sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

33ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

03 de Fevereiro de 2017 (CC) 21 de Janeiro (CE)
S. Máximo, o Confessor († 662)
Modo 7


São Máximo nasceu em Constantinopla em uma nobre família da qual recebeu uma boa educação. Foi um dos conselheiros do imperador Heráclio (610-641). Naquela época, a heresia dos monofisitas, na qual acreditava também o imperador, alastrava-se fortemente. (do grego μονο = único, é uma doutrina cristológica do século V que admitia em Jesus Cristo uma só natureza, a divina. Foi elaborada por Eutiques em reação ao Nestorianismo e foi considerada também uma heresia. Esta doutrina era originária do Egito e estendeu-se progressivamente à Palestina e à Síria. Os monofisitas não aceitam, portanto, a doutrina das “duas naturezas”, decretada pelo Concílio de Calcedônia (451); negam a  natureza humana de Jesus Cristo e, por consequência, reduzem os seus sofrimentos salvíficos na Cruz).

Máximo deixou então o palácio imperial e ingressou no monastério Cristopolsky do qual, tempos depois, tornou-se seu abade. Sendo teólogo e grande pensador de seu tempo, ardoroso defensor da Ortodoxia, combateu com coragem os erros da doutrina monofisita. Foi frequentemente perseguido pelos inimigos da Igreja. Os argumentos de São Máximo em prol da Ortodoxia foram tão conclusivos que depois de um debate público com o Patriarca monofisita de Constantinopla Pirro, este acabou por renunciar em 645 a heresia. Várias vezes foi deportado e chamado à Constantinopla. As exortações e as promessas dos hereges transformavam-se, frequentemente, em ameaças, constrangimentos e golpes contra São Máximo. No entanto, o santo permanecia firme em suas convicções religiosas. Cortaram-lhe o braço direito e a língua para que não pudesse mais nem escrever nem proclamar e defender a verdade. Enviaram-lhe recluso ao Caucaso em Lasov, região da Mingrelia, onde faleceu em 13 de agosto de 662, data que já havia previsto.

São Máximo escreveu muitas obras teológicas em defesa da Ortodoxia. Suas obras são valiosas por suas pregações sobre a vida espiritual e contemplativa, algumas das quais fazem parte da coleção dos sermões dos Santos Padres que falam da vida dos ascetas. Nestas pregações se revelam a profundidade espiritual e a agudeza de pensamento de São Máximo. Também escreveu uma obra explicando a Liturgia com grande significado teológico. 
Leituras comemorativas 
Mateus 11:27-30 Matinas
Gálatas 5:22-6:2
Lucas 6:17-23



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Pedro 1:1-10

1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: 2 Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor. 3 Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo autêntico conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; 4 pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. 5 E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude; e à virtude o conhecimento; 6 e ao conhecimento, o domínio próprio; e ao domínio próprio a perseverança; e à perseverança a piedade; 7 e à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. 8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Pois, aquele em quem não há estas coisas é cego, míope, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. 10 Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, jamais tropeçareis.

Marcos 13:1-8

1 Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios! 2 Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. 3 Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular: 4 Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir? 5 Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane; 6 muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão. 7 Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim. 8 Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.

† † †

A DEIFICAÇÃO

“Deificação” é uma antiga palavra teológica, usada para descrever o processo pelo qual um cristão vai se tornando cada vez mais semelhante a Deus. São Pedro fala desse processo quando escreve:

"Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade... para que por elas vos torneis participantes da natureza divina..." (2 Pd. 1: 3, 4).

O que significa participar da natureza divina, e como experimentamos isso? Antes de darmos uma resposta, vamos primeiro abordar o que deificação não é, e depois descrever o que é.

O Que A Deificação Não É. 

Quando somos chamados a buscar a piedade, a nos assemelhar mais a Deus, isso não significa que os seres humanos se tornem iguais a Deus. Não nos tornamos como Deus em Sua Essência. Isto não seria apenas heresia, como, também, impossível; pois, desde nossas origens somos humanos e sempre o seremos. Não podemos assumir a natureza (essência) de Deus.

São João de Damasco faz uma observação notável. A palavra "Deus" nas Escrituras não se refere à natureza divina enquanto essência, pois Sua Essência é incognoscível. "Deus" refere-se às Energias divinas - o poder e a graça de Deus que podemos perceber neste mundo. O termo grego para “Deus” (theos), vem de um verbo que significa "correr", "ver" ou "queimar". Estas palavras sugerem, por assim dizer, uma energia (ação, força dinâmica), e não “essência”.

Em João 10:34, Jesus, citando o Salmo 81:6: "Vós sois deuses". Ele estava falando com um grupo de líderes religiosos hipócritas que O acusavam de blasfêmia, dando um claro sentido duplo à tal afirmação. Ora, Jesus não está usando "deus" para se referir à “Essência” de Deus. Somos deuses na medida em que nós carregamos a Sua imagem, não a Sua Essência.

O Que É Deificação?

Deificação significa que devemos nos tornar mais semelhantes a Deus através da Sua graça ou energias divinas. Na criação, os seres humanos foram feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), de acordo com a natureza humana. Em outras palavras, a humanidade por é, por natureza, um ícone ou deidade. A imagem divina está em toda a humanidade. Por meio do pecado, porém, esta imagem de Deus foi borrada, e nós caímos.

Quando o Filho de Deus assumiu nossa humanidade no seio da bem-aventurada Virgem Maria, o processo de nosso ser, renovado à imagem e semelhança de Deus, foi reiniciado. Assim, aqueles que estão unidos a Cristo no Santo Batismo, através da fé, iniciam um processo de recriação, sendo renovados à imagem e semelhança de Deus. Nós nos tornamos, como escreve São Pedro, "participantes da natureza[1] divina" (1:4).

Por causa da Encarnação do Filho de Deus, e porque a plenitude de Deus habitou a carne humana, sendo unida a Cristo, significa que é novamente possível experimentar a deificação, a realização do nosso destino humano. Ou seja, através da união com Cristo, nos tornamos pela graça, o que Deus É por natureza (energia) - "nos tornamos filhos de Deus" (João 1:12). Sua divindade interpenetra nossa humanidade.

Historicamente, a deificação tem sido muitas vezes ilustrada pelo exemplo de uma espada no fogo. Uma espada em aço, que é submetida a um fogo quente até que a espada assuma um brilho vermelho. A energia do fogo interpenetra a espada. A espada nunca se torna fogo, mas pega as propriedades do fogo. Da mesma forma, as energias divinas interpenetram a natureza humana de Cristo. Quando estamos unidos a Cristo, nossa humanidade está interpenetrada com as energias de Deus através da Carne glorificada. Alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo, participamos da graça de Deus: Sua força, Sua justiça, Seu amor, e nos tornamos capacitados a servi-Lo.

Artigo extraído da “Orthodox Study Bible,
Adaptado pelo Pe. Mateus (Antonio Eça)




[1] Natureza (energia)





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