terça-feira, 8 de dezembro de 2020

27ª Terça-feira Depois de Pentecostes


08 de Dezembro de 2020 (CC) / 25 de Novembro (CE)
Conclusão (Apodosis) da Apresentação da Theotókos no Templo
Ss. Clemente, Papa de Roma († 100) 
e Pedro, Patriarca de Alexandria († 312), hieromártires;
Jejum da Natividade
Tom 1


 
É Santo Irineu quem nos conta que, na Cátedra de Roma, o terceiro sucessor se chamava Clemente. São Clemente I (também conhecido como Clemente Romano) ocupou o Trono da Sé de Roma entre os anos de 88 a 97. Nascido em Roma, de família hebraica, foi o sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente Romano (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes), o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto. 
Discípulo de São Pedro, após eleito restabeleceu o uso da Crisma, seguindo o rito de São Pedro e iniciou o uso da palavra "amém" nas cerimônias religiosas. É conhecido pela carta que escreveu para atender a um pedido da comunidade de Corinto, na qual rezava uma convincente censura à decadência daquela igreja, devida, sobretudo, às lutas e invejas internas entre os fiéis (consta que os presbíteros mais jovens teriam usurpado as prerrogativas dos mais velhos), estabelecia normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos). 
O tempo em que São Clemente esteve à frente da Igreja de Roma (92-102) foi marcado por uma relativa paz e tolerância por parte dos Imperadores Vespasiano e Tito. 
Comemoração de São Pedro, Patriarca de Alexandria 
São Pedro, Patriarca de Alexandria,  foi consagrado no ano 300. Era admirado por todos de seu tempo, por seu vasto saber científico e filosófico e pelo profundo conhecimento das Sagradas Escrituras. Sob sua responsabilidade estavam as igrejas do Egito, da Tebaida e da Líbia, todos territórios de muita perseguição ao seu rebanho. Mas quanto maior o perigo, mais firmeza demonstrava Pedro, Consolava os perseguidos, acolhia e protegia os que mais sofriam, dava exemplos diários de coragem e perseverança. 
Porém o patriarca Pedro não enfrentou somente as feras do paganismo. Também teve de lutar contra as forças opositoras que surgiram dentro da própria Igreja cristã, corroendo-a internamente. Enfrentou tudo com tolerância e benevolência, mas com firmeza. Apenas exigiu que os bispos vivessem com o mesmo rigor a fé cristã e a mesma retidão de caráter e disciplina de vida que ele próprio se impunha, não almejando, apenas, posição e os bens materiais. Os bispos Melécio e Ário logo começaram um movimento radical contra ele, visando o seu afastamento e o seu posto episcopal. Pedro, então, convocou um Concílio e ambos foram afastados da Igreja. Aí começou a verdadeira guerra contra o patriarca. Os dois bispos negaram-se a reconhecer o poder do Concílio, continuaram suas atividades episcopais e, em represália, passaram a pregar contra a Igreja. Isso causou um cisma na Igreja, isto é, uma divisão que durou cento e cinquenta anos e que ficou conhecido como o "Cisma Meleciano". 
Então, denunciado por Ário, Pedro acabou preso e condenado à morte. Aliás, o Imperador aproveitou-se da situação para eliminar aquela incômoda liderança e autoridade cristã. A antiga tradição diz que, na véspera da execução, Cristo apareceu-lhe numa visão, na forma de um menino que tinha a túnica rasgada de alto a baixo. Disse-lhe que o responsável por aquilo era Ário, que dividira sua Igreja ao meio. Assim, antes de morrer, ele viu sua doutrina confirmada. Foi decapitado em 25 de novembro de 311 por opor-se ao cisma de Melécio e pela fé em Cristo.
Tropárion dos Santos Clemente e Pedro  Tom IV
Ó Deus de nossos pais, / que sempre nos trata conforme a Tua mansidão / não nos prives de Tua misericórdia, / mas através de suas súplicas/ conduza em paz as nossas vidas.

Kontakion dos Hieromártires Tom II
Ó Divinas e irremovíveis torres da Igreja, / pilares piedosos da piedade verdadeiramente vigorosa, / mui louváveis Clemente e Pedro; por suas súplicas preserva-nos a todos.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 Timóteo 5:11-21

Mas não admitas as viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se; tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé. E, além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém. Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer; porque já algumas se desviaram, indo após Satanás. Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas. Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário. Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas. Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor. Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.

Lucas 17:26-37

E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á. Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. Dois estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado. E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias.

† † †

REFLEXÃO

São João Cassiano
A Boa Vontade Procede e Se Consuma Em Deus

O primeiro movimento de boa vontade (no homem) Deus mesmo nos concede por sua inspiração. Esta nos atrai ao caminho da salvação, já seja por impulso imediato dele, ou pelas exortações de um homem, ou pela força das circunstâncias. E também é um dom de sua mão a perfeição das virtudes. O que de nós depende é corresponder com frieza ou com entusiasmo a esse impulso da graça. Segundo isto, merecemos o prêmio ou o tormento, na medida em que tenhamos cooperado ou não, com nossa fidelidade ou infidelidade, a esse plano divino que sua condescendência e paternal providência havia concebido sobre nós... 

Idêntica linha de conduta observamos na cura dos dois cegos do Evangelho: Que Jesus passe por onde eles estavam é graça de sua condescendência e providência; conceder que os cegos falem e digam: Tem piedade de nós, Senhor, Filho de Davi!, é obra de sua fé e confiança nele. E o fato de que a luz volte aos seus olhos e vejam, é dom exclusivo da misericórdia divina.

Cabe observar que mesmo depois de haver recebido algum benefício de Deus, subsiste a força da graça divina e a liberdade humana. O manifesta o episódio dos dez leprosos que foram curados pelo Senhor ao mesmo tempo. Somente um deles, por obra de seu livre-arbítrio – secundando, é claro, a moção divina –, retorna para dar graças. O Senhor elogia a iniciativa.

Porém, ao mesmo tempo reclama e pergunta pelos outros nove. Com isto manifesta que sua solicitude continua agindo a favor dos homens, apesar de sua ingratidão que esquece os seus benefícios. Ambas as coisas são igualmente um dom de sua visita: acolher e respeitar ao agradecido, e buscar repreender aos ingratos.

Ademais, convém que creiamos com uma fé incondicional que nada acontece no mundo sem a intervenção de Deus. Devemos realmente reconhecer que tudo acontece ou por sua vontade ou por sua permissão. O bem, mediante a sua vontade e o seu auxílio; o mal, por sua permissão, quando, para punir nossos crimes ou a dureza de nosso coração, nos abandona à tirania do demônio ou as vergonhosas paixões da carne.

O apóstolo nos ensina isto com evidência nestas palavras: Por isto Deus os abandonou as suas paixões ignominiosas, e também: Porque não se preocuparam de conhecer a Deus, os entregou aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno. E o próprio Senhor diz pela boca do profeta: E o meu povo não ouviu a minha voz, e Israel não obedeceu aos meus mandatos. Por isto lhes abandonei – diz – aos pensamentos de seu coração e andaram segundo os seus próprios caprichos.

Devemos considerar que se a liberdade se destaca na desobediência do povo, não é menos evidente, por outro lado, a contínua providência que Deus tem sobre os seus. De fato, não deixa de encaminhar-lhes diariamente seus avisos, clamando, por assim dizer, a Israel. Quando afirma: Se meu povo me escutasse, mostra claramente que ele falou a Israel, o primeiro. E não somente pela lei escrita lhes fala assim Deus, mas também por contínuas e diárias admoestações, segundo aquela que diz Isaías: O dia inteiro estendi as minhas mãos ao povo que não cria em mim e me contradizia.

São João Cassiano (séc. V) 

† † †

Nenhum comentário:

Postar um comentário