domingo, 9 de abril de 2017

Domingo de Ramos

09 de Abril de 2017 (CC) / 27 de Março (CE)
Santa Matrona de Tessalônica; Santa Lidia; Manuel e Teodósio; 
João, o Perspicaz do Egito; Efrém, Arcebispo de Rostov; A
lexander de Vocha e Galich; Paulo, Bispo de Corinto.
Modo 1


Do ponto de vista litúrgico, o sábado de Lázaro se apresenta como a preparação do Domingo de Ramos; dia em que se celebra a entrada do Senhor em Jerusalém. Essas duas festas têm um tema em comum: o triunfo e a vitória. O sábado revelou o Inimigo que é a morte; o domingo anuncia a vitória, o triunfo do Reino de Deus e a aceitação pelo mundo de seu único Rei, Jesus Cristo. A entrada solene na cidade santa foi, na vida de Jesus, seu único triunfo visível; até aí, ele tinha recusado qualquer tentativa de ser glorificado e é apenas seis dias antes da Páscoa que ele não só aceitou de bom grado, como provocou mesmo o acontecimento. Cumprindo ao pé da letra o que dissera o profeta Zacarias )— "Eis o teu Rei que vem montado numa jumenta" (Zac. 9:9), ele mostra claramente que queria ser reconhecido e aclamado como o Messias, Rei e Salvador de Israel. O texto do Evangelho sublinha, com efeito, os traços messiânicos: os ramos, o canto de Hosana, a aclamação de Jesus como Filho de Davi e Rei de Israel. A história de Israel chega ao seu fim: tal é o sentido deste acontecimento. O sentido desta história era o de anunciar e preparar o Reino de Deus, a vinda do Messias. Hoje é o dia em que isto se cumpre, pois eis que o Rei entra em sua cidade santa e nele todas as profecias e toda a espera de Israel encontram seu término: ele inaugura seu Reino. 

A liturgia deste dia comemora este acontecimento; com os ramos nas mãos, nós nos identificamos com o povo de Jerusalém, com o qual saudamos o humilde Rei, recitando-lhe nossa Hosana. Mas, qual é o sentido disto para nós, hoje? 

Primeiramente, nós proclamamos que o Cristo é nosso Rei e nosso Senhor. Muito frequentemente nós nos esquecemos que o Reino de Deus já foi inaugurado, que no dia do nosso Batismo nós fomos feitos cidadãos dele, e que nós prometemos colocar nossa fidelidade a esse Reino acima de qualquer outra. Não esqueçamos que, durante algumas horas, o Cristo foi verdadeiramente Rei sobre a terra, Rei neste mundo que é o nosso. Por algumas horas apenas e numa única cidade. Mas, da mesma maneira que em Lázaro nós reconhecemos a imagem de todo homem, podemos ver nesta cidade o centro místico do mundo e de toda a criação. Tal é o sentido bíblico de Jerusalém, a cidade, o ponto focal de toda a história da salvação e da redenção, a santa cidade do Advento de Deus. O Reino inaugurado em Jerusalém é, pois, um Reino universal, abraçando todos os homens, e a criação inteira. .. por algumas horas, e entretanto, essas horas são decisivas; é a hora de Jesus, a hora do cumprimento por Deus de todas as suas promessas e de todas as suas vontades. Essas horas são o término de toda a longa preparação revelada pela Bíblia e o cumprimento de tudo aquilo que Deus quis fazer pelos homens. E assim, este breve momento de triunfo terrestre do Cristo adquire uma significação eterna. Ele introduz a realidade do Reino de Deus no nosso tempo, em cada uma de nossas horas, fazendo deste Reino aquilo que dá ao tempo o seu sentido, sua finalidade última. A partir dessa hora, o Reino é revelado ao mundo e sua presença julga e transforma a história humana. E quando do momento mais solene da celebração litúrgica, nós recebemos um ramo das mãos do padre, nós renovamos nossa promessa a nosso Rei, e nós confessamos que o seu Reino é o único objetivo de nossa vida, a única coisa que dá um sentido a ela. Nós confessamos também que tudo, na nossa vida e no mundo, pertence ao Cristo, que nada pode ser subtraído ao único e exclusivo Mestre e que nenhum domínio de nossa existência escapa de seu império e de sua ação redentora. Enfim, nós proclamamos a universal e total responsabilidade da Igreja com relação à história da humanidade e nós afirmamos sua missão universal.  

No entanto, nós sabemos, o Rei que os judeus aclamam hoje, e nós com eles, se encaminha para o Gólgota, para a cruz e para o túmulo. Nós sabemos que este breve triunfo é apenas o prólogo de seu sacrifício. Os ramos em nossas mãos significam, desde então, nosso ardor em segui-lo no caminho do sacrifício, nossa aceitação do sacrifício e nossa renúncia a nós mesmos, em que reconhecemos a única estrada real que conduz ao Reino. 

E, finalmente, os ramos, essa celebração, proclamam nossa fé na vitória final do Cristo. Seu Reino ainda está oculto e o mundo o ignora. O mundo vive como se o acontecimento decisivo jamais tivesse ocorrido, como se Deus não tivesse morrido na cruz e como se, nele, o homem não tivesse ressuscitado dentre os mortos. Mas nós, cristãos, cremos, na chegada desse Reino onde Deus será tudo em todos, e onde o Cristo aparecerá como o único Rei.

As celebrações litúrgicas nos relembram acontecimentos passados; mas todo o sentido e toda a virtude da liturgia consistem precisamente em transformar a lembrança em realidade. Neste Domingo de Ramos, a realidade em questão é a nossa própria implicação neste Reino de Deus, é nossa responsabilidade a seu respeito. O Cristo não entra mais em Jerusalém; ele o fez de uma vez por todas. Ele não cuidou do "símbolo" e, certamente, não foi para que nós possamos perpetuamente "simbolizar" sua vida, que ele morreu na cruz. O que ele espera de nós, é um real acolhimento do Reino que ele nos trouxe. . . e se nós não estivermos prontos a sermos totalmente fiéis ao juramento que renovamos a cada ano, o Domingo de Ramos, se de fato não estivermos decididos a fazer do Reino a base de toda nossa vida, então nossa celebração é vã, vãos e sem significado são os ramos que levamos da igreja para nossas casas. 


Alexandre Schmémann, Olivier Clément. 
«O Mistério Pascal - Comentários Litúrgicos» 



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 
MATINAS

Mateus 21:1-11, 15-17

1 Quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: 2 Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos. 3 E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará. 4 Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: 5 Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga. 6 Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara, 7 trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou. 8 E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho. 9 E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! 10 Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este? 11 E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia. 15 Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, 16 e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor? 17 E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.  

LITURGIA 

Primeira Antífona

Diácono
1. Amo ao Senhor, pois Ele ouviu a voz da minha súplica.

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus, salva-nos Senhor!

Diácono
2. Cercaram-me os laços da morte,
Os laços do inferno se abateram de mim.

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus, salva-nos Senhor!

Diácono
3. Cai na aflição e na ansiedade,
Foi então que invoquei o Nome do Senhor.

Coro
Pelas orações da Mãe de Deus, salva-nos Senhor!

Diácono
Glória ao Pai† e ao Filho e ao Espírito Santo.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Segunda Antífona

Diácono
1. Conservei a confiança, ainda que eu pudesse dizer:
“Em verdade sou extremamente infeliz.”

Coro
Salva-nos, ó Filho de Deus, /que estás sentado sobre um jumentinho,  /nós que a Ti cantamos: aleluia!

Diácono
2. Que darei eu ao Senhor
Por todos os benefícios que me tem feito?

Coro
Salva-nos, ó Filho de Deus...

Diácono
3. Cumprirei os meus votos para com o Senhor
Na presença de todo o Seu povo.

Coro
Salva-nos, ó Filho de Deus...

Diácono
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém


Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus...!

Terceira Antífona

Coro 1
1. Dai graças ao Senhor porque Ele é bom
E a Sua misericórdia é eterna.

Coro 2
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da tua Paixão,/ uma garantia da ressurreição geral,/ ressuscitaste Lázaro dos mortos;/ por isso, nós também, como os filhos dos hebreus,/ levamos os símbolos da vitória, clamando:/ Ó vencedor da morte, hosana nas alturas!/ Bendito o que vem em nome do Senhor!

Coro 1
2. Diga a casa de Israel:
A Sua misericórdia é eterna.

Coro 2
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da tua Paixão...

Coro 1
3. Digam os que temem ao Senhor:
A Sua misericórdia é eterna.

Coro 2
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da tua Paixão...

Glória ao Pai...

Tropárion da Ressurreição
Embora a pedra fosse selada pelos judeus / e o Teu puríssimo Corpo fosse guardado pelos soldados, / ressurgiste ao terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo! / Por isso, as Potências celestes exclamaram-Te, ó Autor da vida:/ "Glória a Tua Ressurreição, ó Cristo, / glória a Tua Realeza, // glória a Tua Providência, ó Tu que amas a humanidade!

Kondákion da Ressurreição 
Tu, sendo Deus, Te levantaste do túmulo, e devolveste a vida ao mundo; / a natureza humana, por isso Te louva: / a morte foi vencida, Adão se regozija, ó Mestre, / e Eva, liberta agora das cadeias da morte, / com alegria exclama: // Tu, Cristo, És O que a todos dá a Ressurreição! 

Hino à Virgem
Quando Gabriel te saudou, ó Virgem, dizendo: «alegra-te!» / e com sua voz, o Salvador encarnou-se em ti, Tabernáculo Santo; / e, como falava o Justo Davi: / «veio do céu trazendo o Criador de tudo». / Glória Àquele que habita em ti, // glória Àquele nascido de ti e que nos libertou!

Cântico De Entrada
O Senhor É Deus e a nós se revelou, / Bendito O que vem em Nome do Senhor! (3x)

Salva-nos, ó Filho de Deus, / que estás sentado sobre um jumentinho, / a nós que a Ti cantamos: aleluia!

Tropárion da Festa
Ó Cristo Deus, dando-nos, antes da tua Paixão, / uma garantia da ressurreição geral, / ressuscitaste Lázaro dos mortos;/ por isso, nós também, como os filhos dos hebreus, / levamos os símbolos da vitória, clamando:/ Ó vencedor da morte, hosana nas alturas! / Bendito o que vem em nome do Senhor!

Tropárion de São Mateus
Santo Apóstolo Mateus interceda/ Junto ao Bondoso Deus/ Que Ele nos conceda o perdão/ E às nossas almas salvação.

Hipacoï
Os Judeus, louvaram primeiro a Cristo Deus com ramos/ e, em seguida, prenderam-no com varapaus./ Quanto a nós, honremo-lo sempre como Benfeitor/ e com fé inabalável, clamemos:/ bendito És Tu que vieste para fazer Adão reviver!

Kondákion da Festa Modo 6
Ó Cristo Deus, que nos céus estás sentado num trono, / e na terra montado num jumentinho, / recebeste com agrado o canto dos Anjos / e o louvor das crianças que te aclamavam: / Bendito És, Tu que vieste para fazer Adão reviver! / 

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion de São Mateus – Modo 4
Deixando os laços com a Alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / Tu te revelaste um excelente comerciante, rico da Sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade / e pela narrativa da hora do Juízo / despertaste as almas indolentes.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Prokimenon

Venha sobre nós, Senhor a Tua misericórdia
Conforme nossa esperança em Ti. 

Por isso eu a Ti clamo como o Filho Pródigo: 
Pequei contra Ti, ó Pai Misericordioso! 
Recebe-me arrependido e faze-me um de Teus servos. 

Filipenses 4:4-9

4 Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai- vos. 5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. 6 Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; 7 e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. 8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. 9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco.  

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus assegura a minha vitória
E me submete os meus adversários.

Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva maravilhosamente Teu servo 
E usa de misericórdia com Teu Ungido.

Aleluia, aleluia, aleluia!

João 12:1-18

1 Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. 2 Deram-lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3 Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo. 4 Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse: 5 Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? 6 Ora, ele disse isto, não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela se lançava. 7 Respondeu, pois Jesus: Deixa-a; para o dia da minha preparação para a sepultura o guardou; 8 porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes. 9 E grande número dos judeus chegou a saber que ele estava ali: e afluíram, não só por causa de Jesus mas também para verem a Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. 10 Mas os principais sacerdotes deliberaram matar também a Lázaro; 11 porque muitos, por causa dele, deixavam os judeus e criam em Jesus. 12 No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém, 13 tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o rei de Israel! 14 E achou Jesus um jumentinho e montou nele, conforme está escrito: 15 Não temas, ó filha de Sião; eis que vem teu Rei, montado sobre o filho de uma jumenta. 16 Os seus discípulos, porém, a princípio não entenderam isto; mas quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele, e de que assim lhe fizeram. 17 Dava-lhe, pois, testemunho a multidão que estava com ele quando chamara a Lázaro da sepultura e o ressuscitara dentre os mortos; 18 e foi por isso que a multidão lhe saiu ao encontro, por ter ouvido que ele fizera este sinal.


† † †

Hino À Virgem
O Senhor é Deus e a nós se revelou!/ Celebrai a festa e alegrai-vos,/ e vinde, glorifiquemos a Cristo,/ levando palmas e ramos de oliveira/ e cantando-lhe hinos, dizendo:/ bendito o que vem em nome do Senhor, nosso Salvador!

Canto da Comunhão (Koinonikon)
O Senhor é Deus e a nós se revelou. / Bendito O que vem em Nome do Senhor. / Aleluia, aleluia, aleluia!


* No lugar de "Vimos a Luz Verdadeira...", entoa-se o Tropário da Festa dos Ramos.


† † †

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