
14 de Agosto de 2025 (CC) / 01 de Agosto (CE)
Início do Jejum da Dormição da Santa TheotókosProcissão da Transposição da Venerável Cruz do Senhor
Festa do Misericordiosíssimo Salvador e da Santíssima Mãe de Deus;
Os Sete Macabeus, sua mãe Salomé e Eleazar, o Sacerdote († 166 a.C).
Tom 8
No grego Chasoslov (Orologion) de 1897 é explicado assim a derivação desta festa:
"Por causa das doenças, que muitas vezes ocorridas em todos os lugares em agosto, desde a antiguidade costumava-se fazer em Constantinopla, uma procissão com a Venerável Madeira da Cruz ao longo das estradas e ruas para a santificação dos lugares, e para afastar as doenças".
Na véspera (31 de julho), a Cruz era retirada do tesouro imperial para se posta sobre a mesa sagrada da Grande Igreja em honra à Santa Sofia (à Sabedoria de Deus). Desde esta festa até à da Dormição da Santíssima Mãe de Deus, fazia-se Lítia por toda a cidade, onde a Cruz ficava disponível para que todo o povo a venera-se.
Na Igreja Russa, esta festa é combinada também com uma lembrança do Batismo da Rus', em 1º de agosto de 988. Em 1627, o Patriarca de Moscou e de toda a Rus', Filaret, ordenou que "no dia da procissão da Venerável Cruz ocorra uma procissão da igreja para a santificação da água e para o esclarecimento do povo, em todas as cidades e lugares".
O conhecimento do dia do atual Batismo de Rus' foi preservado nas Crônicas do século XVI: "O Batismo do Grande Príncipe Vladimir de Kiev e todos os Rus' foi em 1º de agosto".
Na prática, agora, da Igreja Russa, o serviço de uma pequena Santificação da Água em 1º de agosto é feito antes ou depois da Liturgia. Juntamente com a Bênção das Águas, é feita uma Bênção do Mel (ou seja, primeiro mel para o Salvador: "Salvador da Água", "Orvalho do Salvador" [aparentemente no lugar do vinagre e do fel oferecidos a Ele na Cruz?] ). E a partir deste dia o mel recém-colhido é abençoado e provado.
A Festa do Misericordiosíssimo Salvador e da Santíssima Mãe de Deus
A Festa do Misericordiosíssimo Salvador e da Santíssima Mãe de Deus foi estabelecida por ocasião dos portentosos milagres operados pelos Ícones do Salvador da Santa Mãe de Deus e da Venerável Cruz, por ocasião de uma batalha entre o santo Príncipe Andrei Bogoliubsky (1157- 1174) e os búlgaros do Volga, em 1164.
Este é o primeiro dos três dias da Festa do Misericordiosíssimo Salvador, comemorados em agosto. O segundo - é a Transfiguração (Preobrazhenie, Metamorphosis) de nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo (comemorada em 06 de agosto.). O terceiro - é a transferência de Edessa para Constantinopla do Ícone Aqueropita (Não-Feito-Por-Mão) do Senhor Jesus Cristo (Comemorado em 16 de agosto, na Pós-Festa da Dormição da Santíssima Mãe de Deus.). Estas três festas, por assim dizer, estão atreladas ao Jejum da Dormição da Mãe de Deus.
Leituras Comemorativas
1 Coríntios 1:18-24
João 19:6-11; 13-20; 25-28; 30-35
Os Sete Macabeus, sua Mãe Salomé e Eleazar, o Sacerdote
Todos eles padeceram para preservar a pureza da fé de Israel sob o rei Antíoco, chamado por alguns "Epiphanios", o "Iluminado" e por outros "Epimanis", ou seja, "um louco".
Por causa dos grandes pecados de Jerusalém e, especialmente, a disputa sobre a autoridade sacerdotal e crimes cometidos por ocasião desta luta, Deus permitiu que uma grande calamidade acontecesse na Cidade Santa. Depois disso, Antíoco queria por todos os meios impor aos judeus a idolatria dos helenos no lugar de sua fé no Único Deus Vivo, não medindo esforços para alcançar esse objetivo.
Antíoco contou com a ajuda de alguns altos sacerdotes traiçoeiros e outros anciãos de Jerusalém que resolveram colaborar. Em uma ocasião, o Rei Antíoco chegou a Jerusalém e ordenou que todos os judeus comessem a carne de suínos, o que é proibido pela Lei de Moisés. Comer carne de porco era um sinal evidente que o que dela se alimentava repudiava a fé de Israel. O Sumo Sacerdote Eleazar, que também fora um dos setenta e dois tradutores do Antigo Testamento para a língua grega (a Septuaginta), não se submeteu à ordem do rei. Por isso, Eleazar foi torturado e queimado vivo.
Retornando à Antioquia, Antíoco levou consigo os sete filhos de Salomé, chamados os Macabeus, e também a mãe deles. Os nomes dos sete irmãos Macabeus eram: Avim, Antonius, Eleazar, Gurius, Eusebon, Achim e Marcellus. Diante dos olhos de sua mãe, o ímpio rei torturava os seus filhos, um por um, rasgando a pele de seus rostos e, depois, lançando-os no fogo. Todos eles suportavam bravamente a tortura e morte sem renegar sua fé. Finalmente, quando a mãe viu seu último filho, o caçula de apenas três anos no fogo, ela mesma saltou para as chamas e foi consumida pelo fogo, entregando sua alma a Deus.
Todos estes dignamente padeceram por causa da fé no Único Deus Vivo, cerca de 180 anos antes de Cristo.
Leituras Comemorativas
Hebreus 11:33-12:2
Mateus10:32-36;11:1
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
2 Coríntios 1:1-7
Mateus 21:43-46
Fragmento 88 - O Senhor disse aos judeus que foram ter com Ele: O Reino de Deus vos será tirado e dado ao povo que dá os seus frutos; e quem cair sobre esta Pedra será despedaçado; e sobre quem Ela cair, se tornará pó. E tendo ouvido Suas parábolas, os principais sacerdotes e fariseus entenderam que Ele estava falando sobre eles, e pretendiam prendê-Lo, mas eles tinham medo do povo, visto que Ele era considerado um profeta.
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COMENTÁRIO
“Ai da Alma Na Qual Não Habita Cristo!”
Assim como Deus em outro tempo, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém à afronta de seus inimigos e seus adversários os submeteram, de maneira que já não restaram nela nem festas nem sacrifícios; assim também agora, encolerizado contra a alma que viola os seus mandatos, a entrega em poder dos mesmos inimigos que a seduziram até torná-la feia.
E da mesma forma que uma casa, se não habita nela seu dono, se cobre de trevas, de ignomínia e de afronta, e fica toda cheia de sujeira e imundície; assim também a alma, privada de seu Senhor e da presença alegre de seus anjos, fica repleta das trevas do pecado, da fealdade das paixões e de todo tipo de desonra.
Ai do caminho pelo qual ninguém passa, e no qual não se ouve nenhuma voz humana, porque se torna asilo de animais! Ai da alma pela qual o Senhor não caminha, nem afugenta dela com a sua voz as bestas espirituais da maldade! Ai da casa na qual não habita o seu dono! Ai da terra privada de colono que a cultive! Ai do barco privado de piloto, porque, acometido pelas ondas e tempestades do mar, acaba por naufragar! Ai da alma que não traz em si o verdadeiro piloto, Cristo, porque, colocada em um cruel mar de trevas, sacudida pelas ondas de suas paixões e atacada pelos espíritos malignos como por uma tempestade de inverno, acabará naufragando!
Ai da alma privada do cultivo dedicado de Cristo, que é aquele que lhe faz produzir os bons frutos do Espírito, porque, encontrando-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada e cheia dos maus odores de suas paixões, torna-se hospedagem de todos os vícios!
Assim como o colono, quando se dispõe a cultivar a terra, necessita dos instrumentos e vestes apropriados, assim também Cristo, o rei celestial e verdadeiro agricultor, ao visitar a humanidade desolada pelo pecado, tendo-se revestido de um corpo humano e levando a cruz como instrumento, cultivou a alma abandonada, arrancou dela os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extraiu a cizânia do pecado e lançou ao fogo toda a erva má; e, tendo-a assim trabalhado incansavelmente com o madeiro da cruz, plantou nela o belíssimo horto do Espírito: horto que produz para Deus, seu Senhor, um fruto agradável e suavíssimo.
São Macário, o Grande (séc. IV)
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O JEJUM DA DORMIÇÃO
O Jejum da Dormição é um dos quatro jejuns de vários dias da Igreja Ortodoxa. Está vinculado ao ciclo anual de feriados fixos e dura de 14 a 27 de agosto (inclusive). Recebeu esse nome em homenagem à festa da da Santíssima Theotókos, que termina em 28 de agosto.
Características Gerais
O Jejum da Dormição dura duas semanas. Começa com a festa da Procissão da Honorável e Vivificante Cruz do Senhor (1º de agosto), e termina com a Festa da Dormição da Mãe de Deus (15 de agosto a 28 de agosto). E se a Festa da Dormição cair na quarta-feira ou sexta-feira, o jejum deve ser quebrado não naquele dia, mas no dia seguinte (mais precisamente: se a Festa da Dormição da Santíssima Theotókos cair na quarta-feira ou sexta-feira, então os cânones permitem peixe)... Além da carne e dos laticínios habituais, os cânones proíbem o consumo de peixe durante a Quaresma, exceto na Festa da Transfiguração (Typikon, Capítulo 33).
"Spas"
O Jejum da Dormição inclui feriados comumente chamados de "spasses" — mel (14 de agosto), maçã (19 de agosto) e, logo depois, nozes e pão (29 de agosto) — que são celebrados. Em particular, é por isso que o Jejum da Dormição é popularmente chamado de Spasovka, e esses feriados, de uma forma ou de outra, estão relacionados ao Salvador Jesus Cristo. No entanto, em essência, todos esses nomes têm origem agrária e estão associados ao desejo de uma pessoa de santificar toda a sua vida.
Em 14 de agosto, os apicultores russos teriam colhido sua primeira colheita de mel e, naturalmente, desejariam levar os frutos de seu trabalho a Deus. Este é um costume puramente russo. Por exemplo, nada semelhante acontece na Grécia. O Livro Grego das Horas de 1897 relata o seguinte sobre a história do estabelecimento da festa da origem (exibição) do lenho honroso da Cruz Vivificante do Senhor: “Por causa das doenças que frequentemente ocorriam em agosto, o costume de levar o Lenho honroso da Cruz para as estradas e ruas para santificar os lugares e afastar doenças foi estabelecido em Constantinopla desde os tempos antigos. Na véspera, tendo-o retirado do tesouro real, eles o colocavam na mesa sagrada da Grande Igreja. Desse dia em diante até a Dormição da Santíssima Theotókos, realizando litias por toda a cidade, eles o ofereciam ao povo para veneração. Esta é a origem da Cruz Honrosa.”
Sobre a Transfiguração, no capítulo 48 do Typicon, há uma indicação: “É necessário saber que temos uma tradição dos Santos Padres de comer cachos de uva onde eles crescem, começando com a festa salvadora da Transfiguração, após receber a bênção do sacerdote. E se algum dos monges comer uvas antes desta festa, então, como punição, que não coma cachos durante todo o mês de agosto, porque desrespeitou a regra ordenada pelos padres. Que outros monges aprendam com isso a obedecer à regra dos Santos Padres. O mesmo se aplica a figos e outros vegetais (e frutas) à medida que amadurecem.” Por analogia com o “fruto da videira”, na Rus' começaram a trazer maçãs para a bênção das primícias – as frutas mais acessíveis e maduras até 19 de agosto.
Em 29 de agosto, comemora-se a transferência da Imagem Sagrada (Ubrus) do Senhor Jesus Cristo de Edessa para Constantinopla. Há uma tradição de levar as primícias da colheita de nozes para a bênção neste dia.
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