quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

26ª Quinta-feira Depois de Pentecostes


19 de Dezembro de 2024 (CC) 06 de Dezembro (CE)
S. Nicolau, o Milagroso, Arcebispo de Myra, na Lícia.
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)
Tom 8



Este glorioso santo, celebrado até hoje em todo o mundo, foi o único filho de seus pais eminentes e ricos, Teófanes e Nona, cidadãos da cidade de Patara, na Lícia. Desde que ele era o único filho concedido a eles por Deus, os pais devolveram o dom de Deus, dedicando seu filho para Ele.  
São Nicolau tomou conhecimento da vida espiritual de seu tio Nicolau, Bispo de Patara, e foi tonsurado monge do Mosteiro de Nova Sião fundado por seu tio. Após a morte de seus pais, Nicolau distribuiu todos os seus bens herdados para os pobres, não mantendo qualquer coisa para si mesmo. Como sacerdote em Patara, era conhecido por sua caridade, mesmo que ele cuidadosamente as fizesse em oculto, cumprindo as palavras do Senhor: "Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita" (Mateus 6: 3). 
Quando ele entregou-se à solidão e ao silêncio, pensando em viver dessa maneira, até sua morte, uma voz do alto veio a ele: 
"Nicolau, cessa o teu labor ascético, e trabalha entre o povo, se tu desejas ser coroado por Mim." 
Imediatamente depois, pela providência maravilhosa de Deus, Nicolau foi escolhido arcebispo da cidade de Myra, na Lícia (Turquia). Misericordioso, sábio e destemido, Nicolau foi um verdadeiro pastor de seu rebanho. Durante a perseguição aos cristãos sob Diocleciano e Maximiano,  foi lançado na prisão, mas, até lá, instruiu o povo na Lei de Deus. Nicolau também esteve presente no Concílio Ecumênico de Nicéia (325) e, tomado de grande zelo pela verdade, atingiu o herege Ário com a mão. Por este ato,  foi removido do Concílio e de seus deveres arquiepiscopais, até que o Senhor, o próprio Cristo e a Santíssima Theotokos aparecessem a vários dos principais hierarcas e revelassem a sua aprovação a Nicolau. 
Apologeta da verdade de Deus, este maravilhoso santo sempre se mostrou um corajoso  defensor da justiça entre os povos. Em duas ocasiões, salvou três homens de uma indevida sentença de morte. Misericordioso, verdadeiro, e um amante da justiça, andou entre o povo como um anjo de Deus. Mesmo durante a sua vida, as pessoas o consideravam um santo e buscavam seu auxílio nas dificuldades e nas aflições. Nicolau aparecia tanto em sonhos como em pessoa àqueles que lhe buscavam, ajudando-os prontamente, quer estivessem perto ou longe. Uma luz brilhava em seu rosto, como a que emanava do rosto de Moisés, e bastava a sua presença por si só, para trazer conforto, paz e boa vontade entre os homens. 
Na velhice, Nicolau adoeceu por um período curto de tempo. E, depois de uma vida cheia de trabalho e labuta muito proveitosa, entrou no descanso do Senhor, para alegrar-se eternamente no Reino dos Céus e para glorificar seu Deus,  continuando a ajudar os fiéis na Terra até hoje por seus milagres. Ele repousou no dia 6 de dezembro do ano 343.
Comemoração de São Nicolau  
É de fato excepcional a devoção a São Nicolau em todo o Oriente Cristão. Basta lembrar que cada quinta-feira do ano é dedicada, além dos Apóstolos, ao santo bispo de Mira. Em sua honra o Ofício dedica orações próprias que recorrem a cada um dos oito tons da Liturgia, desde as Vésperas da quarta feira (lembrando que o dia litúrgico oriental começa na tarde anterior). Nas regiões Ortodoxas eslavas existem Ofícios devocionais em honra de São Nicolau - Moleben ou Akáthistos - em que povo e clero, só para citar alguns atributos, o invocam como: 
“Regra da Ortodoxia", “Coluna da Igreja", “Protetor das Viúvas e dos Órfãos", “Consolador dos Aflitos", “Defensor Contra as Injustiças e Sustentáculo da Piedade", “Lâmpada Luminosíssima", “Ajuda Poderosa dos Que Estão em Dificuldade na Terra e no Mar", “Intercessor Misericordioso e Possante.”  
O nome da cidade italiana, que conserva os restos mortais do santo bispo, é várias vezes repetido. Eis o texto do tropárion principal.

Tom 4: A verdade dos fatos revelou ao teu rebanho que és um modelo da fé, / um ícone de mansidão e mestre de temperança; / por isto, alcançaste as alturas pela humildade / e riquezas pela pobreza. / Ó Pai e Hierarca Nicolau, / interceda junto a Cristo Deus // para que salve as nossas almas.

Tom 3: Em Myra, ó Santo, tu provaste ser um ministro das coisas sagradas, / pois cumpriste o Evangelho de Cristo, ó Justo. / Tu deste a tua vida pelo teu povo, / e salvaste os inocentes da morte. // Por isso, foste santificado como um grande iniciado da graça de Deus. 

Leituras Comemorativas
João10:9-16 Matinas
Hebreus 13:17-21
Lucas 6:17-23

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 Timóteo 3:1-13

Fragmento 283 - Meu filho Timóteo, esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância; guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.

Lucas 21:28-33

Fragmento 107 - O Senhor disse aos Seus discípulos: “Quando essas coisas começarem a acontecer, olhem para cima e levantem suas cabeças, porque sua redenção se aproxima.” Então Ele lhes disse uma parábola: “Observai a figueira e todas as árvores. Quando elas já estão brotando, vedes e conheceis por si mesmos que o verão está próximo. Assim também vós, quando virdes essas coisas acontecendo, sabei que o Reino de Deus está próximo. Em verdade vos digo que esta geração não passará sem que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as Minhas palavras não passarão de modo algum.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


Epístola de Mathetes a Diogneto

A Epístola de Mathetes a Diogneto é provavelmente o exemplo mais antigo de apologética cristã, textos defendendo o Cristianismo de seus acusadores. O autor e o destinatário, gregos, não são conhecidos, mas a linguagem e outras evidências textuais colocam a obra no final do século II d.C. Alguns assumem uma data ainda mais antiga e contam a epístola entre os Padres Apostólicos. No entanto, o Autor na epístola faz menção a certo "Diognetus" que fora um tutor do Imperador Romano Marco Aurélio, que o admirava por não ser supersticioso e pelos sólidos conselhos educacionais (Meditações 1.6). Mas, existem eruditos que preferem entender que o destinatário seja o 'excelentíssimo Diognetus', Cláudio Diogenes, que era procurador de Alexandria na virada do século II para o III d.C1.

Porque não foi uma invenção terrena, como disse o apóstolo, o que lhes fora confiado, nem se preocupam de preservar em detalhes nenhum sistema passageiro, nem lhes foi confiado a dispensação de mistérios humanos, mas verdadeiramente o Criador Todo-Poderoso do universo. O Deus invisível fez descer dos céus e fixou a sua Verdade e seu Verbo Santo e incompreensível entre os homens, e o santo ensinamento que ultrapassa a imaginação dos homens e a fixou firmemente em seus corações. Não como alguém poderia pensar, enviando um servo, ou anjo, governante, ou algum dos que presidem as coisas terrenas, ou um encarregado das dispensações do céu, mas ao próprio Artífice e Criador do universo, por Quem Ele fez os céus, e por Quem Ele conteve o mar dentro de seus limites, e do qual todos os elementos guardam fielmente os seus mistérios.

Também o sol observa o curso estabelecido, e a lua obedece quando a manda iluminar à noite, a quem as estrelas acompanham o percurso que a lua faz, e pelo qual todas as coisas foram ordenadas, estabelecidas, e submetidas: os céus e o que lá existe, a terra e as coisas que nela existem, o mar e o que ele contém, o fogo, o ar, o abismo, e os seres das alturas, das profundezas, e os do espaço intermediário. Deus enviou tudo isto para eles

Será que enviou tudo isso para demonstrar seu poder, para inspirar temor ou terror? De forma alguma. Mas em mansidão e humildade é que foi enviado (o Verbo). Como um rei envia seu filho que também é rei. Ele o enviou como enviando a Deus. O enviou como um homem entre os homens, enviou-lhe como Salvador, usando a persuasão, e não a força, porque a violência não é atributo de Deus. Enviou como quem convida, e não como quem persegue. Enviou como quem ama, e não para nos julgar. Ele o enviará no dia do juízo, mas, então, quem suportará a Sua Presença?...

Assim, tendo preparado tudo em Si mesmo juntamente com Seu Filho, até pouco tempo permitiu que nos deixássemos levar a nosso capricho por nossos impulsos desordenados, arrastados pelos prazeres e concupiscências. Não é que tivesse qualquer complacência em nossos pecados, mas usava de paciência conosco. Nem que aprovava aquele tempo de iniquidade, mas estava preparando o atual tempo de justiça, para que, estando convictos por nossas próprias obras de que éramos indignos da vida, agora fôssemos feitos dignos dela pela bondade de Deus; e tendo ficado claro que nós por nós mesmos não podíamos entrar no Reino de Deus, agora nos seja concedido a capacidade de entrar pelo poder do próprio Deus... Ele mesmo entregou Seu Próprio Filho como resgate por nós, o Santo pelo transgressor, o Inocente pelo mau, o Justo pelos injustos, o Incorruptível pelo corruptível, o Imortal pelo mortal.

Portanto, que outra coisa poderia cobrir nossos pecados, além de Sua justiça? Em quem poderíamos nós, maus e ímpios, ser justificados, a não ser somente no Filho de Deus? Ó doce intercâmbio! Ó obra insondável! Ó benefícios inesperados! A iniquidade de muitos ficou sepultada em um só Justo, e a justiça de um bastou para justificar a muitos injustos.

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