segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

2ª Segunda-feira do Triodion

25 de Fevereiro de 2019 (CC) - 12 de Fevereiro (CE)
Ícone Iveron (Moscou) da Santíssima Theotókos (9º c.).
São Melécio, Arcebispo de Antioquia († 381)
Modo 6

Durante o reinado do imperador Theophilus (829-842), o Império Bizantino foi tomado pela heresia da iconoclasma. De acordo com a ordem do Imperador, milhares de soldados pilharam o Império, procurando em todos os cantos, cidades e aldeias ícones ocultos. 
Perto da cidade de Nicéia, vivia certa viúva piedosa que havia escondido um ícone da Santíssima Theotókos. Logo os soldados o descobriram, e um deles enfiou a lança na imagem. Mas pela graça de Deus, seu terrível ato foi ofuscado por um milagre: Sangue fluiu da ferida no rosto da Mãe de Deus. Os soldados assustados fugiram rapidamente. 
A viúva passou a noite inteira em vigília, rezando diante do ícone da Santíssima Theotókos. De manhã, de acordo com a vontade de Deus, ela levou o ícone para o mar e o lançou sobre a água. O ícone sagrado ficou em pé sobre as ondas e começou a navegar para o oeste. O tempo passou, e uma noite os monges do monastério de Iveron, no Monte Athos, contemplaram um pilar de luz, brilhando sobre o mar como o sol. A imagem milagrosa durou vários dias, enquanto os pais da Montanha Sagrada se reuniram, maravilhados. Finalmente eles desceram para a beira do mar, onde viram a coluna de luz acima do ícone da Theotókos. Mas quando eles se aproximaram, o ícone se moveu mais para o mar. 
Naquela época, um monge georgiano chamado Gabriel, trabalhava no mosteiro de Iveron. A Theotókos apareceu aos pais da Montanha Sagrada e disse-lhes que só Gabriel era digno de recuperar o Ícone sagrado do mar. Ao mesmo tempo, ela apareceu para Gabriel e disse-lhe: 
"Entre no mar, e ande sobre as ondas com fé, e todos testemunharão o meu amor e misericórdia pelo seu mosteiro." 
Os monges do Monte Athos encontraram Gabriel no mosteiro georgiano e o levou até o mar, cantando hinos e incensando com incenso sagrado. Gabriel andou sobre a água como se em terra seca, pegou o Ícone em seus braços e obedientemente o levou de volta à terra. 
Este milagre ocorreu na terça-feira brilhante.
Enquanto os monges celebravam uma Paraklesis de ação de graças, uma primavera fria e doce jorrava milagrosamente do chão onde o ícone estava. Depois, levaram o ícone para uma igreja e o colocaram no santuário com grande reverência. Mas na manhã seguinte, um dos monges ao vir acender uma lâmpada, descobriu que o ícone não estava mais onde o haviam deixado; agora estava pendurado em uma parede perto do portão de entrada. Os monges, incrédulos, a levaram para o santuário, mas, no dia seguinte o ícone foi novamente encontrado no portão do mosteiro. Este milagre se repetiu várias vezes, até que a Santíssima Virgem apareceu a Gabriel, dizendo: 
“Anuncie aos irmãos que a partir de hoje eles não devem me levar embora. Pois o que desejo não é ser protegida por vocês; em vez disso, vou resplandecer para vós, tanto nesta vida como na era vindoura. Enquanto virdes meu ícone no mosteiro, a graça e a misericórdia do meu Filho nunca faltarão!”
Cheios de alegria, os monges ergueram uma pequena igreja perto do portão do mosteiro para glorificar a Santíssima Theotókos e depuseram o ícone de maravilha dentro dele. O Ícone sagrado passou a ser conhecido como a “Mãe  de Deus Iveron e, em grego, "Portaitissa". Pela graça do milagroso ícone Iveron da Theotókos, muitos milagres ocorreram e continuam acontecendo em todo o mundo. 
Comemoração de São Melécio 
São Melécio nasceu em Melitene, no ano 310, aproximadamente. Pertencia a uma das mais distintas famílias da Armênia Menor. Distinguia-se por sua inteligência e piedade. No ano 357, foi ordenado Bispo de Sebaste. Na cidade, encontrou violenta oposição ao cristianismo e decidiu retirar-se para o deserto e, mais tarde, para Beroa na Síria. Após o desterro de Eustásio em 331, a Igreja de Antioquia estava sob o domínio dos arianos, já que vários bispos fomentavam essa heresia. Eudóxio, ainda ariano, foi expulso  por um grupo que professava a mesma heresia, em uma revolta contra as autoridades. Pouco depois, usurpou o trono de Constantinopla. Os arianos, diante deste fato, junto com alguns cristãos ortodoxos, concordaram em eleger Melécio à sede de Antioquia, no ano 361. O imperador confirmou a eleição, ainda que outros ortodoxos se negassem a reconhecê-lo, dizendo que era uma escolha ilegal uma vez que alguns arianos haviam participado da eleição. Os arianos esperavam que Melécio se declarasse em favor da heresia, o que não se confirmou. Certa vez o imperador Constâncio, vindo de Antioquia, pediu a vários prelados que explicassem um texto do Livro dos Provérbios. Jorge de Laodicéia explicou o texto no sentido ariano; Acácio de Cesaréia explicou num sentido herético e Melécio deu uma explicação no sentido ortodoxo. A explicação de Melécio enfureceu os arianos e,  por causa disso Eudóxio, em Constantinopla, influenciou o imperador para que desterrasse Melécio para a Armênia Menor.  
Substituindo a sé vacante, os arianos elegeram Euzoius que anteriormente havia sido expulso da Igreja por Santo Alexandro, arcebispo de Alexandria. Este fato marcou o Cisma de Antioquia, ainda que o verdadeiro inicio do cisma tenha acontecido com o desterro de Eustásio, trinta anos antes. Em 381, reuniu-se em Constantinopla o Segundo Concilio Ecumênico, presidido por São Melécio. Durante a realização do Concilio, o bispo faleceu após suportar com paciência muitos sofrimentos. A notícia de sua morte foi recebida com grande dor pelos padres conciliares e pelo imperador Teodósio que lhe havia dado boas vindas à cidade, com demonstração de grande afeto: «te recebo como um filho que recebe o pai depois de muito tempo ausente». Sendo sempre muito humilde, Melécio conquistou a todos que o conheciam. São João Crisóstomo afirmava que seu nome era tão venerado que muitos habitantes de Antioquia escolhiam aquele nome para os filhos; gravavam suas imagens em selos e em vasilhas e esculpiam em suas casas. Todos os Padres do Concilio e os fiéis da cidade assistiram ao seu funeral em Constantinopla. Um dos prelados mais eminentes, São Gregório de Nissa, pronunciou a oração fúnebre que fazia referência ao doce e tranqüilo olhar, ao radiante sorriso e às bondosas mãos que acompanhavam sua aprazível voz. Terminou a oração dizendo: «Agora que vês a Deus face a face, roga a Ele por nós e pelo seu povo». Cinco anos depois, São João Crisóstomo, a quem São Melécio tinha ordenado diácono, compilou e pronunciou um panegírico no dia 12 de fevereiro, dia de sua morte e de sua trasladação para Antioquia. 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 João 2:18-3:10

18 Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. 19 Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.  20 Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. 21 Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. 22 Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho. 23 Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. 24 Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai. 25 E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26 Estas coisas vos escrevo a respeito daqueles que vos querem enganar. 27 E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei. 28 E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda. 29 Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele. 1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a ele. 2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. 3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro. 4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia. 5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado. 6 Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece. 7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo; 8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. 9 Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus. 10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão. 

Marcos 11:1-11

1 Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos 2 e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o. 3 E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui. 4 Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam. 5 E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho? 6 Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar. 7 Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele. 8 Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos. 9 E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor! 10 Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas! 11 Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.

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COMENTÁRIOS

1 João 2:18-3:10

São Teófano, o Recluso
Ontem a parábola do filho pródigo nos convidou para retornar da dissipação ao bom caminho. Agora, o santo apóstolo João nos inspira a isto, dando a garantia de que, se assim procedermos, quando o Senhor aparecer, seremos semelhantes a Ele. O que se pode comparar com tal dignidade ? Eu penso que ao ouvir tal coisa, você deva ser tomado por um desejo de alcançar isso para si. E isto é bom, mais ainda, é sumamente necessário. Não tardará a ser alcançado; pois, todo aquele que tem esta esperança nele, purifica a si mesmo, assim como Ele é puro (I João 3: 3). Será que existe alguma coisa dentro de você que tenha necessidade de purificação? Certamente que não poucas coisas têm esta necessidade. Apressa-te, pois, onde o Senhor está, coisa alguma que seja impura se permite entrar (cf. Ap 21-27). Mas não desanime com a dificuldade de tal empreendimento. O Próprio Senhor será o seu ajudante em todas as coisas. Simplesmente deseje isto de todo o coração e busque o Senhor, tal como um mendigo pedindo por  ajuda. Sua plena graça irá atuar com poder em teu esforço, e as coisas facilmente se sucederão e terás êxito. Assim como não há pecado que possa superar a misericórdia de Deus, também não há nenhuma impureza moral que possa resistir e não ser consumida pelo poder da plenitude de Sua graça; a não ser que de sua parte, haja falta de vontade para superar a impureza, um esforço sério para a repelir, refugiando-se com fé no Senhor.  


Marcos 11:1-11

São João Crisóstomo nos diz que neste episódio Cristo realiza duas profecias: uma pelos seus atos e outra por suas palavras. Realiza a primeira ao montar num jumento, e a segunda cumprindo as palavras do profeta Zacarias que havia predito que o Rei viria montado em um asno. E ao cumprir esta antiga profecia, com seu gesto também prefigura uma nova era que mais se tarde haveria de ser instaurada, ou seja, Cristo aqui prefigura a vocação dos gentios, os quais, até àquele presente momento, viviam como animais impuros; no entanto, Ele junto aos gentios irá fazer Sua morada, estes O perceberão e Lhe seguirão. Deste modo, ao mesmo tempo que uma profecia se cumpre também anuncia outra.

“Tu montaste um jumentinho prefigurando a conversão dos indomáveis gentios da incredulidade para a Fé” - diz um dos hinos da Festa dos Ramos.

O asno representa o elemento passional do homem, uma vida voltada exclusivamente para o plano terrestre e dos sentidos carnais. Portanto, simbolicamente, o espírito deve montar [dominar] a matéria, assim como Cristo fez com o asno (o qual até àquele momento ainda não fora domado) . A teologia, assim, “monta” (se sobrepõe) a todo conhecimento humano.

Crisóstomo também diz que aquele “jumentinho” também representa a Igreja, o novo povo de Deus, povo que até então era impuro e foi purificado quando Cristo se assentou sobre ele. Os Apóstolos que desataram o animal, representam os que entre os judeus – assim como nós – foram chamados à Fé, e, assim, é por eles que fomos conduzidos a Cristo.


Extraído e adaptado do sitio “El Arca de Noé"por Padre Mateus


ORAÇÃO

Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento. Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti. O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no SENHOR a misericórdia o cercará. Alegrai-vos no SENHOR, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração.


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