São Cirilo, Patriarca de Alexandria († 444)
Jejum dos Apóstolos (peixe, azeite e vinho permitidos)
Modo 2
Romanos 9:18-33
18 Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece. 19 Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade? 20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso? 22 E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; 23 para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, 24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? 25 Como diz ele também em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à que não era amada. 26 E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos do Deus vivo. 27 Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 28 Porque o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, consumando-a e abreviando-a. 29 E como antes dissera Isaías: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra. 30 Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé. 31 Mas Israel, buscando a lei da justiça, não atingiu esta lei. 32 Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço; 33 como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido.
Mateus 11:2-15
2 Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: 3 És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? 4 Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: 5 os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. 6 E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim. 7 Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? 8 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis. 9 Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. 10 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho. 11 Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. 12 E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. 13 Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. 14 E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. 15 Quem tem ouvidos, ouça.
João enviou dois dos seus discípulos para perguntar a Jesus: És tu aquele que virá ou devemos esperar a outro? Não é fácil a compreensão destas palavras simples, ou, do contrário, este texto estaria em desacordo com o que foi dito anteriormente. Na realidade, como João pôde afirmar aqui que desconhece a quem anteriormente havia reconhecido por revelação de Deus Pai? Como é que naquela ocasião conheceu o que previamente desconhecia, enquanto que agora parece desconhecer ao que já conhecia antes? Eu – disse ele – não o conhecia, porém aquele que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires baixar o Espírito Santo... E João acreditou no oráculo, reconheceu aquele que foi revelado, adorou o que foi batizado e profetizou sobre o enviado dizendo: E eu o vi e dou testemunho de que este é o escolhido de Deus. Portanto, como aceitar sequer a possibilidade de que tão grande profeta tenha se equivocado, até o ponto de não considerar como Filho de Deus àquele de quem tinha afirmado: Este é o que tira o pecado do mundo?
Por conseguinte, já que a interpretação literal é contraditória, busquemos o seu sentido espiritual. João, como já afirmamos, era tipo da lei precursora de Cristo. E é correto afirmar que a lei – acorrentada materialmente como estava nos corações dos que não têm fé, como em cárceres privados da luz eterna, e constrangida por entranhas fecundas em sofrimentos e insensatez –, era incapaz de levar a pleno cumprimento o testemunho da divina economia sem a garantia do Evangelho. Por isso João envia a Cristo dois de seus discípulos, para conseguir um complemento de sabedoria, visto que Cristo é a plenitude da lei.
Além do mais, sabendo o Senhor que ninguém consegue ter uma fé plena sem o Evangelho – sendo que a fé começa no Antigo Testamento, mas não se consuma senão no Novo –, da pergunta sobre sua própria identidade, responde não com palavras, mas com fatos: Ide, disse ele, anunciar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos veem e os paralíticos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres lhes é anunciado a boa notícia. Contudo, estes exemplos mencionados pelo Senhor ainda não são os definitivos: A plenificação da fé é a cruz do Senhor, sua morte e sua sepultura. Por isso, completa suas afirmações anteriores dizendo: E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!
É verdade que a cruz se apresenta como motivo de escândalo inclusive para os escolhidos, porém, também é verdade que não existe maior testemunho de uma pessoa divina, nada há mais sublime que a total oblação de um só pela salvação do mundo. Só este fato o corrobora plenamente como Senhor. Dizendo de outra forma, é assim que João o designa: Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, esta resposta não está dirigida apenas para aqueles homens, discípulos de João: vai dirigida a todos nós, para que creiamos no Cristo baseados nos fatos.
Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e alguém que é mais do que profeta. Porém, como é que queriam ver a João no deserto, se estava preso na cadeia? O Senhor nos propõe como modelo aquele que lhe havia preparado o caminho, não só precedendo-o por seu nascimento segundo a carne e anunciando-o com a fé, mas também lhe antecipando com sua gloriosa paixão. Sim, mais que um profeta, já que é ele quem encerra a sucessão dos profetas; mais do que um profeta, já que muitos desejaram ver a quem ele profetizou, a quem ele contemplou, a quem ele batizou.
São Nicodemos de Monte Athos, em seus escritos de histórias de santos, refere-se a São Cirilo, Arcebispo de Alexandria, nascido no ano 370 em Alexandria. Sobrinho do Arcebispo Teófilo, Cirilo recebeu uma profunda educação teológica, tornando-se o sucessor no arcebispado. Na época do Terceiro Concílio Ecumênico, no ano 431, em Éfeso, São Cirilo foi eleito presidente da mesmo. Neste Concílio foi condenada a heresia de Nestório sobre a pessoa da Mãe de Deus e sempre Virgem Maria. Foram muitos os êxitos intelectuais em seu trabalho. O santo entregou seu espírito em paz ao Senhor no dia 27 de junho do ano 444, sendo 32, estando já há 32 anos no trono patriarcal.
Tropárion da Ressurreição
Ó vida Imortal, sofrendo a morte,/ esmagaste o Inferno com o fulgor de Tua Divindade./ E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra,/ todos os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo:// “Glória a Ti, ó Cristo nosso Deus e Autor da Vida!”
Kondákion da Ressurreição
Tu ressuscitaste do túmulo, ó poderosíssimo Salvador,/e com esse poderoso sinal, o Inferno ficou chocado de medo,/e os mortos ressuscitaram./A criação também rejubila em Ti/ e Adão fica inexcedivelmente alegre// e o mundo, ó meu Salvador, canta louvações para Ti, para sempre.
Prokímenon
O Senhor É a minha força e o meu cântico,
porque Ele me salvou. (Sl. 117:14)
O Senhor, castigou-me muito,
mas não me entregou à morte. (Sl. 117:18)
porque Ele me salvou. (Sl. 117:14)
O Senhor, castigou-me muito,
mas não me entregou à morte. (Sl. 117:18)
Romanos 9:18-33
18 Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece. 19 Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade? 20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso? 22 E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; 23 para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, 24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? 25 Como diz ele também em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à que não era amada. 26 E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos do Deus vivo. 27 Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 28 Porque o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, consumando-a e abreviando-a. 29 E como antes dissera Isaías: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra. 30 Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé. 31 Mas Israel, buscando a lei da justiça, não atingiu esta lei. 32 Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço; 33 como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido.
ALELUIA
Aleluia, aleluia, aleluia!
O Senhor Te ouça no dia da tribulação;
Te proteja o Nome do Deus de Jacó!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva, Senhor, o Teu povo e abençoa a Tua herança!
Aleluia, aleluia, aleluia!
O Senhor Te ouça no dia da tribulação;
Te proteja o Nome do Deus de Jacó!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva, Senhor, o Teu povo e abençoa a Tua herança!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Mateus 11:2-15
2 Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: 3 És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? 4 Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: 5 os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. 6 E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim. 7 Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? 8 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis. 9 Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. 10 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho. 11 Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. 12 E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. 13 Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. 14 E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. 15 Quem tem ouvidos, ouça.
COMENTÁRIOS
“És Tu O Que Virá ou Devemos Esperar a Outro?”
“És Tu O Que Virá ou Devemos Esperar a Outro?”
Por conseguinte, já que a interpretação literal é contraditória, busquemos o seu sentido espiritual. João, como já afirmamos, era tipo da lei precursora de Cristo. E é correto afirmar que a lei – acorrentada materialmente como estava nos corações dos que não têm fé, como em cárceres privados da luz eterna, e constrangida por entranhas fecundas em sofrimentos e insensatez –, era incapaz de levar a pleno cumprimento o testemunho da divina economia sem a garantia do Evangelho. Por isso João envia a Cristo dois de seus discípulos, para conseguir um complemento de sabedoria, visto que Cristo é a plenitude da lei.
Além do mais, sabendo o Senhor que ninguém consegue ter uma fé plena sem o Evangelho – sendo que a fé começa no Antigo Testamento, mas não se consuma senão no Novo –, da pergunta sobre sua própria identidade, responde não com palavras, mas com fatos: Ide, disse ele, anunciar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos veem e os paralíticos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres lhes é anunciado a boa notícia. Contudo, estes exemplos mencionados pelo Senhor ainda não são os definitivos: A plenificação da fé é a cruz do Senhor, sua morte e sua sepultura. Por isso, completa suas afirmações anteriores dizendo: E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!
É verdade que a cruz se apresenta como motivo de escândalo inclusive para os escolhidos, porém, também é verdade que não existe maior testemunho de uma pessoa divina, nada há mais sublime que a total oblação de um só pela salvação do mundo. Só este fato o corrobora plenamente como Senhor. Dizendo de outra forma, é assim que João o designa: Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, esta resposta não está dirigida apenas para aqueles homens, discípulos de João: vai dirigida a todos nós, para que creiamos no Cristo baseados nos fatos.
Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e alguém que é mais do que profeta. Porém, como é que queriam ver a João no deserto, se estava preso na cadeia? O Senhor nos propõe como modelo aquele que lhe havia preparado o caminho, não só precedendo-o por seu nascimento segundo a carne e anunciando-o com a fé, mas também lhe antecipando com sua gloriosa paixão. Sim, mais que um profeta, já que é ele quem encerra a sucessão dos profetas; mais do que um profeta, já que muitos desejaram ver a quem ele profetizou, a quem ele contemplou, a quem ele batizou.
Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)
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