Na época do Imperador Leão I (457-474), dois irmãos empreenderam uma peregrinação à Terra Santa, hospedando-se na casa de uma viúva de idade já avançada. Nesta casa havia um pequeno altar improvisado e os dois irmãos tomaram conhecimento de que ali muitos milagres aconteciam. Insistiram, então, com a mulher para que lhes contasse como isso acontecia. A mulher, por fim, revelou que guardava num cofre um presente da Santa Mãe de Deus (Theotókos).
Nossa Senhora, disse ela, no transcurso de sua existência, era assistida por duas mulheres virgens que a ajudavam. Antes da sua Dormição, a Mãe de Deus ofereceu a cada uma delas um presente como bênção. Ela, a viúva, como fazia parte da família de uma destas duas virgens, tinha recebido este presente como herança, depois do mesmo ter atravessado gerações. Este presente (veste) da Theotókos foi, mais tarde, trasladado dentro de um cofre de ouro pelo então Patriarca Juvenal de Jerusalém à Igreja de Vlajerna (Blaquerne), localizada no subúrbio da área nordeste de Constantinopla, construída pela Rainha Pulquéria, filha do Imperador Arcádio e esposa do Imperador Markiano (451-457). A Igreja de Vlajerna sofreu um incêndio no ano 1070, tendo sido reconstruída anos mais tarde. Por descuido, um segundo incêndio atingiu a Igreja em 19 de janeiro de 1434. Após estes incidentes, foi conservada como um lugar de oração.
A Colocação do Venerável Veste da Santíssima Mãe de Deus em Blakhernae:Comemorado em 2 de julhoDurante os anos do reinado do Imperador bizantino Leão, o Grande, o macedônio (457-474), os irmãos Galbius e Candidus, associados do Imperador, partiram de Constantinopla para a Palestina para adorar nos lugares sagrados. Em um pequeno povoado perto de Nazaré, eles pararam para pernoitar na hospedaria de uma certa judia muito idosa. Em sua casa, a queima de velas e o incenso fumegante chamaram a atenção dos peregrinos. Para suas perguntas, sobre que tipo de coisa sagrada havia em sua casa, a mulher piedosa por um longo tempo não quis dar uma resposta, mas, depois de pedidos persistentes, ela respondeu, que com ela estava um item sagrado muito precioso - o Robe da Mãe de Deus, do qual ocorreram muitos milagres e curas. A Virgem Santíssima, antes do tempo de Sua Dormição ("Repouso"), legou uma de suas vestes a uma piedosa donzela judia da linhagem familiar desta casa, depois de instruí-la a entregá-la após a morte a outra virgem. Assim, de geração em geração, o manto da Mãe de Deus foi preservado nesta família.
O baú de jóias, contendo o manto sagrado, foi transferido para Constantinopla. São Genádios, Patriarca de Constantinopla (+471), e o Imperador Leão, tendo aprendido da descoberta sagrada, convenceram-se da incorruptibilidade do santo manto e, com tremor, confirmaram sua autenticidade. Em Blakerne, perto do litoral, foi erguida uma nova igreja em honra da Mãe de Deus. Em 2 de junho de 458, São Genádios, em grande solenidade, transferiu o manto sagrado para a igreja de Blakerne, colocando-o dentro de um novo relicário.
Posteriormente, no relicário, juntamente com o manto da Mãe de Deus, foi colocado também Seu omofórion (um sobre-manto) e parte de sua faixa de cinto. Esta circunstância também estabeleceu seu selo sobre a iconografia Ortodoxa da festa, em conjugar os dois eventos: a Colocação da Túnica e a Colocação da Faixa-Cinturão da Mãe de Deus em Blakerne. O peregrino russo Stefan Novgorodets, visitando Tsar'grad por volta do ano de 1350, testemunha:
"Chegamos a Blakerne, onde jaz o manto sobre um altar-trono em um relicário impresso".
Mais de uma vez, durante a invasão de inimigos, a Santíssima Mãe de Deus salvou a cidade, à qual Ela entregou seu santo manto. Assim aconteceu durante o tempo do cerco de Constantinopla pelos ávaros em 626, pelos persas - em 677 e pelos árabes - no ano 717 e em 860 pelos russos, que anos mais tarde, vieram a se converter, sendo batizada a nação inteira em grande evento, o qual entrou para a história com o nome de "O Batismo de Kiev", ou "Batismo da Rússia".
Leituras Comemorativas
Hebreus 9:1-7
Lucas 10:38-42; 11:27-28
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (VII)
No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro. Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram. Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados, e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu. Porque ainda não entendiam a escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição
Acima do Teu túmulo estavam os Poderes Angélicos, / os guardas como mortos. / E Madalena em pé diante do sepulcro / procurava o Teu Puríssimo Corpo. / Tu despojaste o Inferno sem Seres por ele atingido; / foste ao encontro da Virgem, dando-nos a vida. / Ó Senhor ressuscitado dentre os mortos, glória a Ti!
Tropárion Modo 8
Ó Sempre Virgem Theotókos, Protetora da humanidade, / tu deste à tua cidade um poderoso legado: / O manto e a cinta do teu honorabilíssimo Corpo, / os quais permaneceram incorruptos através do teu parto sem semente; / Pois em ti a natureza e o tempo são renovados. / Assim, pedimos-te que concedas paz à tua cidade / e grande misericórdia para às nossas almas.
Kondákion da Ressurreição
Com Sua mão vivificante / resgatou todos os mortos do vale das trevas. / Cristo Deus, o Doador da vida / concedeu a ressurreição ao gênero humano. / Pois Ele É o Salvador de todos, / a ressureição e a vida e o Deus de todos.
Glória ao †Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...
Kondákion Modo 4
Ó Puríssima cheia da graça Divina, / tu deste a todos Fiéis vestes incorruptíveis: O teu manto sagrado. / Ó Protetora de toda humanidade, / Com amor celebramos o teu penhor / E a ti reverentemente exclamamos: / Rejubila-te, ó Virgem, orgulho dos Cristãos
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
E abençoa a Tua herança. (Sl 27:9)
A Ti Senhor clamarei,
Não Te emudeças comigo. (Sl 27:1)
Romanos 15:1-7
Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo
E vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção,
Sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 90:2)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Mateus 9:27-35
Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi. E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam-lhe eles: Sim, Senhor. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba. Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra. Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
Mateus é o único Evangelista que narra este milagre como sendo dois cegos curados e não um, conforme as narrativas de Marcos e Lucas.
Deixarei de lado as considerações que trabalham as razões desta divergência textual, pois isto exige muitos arrazoados, o que tornaria este comentário longo e enfadonho para muitos. Detenhamo-nos em considerar as dimensões místicas desta peculiaridade de Mateus.
Conforme o ensino dos Santos Pais da Igreja, a alma humana possui duas dimensões: a racional (lógica) e a intuitiva (mística). Pela primeira o homem entende e domina as coisas visíveis e sensíveis; pela segunda o homem adentra o mundo invisível e se eleva para Deus. São os dois olhos da alma, os quais ficaram cegos pelo pecado.
Por isto a ciência e a sabedoria deste mundo estão entenebrecidas, e tornam-se ridículos perante Deus os seres humanos que se gloriam de seus entendimentos, e com isto sentem-se mais elevados e nobres que os demais. São cegos que enxergam vultos e deduzem que a realidade é tal qual suas visões turvas. Quando alguém se converte ao Senhor o véu dos seus olhos lhes é paulatinamente retirado, passando a enxergar a glória de Deus manifestada em Sua criação visível e invisível (2 Cor. 3:16-18).
Para livrar os sábios segundo a carne do seu torpor, Deus confere primeiramente a restauração da visão aos que por esses são tidos como desprezíveis e inferiores. E é esta graça que se manifesta aos dois homens cegos que jaziam nas proximidades de Jericó. São cegos dos olhos, mas não da alma, pois embora não enxergassem a forma física de Jesus, enxergavam sua identidade, e à esta Identidade que se dirigem clamando a plenos pulmões: «Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!»
Aquilo que os olhos «sadios» dos Escribas e Doutores da Lei (sábios segundo este mundo), não puderam enxergar, dois «insignificantes» cegos o puderam. Então, Cristo em Seu amor e compaixão pelos homens, fez com que a luz presente nas almas daqueles homens se estendesse aos seus olhos debilitados, curando totalmente suas cegueiras.
A cura dos dois cegos simboliza o poder de Cristo para sanar as almas dos homens em todas as suas dimensões: a racional e a intuitiva, fazendo com que as duas, fragmentadas pelo pecado, voltem a se unirem, elevando o homem à glória que lhe foi preparada.
Tendo os olhos espirituais cegos, eu me aproximo de Ti, ó Cristo, e com arrependimento clamo: Tem piedade de mim, Tu que iluminas com luz resplandecente aos que estão nas trevas.
Modo 3
A minha alma engrandece ao Senhor,
E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador. (Lc 1:38)
Minha alma magnifica o Senhor
E meu espírito se alegra em Deus meu Salvador. (Lc 1:38)
Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo
E vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção,
Sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 90:2)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Mateus 9:27-35
Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi. E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam-lhe eles: Sim, Senhor. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba. Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra. Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
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COMENTÁRIO
Mateus é o único Evangelista que narra este milagre como sendo dois cegos curados e não um, conforme as narrativas de Marcos e Lucas.
Deixarei de lado as considerações que trabalham as razões desta divergência textual, pois isto exige muitos arrazoados, o que tornaria este comentário longo e enfadonho para muitos. Detenhamo-nos em considerar as dimensões místicas desta peculiaridade de Mateus.
Conforme o ensino dos Santos Pais da Igreja, a alma humana possui duas dimensões: a racional (lógica) e a intuitiva (mística). Pela primeira o homem entende e domina as coisas visíveis e sensíveis; pela segunda o homem adentra o mundo invisível e se eleva para Deus. São os dois olhos da alma, os quais ficaram cegos pelo pecado.
Por isto a ciência e a sabedoria deste mundo estão entenebrecidas, e tornam-se ridículos perante Deus os seres humanos que se gloriam de seus entendimentos, e com isto sentem-se mais elevados e nobres que os demais. São cegos que enxergam vultos e deduzem que a realidade é tal qual suas visões turvas. Quando alguém se converte ao Senhor o véu dos seus olhos lhes é paulatinamente retirado, passando a enxergar a glória de Deus manifestada em Sua criação visível e invisível (2 Cor. 3:16-18).
Para livrar os sábios segundo a carne do seu torpor, Deus confere primeiramente a restauração da visão aos que por esses são tidos como desprezíveis e inferiores. E é esta graça que se manifesta aos dois homens cegos que jaziam nas proximidades de Jericó. São cegos dos olhos, mas não da alma, pois embora não enxergassem a forma física de Jesus, enxergavam sua identidade, e à esta Identidade que se dirigem clamando a plenos pulmões: «Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!»
Aquilo que os olhos «sadios» dos Escribas e Doutores da Lei (sábios segundo este mundo), não puderam enxergar, dois «insignificantes» cegos o puderam. Então, Cristo em Seu amor e compaixão pelos homens, fez com que a luz presente nas almas daqueles homens se estendesse aos seus olhos debilitados, curando totalmente suas cegueiras.
A cura dos dois cegos simboliza o poder de Cristo para sanar as almas dos homens em todas as suas dimensões: a racional e a intuitiva, fazendo com que as duas, fragmentadas pelo pecado, voltem a se unirem, elevando o homem à glória que lhe foi preparada.
Padre Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
Tendo os olhos espirituais cegos, eu me aproximo de Ti, ó Cristo, e com arrependimento clamo: Tem piedade de mim, Tu que iluminas com luz resplandecente aos que estão nas trevas.
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