira, quem quer que entenda que lhe falta a luz soberana, arranque o clamor do coração, e com verdadeiro grito da alma diga: Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim. Mas, vejamos, que acontece a este cego que grita tantas vezes? Muitos o repreendiam para que se calasse. Quem pensais que são estes, que, vindo nosso Redentor, vão à frente gritando? Sabei que são os desejos carnais, e os esquadrões dos vícios, para impedir que Deus nos ouça e que o chamemos com atenção, dissipam nossos bons pensamentos, desordenam com suas tentações qualquer boa deliberação que nossa alma faz, e quando o coração quer estar mais atento na oração, ali o procuram para lhe perturbar.

Este é o artifício de nosso inimigo, que, quando queremos deixar os pecados e voltar a Deus – e para isto nos coloquemos em oração pedindo que sua majestade nos ajude –, então se declaram por sua artimanha ao nosso coração as visões assustadoras dos pecados que temos cometido, e querem ofuscar “a nossa alma, confundir o nosso coração, e tirar-nos a fala. Diz, portanto, que aqueles que iam à frente o repreendiam, dizendo que se calasse: Porque, para impedir que Deus venha a nossa alma, os pecados passados interrompem os pensamentos, procurando perturbar nossa oração. Porém, saibamos o que fez o cego contra tudo isso para ser iluminado: mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de mim".

São Gregório, o Grande
Papa de Roma (Séc. VI)

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