São Tryfon era natural de Lampsako, na Frígia (antiga região da Ásia Menor) e viveu na época em que reinava Giordiano (238-244), Philippos e Décio. São Tryfon era muito pobre e, desde pequeno se dedicava ao cuidado de animais do campo para poder viver. Enquanto realizava seu humilde trabalho, refletia sobre as Sagradas Escrituras e com muito zelo cumpria com seus deveres religiosos. Entre os versículos que sempre repetia, este se destacava: «A bênção do Senhor repousa sobre a habitação do justo. Se ele escarnece dos zombadores, concede a graça aos humildes» (Prov. 3, 33b.-34). Realmente, o humilde e piedoso Tryfon, com perseverança, não só conheceu as Sagradas Escrituras em profundidade como a ensinou. Estava tão pleno da graça divina que operava milagrosas curas. A notoriedade de Tryfon chegou aos ouvidos do rei Gordianos que mandou chamá-lo porque sua filha estava muito doente. De fato, Tryfon a curou; e o pai, agradecido, quis pagá-lo, porém Tryfon se negou aceitar qualquer valor e se retirou com a gratidão do rei. Contudo, na época de Decio (249-251), Tryfon foi preso por admitir sua fé em Jesus Cristo e fervorosamente expressar sua oposição à idolatria. Por causa disso, o prefeito oriental Aquilino, em Nikia, ordenou que o torturassem violentamente. Foi amarrado a um cavalo e arrastado pelas ruas. Em seguida, completamente nu, em pleno inverno, foi amarrado sobre pregos e queimado com tochas acesas. Finalmente, foi decapitado, mas antes disso, já havia entregue seu espírito nas mãos de Deus.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Marcos 14:10-42
10 Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11 Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna. 12 Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa? 13 Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; segui-o; 14 e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? 15 E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos. 16 Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa. 17 Ao anoitecer chegou ele com os doze. 18 E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me. 19 Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu? 20 Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato. 21 Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido. 22 Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo. 23 E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. 26 E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras. 27 Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão. 28 Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galileia. 29 Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu. 30 Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás. 31 Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos. 32 Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro. 33 E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se; 34 e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai. 35 E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. 36 E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres. 37 Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora? 38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras. 40 E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder. 41 Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. - Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
† † †
COMENTÁRIO
Durante a ceia, tomou o pão e o
partiu. Por que instituiu este mistério durante a Páscoa? Para que conclua de
todos os seus atos que ele foi o legislador do Antigo Testamento, e que todas
as coisas que nele se contêm foram esboçadas em vista à nova aliança. Por isso,
onde estava a figura, Cristo entronizou a verdade. A tarde era o símbolo da
plenitude dos tempos, e indicava que as coisas já estavam chegando ao seu fim.
Pronunciou a bênção, ensinando-nos como nós temos de celebrar este mistério,
mostrando que não vai coagido para a paixão e preparando-nos para que tudo
quanto soframos o saibamos suportar com ação de graças, e tirando do sofrimento
um avigoramento da esperança.
Pois, se já o tipo ou a figura
foi capaz de libertar de tão grande escravidão, com mais razão libertará a
verdade ao redor da terra e redundará em benefício de nossa raça. Por isso
Cristo não instituiu este mistério antes, mas tão somente no momento em que
estavam para cessar as prescrições legais. Aboliu a mais importante das solenidades
judaicas, convocando aos judeus em torno à outra mesa muito mais santa, e
disse: Tomai e comei: isto é meu corpo, que será entregue por vós.
E como não se perturbaram ao
ouvir isto? Porque anteriormente Cristo já lhes tinha dito muitas e grandiosas
coisas deste mistério. Por isso agora ele não se estende em explicações, porque
já tinham escutado bastante sobre esta matéria. Apesar disso, sei que lhes diz
qual é a causa da paixão: o perdão dos pecados. Chama a seu sangue, “sangue da nova aliança”, ou seja, da
promessa e da nova lei. De fato, isto é o que antigamente já tinha prometido e
o confirma a nova aliança. E assim como a antiga aliança ofereceu ovelhas e
novilhos, a nova oferece o sangue do Senhor. Esta passagem também insinua que
ele tinha que morrer; por isso fez alusão ao testamento e menciona também o
antigo. Daí que também não faltasse sangue na inauguração da primeira aliança.
Novamente declara a causa de sua morte: Que será derramada por muitos para o
perdão dos pecados. E acrescenta: Fazei isto em minha memória.
Não percebes como retrai e afasta
os seus discípulos dos ritos judaicos? Que é como se dissesse: Vós comemorais
aquela ceia em comemoração dos prodígios operados no Egito; celebrai a nova
ceia em minha comemoração. Aquele sangue foi derramado para salvar aos
primogênitos; este, para o perdão dos pecados de todo o mundo. Este é o meu
sangue, diz, que será derramado para o perdão dos pecados. Disse isto, sem
dúvida, tanto para demonstrar que a paixão e a morte são um mistério, como para,
desta forma, consolar novamente aos seus discípulos. E assim como Moisés disse:
É lei perpétua para vós, assim ele também disse: Em minha comemoração, até que
eu volte. Por isso afirma: Tenho desejado ardentemente comer esta comida
pascal; ou seja, desejei entregar-vos esta nova realidade, dar-vos uma páscoa
com a qual vos convertereis em homens espirituais.
E ele mesmo bebeu também dele.
Para evitar que ao ouvir estas palavras replicassem: “Como? Vamos beber sangue e comer carne?” E se escandalizassem – pois,
falando em outra ocasião deste tema, muitos se escandalizaram de suas palavras;
pois bem, para que não tivessem motivo de escândalo, ele é o primeiro em dar o
exemplo, induzindo-os a participar nestes mistérios com o espírito tranquilo.
Por esta razão, ele mesmo bebeu o seu sangue.
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