01 de Fevereiro de 2023 (CC) 19 de Janeiro (CE)
S. Macário, o Grande, bispo do Egito, eremita († c. 390)Entronização de Ss. Cirilo, Patriarca de Moscou e Toda a Rússia
Jejum (Peixe é permitido)
Tom 8
São Macário nasceu no alto Egito, no ano 300, e passou sua juventude trabalhando como pastor, nos campos. Movido por uma intensa graça, afastou-se do mundo, ainda muito jovem, confinando-se em uma estreita cela onde dividia seu tempo entre oração, práticas penitenciais e a fabricação de esteiras.
Uma mulher o acusou falsamente de ter sido violentada por ele. Por causa disso, Macário foi preso, maltratado e chamado de hipócrita disfarçado de monge. Tudo isso ele sofreu com paciência e ainda enviou a mulher produtos de seu trabalho, e dizia para si mesmo: «Agora, Macário, tens que trabalhar mais, pois tens que sustentar a mais um».Deus, porém, deu a conhecer sua inocência: a mulher que lhe havia caluniado não pode dar à luz a criança até que revelasse o nome do verdadeiro pai. Isto fez com que a raiva que o povo sentia dele se tornasse admiração por causa de sua humildade e paciência.
Para fugir da estima dos homens, Macário, quando já contava com 30 anos, refugiou-se em um vasto e melancólico deserto de Esquita. Assim viveu 60 anos e foi pai espiritual de inúmeras servos de Deus que lhe confiaram a direção espiritual e o governo de suas vidas com as regras que ele traçava. Todos viviam em eremitérios separados. Só um discípulo vivia com ele, encarregado de receber as visitas. Um bispo egípcio ordenou Macário sacerdote para que pudesse celebrar os Divinos Mistérios para seus irmãos eremitas. Mais tarde, quando o número dos eremitas aumentou, foram construídas 4 igrejas que eram atendidas por outros tantos sacerdotes.
Macário Lavava um vida muita austera, alimentando-se uma vez por semana. Certa ocasião, seu discípulo Evágrio, ao vê-lo torturado pela sede, lhe rogou que tomasse um pouco de água. Macário limitou-se a descansar um pouco à sombra e disse: «Nestes 20 anos, jamais comi, bebi ou dormi o suficiente para satisfazer a minha natureza». Seu corpo estava debilitado e fraco, seu rosto pálido. Para contradizer suas inclinações, não recusava beber um pouco de vinho, quando outros lhe pediam. Depois, se abstinha de toda bebida durante dois ou três dias. Diante disso, seus discípulos decidiram impedir que os visitantes lhe oferecessem vinho. Macário falava poucas palavras quando dava conselhos e recomendava o silêncio e a oração contínua para toda e qualquer pessoa. Costumava dizer:
«Na oração, não faz falta dizer muitas coisas, nem empregar palavras escolhidas, basta repetir sinceramente: «Senhor, dá-me a graça que Tu sabes que necessito». Ou: «Meu Deus, ajuda-me».Sua mansidão e paciência eram tão extraordinárias que levou muitos sacerdotes pagãos e outras pessoas à conversão. Certa vez, Macário pediu a um jovem, que lhe procurou para um conselho, que fosse a um cemitério e lá insultasse os mortos com gritos. Quando o jovem voltou, Macário perguntou o que tinham respondido os defuntos. O jovem respondeu que os mortos não responderam nada. Macário disse então:
«Faz o mesmo quando te insultarem e quando gritarem contigo. Só morrendo para o mundo e para ti mesmo, poderás começar a servir a Cristo».Um ermitão que sofria fortes tentações contra a pureza foi consultar Macário que, depois de examinar o caso, chegou a conclusão de que as tentações eram resultantes da indolência do monge. Aconselhou então que o monge não se alimentasse antes do cair do sol, que se entregasse a contemplação durante o trabalho e que trabalhasse sem cessar. O monge seguiu estes conselhos e se viu livre das tentações.
Deus revelou a Macário que ele não era mais perfeito que duas mulheres casadas que viviam na cidade. Ele foi visitá-las e averiguar como faziam elas para santificar-se e descobriu que nunca diziam palavras ásperas nem ociosas, que viviam em humildade, paciência e caridade com seus maridos, e que santificavam todas as suas ações com a oração, consagrando para a glória de Deus todas as suas forças corporais e espirituais.
Certa vez, um herege da seita dos hieracitas, que negavam a ressurreição dos mortos, havia espalhado inquietações em vários cristãos. Sózimo. Paládio e Rufino relatam que São Macário ressuscitou um morto para conformar os cristãos em sua fé. Segundo Cassiano, Macário se limitou a que o morto falasse e lhe ordenou que esperasse a ressurreição no sepulcro.
Lúcio, bispo ariano que havia usurpado a Sé de Alexandria, enviou tropas ao deserto para que dispersassem os piedosos monges, alguns dos quais derramaram seu sangue testemunhando sua fé. Os principais monges, Isidoro, Pambo, os dois Macários e outros foram desterrados a uma pequena ilha do Nilo, rodeada de pântanos. Pelo exemplo e pelas pregações dos monges, todos os habitantes da ilha se converteram do paganismo. Lúcio então autorizou que retornassem às suas celas. Sentindo que se aproximava seu fim, Macário fez uma visita aos monges de Nitria e lhes exortou com palavras tão profundas que estes se ajoelharam a seus pés chorando.
Macário foi chamado por Deus aos 90 anos, depois de haver passado 60 no deserto de Esquita. Segundo o testemunho de Cassiano, Macário foi o primeiro anacoreta daquele vasto deserto. Alguns autores afirmam que ele foi discípulo de Santo Antônio, porém é pouco provável que tenha sido dirigido espiritualmente por Santo Antônio, antes de ir ao deserto. Contudo, parece que, mais tarde, Macário teria visitado Santo Antônio algumas vezes, pois vivia a uns 15 dias de distância um do outro.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
1 Pedro 4:1-11
1 Ora pois, já que Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento; porque aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; 2 para que, no tempo que ainda vos resta na carne não continueis a viver para as concupiscências dos homens, mas para a vontade de Deus. 3 Porque é bastante que no tempo passado tenhais cumprido a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias. 4 E acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós; 5 os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos. 6 Pois é por isto que foi pregado o evangelho até aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito. 7 Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração; 8 tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados; 9 sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmuração; 10 servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. 11 Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém.
Marcos 12:28-37
28 Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29 Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. 31 E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses. 32 Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro; 33 e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. 34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo. 35 Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. 37 Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
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O ENSINO DOS SANTOS PADRES
“Dois preceitos de uma mesma caridade”
Tenhamos presente que... a caridade se fundamenta em dois preceitos, a saber: no amor de Deus e do próximo... Devemos observar que, ao tratar sobre o amor que devemos ter ao próximo, põe-se regra e medida, visto que se diz: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo; mas tratando-se do amor que se deve professar a Deus não se assinala limite algum, posto “que nos diz: Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças.
Com todo. Pois somente aquele que ama de verdade a Deus não se lembra de si mesmo... Por esta mesma razão se ordenou no Êxodo que se tingissem duas vezes de cor de escarlate as cortinas que se destinavam ao tabernáculo. Vós sois, irmãos, as cortinas do tabernáculo, que em razão da fé ocultais em vossos corações os mistérios celestiais. Porém as cortinas do tabernáculo deveriam ser tingidas duas vezes de cor escarlate...
Portanto, para que vossa caridade esteja duas vezes tingida, é preciso que esteja abrasada pelo amor de Deus e pelo do próximo, e de tal forma que não abandone a contemplação de Deus pela compaixão do próximo, ou por ocupar-se excessivamente na contemplação de Deus descuide a compaixão que deve ao próximo. Assim, todo homem que vive entre os homens busque aquele a quem ama, de modo que não abandone aquele com quem caminha, e preste-lhe auxílio de tal maneira, que, de modo algum, separe-se daquele a quem se conduz.
O amor que se deve ao próximo se subdivide em dois preceitos, pois lemos na Escritura: O que não queres para ti, não faça a ninguém. E o próprio Jesus Cristo disse: O que quiseres que os outros vos façam, fazei-o vós a eles. Portanto, se fazemos com o nosso próximo o que queremos que façam a nós, e evitamos fazer aos demais o que não queremos que nos façam, conservaremos incólumes os direitos da caridade.
Mas ninguém, pelo mero fato de amar o seu próximo, pense que já tem a caridade, mas primeiro examine a força de seu amor. Pois se alguém ama aos outros, mas não os ama por Deus, não tem a caridade, mesmo que pense o contrário. Existe a caridade verdadeira quando se ama ao amigo em Deus e ao inimigo por Deus. Ama por Deus aos seus próximos aquele que os ama, se sabe amar aos que não lhe amam. Pois a caridade costuma-se provar somente por ser contrária ao ódio. Por isso diz o Senhor: Amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam. Assim, pois, ama com segurança aquele que ama por Deus e aquele de quem sabe que não é amado.
São Gregório, o Grande, Papa de Roma (séc. VII)
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