segunda-feira, 23 de novembro de 2015

26ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

23 de Novembro de 2015 (CC) 10 de Novembro (CE)
Ss. Olímpio, Herodião, Sosípatro, Tércio, Erasto e Quarto, apóstolos [dos 70] (séc. I);
S. Orestes, mártir




Os seis santos faziam parte  do grupo dos setenta apóstolos do Senhor. As Sagradas Escrituras se refere a eles no capítulo 16 da Epístola de Paulo aos Romanos. A maior parte deles foram Bispos da Igreja de Cristo e se tornaram modelos de prática do Evangelho. «Cuidem, como pastores do rebanho de Deus que está sob vossos cuidados, e sejam exemplos para o rebanho, não por obrigação, nem por interesse por dinheiro, mas por desejo de servir, como quer Deus. Não sejam tiranos com os que estão sob vossos cuidados, mas sejam exemplos para o vosso rebanho. De fato, os cinco apóstolos foram modelos de virtudes. Olimpo e Herodião morreram martirizados por Nero; Sosípatro foi bispo de Icônio e morreu tendo realizado um excelente trabalho pastoral; Tércio tornou-se o segundo Bispo de Icônio. Erasto foi Bispo de Neados e Quarto de Biritu, lutando corajosamente através do ensinamento e da fé, atraindo para fé cristã muitos idólatras de sua época.


1 Timóteo 1:1-7

Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa, a Timóteo meu verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor. Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.

Lucas 12:13-15, 22-31

E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? Considerai os lírios, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. E, se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai sabe que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.


REFLEXÃO

“O Desprendimento das Riquezas”


Disse-lhe alguém da multidão: Mestre, diz ao meu irmão que reparta comigo a herança. E ele respondeu: Mas homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós? Toda esta passagem está ordenada a como aceitar a dor para confessar ao Senhor, seja por desprezo da morte, pela esperança do prêmio ou pela ameaça de um castigo eterno que jamais deixará de ser tal. E visto que, frequentemente, acontece que a avareza é causa de tentação para a virtude, acrescenta-se também o mandamento de suprimi-la e como se deverá fazê-lo, quando diz o Senhor: Quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?

Aquele que havia descido por razões divinas, com toda a justiça rejeita as terrenas, e não se digna fazer-se juiz de pleitos nem repartidor de heranças terrenas, visto que ele tinha que julgar e decidir sobre os méritos dos vivos e mortos. Deves, portanto, observar não o que pedes, mas a quem pedes, e não acredites que um espírito dedicado a coisas maiores pode ser importunado por insignificâncias.

Por isso, não é sem razão que é rejeitado esse irmão que pretendia que o Dispensador dos bens celestiais se ocupasse em coisas materiais, quando precisamente não deve ser um juiz o mediador no pleito da repartição de um patrimônio, mas o amor fraterno; ainda que, na realidade, o que um homem deve buscar não é o patrimônio de dinheiro, mas o da imortalidade. Porque de forma vã reúne riquezas aquele que não sabe se poderá desfrutar delas, como aquele que, pensando em derrubar os granjeiros repletos para recolher as novas messes, preparava outros maiores para as abundantes colheitas, sem saber para quem as reunia.

Já que todas as coisas que são do mundo permanecem nele, e nos abandona tudo aquilo que entesouramos para os nossos herdeiros; e, na realidade, deixam de ser nossas todas essas coisas que não podemos levar conosco. Somente a virtude acompanha aos falecidos, somente a misericórdia nos serve de companheira, essa misericórdia que atua em nossa vida como norte e guia até as mansões celestiais, e busca conseguir para os falecidos, em troca do desprezível dinheiro, os tabernáculos eternos.

Assim o testemunham os preceitos do Senhor, quando diz: Fazei-vos amigos das riquezas injustas, para que, quando estas faltem, vos recebam nos eternos tabernáculos. Este é um preceito inteligente, cheio de sabedoria e apto para animar também aos avaros a que optem por trocar as coisas corruptíveis pelas eternas, as terrenas pelas divinas. Porém, visto que muitas vezes a entrega se entorpece pela debilidade da fé e, quando se vai repartir a herança, vem à mente a preocupação de tudo o que é necessário para a vida, o Senhor acrescenta: Não vos preocupeis de vossa vida pelo que comereis nem de vosso corpo pelo que vestireis; porque, em verdade, a alma é mais importante que o alimento e o corpo mais que as vestes.

Porque aos que creem em Deus não há melhor meio para dar-lhes confiança como esse sopro vital que é o espírito, o qual faz durar a união completa da alma e do corpo, unidade que, por outro lado, não exige nenhum trabalho nosso e que perdura, sem que falte o alimento apropriado, até chegar o dia da morte. E se a alma está vestida da roupagem do corpo e este recebe vida em virtude da energia da alma, torna-se absurdo crer que nos faltará o alimento suficiente precisamente quando recebemos o mais, que é a realidade permanente da vida.

Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)
Tratado ao Evangelho de São Lucas in loc.




“Vamos de Uma Vez em Busca do Verbo, Busquemos Aquele Descanso”


Não se glorie o sábio de seu saber, não se glorie o rico em sua riqueza, não se glorie o soldado de seu valor, ainda que tivessem escalado o cume do saber, da riqueza ou do valor. Vou acrescentar à lista novos paralelismos: Nem se glorie o famoso e célebre em sua glória; nem o que está são, de sua saúde; nem o elegante, de sua formosa presença; nem o jovem, de sua juventude; em uma palavra: que nenhum soberbo ou vaidoso se glorie em nenhuma daquelas coisas que celebram os mortais. Em todo caso, aquele que se glorie que se glorie somente nisto: em conhecer e buscar a Deus, em compadecer-se da sorte dos miseráveis e em fazer reservas de bem para a vida futura.

Todo o resto são coisas inconsistentes e frágeis e, como no jogo do xadrez, passam de uns aos outros, mudando de campo; e nada é tão próprio daquele que o possui que não acabe se esvaindo com o passar do tempo ou há de transmitir-se com dor aos herdeiros. Aquelas, porém, são realidades seguras e estáveis, que nunca nos deixam nem se dissipam, nem ficam frustradas as esperanças daqueles que depositaram nelas sua confiança.

A meu parecer, esta é, também, a causa de que os homens não tenham nesta vida nenhum bem estável e duradouro. E isto – como tudo o demais – assim o dispôs sabiamente a Palavra Criadora e aquela Sabedoria que supera todo entendimento, para que nos sintamos defraudados pelas coisas que estão debaixo de nossa observação, ao ver que estão sempre mudando em um ou outro sentido, ora estão em alta ora em baixa, padecendo contínuos reveses e, já antes de tê-las na mão, te escorregam e te escapam.

Comprovando, portanto, sua instabilidade e variabilidade, esforcemo-nos por atracar ao porto da vida futura. O que não faríamos nós de ser constante nossa prosperidade se, inconsistente e frágil como é, até tal ponto nos encontramos como subjugados por sutis cadeias e reduzidos a esta servidão por seus prazeres enganosos, que nos encontramos incapacitados para pensar que possa haver algo melhor e mais excelente das realidades presentes, e isso apesar de escutar e estar firmemente persuadidos de que fomos criados à imagem de Deus, imagem que está acima e nos atrai para si?

Aquele que seja sábio, que recolha estes fatos. Quem deixará passar as coisas transitórias? Quem prestará atenção às coisas estáveis? Quem considerará como efêmeras as coisas presentes? Feliz o homem que, dividindo e demarcando estas coisas com a espada da Palavra que separa o melhor do pior, prepara as elevações de seu coração, como em certo lugar afirma o Profeta Davi, e, fugindo com todas as suas energias deste vale de lágrimas, busca os bens do alto, e, crucificado ao mundo juntamente com Cristo, com Cristo ressuscita, juntamente com Cristo ascende, herdeiro de uma vida que já não é nem decrépita nem falaz: onde já não existe serpente que morde junto ao caminho nem que espreita o calcanhar, como pode se comprovar observando sua cabeça.

Considerando tudo isso, também o bem-aventurado Miqueias diz atacando aos que se arrastam por terra e têm do bem somente o ideal: Aproximai-vos dos montes eternos: pois, adiante, marchai-vos!, que não é lugar de repouso. São mais ou menos as mesmas palavras, com as quais nos anima nosso Senhor e Salvador, dizendo: Levantai-vos, vamos daqui. Jesus disse isso não somente aos que naquela ocasião tinha como discípulos, os convidando a sair unicamente daquele lugar – como talvez alguém possa pensar – mas, tratando de afastar sempre e a todos os seus discípulos da terra e das realidades terrenas, para elevá-los ao céu e às realidades celestiais.

Vamos, portanto, de uma vez em busca do Verbo, busquemos aquele descanso, rejeitemos a riqueza e abundância desta vida. Aproveitemo-nos unicamente daquilo que de bom há nelas, a saber: redimamos nossas almas à base de esmolas, demos aos pobres nossos bens, para enriquecer-nos com aqueles do céu.

São Gregório Nazianzeno, o Teólogo (séc. IV)


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