domingo, 5 de fevereiro de 2023

Domingo do Publicano e do Fariseu

  
05 de Fevereiro de 2023 (CC) - 23 de Janeiro (CE)
Novos Mártires da Rússia;
Ss. Mártires Clemente, Bispo de Ankara, 
Agafânguel e Dionisio, o Athonita
São Genádios, Monge de Kostroma;
Sexto Concílio Ecumênico
Tom 1


Comemoração dos Novos Mártires da Rússia
Hoje comemoramos os incontáveis milhões de fiéis que sofreram e morreram nas mãos dos ateus soviéticos. Estes incluem o czar-mártir Nicolau II e o resto da família real russa (4 de julho); Patriarca Tikhon (24 de março); Grã-duquesa Elizabeth (5 de julho); milhares de mártires, clérigos e leigos, cujos nomes são conhecidos; mas também milhões e milhões de simples crentes cujos nomes foram perdidos para a história. O número dos Novos Mártires da Rússia excede em muito todos aqueles da "Era dos Mártires", dos primeiros três séculos do cristianismo. Que sua memória seja eterna. 
A data desta comemoração foi primeiramente estabelecida pela Igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia, em 1981, então adotada pelo Patriarcado de Moscou em 1992. Cerca de 1050 novos mártires foram glorificados pelo Patriarcado em 2000, e muitos outros devem ser reconhecidos nos próximos anos. 
wwwComemoração de São Clemente
O Hieromártir Clemente nasceu na cidade Galaciana de Ancira no ano 258, filho de um pai pagão e de uma mãe cristã. Na infância Clemente perdeu seu pai, e aos doze anos de idade também sua mãe, que previu para ele a morte de um mártir por crer em Cristo. Uma mulher que o adoptou, chamada Sofia, criou-o com medo de Deus. Durante o tempo de uma terrível fome na Galácia, vários pagãos expulsaram seus próprios filhos, não tendo os meios para alimentá-los, e Sofia reuniu também estes pobres, alimentou-os e vestiu-os, e São Clemente a ajudou nisso. Ele ensinou as crianças e as preparou para o Santo Batismo. Muitos deles morreram como mártires pela fé em Cristo.  
Por sua vida virtuosa, São Clemente foi feito Leitor, e mais tarde Diácono, e aos dezoito anos recebeu a dignidade de Presbítero, e aos vinte anos foi ordenado Bispo de Ancira. Logo depois, a perseguição aos cristãos começou sob Diocleciano (284-305). O bispo Clemente foi preso sob denúncia e também teve que responder por si mesmo. O Governador de Galácia, Dometian, tentou convencer o Santo a adorar os deuses pagãos, mas São Clemente confessou firmemente a sua fé e suportou corajosamente todas as torturas às quais o cruel oficial o sujeitou. Eles o suspenderam em uma árvore, e rasgaram seu corpo de modo que os ossos pudessem ser vistos; e também o golpearam ferozmente com paus e pedras, e o viraram sobre uma roda e queimaram-no com um fogo baixo. O Senhor preservou o seu sofredor e curou o seu corpo lacerado. Em seguida, Domécio enviou o Santo para Roma para o próprio imperador Diocleciano, com um relatório de que o Bispo Clemente tinha sido ferozmente torturado, mas tinha se mostrado inflexível. Diocleciano, vendo o mártir completamente saudável, não acreditou no relatório e sujeitou-o a torturas ainda mais cruéis, e, em seguida, trancou-o na prisão.  
Muitos dos pagãos, vendo a bravura do Santo e a milagrosa cura de suas feridas, creram em Cristo. As pessoas na prisão se reunião a São Clemente em busca de orientação, cura e batismo, de modo que a prisão foi literalmente transformada em uma igreja. Muitas dessas pessoas, quando denunciadas, foram executadas pelo Imperador. Diocleciano, impressionado com a incrível resistência de São Clemente, o enviou para Nicomédia para seu Co-Imperador Maximiano.  
No navio ao longo do caminho, o Santo foi acompanhado por seu discípulo Agatângelo, que tinha escapado ser executado com os outros confessores, e que agora queria sofrer e morrer por Cristo juntamente com o Bispo Clemente. 
O Imperador Maximiano, por sua vez, enviou São Clemente e Agatângelo para o Governador Agripina, que os sujeitou a tais tormentos desumanos, que mesmo entre os espectadores pagãos havia uma sensação de pena para com os mártires, que eles começaram a apedrejar os torturadores. 
Tendo sido libertados, os santos curaram um habitante da cidade com uma imposição de mãos e batizaram e instruíram as pessoas, unindo-se a eles em multidões. Preso novamente por ordem de Maximiano, foram enviados para casa para a cidade de Ancira, onde o Príncipe Ancira Cyrenius os mandou torturar, e então os despachou para a cidade de Amásia para o oficial Domécio, conhecido por sua crueldade especial. 
Santo Agafânguel 
Na Amásia, os mártires foram atirados em cal derretida, passaram um dia inteiro nela e permaneceram ilesos. Esfolaram a pele, espancaram-nos com varetas de ferro, puseram-nos em camas quentes e derramaram enxofre. Tudo isso falhou em prejudicar os santos, e eles foram enviados para Társis para novas torturas. No deserto, ao longo do caminho, São Clemente na oração teve a revelação de que sofreria ainda por mais 28 anos pelo nome de Cristo. E depois, tendo sofrido uma multidão de torturas, os santos foram encerrados na prisão. 
Após a morte de Maximiano, Santo Agafânguel foi decapitado com a espada. Os cristãos de Ancira libertaram São Clemente da prisão e levaram-no para uma igreja das cavernas. Ali, depois de celebrar a Liturgia, o Santo anunciou aos fiéis o fim iminente da perseguição e o seu próprio fim que se aproximava. O santo mártir logo foi morto por soldados da cidade, que invadiram a Igreja. Eles decapitaram o santo enquanto este ofertava a Deus a santa oblação, no ano 312. 
São Genádios 
São Genádios, da cidade de Kostroma, foi batizado com o nome de Gregório. Nasceu na cidade de Mogilev, na Lituânia em uma família russo-lituana muito rica. Desde sua juventude se distinguia por sua devoção. Gostava de ir à Igreja e cumpria rigorosamente os tempos de jejum; por isso seus amigos riam dele. 
Desejando dedicar sua vida exclusivamente a Deus, deixou secretamente a casa de seus pais e, vestido como um pobre foi para Rússia onde visitou Moscou e Novgorod, mas não encontrou um monastério de acordo com suas necessidades espirituais. Foi então para o rio Svir onde se encontrava o venerável Alexandre, o qual lhe recomendou que fosse ao bosque de Vologodsk onde vivia o venerável Cornélio de Comel. Lá, após algum tempo, recebeu o hábito monástico de Cornélio, adquirindo o nome de Genádios. 
Algum tempo depois, os veneráveis Cornélio e Genádios partiram para o lago Surskoe, próximo do rio Kostroma. Ali fundaram um monastério com duas igrejas. Mais tarde, este monastério passou a se chamar Monastério de Genádios. São Genádios trabalhava incansavelmente, fazendo os pães (Prósforas) para a Liturgia, cortando lenha, cavando lagos com a irmandade etc. Para crescer espiritualmente, sempre usava as correntes de asceta. Gostava muito de escrever ícones com os quais adornava as paredes das igrejas de seu monastério. Por sua vida devota, recebeu de Deus o dom da profecia e da cura. 
Estando em Moscou, profetizou que a filha de Boyardo Roman Zajarin, Anastácia Romanov, seria czarina. Tempos depois, Anastácia tornou-se esposa do czar João, o Terrível. O mesmo czar João, o Terrível pediu ao venerado Genádios que fosse padrinho de sua filha. Genádios também curou o Bispo Cipriano de Vologda de uma doença mortal. Faleceu no ano de 1565 e no a no de 1644 foram encontradas suas relíquias que foram trasladadas para a Igreja da Transfiguração de seu monastério. O Venerável Gennádios escreveu «Instruções de um pai espiritual a um monge recém ordenado» e «Testamento espiritual». 
O Sexto Concílio Ecumênico 
O sexto Concílio Ecumênico foi convocado pelo Imperador Constantino Pogonato (668-685) em Constantinopla no ano 681 para tratar da heresia Monotelita. Estavam presentes 171 Santos Padres, que afirmaram a confissão de fé a respeito das duas vontades em Jesus Cristo – a Divina e a humana. 
Dando continuidade ao trabalho deste Concílio um outro Concílio foi realizado no ano de 691, nos palácios imperiais, chamado de Concílio de Trullo. O Concílio também decretou 102 cânones sobre a ordem e a disciplina do clero.
Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (1)

Fragmento 116 (Mateus 28:16-20) - Naquela época, os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; os ensinando a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Apesar da pedra do túmulo ter sido selada pelos judeus, / e o Teu puríssimo Corpo guardado pelos soldados, / Tu ressuscitaste ao terceiro dia, ó Salvador nosso, / dando a vida ao mundo. / Por isso, ó Autor da Vida, / os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: / “Glória à Tua Ressurreição, ó Cristo! / Glória à Tua Realeza! // Glória à Tua Providência, ó Amigo do homem.

Tropárion de São Mateus, Tom 3
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion dos Novos Mártires da Rússia, Tom 4
Ó vós, santos Hierarcas, Sacerdotes e Nobres membros da realeza, / Monges e Leigos, homens, mulheres e crianças; / vós, incontáveis novos Mártires e Confessores, / flores do prado espiritual da Rússia, / que floresceram maravilhosamente em tempos de duras perseguições / dando bons frutos para Cristo em sua resistência: / Rogai a Ele, como Aquele que vos plantou, / que liberte Seu povo de homens ímpios e maus, / e que a Igreja da Rússia / se fortaleça pelo sangue e sofrimento de seus mártires, // para a salvação de nossas almas.

Kondákion da Ressurreição
Como Deus, Tu ressuscitaste gloriosamente do túmulo, / ressuscitando o mundo Contigo; / a natureza humana Te canta como Deus,/ pois a morte foi dissipada./ Adão rejubila, Mestre;/ e Eva, doravante liberta das suas cadeias, proclama na alegria:// Ó Cristo, Tu És Aquele que concede a todos os homens a ressurreição!

Kondákion de São Mateus, Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Kondákion do Triódion, Tom 3
Como o Publicano, em prantos, nos cheguemos ao Senhor, / e nos prostremos, pois,  Ele É o Mestre / que deseja a salvação de todos os homens, / e concede perdão aos arrependidos; / pois, para o nosso bem Se encarnou, // Ele que com o Pai É Deus Eterno.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo

Kondákion, Tom 2: Ó vos, novos Padecentes da Rússia, / que com vossa confissão terminastes o curso desta terra, / e que em vossos sofrimentos vos foi dada grande ousadia, / rogai a Cristo que vos fortaleceu: / que nós, sempre que provação nos encontrar, / igualmente recebamos a dádiva da Divina coragem; / pois, a nós que veneramos vossa luta, sois testemunhas / de que nem tribulação, prisão ou morte // podem nos separar do amor de Deus!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Hino à Virgem: Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador / não desprezes as súplicaS de nenhum de nós pecadores; / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, // tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

R. Seja a Tua misericórdia, Senhor, sobre nós, 
como em Ti esperamos. (Sl. 32:22)

V. Regozijai-vos no Senhor, vós, justos, pois aos retos convém o louvor.

2 Timóteo 3:10-15

10 Tu, porém, tens observado a minha doutrina, procedimento, intenção, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11 as minhas perseguições e aflições, quais as que sofri em Antioquia, em Icônio, em Listra; quantas perseguições suportei! e de todas o Senhor me livrou. 12 E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições. 13 Mas os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, 15 e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus. 

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

É Deus Quem me reveste de fortaleza,
E Quem atrai os povos para Mim.

Ele fortalece a Davi, Seu ungido,
E à sua descendência para sempre.

Lucas 18:10-14

Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.

† † †

Os Portões Do Arrependimento


“Abra para mim, ó Doador da Vida, as portas do arrependimento...” canta a Igreja nas Matinas para o primeiro dos quatro domingos que nos preparam para a Quaresma. Na verdade, este domingo poderia ser pensado como uma porta, através da qual entramos no período sagrado que nos leva para a Páscoa; uma porta que se abre para a atmosfera de arrependimento, para o caminho que prepara a vida nova, que a Quaresma deve trazer para cada um de nós. Mas devemos lembrar que a palavra “penitência” ou “arrependimento” é uma tradução do termo grego "metanóia", e que significa "mudança de espírito". Metanóia significa muito mais estar envolvido [internamente] do que o cumprimento de algum tipo de arrependimento exterior. Uma mudança radical, renovação, conversão, é isto o que nos é pedido.

Este domingo, no calendário litúrgico, é chamado de "Domingo do Fariseu e Publicano". A Igreja, a fim de nos exortar ao verdadeiro arrependimento, coloca diante de nós a cena de dois homens que vão ao templo para orar, e dos quais um é justificado por conta de sua humildade e sua sincera contrição.

Podemos nos atrever a dizer que a parábola do fariseu e publicano (Lc 18: 10-14), que é lida na liturgia, é a mais perigosa de todas as parábolas. Porque estamos tão acostumados a condenar o farisaísmo que aqui parece que estamos a dizer: "Pelo menos, apesar de todo o meu pecado, não sou fariseu. Não sou um hipócrita”. Esquecemo-nos que a oração do fariseu não é totalmente má. O fariseu afirma que jejua, que dá o dízimo, que está livre dos pecados mais grosseiros. E isso tudo é verdade. Além disso, o fariseu não toma o crédito por suas boas ações, ele reconhece que elas vêm de Deus, e dá graças a Deus. No entanto, a oração do fariseu erra de duas maneiras: falta-lhe o arrependimento e humildade, pois não parece que ele tenha consciência... das deficiências - talvez desculpáveis - das quais ele, como todos os homens, é culpado. E, além disso, ele se compara ao publicano com um certo orgulho, um certo desdém. Será que temos o direito de condenar o fariseu, e nos considerarmos mais justos do que ele? Mas, antes de tudo, se nós quebramos os mandamentos que o fariseu observa, será que temos o direito de nos colocar no mesmo nível do publicano justificado, em contraste com o fariseu? Nós não podemos fazer isso, a menos que nossa atitude seja exatamente a mesma que a do publicano. Será que nos atrevemos a dizer que temos a humildade e o arrependimento do publicano? Se nós ostensivamente condenamos o fariseu, sem verdadeiramente assumirmos a humildade do publicano, então nós mesmos é que estaremos caindo no próprio farisaísmo.

Vamos agora olhar mais de perto o publicano. Ele não se atreve a levantar os olhos; ele fere seu peito; implora a Deus que tenha misericórdia dele, pois ele percebe que ele é um pecador. Toda a sua atitude corporal é de humildade. É por isso que o Salvador disse:

Este homem desceu justificado para sua casa, em vez do outro”.

Notamos que Jesus diz: “em vez do outro”', deixando, de alguma forma, o caso do fariseu aberto ao nosso pensamento. E Jesus acrescenta:

"Todo aquele que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado".

Vamos tentar explorar este episódio mais profundamente. É o publicano justificado simplesmente porque ele humildemente confessa seu pecado diante de Deus? Não é só isso, nesse caso, há algo a mais. O núcleo da oração do publicano é um apelo, cheio de confiança, na bondade e na ternura de Deus. "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" Estas primeiras palavras ecoam as do Salmo 51, que é essencialmente a abertura do salmo de penitência:

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.” (Sl 51:1)

 O fato de que Jesus escolhe para colocar estas palavras na boca do publicano e, assim, torná-las modelo de nossas orações de arrependimento, lança uma grande luz sobre a alma do Salvador, e sobre o que Ele pretende. O que Jesus pede de um pecador penitente (e, portanto, de cada um de nós), é acima de tudo este abandono, esta confiança absoluta na terna misericórdia e na graça de Deus.

Nas matinas, a Igreja resume a parábola evangélica e formula assim o pensamento central para este domingo:

"Senhor, que reprovaste o fariseu por justificar-se a si mesmo e por tomar-se de orgulho por suas ações, Tu que justificastes o publicano, quando ele se aproximou humildemente de Ti, buscando, com gemidos, o perdão por seus pecados. Pois Tu não te aproximarás dos pensamentos arrogantes, nem manterás longe de Ti um coração contrito. Por isso, nós também ajoelhamos humildemente diante de Ti, Tu que sofreste por nós, conceda-nos o Teu perdão e a Tua grande misericórdia".

A epístola para este domingo é tomada da segunda carta de São Paulo a seu discípulo Timóteo (II Tm 3: 10-15). O apóstolo, resumidamente, lembra a Timóteo de tudo o que ele, Paulo, teve que sofrer: perseguições e aflições de todos os tipos. Ele exorta Timóteo, que desde a infância foi criado acreditando em Cristo e nas Escrituras, a não desanimar, e a perseverar com caridade e paciência. Na véspera da Quaresma, esta epístola nos adverte que provas e dificuldades não vão faltar durante os santos preparativos para a Páscoa. Paulo tanto diz para nós quanto para Timóteo:

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (II Tm 3:14).

† † †

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