domingo, 26 de fevereiro de 2017

Domingo do Perdão

36º Domingo Depois de Pentecostes
Semana da Abstinência de Queijo 
26 de Fevereiro de 2017 (CC) - 13 de Fevereiro (CE)
São Martiniano de Cesaréia, monge; Santas Zoê e Fotini († fim do séc. IV)
Modo 3






Ainda muito jovem, São Martiniano estabeleceu-se no deserto, próximo a Cesaréia, na Palestina. Seu jovem corpo era atormentado pelas paixões carnais e sua alma turbava-se ante as tentações diabólicas que eram vencidas através dos freqüentes jejuns, orações e trabalhos. Assim viveu durante 25 anos. Graças a sua continência, uma prostituta chamada Zoê, que veio especialmente para tentá-lo, se converteu à santidade.  
Certa vez ele pisou com os pés descalços sobre brasas ardentes e, com muito esforço e suportando a dor, gritou: «e como será então o fogo do inferno?» Surpreendida pela força espiritual e pelos sofrimentos do eremita, Zoê se arrependeu e pediu que orasse por ela. Martiniano orientou então que ela fosse ao Monastério de Santa Paula, em Belém. Lá, Zoê viveu durante 12 anos até seu falecimento, esforçando-se espiritualmente para expiar seus pecados. Até o último dia de sua vida, Zoê não bebia vinho e se alimentava de pão e água, dormindo no chão.  
São Martiniano passou durante muitos anos em uma ilha desabitada; não tinha sequer um teto. Recebia alimentação do dono de um barco para o qual confeccionava cestos. Nesta mesma ilha onde São Martiniano vivia, uma jovem, de nome Fotini, havia se refugiado após o naufrágio de seu barco, levada pelas ondas. Após recebê-la na ilha e evitar as tentações, São Martiniano foi para o mar e, por graça de Deus, alcançou o Sul da Grécia por onde peregrinou durante dois meses até chegar a Atenas onde faleceu em paz no ano 122. Santa Fotini ficou na ilha onde viveu durante mais seis anos até seu falecimento. 
Fonte: Ecclesia



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (III)

Marcos 16:9-20

E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.

LITURGIA

Tropárion
Rejubilem-se os céus e alegre-se a terra, / pois o Senhor manifestou a força de Seu braço; / com Sua morte venceu a morte, / tornou-Se o Primogênito dos mortos; / libertou-nos das entranhas dos infernos // revelando ao mundo a grande misericórdia! 

Kondakion do Domingo do Queijo Modo 6
Ó Senhor, que És o guia para a sabedoria, o Doador da prudência, o instrutor do insensato e o protetor dos pobres: fortalece e iluminar-meu coração. Dá-me o dom de saber me expressar, ó Tu que És a Palavra do Pai; porque eis que não impedirás os meus lábios de clamar a Ti, ó Misericordioso Senhor: tem piedade de mim que tenho caído.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion
Hoje Te levantaste da tumba, ó Compassivo, / e nos conduziste para fora das portas da morte, / Hoje Adão dança e Eva se regozija e com eles os Profetas / e os Patriarcas louvam sem cessar // o divino poder de Tua autoridade. 

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano / a ti cantamos, Virgem Mãe de Deus! / Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo recebido de ti, / padecendo os sofrimentos da cruz / livrou-nos da iniquidade, // Ele, o Amigo dos seres humanos.

Prokímenon

Cantai salmos ao nosso Deus, cantai!
Cantai salmos ao nosso Rei, cantai! 

Nações, aplaudi todas com as mãos,
aclamai a Deus com vozes alegres! 

Romanos 13:11-14:4
11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. 12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 13 Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. 14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. 1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. 2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. 3 Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. 4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei; 
Não seja eu confundido para sempre,
Por Tua justiça, livra-me!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor 
E uma casa de refúgio que me abrigue. 


Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 6:14-21

14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. 16 Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 

† † † 




Meditação Para O Domingo Do Perdão

Este é o quarto e último domingo da temporada preparativa para a Grande Quaresma, e amanhã iniciamos o período bendito da Grande Quaresma.

No "Domingo do Fariseu e do Publicano", Cristo abre as portas do arrependimento e inicia o caminho que conduz à Grande Quaresma.

No "Domingo do Filho Pródigo" se direciona o olhar para o Pai, a meta da Grande Quaresma.

No "Domingo do Juízo Final" e da "Abstinência de Carne", se medita sobre a importância do próximo, porque com ele se cumprirão as "obras do amor".

E hoje, no "Domingo do Perdão", se dá ao próximo o beijo de amor para iniciar o jejum com alegria, reconciliando-nos com Deus e com o próximo, e, por conseguinte, conosco mesmo.

Nos Ofícios e orações deste domingo, como assim também na passagem do Evangelho (Mt 6:14-21), duas temáticas se sobressaem. 

A primeira trata da comemoração da expulsão de Adão do Paraíso, o qual o deixa em lágrimas. Os hinos e as leituras bíblicas comparam a situação paradisíaca com a situação posterior à queda, a qual realmente merece o pranto e o arrependimento, algo que os hinos reiteram exaustivamente.

A segunda temática trata do perdão, isto é, pedir perdão a Deus e perdoar ao próximo. Sobre isto nos fala a passagem do Evangelho: o perdão que Deus nos concede e o perdão que devemos conceder aos demais. Justamente antes de tratar do tema do jejum. Por meio desta celebração, a Igreja conclui este período de preparação com o perdão, e inicia a Grande Quaresma.

Assim, ambas as temáticas - a do pranto de Adão pela expulsão do Paraíso e a de pedir o perdão de Deus e perdoar ao próximo - se reúnem em um único tema, que é o jejum.

Acaso não é pelo fato de não haver obedecido a Deus, e de haver transgredido o mandamento de jejuar (ou seja, não comer da árvore proibida) a causa da expulsão de Adão do Paraíso? Agora, o jejum é a ferramenta que possibilitará a reconciliação entre os seres humanos Deus, pois, o jejum nos brinda com o perdão Divino pelo arrependimento das nossas transgressões.

Este domingo nos recorda dois acontecimentos. O primeiro é a expulsão de Adão do Paraíso; o momento da separação entre Deus e o homem, momento este retrato nas Bíblia com imagens fortes, pois Deus põe querubins para vigiar as portas do Paraíso com uma espada de fogo em suas mãos. É uma imagem que dá a entender que a porta está fechada frente a qualquer intento de reconciliação com Deus, depois que Adão e Eva se descuidaram do "jejum". O segundo é o anuncio antecipado do perdão de Deus, outorgado com a esperança de que os homens se perdoarão para que o perdão Divino se cumpra completa e definitivamente, como claramente fala a Escritura. Este será o momento da "reconciliação" com Deus.

Nos reconciliaremos com Deus por meio do jejum, o qual deve ser iniciado perdoando o próximo e nos reconciliando com ele. Pode ser que seja mais fácil ajudar a um pobre ou nos compadecer de um estranho; mas, o mais difícil é perdoar ao nosso próximo (o perdão entre Fiéis e próximos), pois, a reconciliação somente ocorre quando o amor chega realmente a superar nosso amor por nós mesmos e a todo orgulho pessoal. Será a prova que temos posto ao próximo não somente acima de algumas de nossas razões, como também acima da nossa própria dignidade; porque ao nos reconciliar com nosso próximo, alcançamos agradar o coração Divino e sentir paz.

Por isto a Igreja estabeleceu em seu culto (e o culto é a forma visível da vivência da Fé), que todos os cristãos se reúnam no Ofício das "Vésperas do Domingo do Perdão", e ao final do Ofício troquem o beijo da paz entrei e se abracem mutuamente como sinal de reconciliação e amor verdadeiro. A Tradição da Igreja Ortodoxa prevê que o Bispo junto com todos os Sacerdotes e Fiéis se congreguem na tarde daquele dia, para celebrar o Ofício de Vésperas, que se peçam mutuamente perdão a fim de iniciar a Grande Quaresma com alegria e determinação. Este gesto também pode igualmente se dar ao final da Divina Liturgia deste domingo.

Depois de abordar a necessidade de perdoar ao próximo para obter o perdão Divino, o texto bíblico aborda o tema do jejum, o qual deve ser acompanhado de sinais de alegria e não com "rostos tristes" para que as pessoas percebam que estamos jejuando.

Sim, a Quaresma não é um período em que nos torturamos, nem que nos castigamos, tão pouco se trata de "pagar" nossas dívidas para com Deus. A Quaresma é o período no qual predomina o amor fraterno, e o sentido de amor a Deus e à Luz que Ele nos concedeu. O jejum é o período no qual nos enchemos da Graça Divina derramada em nossos corações e nos alegramos com a presença da Graça em nós, a tal ponto que "nos esquecemos de comer nosso pão" - Salmo 101(102):4. A Quaresma é o período no qual não vivemos competindo por um pedaço de pão; é o período em que "o pão nosso de cada dia" se converte no pão dos anjos - quer dizer, louvor - e também em dar de comer ao próximo - quer dizer, amor.

Assim nos exorta o Ofício de Vésperas celebrado neste domingo à tarde:

"Iniciemos o período do jejum com alegria, 
Livremente desejando percorrer pela via do combate espiritual;
Purifiquemos nossa alma, purifiquemos nosso corpo,
Jejuando das paixões tal como jejuaremos dos alimentos.
Gozemos, pois, das virtudes do Espírito."

Eis aqui um tempo oportuno, eis aqui o período do arrependimento, o qual poderemos iniciar com uma frase: "Perdoa-me, meu irmão" - e, assim, iniciar juntamente com nosso próximo, a Grande Quaresma com o beijo da paz. Amém

Metropolita Chrysóstomos,

Igreja Ortodoxa Grega (GOC),
Metrópole Autônoma do Equador e América Latina

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