terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

37ª Terça-feira Depois de Pentecostes

05 de Fevereiro de 2019 (CC) - 23 de Janeiro (CE)
Santo Mártir Clemente, Bispo de Ankara;
Santo Mártir Agatângelos Dionisio de
Monte AthosS; Genádios, Monge de Kostroma
Modo 3



O Hieromártir Clemente nasceu na cidade Galaciana de Ancira no ano 258, filho de um pai pagão e de uma mãe cristã. Na infância Clemente perdeu seu pai, e aos doze anos de idade também sua mãe, que previu para ele a morte de um mártir por crer em Cristo. Uma mulher que o adoptou, chamada Sofia, criou-o com medo de Deus. Durante o tempo de uma terrível fome na Galácia, vários pagãos expulsaram seus próprios filhos, não tendo os meios para alimentá-los, e Sofia reuniu também estes pobres, alimentou-os e vestiu-os, e São Clemente a ajudou nisso. Ele ensinou as crianças e as preparou para o Santo Batismo. Muitos deles morreram como mártires pela fé em Cristo.  
Por sua vida virtuosa, São Clemente foi feito Leitor, e mais tarde Diácono, e aos dezoito anos recebeu a dignidade de Presbítero, e aos vinte anos foi ordenado Bispo de Ancira. Logo depois, a perseguição aos cristãos começou sob Diocleciano (284-305). O bispo Clemente foi preso sob denúncia e também teve que responder por si mesmo. O Governador de Galácia, Dometian, tentou convencer o Santo a adorar os deuses pagãos, mas São Clemente confessou firmemente a sua fé e suportou corajosamente todas as torturas às quais o cruel oficial o sujeitou. Eles o suspenderam em uma árvore, e rasgaram seu corpo de modo que os ossos pudessem ser vistos; e também o golpearam ferozmente com paus e pedras, e o viraram sobre uma roda e queimaram-no com um fogo baixo. O Senhor preservou o seu sofredor e curou o seu corpo lacerado. Em seguida, Domécio enviou o Santo para Roma para o próprio imperador Diocleciano, com um relatório de que o Bispo Clemente tinha sido ferozmente torturado, mas tinha se mostrado inflexível. Diocleciano, vendo o mártir completamente saudável, não acreditou no relatório e sujeitou-o a torturas ainda mais cruéis, e, em seguida, trancou-o na prisão.  
Muitos dos pagãos, vendo a bravura do Santo e a milagrosa cura de suas feridas, creram em Cristo. As pessoas na prisão se reunião a São Clemente em busca de orientação, cura e batismo, de modo que a prisão foi literalmente transformada em uma igreja. Muitas dessas pessoas, quando denunciadas, foram executadas pelo Imperador. Diocleciano, impressionado com a incrível resistência de São Clemente, o enviou para Nicomédia para seu Co-Imperador Maximiano.  
No navio ao longo do caminho, o Santo foi acompanhado por seu discípulo Agatângelo, que tinha escapado ser executado com os outros confessores, e que agora queria sofrer e morrer por Cristo juntamente com o Bispo Clemente. 
O Imperador Maximiano, por sua vez, enviou São Clemente e Agatângelo para o Governador Agripina, que os sujeitou a tais tormentos desumanos, que mesmo entre os espectadores pagãos havia uma sensação de pena para com os mártires, que eles começaram a apedrejar os torturadores. 
Tendo sido libertados, os santos curaram um habitante da cidade com uma imposição de mãos e batizaram e instruíram as pessoas, unindo-se a eles em multidões. Preso novamente por ordem de Maximiano, foram enviados para casa para a cidade de Ancira, onde o Príncipe Ancira Cyrenius os mandou torturar, e então os despachou para a cidade de Amásia para o oficial Domécio, conhecido por sua crueldade especial. 
Santo Agatângelos  
Na Amásia, os mártires foram atirados em cal derretida, passaram um dia inteiro nela e permaneceram ilesos. Esfolaram a pele, espancaram-nos com varetas de ferro, puseram-nos em camas quentes e derramaram enxofre. Tudo isso falhou em prejudicar os santos, e eles foram enviados para Társis para novas torturas. No deserto, ao longo do caminho, São Clemente na oração teve a revelação de que sofreria ainda por mais 28 anos pelo nome de Cristo. E depois, tendo sofrido uma multidão de torturas, os santos foram encerrados na prisão. 
Após a morte de Maximiano, Santo Agatângelo foi decapitado com a espada. Os cristãos de Ancira libertaram São Clemente da prisão e levaram-no para uma igreja das cavernas. Ali, depois de celebrar a Liturgia, o Santo anunciou aos fiéis o fim iminente da perseguição e o seu próprio fim que se aproximava. O santo mártir logo foi morto por soldados da cidade, que invadiram a Igreja. Eles decapitaram o santo enquanto este ofertava a Deus a santa oblação, no ano 312. 
São Genádios 
São Genádios, da cidade de Kostroma, foi batizado com o nome de Gregório. Nasceu na cidade de Mogilev, na Lituânia em uma família russo-lituana muito rica. Desde sua juventude se distinguia por sua devoção. Gostava de ir à Igreja e cumpria rigorosamente os tempos de jejum; por isso seus amigos riam dele. 
Desejando dedicar sua vida exclusivamente a Deus, deixou secretamente a casa de seus pais e, vestido como um pobre foi para Rússia onde visitou Moscou e Novgorod, mas não encontrou um monastério de acordo com suas necessidades espirituais. Foi então para o rio Svir onde se encontrava o venerável Alexandre, o qual lhe recomendou que fosse ao bosque de Vologodsk onde vivia o venerável Cornélio de Comel. Lá, após algum tempo, recebeu o hábito monástico de Cornélio, adquirindo o nome de Genádios. 
Algum tempo depois, os veneráveis Cornélio e Genádios partiram para o lago Surskoe, próximo do rio Kostroma. Ali fundaram um monastério com duas igrejas. Mais tarde, este monastério passou a se chamar Monastério de Genádios. São Genádios trabalhava incansavelmente, fazendo os pães (Prósforas) para a Liturgia, cortando lenha, cavando lagos com a irmandade etc. Para crescer espiritualmente, sempre usava as correntes de asceta. Gostava muito de escrever ícones com os quais adornava as paredes das igrejas de seu monastério. Por sua vida devota, recebeu de Deus o dom da profecia e da cura. 
Estando em Moscou, profetizou que a filha de Boyardo Roman Zajarin, Anastácia Romanov, seria czarina. Tempos depois, Anastácia tornou-se esposa do czar João, o Terrível. O mesmo czar João, o Terrível pediu ao venerado Genádios que fosse padrinho de sua filha. Genádios também curou o Bispo Cipriano de Vologda de uma doença mortal. Faleceu no ano de 1565 e no a no de 1644 foram encontradas suas relíquias que foram trasladadas para a Igreja da Transfiguração de seu monastério. O Venerável Gennádios escreveu «Instruções de um pai espiritual a um monge recém ordenado» e «Testamento espiritual». 
O Sexto Concílio Ecumênico 
O sexto Concílio Ecumênico foi convocado pelo Imperador Constantino Pogonato (668-685) em Constantinopla no ano 681 para tratar da heresia Monotelita. Estavam presentes 171 Santos Padres, que afirmaram a confissão de fé a respeito das duas vontades em Jesus Cristo – a Divina e a humana. 
Dando continuidade ao trabalho deste Concílio um outro Concílio foi realizado no ano de 691, nos palácios imperiais, chamado de Concílio de Trullo. O Concílio também decretou 102 cânones sobre a ordem e a disciplina do clero. 



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Tiago 3:1-10

Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.

Marcos 11:11-23


E Jesus entrou em Jerusalém, no templo, e, tendo visto tudo em redor, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze. E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto. E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas. E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo. E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões. E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina. E, sendo já tarde, saiu para fora da cidade. E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes. E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se secou. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.

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COMENTÁRIO

A leitura do Evangelho de hoje faz saltar aos nossos olhos uma faceta de Cristo pouco lembrada e até mesmo negada por muitos cristãos: a severidade e a virilidade, pois geralmente se concebem tais características como incompatíveis com a natureza do amor, principalmente quando este é compreendido única e pragmaticamente numa dimensão romântica.

O ícone denominado “Pantokrator do Sinai” (obra datada do sec. IV e preservada pelo Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai) chama muita atenção, além de sua beleza, pela estranha pintura dos olhos de Cristo, que nesta tela se apresentam desenhados de formas distintas e assimétricas. Esta disposição faz com que uma de suas faces lhe confira um semblante severo e a outra uma aparência tenra. São os olhares da justiça e da misericórdia, as quais em Cristo não são realidades divergentes, mas convergentes, conforme está escrito no Salmo 84(85): “A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram” (Sl 84:10).

O episódio narrado pelo Evangelista São Marcos da maldição da figueira é uma figuração teológica da nação de Israel, que regada e adubada pelos Patriarcas, por Moisés e todos os Profetas foi encontrada estéril e sem fruto quando o Emanuel lhe veio visitar. Por isto João Batista clamava: “O machado está posto na raiz das árvores e toda árvore que não der fruto será cortada e lançada ao fogo”. A observação que são Marcos faz de que não havia frutos na figueira por ainda não ser o tempo de figos, representa a chegada repentina e inesperada do Reino de Deus e do Seu Juízo. A figueira, a oliveira e a videira sempre foram usadas pelos Profetas do Velho Testamento como símbolos de Israel.

O Templo transformado em camelódromo (mercado público) exemplifica a perversão religiosa existente em Israel; e a ação viril de Cristo, o juízo devastador que cairia sobre eles, não ficando “pedra sobre pedra” quando os Romanos devastaram Jerusalém, no ano 70 dc, pondo definitivamente um fim ao culto judaico, fazendo assim, cessar o sacrifício e a possibilidade de perdão, conforme a Antiga Aliança. Assim, São Paulo adverte: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus”. E São Tiago, o irmão do Senhor, no trecho de sua Epístola que hoje lemos, se mostra cuidadoso para que os mestres cristãos não repitam os mesmos erros dos judeus, lembrando que os mestres sofrem juízo mais severo do que os demais e, que a habilidade no falar deve estar conjugada a uma disciplina pessoal capaz de subjugar as paixões que atuam na natureza humana.

Pe. Mateus (Antonio Eça)


ORAÇÃO

Guarda, Senhor, a minha alma, e livra-me; não me deixes abatido, porquanto confio em Ti. Preservem-me a inocência e a retidão, porquanto espero em Ti. Salmo 24:20,21 (25:20,21)

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