quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Entrada da Santíssima Mãe de Deus no Templo

04 de Dezembro de 2024 (CC) / 21 de Novembro (CE)
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)
Tom 6

A entrada no Templo da Santíssima Mãe de Deus aconteceu, de acordo com os relatos preservados da Sagrada Tradição, da seguinte maneira: 
Os pais da Virgem Maria, os Justos Joaquim e Ana, ao rezarem por uma solução para sua falta de filhos, fizeram um voto de que se uma criança nascesse deles, eles a dedicariam ao serviço de Deus. 
Quando a Santíssima Virgem atingiu três anos de idade, os santos pais decidiram cumprir seu voto. Tendo reunido seus parentes e conhecidos, e tendo vestido a Maria Puríssima com suas melhores roupas, e com o canto de canções sagradas e com velas acesas em suas mãos, eles a levaram para o Templo de Jerusalém. Lá, o Sumo Sacerdote com uma multidão de sacerdotes encontrou a donzela de Deus. A escadaria do templo contava quinze altos degraus. A Criança Maria, ao que parecia, não conseguiria subir sozinha tais escadas. Mas assim que a colocaram no primeiro degrau, fortalecida pelo poder de Deus, ela rapidamente subiu os degraus restantes e ascendeu ao mais alto. Então o Sumo Sacerdote, por inspiração do Alto, levou a Santíssima Virgem ao Santo dos Santos, e aqui, de todas as pessoas, era apenas o Sumo Sacerdote que entrava uma vez por ano com um sacrifício purificador de sangue. Portanto, todos os presentes no Templo ficaram surpresos com esta ocorrência tão incomum. 
Os justos Joaquim e Ana, tendo confiado sua filha à vontade do Pai Celestial, retornaram para casa. A Santíssima Maria permaneceu no domicílio para meninas, situado perto do Templo. Ao redor do Templo, pelo testemunho das Sagradas Escrituras (Êxodo 38; 1 Reis 1:28; Lucas 2:37), e também do historiador Flávio Josefo, havia muitos alojamentos, nos quais moravam aquelas dedicadas ao serviço de Deus.

A vida terrena da Santíssima Mãe de Deus, desde o tempo de Sua infância até o tempo de Sua ascensão ao Céu, está envolta em profundo mistério. Sua vida no Templo de Jerusalém também era um segredo. "Se alguém me perguntasse, – disse o Beato Jerônimo, – como a Santíssima Virgem passou o tempo de Sua juventude; eu responderia: Isso é conhecido pelo próprio Deus e pelo Arcanjo Gabriel, Seu guardião constante". 
Mas na tradição da Igreja havia relatos preservados de que durante o tempo da estadia da Virgem Puríssima no Templo de Jerusalém, ela cresceu em uma comunidade de virgens piedosas, lia diligentemente as Sagradas Escrituras, ocupou-se com artesanatos, orava constantemente e crescia no amor a Deus. 
Em memória da Entrada da Santíssima Mãe de Deus no Templo de Jerusalém, a Santa Igreja desde os tempos antigos estabeleceu um dia de festa solene. Os decretos para a realização da festa nos primeiros séculos do cristianismo são encontrados nas tradições dos cristãos palestinos, onde é feita menção de que a santa Imperatriz Helena construiu uma igreja em homenagem à Entrada no Templo da Santíssima Mãe de Deus. No século IV, há menção desta festa por São Gregório de Nissa. No século VIII, os santos Germanos e Tarásios, Patriarcas de Constantinopla, fizeram sermões no dia da Festa da Entrada. 
A Festa da Entrada no Templo da Santíssima Mãe de Deus prediz a bênção de Deus para a raça humana, a pregação da salvação e a promessa da vinda de Cristo.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
VÉSPERAS

Êxodo 40:1-5, 9-10, 16, 34-35; 1 Reis 7:51; 8:1, 3-7, 9-11; Ezequiel 43:27-44:4

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MATINAS

Lucas 1:39-49, 56

Fragmento 4 - Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá, entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel. Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, e exclamou em alta voz: 

“Bendita és tu entre as mulheres, 
e Bendito é o Fruto do teu ventre! 

E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.  Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.”

Disse então Maria: 

“A minha alma engrandece ao Senhor, 
e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador; 
porque atentou na condição humilde de sua serva. 
Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
 porque o Poderoso me fez grandes coisas; 
e Santo é o Seu Nome”. 

E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.


LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Apesar da pedra do túmulo ter sido selada pelos judeus, / e o Teu puríssimo Corpo guardado pelos soldados, / Tu ressuscitaste ao terceiro dia, ó Salvador nosso, / dando a vida ao mundo. / Por isso, ó Autor da Vida, / os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: / “Glória à Tua Ressurreição, ó Cristo! / Glória à Tua Realeza! // Glória à Tua Providência, ó Amigo do homem.

Tropárion da Mãe de Deus - Tom 4
Hoje é o prelúdio da boa vontade de Deus / e da profecia da salvação dos homens. / A Virgem aparece abertamente no templo de Deus / e anuncia Cristo para todos. / Por isso, altissonantes supliquemos-lhe: / Alegra-te, ó, tu // cumprimento da providência do Criador.

Kondákion da Ressurreição
Como Deus, Tu ressuscitaste gloriosamente do túmulo, / ressuscitando o mundo Contigo; / a natureza humana Te canta como Deus,/ pois a morte foi dissipada./ Adão rejubila, Mestre;/ e Eva, doravante liberta das suas cadeias, proclama na alegria:// Ó Cristo, Tu És Aquele que concede a todos os homens a ressurreição!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Kondákion da Festa Tom 4
O mais puro templo do Salvador, / a Câmara Nupcial, Preciosa e Virgem, / o Tesouro Sagrado da glória de Deus, / nos conduz neste dia trouxe para a casa do Senhor, / trazendo consigo a graça que está no Divino Espírito / A Ela os anjos de Deus entoam hino: // Pois Ela é o tabernáculo celestial!

Prokímenon, no 3º Tom

R. Minha alma glorifica o Senhor, e meu espírito exulta de Alegria em Deus, meu Salvador! (Lc 1:46.47)

V. Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, (Lc 1:46.48)

Hebreus 9:1-7

Fragmento 320 - Irmãos, a primeira aliança tinha um decreto sobre a adoração e um santuário terrestre; pois no primeiro tabernáculo construído, havia uma lâmpada, uma mesa e os pães da proposição, chamado de Lugar Santo. Atrás do segundo véu estava um tabernáculo chamado Santo dos Santos, que tinha um incensário de ouro e a Arca da Aliança revestida de ouro em todos os lados, onde havia um vaso de ouro com o maná, a vara de Aarão que tinha florescido e as Tábuas da Aliança; e acima dela os Querubins da Glória cobrindo o local da purificação; o qual não precisa ser discutido em detalhes agora. Com este arranjo, os sacerdotes sempre entram no primeiro tabernáculo para realizar os serviços divinos; e no segundo - uma vez por ano apenas o sumo sacerdote sozinho, não sem sangue, que ele traz para si e pelos pecados da ignorância do povo.

Aleluia, no 8º Tom

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Ouve, ó filha, e vê, e inclina o teu ouvido. (Sl. 44:10)

Os ricos do povo da terra suplicarão o seu favor. (Sl. 44:12)

Lucas 10:38-42; 11:27-28

Fragmento 54 - Naquela época, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, O recebeu em Sua casa.  Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a Sua palavra. Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se Te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. Ora, enquanto Ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que Te trouxe e os peitos em que Te amamentaste. Mas Ele respondeu: “Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam”.

Zadostoinik

Refrão: Os anjos vendo a entrada da Puríssima / ficaram maravilhados, // vendo como a Virgem entrou no Santo dos Santos.

Irmos: Que nenhuma mão profana toque a Arca viva de Deus, / mas que os lábios dos Féis, cantando incessantemente / as palavras do Anjo para a Theotókos, / bradem de alegria: // Verdadeiramente tu és superior a tudo, ó Virgem Pura.

Canto da Comunhão

Louvai ao Senhor dos céus, 
louvai-O nas alturas!
Tomarei o cálice da salvação 
e invocarei o nome do Senhor.

Aleluia, aleluia, aleluia! 

†††

DISCURSO SOBRE A FESTA DA ENTRADA 
DA NOSSA IMACULADA SENHORA MÃE DE DEUS NO SANTO DOS SANTOS

por São Gregório Palamas,
Arcebispo de Tessalônica

Se uma árvore é conhecida por seus frutos, e uma boa árvore dá bons frutos (Mt. 7:17; Lc. 6:44), então não é a Mãe da Bondade em Si e a Doadora da Beleza Eterna incomparavelmente mais excelente do que qualquer bem, situada dentro do mundo do natural ou do sobrenatural? 

Portanto, a Imagem Co-Eterna e Imutável da bondade do Pai Transcendente – o Verbo Pré-eterno, Pré-existente e Além-de-Toda-Bondade, através de Seu amor indizível pela humanidade e compaixão por nós, aspirando tomar nossa imagem sobre Si mesmo, de modo que do mais extremo hades extraísse nossa natureza para Si mesmo, e de modo a renovar esta natureza corrompida e levá-la às alturas do Céu. Para que tudo isso pudesse acontecer, encontrou a melhor de todas as Suas servas, a Sempre-Virgem, a Quem glorificamos, e Cuja Entrada milagrosa no Templo – no Santo dos Santos, nós agora celebramos. Deus a predestinou antes das eras para a salvação e elevação de nossa espécie: Ela foi escolhida dentre as fileiras dos escolhidos das eras e glorificada tanto pela mais extrema piedade e prudência, quanto por palavras e ações agradáveis ​​a Deus.

A antiga autora do mau – a serpente, levantando-se contra nós, nos atraiu para seu abismo. Muitas razões a impeliram a se levantar contra nós e escravizar nossa natureza: Inveja, rivalidade, ódio, injustiça, trapaça, astúcia e, além de tudo isso, também o poder portador da morte dentro dela, que ela gerou, sendo a primeira a cair da verdadeira vida. A autora do mal sentiu ciúmes de Adão, tendo-o visto aspirar da terra ao céu, de onde, por justa causa, ela (a serpente) foi lançada para baixo; e cheia de inveja, com uma ferocidade terrível, ela se lançou sobre Adão, ela queria até mesmo vesti-lo com o traje da morte. Mas o ciúme, é gerador não apenas do ódio, mas também do assassinato, que esta inimiga da humanidade se levantou contra nós, trazendo o mau até nós, para que a injustiça reinasse sobre a terra, para a ruína de uma criatura, criada à imagem e semelhança de Deus. E como ela não possuía ousadia suficiente para fazer um ataque cara a cara, recorreu à astúcia e ao engano, e tendo assumido a aparência de uma cobra sensual, se aproximou do nascido na terra, como uma amiga e conselheiro útil. Este inimigo realmente terrível e malévolo, sorrateiramente, passa para a ação; e por seu conselho oposto a Deus, e com seu próprio poder especial de carregar a morte, como um veneno terrível, ele o injeta no homem.

Se Adão tivesse sido suficientemente forte para guardar o mandamento Divino, então ele teria se tornado o vencedor de seu inimigo e teria se livrado da contaminação mortal. Mas, uma vez que, de um lado, voluntariamente cedeu ao pecado, pelo qual sofreu derrota e foi feito pecador; por outro lado, sendo a fonte-raiz de nossa raça, ele nos gerou como rebentos ainda portadores da morte; então para que aniquilássemos dentro de nós o veneno portador da morte da alma e do corpo e encontrássemos para nós mesmos a vida eterna, era absolutamente necessário para nossa raça ter uma nova raiz principal. Era necessário para nós termos um novo Adão, que não apenas seria sem pecado e sairia absolutamente vitorioso, mas que também seria capaz de perdoar o pecado e libertar da punição àqueles que a Ele fossem sujeitos. E não apenas Ele seria imbuído de vida, mas também da capacidade de restaurar a vida, de modo a tornar participantes da vida àqueles que se apegam a Ele e pertencem à Sua linhagem, e não apenas aqueles presentes nas gerações subsequentes depois d'Ele, mas também aqueles que já haviam morrido antes d'Ele. Por isso São Paulo, aquela grande trombeta do Espírito Santo, exclama: "O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante". (1 Cor. 15:45).

Mas, exceto Deus, ninguém está sem pecado, nem é criador de vida, nem capaz de remir o pecado. Portanto, o novo Adão deve ser não apenas Homem, mas também Deus, para que Ele mesmo, por Si mesmo, estivesse com vida, com sabedoria, verdade, amor, misericórdia e, completamente, com todo bem para isso — para trazer o velho Adão à renovação e restauração da vida pela misericórdia, pela sabedoria e verdade, estabelecidos em oposição àqueles meios pelos quais o autor do mau causou a morte para nós. Assim, semelhante é o contraste nisso, como aquele assassino primordial do homem nos dominou com inveja e ódio, e como a Fonte da vida foi elevada [na Cruz] por conta de Seu amor incomensurável pela humanidade e Sua bondade. Ele desejou intensamente a salvação de Sua criação, cuja salvação consistia nisso: Trazer novamente a criação sob Ele. Em contraste com isso, o autor do mal queria arruinar a criação de Deus, e assim colocar a humanidade sob seu próprio poder, e tiranicamente nos afligir. E assim como aquele ganhou para si a conquista e a queda da humanidade por meio da injustiça e da astúcia, por meio do engano e de sua trapaça, assim também o Libertador ganhou para si a derrota do autor do mal e renovou Sua criação por meio da verdade, da justiça e da sabedoria.

Foi um ato de perfeita justiça para que nossa natureza, que voluntariamente foi escravizada e derrubada, entrasse novamente na luta pela vitória e derrubasse de si a escravidão voluntária. Portanto, agradou a Deus tomar sobre Si nossa natureza, em forma milagrosa, co-unindo-se a ela Hipostáticamente. Mas a união da Natureza Altíssima, cuja pureza é incompreensível para nossa razão, - era impossível para uma natureza pecaminosa antes que ela se purificasse. Portanto, para a concepção e nascimento do Portador da pureza, era necessário que houvesse uma Virgem perfeitamente Imaculada e Puríssima.

Agora celebramos a memória disto, - que uma vez anteriormente foi co-operada esta Encarnação. Onde Ele em natureza Deus, Deus o Verbo e Filho Co-Eterno e Co-Sem-Princípio para o Pai Transcendente, é co-atualizado com o Filho do Homem, com o Filho da Sempre-Virgem. "Jesus Cristo ontem e hoje, Ele é para sempre" (Hb 13:8), imutável na Divindade e imaculado na humanidade, Ele somente, como o Profeta Isaías profetizou, "não comete iniquidade, nem se acha engano em Seus lábios" (Is 53:9), - Ele somente não foi concebido em iniquidade, e Seu nascimento não foi em pecado, em contraste com o que a respeito de si mesmo e de todos os outros homens o Profeta Davi dá testemunho (Sl 50 [51]:7). Ele somente era perfeitamente puro e nem mesmo tinha necessidade de purificação para Si mesmo: mas, antes, por nossa causa, Ele tomou sobre Si o sofrimento, a morte e a ressurreição.

Deus nasceu da Virgem Imaculada e Santa, ou melhor ainda, da Mais Pura e Santíssima. Esta Virgem não está apenas acima de toda contaminação carnal, mas também acima de todo pensamento impuro, e Sua concepção não resultou da luxúria carnal, mas pela ofuscação do Espírito Santo. Quando a Virgem vivia completamente distante das pessoas e habitava em contemplação orante e alegria espiritual, Ela declarou ao Anjo anunciador: "Eis a Serva do Senhor: faça-se em Mim segundo a tua palavra" (Lc. 1: 38), e tendo concebido, Ela deu à luz. E assim, para tornar a Virgem digna para este propósito sublime, Deus desde antes dos séculos predeterminou dentre o número dos escolhidos e no início dos tempos a escolheu, Ela agora louvada por nós como a Sempre Virgem. Volte sua atenção então, de onde começou esta escolha. Dos filhos de Adão foi escolhido por Deus o maravilhoso Seth, que através de seu temperamento decente, através de ser a imagem do bom senso e da máxima virtude, mostrou-se inspirado pelo Céu, pelo que também lhe foi concedido ser escolhido, e de quem a Virgem – a carruagem divina do Deus Celeste – era necessária para dar à luz e, portanto, convocar os nascidos na terra para a filiação celestial. Por esta razão também toda a linhagem de Seth foi chamada de "filhos de Deus": portanto o Filho de Deus possuía esta linhagem para nascer; e assim também o nome de Seth significa um levantar ou ressurreição (dos mortos), que falado especificamente, – é também o Senhor, prometendo e dando vida imortal aos crentes em Seu Nome. E quão precisamente exato é este paralelo! Seth nasceu de Eva, como ela mesma disse, no lugar de Abel, a quem Caim matou por ciúmes (Gn 4:25); e o Filho da Virgem, Cristo, nascido para nós no lugar de Adão, a quem igualmente por ciúme o autor do mal matou. Mas Seth não ressuscitou Abel: uma vez que ele serviu apenas como um prenúncio da ressurreição. Mas nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou Adão, uma vez que Ele é para a Terra nascido a Vida e a Ressurreição, para o qual também os descendentes de Seth são garantidos, através da esperança, de filiação a Deus, sendo chamados filhos de Deus. E que depois em consequência desta esperança eles foram nomeados filhos de Deus, isto indica primeiro que tal chamado é através da herança, e recebendo esta escolha foi o filho de Seth - Enos, que pelo relato de Moisés, primeiro esperou nisso, a fim de invocar o Nome do Senhor (Gn 4: 26).

Por tal maneira, a escolha da futura Mãe de Deus, começando com os próprios filhos de Adão e prosseguindo através de todas as gerações do tempo, através da Providência de Deus, passa pelo Profeta-rei Davi e os sucessores de seu reino e linhagem. Quando chegou o tempo escolhido, então da casa e paternidade de Davi foram escolhidos por Deus – Joaquim e Ana, que embora não tivessem filhos, eram por sua vida virtuosa e boa disposição os melhores de todos, descendentes da linhagem de Davi. E quando em oração eles imploraram a resolução de sua falta de filhos e prometeram dedicar a Deus a prole, – então desde a Sua própria infância, então a Mãe de Deus foi proclamada e dada a eles por Deus, como uma Criança, – de modo que de tais pais virtuosos foi concebida a Virgem Toda-Virtuosa e Toda-Pura. Assim, de maneira semelhante, foi uma concepção casta em unidade com a oração, e a Toda-Pura cooperou como a Doadora da virgindade, na carne dando à luz imperecivelmente Aquele que antes das eras nasceu de Deus Pai. E quando os Justos Joaquim e Ana viram que seu desejo havia sido concedido e que a promessa Divina a eles foi realizada de fato, então eles de seu fim como verdadeiros amantes de Deus se apressaram em cumprir seu voto dado a Deus: eles agora levaram ao Templo de Deus esta verdadeira Criança Virgem Mãe de Deus, tendo acabado de ser desmamada do leite. E Ela, apesar de Sua tenra idade, estava imbuída de dons Divinos e mais do que os outros Ela compreendia o que estava sendo feito sobre Ela, e por todas as Suas maneiras Ela apareceu – não que eles A estivessem levando para o Templo, mas que Ela mesma através de um particular estava chegando ao serviço de Deus, como se em asas autogerminadas se esforçando em direção ao amor sagrado e Divino, sendo convencida de que Sua Entrada no Templo – no Santo dos Santos e habitando neste Seu destino desejado. Portanto, também o sumo sacerdote, vendo que sobre a Donzela, mais do que qualquer outra pessoa, habitava a graça Divina, quis colocá-la dentro do Santo dos Santos, e ele convenceu a todos de bom grado a concordar com isso. E Deus auxiliou a Virgem e enviou-a através de Seu Anjo alimento misterioso, graças ao qual Ela foi fortalecida em natureza e foi tornada mais pura do que os Anjos, tendo para isso espíritos Celestiais presentes. E não somente uma vez Ela foi conduzida ao Santo dos Santos, mas foi aceita por Deus para habitar com Ele durante o curso de Seus anos de juventude: já que através Dela, no devido tempo, as Moradas Celestiais foram abertas e são dadas para uma habitação eterna aos crentes em Seu nascimento milagroso. Aqui está o significado do porquê a Escolhida entre os escolhidos desde o início dos tempos veio a estar dentro do Santo dos Santos. Tendo Seu corpo mais puro do que o mais puro em virtude do espiritual, de tal forma que foi capaz de aceitar o próprio Verbo Hipostático que é do Pai Sem Princípio, – a Sempre Virgem Maria, como um Tesouro de Deus, através da herança agora é colocada no Santo dos Santos, para que no momento necessário, por assim dizer, sirva para seu enriquecimento e adorno digno. Portanto, Cristo Deus também glorifica Sua Mãe, tanto antes do nascimento, quanto através do nascimento.

Nós, no entanto, contemplando a cooperação da salvação por nossa causa através da Santíssima Virgem, rendemos a Ela agradecimentos e louvores. E, verdadeiramente, se a mulher agradecida (sobre quem o Evangelho nos fala), tendo ouvido algumas palavras salvadoras do Senhor, rendeu graças à Sua Mãe, sua voz elevando-se acima do barulho da multidão e dizendo a Cristo: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que amamentaste" (Lc 11, 27), — então, além disso, ainda mais deveríamos nós, como cristãos, que temos a marca das palavras da vida eterna em nossos corações e não apenas as palavras, mas também os milagres e a Paixão, e através deles a restauração da morte de nossa natureza, e a ascensão da terra ao Céu, e a promessa para nós de vida imortal e salvação infalível, — então, depois de tudo isso, não deveríamos ainda mais glorificar e abençoar incessantemente a Mãe do Autor da Salvação e do Doador da Vida, celebrando Sua concepção e nascimento e agora Sua Entrada no Templo — no Santo dos Santos. Nós nos moveremos, irmãos, da montanha terrestre, nós nos transferiremos da carne para o espírito, de preferência um desejo perpétuo, não temporal. Nós desistiremos do desprezo necessário dos prazeres carnais, que servem como atrativos contra a alma e logo passarão. Desejemos dons espirituais, que existem imperecivelmente. Desviemos nossa razão e nossa atenção das preocupações terrenas e elevemo-la à sublimidade celestial – ao Santo dos Santos, onde agora reside a Mãe de Deus. Portanto, dessa maneira, nossa canção e orações com ousadia e proveito agradáveis ​​a Deus chegarão a Ela, e nós, em gratidão por Sua intercessão, juntamente com as bênçãos presentes, cooptamos a herança de futuras bênçãos eternas, através da graça e amor pela humanidade nascidos para nós por Ela – nosso Senhor Jesus Cristo, a Quem seja glória e majestade, honra e adoração juntamente com Seu Pai Sem Princípio e Seu Espírito Criador de Vida, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

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