domingo, 23 de outubro de 2022

19º Domingo Depois de Pentecostes

 
23 de Outubro de 2022 (CC) / 10 de Outubro (CE)
Ss. Eulâmpio e sua irmã Eulâmpia, mártires (início do séc. IV); 
São Teófilo, o Confessor; 
Martírio dos 26 Santos Monges de Zographu e com eles 4 Santos Fiéis.
Tom 2



O Sétimo Concílio Ecumênico, foi convocado pela Imperatriz Irene e reuniu-se em Nicéia, de 24 de setembro a 13 de outubro de 787. O Patriarca Tarásios (comemorado em 25 de fevereiro) o presidiu. 
O Concílio encerrou os quase cinquenta anos de perseguição iconoclasta, e estabeleceu a veneração dos Santos Ícones como algo básico para a fé e espiritualidade da Igreja de Cristo. Como diz o Synaxarion, "Não foi simplesmente a veneração das imagens sagradas que os Padres defenderam nesses termos, mas, de fato, a própria realidade da Encarnação do Filho de Deus."

“O segundo Concílio de Nicéia é o sétimo e último Concílio Ecumênico reconhecido pela Igreja Ortodoxa. Isso não significa que não possa haver Concílios Ecumênicos no futuro, embora, ao ocupar o sétimo lugar, o Concílio de Nicéia tenha tomado para si o símbolo de perfeição e conclusão representado por este número na Sagrada Escritura (por exemplo, Gn 2: 1-3). Ele fecha a era das grandes disputas dogmáticas que permitiram à Igreja descrever, de forma clara e sem ambigüidade, os limites da Santa Fé Ortodoxa. Desde então, toda heresia que aparece pode ser relacionada a um ou outro dos erros que a Igreja, reunida em Concílios universais, anatematizou desde o primeiro até o Sétimo Concílio de Nicéia. " Synaxarion

Na prática grega, os santos Padres portadores de Deus do Sétimo Concílio Ecumênico são comemorados em 11 de outubro (se for um domingo), ou no domingo seguinte a 11 de outubro. Se cair na segunda, terça ou quarta-feira, o serviço é movido para o domingo anterior. 
Comemoração de Santo Eulâmpio e Santa Eulâmpia 
Estes santos viveram na época do Imperador Maximiliano. Santo Eulâmpio era um jovem cristão que fugiu da cidade durante a perseguição e se refugiou numa caverna. Seus companheiros lhe enviaram a Nicomédia em busca de alimentos. Eulâmpio se deteve numa rua a ler o edito de perseguição contra os cristãos. Quando um soldado o viu e chamou a atenção dos demais para a sua presença, começou a correr. Naturalmente, sua atitude despertou suspeita e Eulâmpio foi perseguido, capturado e levado à presença do juiz. O magistrado repreendeu aos guardas por haver apreendido o jovem e, ordenando que desatassem suas mãos, começou a interrogá-lo. 
Depois que tomou conhecimento do nome e profissão de Eulâmpio, mandou que oferecesse sacrifícios a algum dos deuses. O jovem negou-se a fazê-lo, contestando que aqueles eram tão somente ídolos de barro. Enfurecido, o magistrado mandou que fosse açoitado. Como Eulâmpio permanecesse inamovível, ordenou que fosse amarrado e arrastado por um potro. Sua irmã Eulâmpia correu ao seu encontro para abraçá-lo e foi também detida e presa. Ambos foram submetidos a diversas formas de tortura, saindo ilesos. Ao vê-los sair rejuvenescidos de um banho de azeite fervente, cerca de duzentas pessoas que presenciaram o fato se converteram à fé cristã e foram decapitados juntamente com os dois mártires de Nicomédia. 
O Venerável Teófilo, o Confessor  
Teófilo era um eslavo macedônio de algum lugar perto de Strumica. Ainda jovem foi tonsurado monge, e fundou o seu próprio mosteiro. 
Teófilo, muito padeceu por causa de sua defesa dos ícones, durante o reinado de Leão, o Isauriano, e teria sido morto em uma ocasião, se não tivesse conseguido convencer o Governador Hypaticus, seu juiz, da pertinência e necessidade da veneração dos ícones. O Governador o libertou e Teófilo voltou ao seu mosteiro, onde adormeceu em paz no ano de 716 dC, e entrou no gozo do seu Senhor. 
Os 26 Monges Mártires de Zographou e 4 Leigos 
Quando o Imperador Miguel Paleólogo, a fim de obter ajuda do Ocidente contra os búlgaros e sérvios, firmou com o Papa de Roma, a abominável «União de Lyon», os monges da Montanha Santa enviaram um protesto ao Imperador contra esta União, implorando-lhe para rejeitá-la e retornar à Ortodoxia. O Papa enviou um exército para ajudar o Imperador. O exército Latino entrou na Montanha Santa e cometeu tamanha barbárie, qual os turcos nunca tinham cometido em quinhentos anos. 
Depois de assassinar todo o Prótaton (Conselho dos Governantes do Monte Athos e de ter matado muitos monges em Vatopedi, Iveron e outros mosteiros, os latinos atacaram Zographou. O bendito Abade Thomas advertiu aos irmãos que quem desejasse ser poupado pelos latinos, deveria fugir do mosteiro, e que quem desejasse alcançar uma morte de mártir, deveria permanecer. E assim, vinte e seis homens permaneceram: o abade, vinte e cinco monges e quatro leigos que serviam como trabalhadores do mosteiro. Todos eles trancaram-se na torre do mosteiro. Quando os latinos chegaram, eles puseram fogo na torre e estes vinte e seis heróis de Cristo obtiveram no fogo uma morte de mártir. Enquanto a torre estava queimando, eles entoavam os Salmos e o Akathistos à Santíssima Mãe de Deus. Eles entregaram suas almas santas a Deus em 10 de outubro de 1283. Em dezembro do mesmo ano, o desonrado Imperador Miguell morreu na pobreza, quando o rei sérvio Milutin levantou-se contra ele em defesa da Ortodoxia. 

 

 Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!


MATINAS (8)

João 20:11-18

E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.Oração Antes de Ler as Escrituras Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Ó Vida Imortal, sofrendo a morte, / esmagaste o Inferno com o fulgor de Tua Divindade. / E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra, / todos os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: // “Glória a Ti, ó Cristo nosso Deus e Autor da Vida!”

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Kondákion da Ressurreição
Tu ressuscitaste do túmulo, Ó Onipotente Salvador, / e com esse forte sinal, o Inferno tomou-se de medo, / os mortos ressuscitaram e a criação Contigo se alegra / e Adão fica inexcedivelmente jubilante; //e o mundo, ó meu Salvador, a Ti louva para sempre.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono)
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Theotókion
Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores, / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós, junto de Deus, // tu que defendes sempre aqueles que te veneram.

Prokímenon

R. O Senhor, É a minha força e o meu cântico,
porque ele me salvou. (Sl. 117:14)

V. O Senhor, castigou-me muito,
mas não me entregou à morte. (Sl. 117:18)

2 Coríntios 11:31 - 12:1-9

O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem. E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos. Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

O Senhor te ouça no dia da tribulação;
Te proteja o Nome do Deus de Jacó!

Salva, Senhor, pois ao Rei clamamos!
Que Ele nos escute!


Lucas 7:11-16

E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão; E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o à sua mãe. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.

† † †

HOMILIAS


“Os Milagres de Jesus, Sinal da Ressurreição”

O Verbo de Deus, Criador de todas as coisas, que ao princípio plasmou ao ser humano, encontrou a sua criatura caída pelo pecado; mas de tal maneira o curou em cada um de seus membros para torná-lo tal como ele o tinha plasmado, e reintegrou completamente ao homem o seu estado original, que o deixou completamente preparado para ressuscitar.

E que outro motivo teria ao curar os membros da carne e restituir-lhes seu estado original, a não ser salvar aqueles mesmos membros que tinha curado? Pois se a utilidade que traziam fosse apenas temporal, nada de extraordinário teria concedido para aqueles que ele tinha curado. Ou como podem afirmar que não é digna da vida que dele procede, sendo a mesma carne que dele recebeu a cura? Porque a vida se restitui pela cura, e a incorrupção pela vida. E é o mesmo quem dá a cura e a vida; e o mesmo que dá a vida reveste de incorrupção a sua criatura.

Portanto, que nos digam aqueles que nos contradizem, ou melhor dito, que contradizem sua própria salvação, com que corpo ressuscitaram a filha do sumo sacerdote, e o filho da viúva ao qual carregavam morto junto à porta da cidade, e Lázaro, que já estava quatro dias no sepulcro?

Sem dúvida, com os mesmos (membros) com os quais tinham falecido; pois se não fossem os mesmos corpos, tampouco seriam as mesmas pessoas falecidas aquelas que ressuscitaram. Mas o Evangelho diz que “o Senhor tomou a mão do morto e lhe disse: Jovem, te digo, levanta-te. E o morto se sentou, e ele ordenou que se lhe dessem de comer, e o entregou a sua mãe.” E chamou a Lázaro com uma forte voz, dizendo: “Lázaro, sai para fora! E o morto saiu, atado das mãos e dos pés.” Este é um símbolo do homem ligado pelo pecado. Por isso, o Senhor lhe diz: Desatai-o e deixai-o andar.

Assim, aqueles enfermos foram curados nos mesmos membros doentes e os mortos ressuscitados com os seus mesmos corpos, recebendo do Senhor a vida e a cura em seus próprios corpos e membros, o qual é um sinal temporal que preludia o eterno e mostra que é o mesmo aquele que que dá a cura a sua criatura e que pode dar novamente a vida.

Deste modo se pode crer sua doutrina acerca da ressurreição, pois de forma semelhante no final dos tempos, quando ressoe a trombeta, os mortos ressuscitarão à voz do Senhor, como ele mesmo disse:

“Chegará a hora na qual todos os mortos que estão nos sepulcros escutarão a voz do Filho do homem, e sairão os que obraram o bem para a ressurreição da vida, e os que obraram o mal para a ressurreição do juízo.”

Santo Irineu, Bispo de Lião (séc. II)

† † †

“É Nele Que Nós Já Somos Ressuscitados”

“Ao ver a viúva, o Senhor Jesus... disse-lhe: Não chores.” Cristo, esperança de todos os crentes, chama aos que deixam este mundo não de “mortos”, mas de “adormecidos” ao dizer: Lázaro, meu amigo dorme; o Apóstolo Paulo, por seu lado, não quer que estejamos tristes por causa dos que adormeceram. Por isso, se a nossa fé afirma que todos os que creem em Cristo, conforme a palavra do Evangelho, não morrerão jamais, nós sabemos que eles não estão mortos e que nós mesmos não morremos.

É porque, “quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os que morreram em Cristo, ressurgirão primeiro.” Por conseguinte, que a esperança da ressurreição nos dê coragem, pois voltaremos a ver aqueles que tínhamos perdido. Importa que acreditemos firmemente nele, quer dizer, que obedeçamos aos seus mandamentos, porque com o seu poder supremo ele acorda os mortos mais facilmente do que nós acordamos os que estão dormindo.

Eis o que nós dizemos e, entretanto, não sei por que motivo refugiamo-nos nas lágrimas, e o sentimento do pranto perturba a nossa fé. Ai de nós! A condição do homem é lamentável, e como é vã a nossa vida sem Cristo! Mas tu, ó morte, que tens a crueldade de romper a união dos esposos e de separar os que estão vinculados pela amizade, a tua força está desde já esmagada. Doravante, o teu jugo impiedoso é esmagado por aquele que te ameaçava mediante as palavras do Profeta Oseias: “Ó morte, eu serei a tua morte.” É por isso que, com o Apóstolo Paulo, lançamos esta provocação: “Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?” Aquele que te venceu resgatou-nos, entregou a sua querida alma nas mãos dos ímpios, para fazer deles os seus queridos.

Seria muito longo relembrar tudo o que nas santas Escrituras nos deveria consolar a todos. Que nos baste acreditar na ressurreição e erguer os nossos olhos para a glória do nosso Redentor, porque é nele que nós já somos ressuscitados, como a nossa fé nos faz pensar, conforme a palavra do Apóstolo Paulo: “Se morremos por ele, com ele também reviveremos.”

São Bráulio de Saragoça (séc. VII)

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