06 de Dezembro de 2020 (CC) / 23 de Novembro (CE)
Santos Anfilóquio, bispo de Icônio e Gregório Akragantinos († 395)
Pós-festa da Entrada da Santíssima Theotókos no Templo
Jejum da Natividade
Tom 1
Anfilóquio foi amigo íntimo de São Gregório de Nazianzeno, seu primo, e de São Basílio, ainda que fosse mais jovem que ambos. As cartas que estes dois santos enviaram a Anfilóquio constituem a principal fonte de informação. Anfilóquio nasceu na Capadócia. Em sua juventude, foi retórico em Constantinopla onde, ao que parece, passou por dificuldades econômicas. Sendo ainda jovem, retirou-se para um lugar solitário nas proximidades de Nazianzo, juntamente com seu pai que já contava idade bastante avançada. São Gregório dava ao seu amigo um pouco de grãos em troca de alguns legumes que Anfilóquio e seu pai colhiam em sua horta.
Numa de suas cartas, queixa-se de sempre sair perdendo no negócio. No ano 374, quando estava com 35 anos de idadeAnfilóquio foi eleito bispo de Icônio, aceitando este cargo muito a contragosto. O pai de Anfilóquio queixou-se a Gregório de que, assim, haviam lhe privado da companhia de seu filho. Em sua resposta, São Gregório afirmou que não havia participado desta nomeação e que ele também sofria, vendo-se privado da companhia do amigo. São Basílio, que muito provavelmente tenha sido o principal responsável por esta eleição, escreveu a Anfilóquio uma carta de felicitações. Nela, exorta ao amigo a nunca se deixar seduzir pelo mal, ainda que lhe pareça estar na moda ou que existam outros precedentes, já que foi chamado a guiar seu rebanho, e não a deixar-se guiar por ele. Imediatamente após sua consagração, Santo Anfílóquio foi visitar São Basílio em Cesaréia.
Lá pregou ao povo, e suas homilias foram apreciados, ainda mais que de todos os estrangeiros que haviam pregado naquela cidade. Santo Anfilóquio consultava com freqüência a São Basílio acerca de diversos aspectos da doutrina e disciplina, e graças ao pedido de São Basílio, escreveu o Tratado sobre o Espírito Santo. Foi ainda Santo Anfilóquio quem pregou o panegírico de São Basílio em seus funerais. Mais tarde, reuniu em Icônio um concílio contra os hereges macedonianos que negavam a divindade do Espírito Santo. No ano 381, participou do Concílio Ecumênico de Constantinopla contra os mesmos hereges. Nesta ocasião conheceu São Jerônimo a quem leu seu próprio Tratado sobre o Espírito Santo. Anfilóquio pediu ao imperador Teodósio I que proibisse as reuniões de arianos, mas o imperador se negou por julgar demasiado rigorosa esta medida. Mais tarde o santo se dirigiu ao palácio, quando Arcádio, seu filho, já havia sido proclamado imperador e o encontrou junto ao seu pai. Santo Anfilóquio saudou Teodósio, ignorando a presença de seu filho Arcádio. Quando Teodósio o fez notar, Anfilóquio acariciou as bochechas de Arcádio deixando Teodósio furioso com esse seu gesto. Então, Anfilóquio lhe disse: “Vejo como não suportas que teu filho seja tratado com leviandade. Como podes, pois, permitir que desonrem ao Filho de Deus?” Impressionado com essas palavras, o imperador proibiu logo depois aos arianos de realizarem suas reuniões, pública ou privadamente.
Santo Anfilóquio também combateu zelozamente a heresia nascente dos messalianos, maniqueus e “iluminados” que punham a essência da religião exclusivamente na oração. Em Sida da Panfilia, Santo Anfilóquio presidiu um sínodo contra estes tais hereges. São Gregório Nazianzeno chamava Santo Anfilóquio de “bispo irrepreensível”, anjo e arauto da verdade. O pai de nosso santo afirmava que ele curava os enfermos através de suas orações.a e fazendo dele um companheiro de trabalho na obra de evangelização.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (IV)
Lucas 24:1-12
1 E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. 2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro. 3 E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. 5 E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? 6 Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, 7 Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. 8 E lembraram-se das suas palavras. 9 E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. 10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. 11 E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. 12 Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.
LITURGIA
Tropárion Da Ressurreição
Apesar da pedra do túmulo ter sido selada pelos judeus, / e o Teu puríssimo Corpo guardado pelos soldados, / Tu ressuscitaste ao terceiro dia, ó Salvador nosso, / dando a vida ao mundo. / Por isso, ó Autor da Vida, / os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: / “Glória à Tua Ressurreição, ó Cristo! / Glória à Tua Realeza! // Glória à Tua Providência, ó Amigo do homem.
Tropárion de São Mateus - Tom 3
Com zelo, seguiste Cristo, o Mestre, / O Qual em Sua bondade apareceu na Terra para a humanidade. / Chamando-te da coletoria, / Ele te revelou que foste escolhido para ser apóstolo, / proclamador do Evangelho ao mundo inteiro! / Por isto, ó Mateus, portador de Divina eloquência, / honramos tua memória preciosa! // Suplica ao misericordioso a remissão das transgressões de nossas almas.
Kondákion Da Ressurreição
Como Deus, Tu ressuscitaste gloriosamente do túmulo, / ressuscitando o mundo Contigo; / a natureza humana Te canta como Deus,/ pois a morte foi dissipada./ Adão rejubila, Mestre;/ e Eva, doravante liberta das suas cadeias, proclama na alegria:// Ó Cristo, Tu És Aquele que concede a todos os homens a ressurreição!
Glória ao Pai e ao †Filho e ao Espírito Santo...
Kondákion - Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o julgo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico em sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade / e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Hino À Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos / E nossa medianeira ante o Criador / Não desprezes as súplicas de nenhum de nós, pecadores; / Mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / Pois, te invocamos com fé: / Roga por nós junto de Deus, // Tu que defendes sempre aqueles que te veneram.
Prokímenon
Efésios 5:8-19
8 Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz 9 (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); 10 Aprovando o que é agradável ao Senhor. 11 E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. 12 Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. 13 Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta. 14 Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. 15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, 16 Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. 17 Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. 18 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; 19 Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração.
Refrão: Seja a Tua misericórdia, Senhor, sobre nós,
como em Ti esperamos. (Sl. 32:22)
Versículo: Regozijai-vos no Senhor, vós, justos,
pois aos retos convém o louvor. (Sl. 32:1)
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus assegura a minha vitória
E me submete os meus adversários.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva maravilhosamente Teu servo
E usa de misericórdia com Teu Ungido.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lucas 12:16-21
16 Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância; 17 e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. 18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens; 19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. 20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? 21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
HOMILIA
“O Desprendimento das Riquezas”
Disse-lhe alguém da multidão: "Mestre, diz ao meu irmão que reparta comigo a herança". E ele respondeu: "Mas homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?" Toda esta passagem está ordenada a como aceitar a dor para confessar ao Senhor, seja por desprezo da morte, pela esperança do prêmio ou pela ameaça de um castigo eterno que jamais deixará de ser tal. E visto que, frequentemente, acontece que a avareza é causa de tentação para a virtude, acrescenta-se também o mandamento de suprimi-la e como se deverá fazê-lo, quando diz o Senhor: Quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?
Aquele que havia descido por razões divinas, com toda a justiça rejeita as terrenas, e não se digna fazer-se juiz de pleitos nem repartidor de heranças terrenas, visto que ele tinha que julgar e decidir sobre os méritos dos vivos e mortos. Deves, portanto, observar não o que pedes, mas a quem pedes, e não acredites que um espírito dedicado a coisas maiores pode ser importunado por insignificâncias.
Por isso, não é sem razão que é rejeitado esse irmão que pretendia que o Dispensador dos bens celestiais se ocupasse em coisas materiais, quando precisamente não deve ser um juiz o mediador no pleito da repartição de um patrimônio, mas o amor fraterno; ainda que, na realidade, o que um homem deve buscar não é o patrimônio de dinheiro, mas o da imortalidade. Porque de forma vã reúne riquezas aquele que não sabe se poderá desfrutar delas, como aquele que, pensando em derrubar os granjeiros repletos para recolher as novas messes, preparava outros maiores para as abundantes colheitas, sem saber para quem as reunia.
Já que todas as coisas que são do mundo permanecem nele, e nos abandona tudo aquilo que entesouramos para os nossos herdeiros; e, na realidade, deixam de ser nossas todas essas coisas que não podemos levar conosco. Somente a virtude acompanha aos falecidos, somente a misericórdia nos serve de companheira, essa misericórdia que atua em nossa vida como norte e guia até as mansões celestiais, e busca conseguir para os falecidos, em troca do desprezível dinheiro, os tabernáculos eternos.
Assim o testemunham os preceitos do Senhor, quando diz: Fazei-vos amigos das riquezas injustas, para que, quando estas faltem, vos recebam nos eternos tabernáculos. Este é um preceito inteligente, cheio de sabedoria e apto para animar também aos avaros a que optem por trocar as coisas corruptíveis pelas eternas, as terrenas pelas divinas. Porém, visto que muitas vezes a entrega se entorpece pela debilidade da fé e, quando se vai repartir a herança, vem à mente a preocupação de tudo o que é necessário para a vida, o Senhor acrescenta: Não vos preocupeis de vossa vida pelo que comereis nem de vosso corpo pelo que vestireis; porque, em verdade, a alma é mais importante que o alimento e o corpo mais que as vestes.
Porque aos que creem em Deus não há melhor meio para dar-lhes confiança como esse sopro vital que é o espírito, o qual faz durar a união completa da alma e do corpo, unidade que, por outro lado, não exige nenhum trabalho nosso e que perdura, sem que falte o alimento apropriado, até chegar o dia da morte. E se a alma está vestida da roupagem do corpo e este recebe vida em virtude da energia da alma, torna-se absurdo crer que nos faltará o alimento suficiente precisamente quando recebemos o mais, que é a realidade permanente da vida.
Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)
Tratado ao Evangelho de São Lucas in loc.
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