terça-feira, 7 de dezembro de 2021

25ª Terça-feira Depois de Pentecostes

 
07 de Dezembro de 2021 (CC) / 24 de Novembro (CE)
S. Megalomártir Catarina de Alexandria († 310)
Pós-festa da Entrada da Santíssima Theotókos no Templo
Jejum da Natividade
Tom 7


 

Descrita como uma jovem de dezoito anos, cristã, de rara beleza, Catarina era filha do rei Costus, de Alexandria, onde vivia no Egito. Muito culta, dispunha de vastos conhecimentos teológicos e humanísticos. Com desenvoltura, modéstia e didática, discutia filosofia, política e religião com os grandes mestres, o que não era nada comum a uma mulher e jovem naquela época. E fazia isso em público, por isso era respeitada pelos súditos da Corte que seria sua por direito.
Entretanto esses eram tempos duros do Imperador romano Maximino, terrível perseguidor e exterminador de cristãos. Segundo os relatos, a história do martírio da bela cristã teve início com a sua recusa ao trono de Imperatriz. Maximino apaixonou-se por ela, e precisava tirá-la da liderança que exercia na expansão do cristianismo. Tentou, oferecendo-lhe poder e riquezas materiais. Estava disposto a divorciar-se para casar-se com ela, contanto que passasse a adorar os deuses egípcios.

Catarina tinha consagrado sua vida ao serviço de Cristo, da qual se declarava noiva, pois em uma visão que tivera, o próprio Cristo lhe conferia um anel de noivado, assim, recusou enfaticamente, o pedido de casamento do Imperador  e ao mesmo tempo tentou convertê-lo, desmistificando os deuses pagãos. Sem conseguir discutir com a moça, o Imperador chamou os sábios do reino - num total de 50 - para auxiliá-lo. Eles tentaram defender o paganismo com falácias teóricas e filosóficas, mas acabaram convertidos por Catarina. Irado, Maximino condenou todos ao suplício e à morte. Exceto ela, para quem tinha preparado algo especial.

No entanto, enquanto aguardava no cárcere, ela conduziu o comandante do imperador, Porfírio e duzentos soldados à verdadeira fé, assim como a própria imperatriz Augusta-Vasilissa. Todos estes também vieram a padecer por Cristo.

Quanto a Santa Catarina, o Imperador mandara torturá-la com rodas equipadas com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Com os olhos elevados ao Senhor, rezou e fez o sinal da cruz. Então, ocorreu o primeiro prodígio: o aparelho se desmontou. Maximino, transtornado, levou-a para fora da cidade e comandou pessoalmente a sua tortura. Durante a tortura de Catarina, um anjo de Deus veio até ela e destruiu a roda em que a santa virgem estava sendo torturada. Depois, o próprio Senhor Jesus Cristo lhe aparecera e a confortava. Após muitas torturas, Catarina foi decapitada com a idade de dezoito anos, em 24 de Novembro, 310. Leite, em vez de sangue, fluiu de seu corpo, o qual foi levado por anjos para o alto do monte Sinai, onde até hoje repousam suas relíquias milagrosas. Contam-se aos milhares as graças e os milagres acontecidos naquele local por intercessão de santa Catarina de Alexandria.

Passados três séculos, Justiniano, Imperador de Bizâncio, mandou construir o Mosteiro de Santa Catarina e a igreja onde estaria sua sepultura no monte Sinai. Mas somente no século VIII conseguiram localizar o seu túmulo, difundindo ainda mais o culto entre os Fiéis do Oriente como do Ocidente. 
Tropárion de Santa Catarina  Tom IV
A Tua cordeira Catarina altissonante clama a Ti, Jesus: / Eu Te amo, ó meu Noivo, / e, em busca de Ti, passei por muitas lutas. / Estou crucificada e sepultada Contigo no Teu batismo, / e por Teu amor padeci, para que eu pudesse reinar Contigo; / Morro por Ti, para que possa viver Contigo. / Aceita-me, como um sacrifício puro, / pois, por amor por Ti, padeci. // Por suas súplicas, salva as nossas almas, ó Tu que És misericordioso.

Kondákion de Santa Catarina Tom II
Ó vós que amai os mártires, / erguei reverentes um coro / honrando a sapientíssima Catarina; / pois, na arena anunciou Cristo e pisou a serpente, // destroçando o conhecimento dos oradores. 
Leituras Comemorativas 
Efésios 6:10-17
Lucas 21:12-19 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Tessalonicenses 1:1-10-2:2

Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós). Por isso também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder; para que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.¶ Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.

Lucas 17:26-37

E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á. Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. Dois estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado. E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias.
† † †

REFLEXÃO

São João Cassiano
A Boa Vontade Procede e Se Consuma Em Deus

O primeiro movimento de boa vontade (no homem) Deus mesmo nos concede por sua inspiração. Esta nos atrai ao caminho da salvação, já seja por impulso imediato dele, ou pelas exortações de um homem, ou pela força das circunstâncias. E também é um dom de sua mão a perfeição das virtudes. O que de nós depende é corresponder com frieza ou com entusiasmo a esse impulso da graça. Segundo isto, merecemos o prêmio ou o tormento, na medida em que tenhamos cooperado ou não, com nossa fidelidade ou infidelidade, a esse plano divino que sua condescendência e paternal providência havia concebido sobre nós... 

Idêntica linha de conduta observamos na cura dos dois cegos do Evangelho: Que Jesus passe por onde eles estavam é graça de sua condescendência e providência; conceder que os cegos falem e digam: Tem piedade de nós, Senhor, Filho de Davi!, é obra de sua fé e confiança nele. E o fato de que a luz volte aos seus olhos e vejam, é dom exclusivo da misericórdia divina. 

Cabe observar que mesmo depois de haver recebido algum benefício de Deus, subsiste a força da graça divina e a liberdade humana. O manifesta o episódio dos dez leprosos que foram curados pelo Senhor ao mesmo tempo. Somente um deles, por obra de seu livre-arbítrio – secundando, é claro, a moção divina –, retorna para dar graças. O Senhor elogia a iniciativa.

Porém, ao mesmo tempo reclama e pergunta pelos outros nove. Com isto manifesta que sua solicitude continua agindo a favor dos homens, apesar de sua ingratidão que esquece os seus benefícios. Ambas as coisas são igualmente um dom de sua visita: acolher e respeitar ao agradecido, e buscar repreender aos ingratos. 

Ademais, convém que creiamos com uma fé incondicional que nada acontece no mundo sem a intervenção de Deus. Devemos realmente reconhecer que tudo acontece ou por sua vontade ou por sua permissão. O bem, mediante a sua vontade e o seu auxílio; o mal, por sua permissão, quando, para punir nossos crimes ou a dureza de nosso coração, nos abandona à tirania do demônio ou as vergonhosas paixões da carne. 

O apóstolo nos ensina isto com evidência nestas palavras: Por isto Deus os abandonou as suas paixões ignominiosas, e também: Porque não se preocuparam de conhecer a Deus, os entregou aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno. E o próprio Senhor diz pela boca do profeta: E o meu povo não ouviu a minha voz, e Israel não obedeceu aos meus mandatos. Por isto lhes abandonei – diz – aos pensamentos de seu coração e andaram segundo os seus próprios caprichos. 

Devemos considerar que se a liberdade se destaca na desobediência do povo, não é menos evidente, por outro lado, a contínua providência que Deus tem sobre os seus. De fato, não deixa de encaminhar-lhes diariamente seus avisos, clamando, por assim dizer, a Israel. Quando afirma: Se meu povo me escutasse, mostra claramente que ele falou a Israel, o primeiro. E não somente pela lei escrita lhes fala assim Deus, mas também por contínuas e diárias admoestações, segundo aquela que diz Isaías: O dia inteiro estendi as minhas mãos ao povo que não cria em mim e me contradizia.
São João Cassiano (séc. V)

Santo Ambrósio
Devemos Orar Especialmente Por Todo O Corpo Da Igreja 

Oferece a Deus um sacrifício de louvor, cumpre os teus votos ao altíssimo. Louvar a Deus é o mesmo que fazer votos e cumpri-los. Por isso, foi-nos dado a todos como modelo aquele samaritano que, ao ver-se curado da lepra juntamente com outros nove leprosos que obedeceram à palavra do Senhor, retornou ao encontro de Cristo, e foi o único que glorificou a Deus, agradecendo-lhe. Dele disse Jesus: Somente este estrangeiro voltou para dar glória a Deus? E lhe disse: Levanta-te e vai, tua fé te salvou.

Com isto o Senhor em seu divino ensinamento te mostrou, de um lado, a bondade de Deus Pai e, por outro, te insinuou a conveniência de orar com intensidade e assiduidade: mostrou-te a bondade do Pai, revelando-te como ele se compraz em conceder-nos os seus bens, para que aprendas com isso a pedir bens aquele que é o próprio bem; mostrou-te a conveniência de orar com intensidade e assiduidade, não para que repitas sem cessar e mecanicamente fórmulas de oração, mas para que adquiras a virtude de orar frequentemente. Porque, repetidamente, as longas orações vão acompanhadas de vanglória, e a oração seguidamente interrompida tem como companheira a negligência.

Portanto, o Senhor também te exorta a que tenhas o máximo interesse em perdoar os outros quando tu pedes o perdão de tuas próprias culpas; com isso, tua oração se torna recomendável por tuas obras. O apóstolo afirma, também, que se deve orar primeiro afastando as controvérsias e a ira para que desta forma a oração se encontre acompanhada da paz de espírito e não se misture com sentimentos alheios a oração. Ademais, também nos é ensinado que convém orar em todos os lugares: assim o afirma o Salvador, quando diz, falando da oração: Entra no teu quarto. 

Porém, entende-o bem, não se trata de um quarto rodeado de paredes, no qual o teu corpo se encontra fechado, mas sim daquela morada que existe em teu próprio interior, no qual residem os teus pensamentos e moram os teus desejos. Este quarto para a oração vai contigo a todos os lugares, em toda a parte onde te encontres continua sendo um lugar secreto, cujo só e único árbitro é Deus.

Também te é dito que deves orar especialmente pelo povo de Deus, ou seja, por todo o corpo, por todos os membros de tua mãe, a Igreja, que vem a ser como um sacramento do mútuo amor. Se somente pedes por ti, tu também serás o único a suplicar por ti. E, se todos suplicam somente por si mesmos, a graça que o pecador alcançará será, sem dúvida, menor que a que obteria do conjunto dos que intercedem se estes fossem muitos. Mas, se todos pedem por todos, também se deve dizer que todos suplicam por cada um.

Concluamos, portanto, dizendo que, se rezas somente por ti, serás, como já dissemos, o único intercessor em teu favor. Mas, se tu rezas por todos, também a oração de todos te aproveitará, pois tu também formas parte do todo. Desta maneira, alcançarás uma grande recompensa, pois a oração de cada membro do povo se enriquecerá com a oração de todos os outros membros. Nisto não existe nenhuma arrogância, mas uma grande humildade e um fruto mais copioso.

Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)

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