terça-feira, 4 de dezembro de 2012

27ª Terça-feira Depois de Pentecostes



04 de Dezembro de 2012 (CC) 21 de Novembro (CE)
Entrada no Templo da Santíssima Mãe de Deus

FESTA DA APRESENTAÇÃO DA SANTA MÃE DE DEUS NO TEMPLO 
No dia 21 comemoramos a Apresentação no Templo daquela menina agraciada. Esta é a segunda Grande Festa da Theotokos no ano litúrgico. Tal como as comemorações de sua natividade, esta é uma festa cheia de significado espiritual pra o fiel cristão. A festa originou-se a partir da piedosa tradição contida no livro não canônico chamado de “Proto Evangelho de Tiago”. Segundo a narrativa, a Virgem Maria foi levada ao templo por seus pais, Joaquim e Ana, quando tinha apenas três anos de idade.  Ali, juntamente com outras meninas, fora cuidadosamente instruída por mulheres piedosas acerca da Fé de seus pais e dos deveres para com Deus. Quando Maria completou três anos, Joaquim disse: Chamai as jovens virgens hebreias e formai um cortejo com lamparina acesas para acompanhar Maria pelo caminho, para que não suceda que a menina olhe para trás e seu coração se apegue por outra coisa que não seja o Templo de Deus. O sacerdote que a recepcionou, depois de havê-la beijado, lhe abençoou e disse: 
  “O Senhor engradeceu teu nome por todas as gerações, pois no fim dos tempos se manifestará em ti a tua Redenção e a dos filhos de Israel. Após dizer tais palavras, o sacerdote sentou a menina sobre o terceiro degrau do Altar. O Senhor derramou graça sobre a menina, então, ela pondo-se em pé, saltitava e dançava, e toda a casa de Israel se afeiçoou dela” (Proto Evangelho de São Tiago 7:2-3). 
 Algumas referências bíblicas parecem fazer alusão à existência de uma comunidade feminina dentro do recinto sagrado. O Velho Testamento fala das “mulheres que velavam à entrada do Tabernáculo da Reunião” (Ex. 38:8; 1Sm 2:22). Embora não se saiba exatamente qual era a missão delas, contudo, certamente não habitavam no Templo. Por outro lado, São Lucas diz em seu Evangelho que a Profetiza Ana “não se apartava do Templo, servindo a Deus com jejuns e orações, noite e dia” (Lc 2:37). Que havia moradias no Templo para os sacerdotes, para as pessoas consagradas e para aqueles que os serviam, nós o sabemos através da história de Samuel e do Sacerdote Elí. Historicamente a Festa foi estabelecida por ocasião da dedicação da Igreja de Santa Maria da Nova Jerusalém, no ano 543, e é a partir desta data que em todo Oriente a Igreja Ortodoxa a comemora. Isto foi registrado pelo Imperador Manoel Comneno, em uma Constituição datada de 1166. Somente a partir do século XVIII é que a Festa foi reconhecida e aprovada pela Igreja Romana. A Festa da Entrada ou Apresentação da Theotokos no Templo, celebra o fim da era do “Templo de pedra” em Jerusalém como morada de Deus. Quando a infante Maria entra no Templo, a era do Templo tem o seu ocaso e se revela o “prelúdio da vontade de Deus”. Nós Ortodoxos celebramos, na pessoa da Mãe de Cristo-Deus, a nossa condição de templo e morada do Senhor.

MATINAS

Lucas 1:39-49, 56

     39 Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá,    40 entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel.    41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,    42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!    43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?    44 Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.    45 Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.    46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,    47 e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;    48 porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,    49 porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.    56 E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.  

COMENTÁRIO  
Isabel e João Batista, movidos pelo Espírito Santo, são os primeiros seres humanos a prestar veneração à Santa Mãe de Deus. Eles representam todos os santos da Antiga Aliança que saúdam a chegada da Nova Eva, cumprindo-se a antiga promessa ao gênero humano decaído. A narrativa fala que a voz da Virgem provocou grande júbilo espiritual em Isabel e no Precursor ainda fetal. À maneira dos profetas do Velho Testamento, o Espírito Santo leva Isabel a profetizar acerca da Virgem:

1.     Primeiramente usa - em relação à Virgem - a fórmula introdutória dos louvores em Israel: “Bendita és tu...”,igualmente também se dirige à Criança: “Bendito é o Fruto do teu ventre”; Enche de humildade o profeta diante do que lhe é inefável, assim, Isabel diz: “Quem sou eu para que me visite a Mãe do meu Senhor?”; Faz com que profetize acerca do que não entende. Isabel sem entender como o mortal poderia gerar o Eterno; Louva Àquela que Deus santificou: “Bem aventurada aquela que creu...”.

2.     Em contrapartida, à semelhança dos coros que se alternavam nos ofícios levíticos, o Espírito Santo toma a boca de Maria, que também profetiza: Louvando o Soberano Deus pela Graça e Salvação que lhe  concedeu, sendo ela uma humilde serva e; Anunciando a veneração que doravante todas as gerações lhe prestariam.

3.     A maioria dos Protestantes não consegue enxergar este sentido do texto, porque são despossuídos de uma mente litúrgica. Como sua experiência se centraliza e se apoia unicamente na razão discursiva, reduz a expressão “Bem Aventurada” aplicada à Virgem a uma simples declaração sobre o estado de sua alma, ignorando completamente toda a cultura litúrgica que permeava a sociedade judaica e, em particular, desconsiderando o ambiente doméstico de Isabel: o Templo de Deus, pois era esposa do Sumo Sacerdote Zacarias.

Tal abordagem assemelha-se as visões que um lenhador e um botânico exaurem de uma floresta: ambos, conforme a peculiaridade de cada um, só enxergam as suas utilidades, mas não conseguem exaurir sua alma, como faz um artista.

Este reducionismo não atinge somente à Santa Virgem, mas, também, ao próprio Cristo, o Senhor; pois se a fórmula “Bendita, Bem Aventurada” for despida do seu sentido cúltico e reduzida a uma mera afirmação, isto significa que Isabel e o fetal João Batista, também não cultuaram e nem prestaram reverência ao Menino-Deus quando afirmaram: “Bendito o Fruto do Teu ventre”.

A partir da visita de Maria a Isabel, a Igreja entende que foi o próprio Espírito Santo que inaugurou e instituiu os louvores e a veneração da Igreja à Santa Mãe de Deus.

Pe. Mateus (Antonio Eça)




LITURGIA


Hebreus 9:1-7

     1 Ora, também o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e um santuário terrestre.    2 Pois foi preparada uma tenda, a primeira, na qual estavam o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; a essa se chama o santo lugar;    3 mas depois do segundo véu estava a tenda que se chama o santo dos santos,    4 que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro em redor; na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha brotado, e as tábuas do pacto;    5 e sobre a arca os querubins da glória, que cobriam o propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.    6 Ora, estando estas coisas assim preparadas, entram continuamente na primeira tenda os sacerdotes, celebrando os serviços sagrados;    7 mas na segunda só o sumo sacerdote, uma vez por ano, não sem sangue, o qual ele oferece por si mesmo e pelos erros do povo;  

Lucas 10:38-42; 11:27-28

     38 Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.    39 Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.    40 Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.    41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;    42 entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.    27 Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste.    28 Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam. 




COMENTÁRIO


“ESSE É MEU IRMÃO, MINHA IRMÃ E MINHA MÃE”

Suplico-vos que presteis atenção àquilo que afirma Cristo Senhor, apontando para os discípulos: “Eis aqui a minha mãe e os meus irmãos”. E prossegue: “Aquele que faz a vontade de meu Pai, que me enviou, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Quer dizer que a Virgem Maria não fez a vontade do Pai, Ela que acreditou pela fé, que concebeu pela fé, que foi escolhida para que Dela nascesse a salvação em nosso favor, que foi criada em Cristo antes de Cristo ser criado Nela? Sim, Santa Maria fez a vontade do Pai e, consequentemente, é mais importante ter sido discípula de Cristo do que ter sido Mãe de Cristo; foi mais vantajoso para Ela ter sido discípula de Cristo do que ter sido sua Mãe. Maria era, pois, bem-aventurada porque, mesmo antes de dar à luz o Mestre, trouxe-o no seu seio. […] Santa Maria, bem-aventurada Maria! E, no entanto, a Igreja vale mais do que a Virgem Maria. Por quê? Porque Maria é uma parte da Igreja, um membro eminente da Igreja, é certo, um membro superior aos outros, mas apesar de tudo um membro de todo o corpo. […] Portanto, caríssimos, vede que sois membros de Cristo, e sois corpo de Cristo (1Co 12, 27). Como? Prestai atenção ao que Ele diz: “Eis aqui a minha mãe e os meus irmãos”. E como sereis Mãe de Cristo? “Aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África)
Evangelho Quotidiano


ORAÇÃO

Põe, ó SENHOR, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR, Rocha minha e Redentor meu!

Salmos 140(141):3; 18(19):14 e 50(51):15

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