sábado, 18 de dezembro de 2021

26º Sábado Depois de Pentecoste

18 de Dezembro de 2021 (CC) 05 de Dezembro (CE)
Ss. Savas, o Santificado, mon. († 532);
Cosmas, o Protos e os Monges Mártires do Monte Athos
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)
Tom 8



A aldeia desconhecida de Mutalaska, na província da Capadócia, tornou-se famosa por este grande luminar da Igreja Ortodoxa. Savas nasceu lá de seus pais João e Sophia. Com a idade de oito anos, deixou a casa de seus pais e foi tonsurado monge em uma comunidade monástica nas proximidades chamadoa de Flaviano. Depois de dez anos, mudou-se para os mosteiros da Palestina e  o Mosteiro de São Eutímio o Grande (20 de janeiro) e Theoctistus, fora o lugar onde permanecera mais tempo.

 O clarividente Euthymius profetizou que Sava se tornaria um monge famoso e um professor de monges e que ele iria estabelecer uma lavra (caverna) maior que todas as lavras da época. Após a morte de Eutímio, Sava se retirou para o deserto, onde viveu por cinco anos como eremita numa caverna a ele mostrada  por um anjo de Deus. Depois, quando ele tinha sido aperfeiçoado na vida monástica,  começou pela providência divina a reunir em torno dele muitos que estavam desejosos da vida espiritual. Em breve, um número tão grande que se reunira, que Sava teve que construir uma igreja e muitas células. Alguns armênios também vieram até ele, e para os tais forneceu uma caverna onde eles seriam capazes de celebrar serviços na língua armênia.

Quando seu pai morreu, sua mãe idosa, Sophia, veio a ele, e ele a tonsurou, tornando-a uma monja. Ele deu-lhe uma célula localizada a uma distância de seu mosteiro, onde ela viveu uma vida de ascetismo até sua morte. 
Este santo padre sofreu muitas agressões de todos os lados: dos que estavam perto dele, dos hereges e dos demônios. Mas triunfou sobre todos: às pessoas próximas a ele, pela bondade e indulgência; aos hereges, por sua confissão inabalável da Fé Ortodoxa; aos demônios, pelo sinal da cruz e pedindo a Deus por ajuda. Ele tinha particularmente uma grande luta com os demônios no Monte Castellium, onde estabeleceu seu segundo mosteiro. Ao todo, Sava estabeleceu sete mosteiros.

Savas e Teodósio, o Grande, seu vizinho, são considerados os maiores luzeiros e pilares da Ortodoxia no Oriente. Eles corrigiram Imperadores e Patriarcas em matéria de Fé, e para todos serviram como um exemplo de humildade e do santo poder de Deus em operar milagres. Depois de uma vida penosa e muito proveitosa, São Sava entrou no descanso, no ano 532, com a idade de noventa e quatro anos. Entre suas muitas obras maravilhosas que deixou, está a compilação da ordem de serviços para uso em mosteiros, agora conhecido como o Typicon de Jerusalém. 
Comemoração de São Savas 
Lucas 6:17-23 Matinas
Gálatas 5:22-6:2
Mateus 11:27-30
 
Tropárion de São Savas, no 8º Tom
Com uma torrente de lágrimas tornaste fértil o deserto, / e teu anseio por Deus produziu frutos em abundância. / Pelo resplendor dos milagres iluminaste todo o universo. // Nosso Pai Sabbas, roga a Cristo Deus que salve as nossas almas!

Kondákion de São Savas, no 8º Tom
Desde a tua juventude te ofereceste a Deus como um sacrifício irrepreensível; / e a Ele foste dedicado antes do teu nascimento, ó bendito Savas. / Foste adorno dos justos e louvável cidadão do deserto.// Por isso, a ti exclamamos: “Rejubila-te, ó Pai sempre glorioso!” 

Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Gálatas 3:8-12

Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá.

Lucas 12:32-40 

Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais.

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COMENTÁRIO

Que Claro É o Sentido Desta Imagem! 

Eis aqui mais uma vez um desses grandes mandamentos do Senhor, que arranca aos discípulos do Verbo da nuvem opaca que os envolvia, e os leva ao céu com um grande impulso. Ele nos exorta a vencer o sono, a buscar a vida do alto, a ter nosso espírito acordado constantemente, a tirar de nossos olhos o entorpecimento das coisas enganadoras e mentirosas. Falo desse entorpecimento e desse sono, que fixam aos homens no erro, e lhes tecem imagens de sonhos: honras, riquezas, poder, grandezas, prazeres, êxito, vantagens, notoriedade, objetivos ruins que perseguem aturdidamente uma raiva e teimosice ridículas. Esses pretendidos bens, tão fugitivos como o tempo, não têm mais que fachada de realidade, e a própria ilusão se desmorona rapidamente: parece que nascem para nada mais que morrer, como as ondas que as águas levantam; inchadas por uma rajada de vento erguem por um instante a crista que o ar tinha levantado; depois voltam a cair com ele, e então o olhar não vê nada mais que o tranquilo espelho do mar.

Para aniquilar tais sonhos, o Senhor nos pede para superar este pesado sono. Assim já não deixaremos escapar a firmeza das realidades perseguindo freneticamente o nada. O Senhor nos compromete a velar nestes termos: Tenham a cintura cingida e as lâmpadas acesas. A luz que ilumina o nosso olhar lança de nossos olhos o sono; o cinto que aperta os nossos rins mantém os nossos corpos alertas, expressa um esforço que não tolera nenhuma preguiça. Que claro é o sentido desta imagem! Cingir os rins da temperança é viver à luz de uma consciência pura; a lâmpada da sinceridade ilumina a vida, faz resplandecer a verdade, tem a alma em vigilância, a torna impermeável a ilusão, estranha a futilidade de todas essas pobres fantasias. Vivemos segundo as exigências do Verbo? Então entraremos numa vida semelhante à dos anjos... 

São eles, na verdade, que esperam o Senhor no regresso das núpcias e que se sentam às portas do céu com os olhos bem abertos, a fim de que o rei da glória possa aí passar de novo, quando voltar das núpcias e regressar à beatitude que está acima dos céus. Saindo de lá como um esposo sai da câmara nupcial, de acordo com o texto do saltério, ele uniu a si, como uma virgem, pela regeneração sacramental, a nossa natureza que se tinha prostituído com os ídolos, restituindo-lhe a sua incorruptibilidade virginal.

Tendo já acabado as núpcias, uma vez que a Igreja foi desposada pelo Verbo... e introduzida na câmara dos mistérios, os anjos esperavam o regresso do rei da glória à beatitude que é própria da sua natureza. É por isso que o texto diz que a nossa vida deve ser semelhante à dos anjos, para que, tal como eles, vivamos longe do vício e da ilusão, para estarmos prontos para acolher a parusia do Senhor e, vigiando também nós as portas das nossas moradas, estejamos prontos a obedecer quando ele voltar e bater à porta.

São Gregório de Nissa (séc. IV)

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Digna-te Acender Tu Mesmo Nossas Lâmpadas

Quão venturosos são os servos a quem o Senhor, ao chegar, os encontre vigiando! Feliz aquela vigília na qual se espera ao próprio Deus e Criador do universo, que supera tudo e tudo preenche. Oxalá se dignasse o Senhor despertar-me do sono de minha indolência, a mim que, mesmo sendo desprezível, sou seu servo! Oxalá me inflamasse no desejo de seu amor incomensurável e me incendiasse com o fogo de sua divina caridade! Resplandecente com ela, brilharia mais que os astros, e todo o meu interior arderia continuamente com este fogo divino! 

Oxalá meus méritos fossem tão abundantes que minha lâmpada ardesse sem cessar durante a noite, no templo de meu Senhor e iluminasse a todos que entram na casa de meu Deus! Concede-me, Senhor, suplico-te em nome de Jesus Cristo, teu Filho e meu Deus, um amor que nunca diminua, para que com ele minha lâmpada sempre brilhe e não se apague nunca, e suas chamas sejam para mim fogo ardente e para os demais luz brilhante. 

Senhor Jesus Cristo, dulcíssimo Salvador nosso, digna-te acender tu mesmo nossas lâmpadas, para que brilhem sem cessar em teu templo e de ti, que és a luz perene, elas recebam a luz perfeita com a qual se ilumine a nossa obscuridade, e se afastem de nós as trevas do mundo. 

Peço-te, meu Jesus, que acendas tão intensamente a minha lâmpada com teu esplendor que, à luz de uma claridade tão intensa, possa contemplar o santo dos santos que está no interior daquele grande templo, no qual tu, pontífice eterno dos bens eternos, penetraste; que ali, Senhor, eu te contemple continuamente e possa assim desejar-te, amar-te e querer-te somente a ti, para que a minha lâmpada, em tua presença, esteja sempre flamejante e ardente. 

Peço-te, Salvador amantíssimo, que te manifestes a nós, que chamamos a tua porta, para que, conhecendo-te, amemos somente a ti e unicamente a ti; que tu seja nosso único desejo, que dia e noite meditemos somente em ti, e em ti unicamente pensemos. Alumia em nós um imenso amor para contigo, que corresponde à caridade com a qual Deus deve ser amado e querido; que esta nossa dileção para ti invada todo o nosso interior e nos penetre totalmente, inunde todos os nossos sentimentos a tal ponto, que já não possamos amar nada fora de ti, o único eterno. Assim, por muitas que sejam as águas da terra e do firmamento, nunca chegarão a extinguir em nós a caridade, segundo aquilo que diz a Escritura: As águas torrenciais não poderão apagar o amor. 

Que isto chegue a realizar-se, ao menos parcialmente, por teu dom, Senhor Jesus Cristo, a quem pertence à glória pelos séculos dos séculos. Amém.” 
São Columbano (séc. VII)

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