domingo, 4 de abril de 2021

Domingo da Veneração da Cruz

 
3º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
04 de Abril de 2021 (CC) /  22 de Março (CE)
São Basílio de Ancira, hieromártir († 363);
Santa Drosida de Antioquia e 5 Virgens:
Agalida, Apollinaria, Daria, Mamthusa e Taisia († 104);
Venerável Mártir Euthymius († 1814 dC)
Tom 2


Em meados do século IV, quando arianos e semi-arianos propagavam suas heresias, Basílio era, então, sacerdote em Ancira. Era um santo homem que recebeu sua formação na verdadeira doutrina da Igreja pelo bispo Marcelo. Depois que o bispo Marcelo foi desterrado pelo  Imperador Constâncio, e que um semi-ariano chamado Basílio ocupou a sede de Ancira, o sacerdote Basílio não cessou de exortar seu povo a  permanecer fiel à sua fé. 
Em 360, os arianos radicais dominaram a região e depuseram o bispo semi-ariano, proibindo Basílio de sequer assistir aos ofícios religiosos. Contudo, desobedecendo estas imposições e apoiado por seus fiéis, Basílio conseguiu recuperar muitos dos que haviam sido enganados e defendeu a fé, desafiando as ordens do Imperador Constâncio. Quando Juliano, o Apóstata chegou ao trono, a perseguição explicita cessou temporariamente, pois o Imperador quis empregar métodos mais sutis para combater os cristãos e minar sua fé. Contudo, em alguns casos perdeu a paciência e autorizou alguns castigos aos cristãos. Basílio, que continuava seus esforços contra a política imperial de Ancira, foi preso e acusado de incitar o povo contra os deuses pagãos, e de falar abertamente contra o Imperador e a sua religião. Basílio professou sua fé e foi martirizado na prisão. Não se deve confundir Basílio, presbítero de Ancira com seu oponente Basílio, bispo (semi-ariano) de Ancira.  
Comemoração de Santa Drosida e Mais 5 Virgens 
Drosida era filha do Imperador Trajano. Ela foi capturada com outras cinco mulheres à noite enquanto reuniam os corpos dos mártires torturados por amor a Cristo. Durante este tempo os corpos de cristãos mortos, muitas vezes permaneceram sem sepultura, com o propósito de assustar os outros. Cinco virgens cristãs: Aglaida, Apolliniaria, Daria, Mamthusa e Taisia, assumiram a tarefa de enterrar esses cristãos. Elas secretamente recolheram os corpos de mártires, os ungiram com aromáticos, enrolaram-nos em panos e os enterraram. Tendo aprendido isso, a imperial Drosida, secretamente cristã, mas ainda não tendo aceitado o Batismo, pediu às santas virgens que a levassem com elas, quando fossem fazer o sepultamento dos cristãos. 
Ao saber que entre os cativos estava a sua própria filha, Trajano deu ordens para mantê-la separadamente, na esperança de que ela mudasse de idéia. As restantes virgens santas foram condenadas à queimarem em um forno de fundição de cobre. Elas corajosamente aceitaram a execução e receberam as coroas dos mártires. 
Nos fornos foi afixado um edital imperial, que dizia: 
"Homens do Galileu, vós que adorais o Crucificado, livrai-vos de muitas angústias, e também nós destas dores oferecendo sacrifício aos deuses. Se, porém, não quiserdes fazer isto, então que cada um de vós, deve, voluntariamente, por qualquer maneira que preferir, lançar-se nesta fornalha". 
Muitos cristãos voluntariamente foram ao martírio. 
Quando Santa Drosida recebeu a notícia do martírio de suas amigas, decidiu igualmente obter a morte de um mártir por amor a Cristo. Em sua prisão, ela ofereceu orações para que o Senhor a ajudasse a sair da prisão. E Deus ouviu sua oração: Os guardas adormeceram e Santa Drosida saiu em direção aos fornos, mas começou a refletir em si mesma:  
"Como posso ir a Deus, não tendo sobre mim o traje de casamento (ou seja, sem ter sido batizada), visto que sou impura? Ó Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis, por causa de Ti abandono a minha posição imperial, para que Tu me aceites como a mais insignificante escrava do Teu Reino. Batiza-me, Tu Mesmo, com Teu Santo Espírito ".
Tendo assim orado, Santa Drosida ungiu-se de mirra, que tomara junto com ela, e mergulhando-se três vezes em água, pronunciou:
"A serva de Deus Drosida é batizada no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
Durante sete dias a santa se escondeu, devotada ao jejum e à oração. Durante este tempo os cristãos a encontraram e aprenderam dela o relato de tudo que aconteceu. E, no oitavo dia, a santa Martiresa Drosida dirigiu-se aos fornos acesos e lançou-se ao fogo.

Comemoração do Venerável Mártir Euthymius

Euthymius nasceu na aldeia de Dimitsana, no Peloponeso. Quando criança, viveu como cristão, mas, mais tarde foi para a Romênia, onde se entregou a uma vida de grande deboche. Nessa devassidão um espírito maligno o levou a se tornar um muçulmano. Assim que fez isso, Eutímio começou a se arrepender amargamente. Ele retornou à Fé Cristã e foi tonsurado um monge na Montanha Sagrada. Depois de vários anos passados ​​em jejum estrito e oração, Euthymius decidiu morrer por Cristo. Com a bênção de seu pai espiritual, ele viajou para Constantinopla, onde de alguma forma conseguiu ficar diante do grande Vizir. Eutímio fez o Sinal da Cruz, louvou a Cristo e insultou Maomé na presença do Vizir. Após prolongada tortura, foi condenado à morte e decapitado no Domingo de Ramos, 22 de março de 1814 AD. Muitas curas milagrosas de doentes ocorreram sobre suas relíquias. Sua honrosa cabeça é preservada no Mosteiro russo de São Panteleimon, na Montanha Sagrada. E assim, este jovem de vinte anos morreu primeiro para Cristo e depois morreu por Cristo.

 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (X)

João 21:1-14

Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Ó vida Imortal, sofrendo a morte, / esmagaste o Inferno com o fulgor de Tua Divindade. / E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra, / todos os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: // “Glória a Ti, ó Cristo nosso Deus e Autor da Vida!”

Tropárion Tom 1
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Kondákion Próprio Tom 7
A espada flamejante não mais guarda a porta do Éden, / pois, foi maravilhosamente apagada pela Árvore da Cruz. / Os grilhões da morte foram destruídos, / e a vitória dos infernos aniquilada. / E aos que estavam no Hades, ó meu Salvador, apareceste dizendo: // Entrai novamente no Paraíso.

Triságion
Diante de Tua Cruz nos inclinamos em adoração, ó Mestre
E Tua Santa Ressurreição glorificamos. (3x)

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

E Tua Santa Ressurreição glorificamos.

Diante de Tua Cruz inclinemos em adoração, ó Mestre
E Tua Santa Ressurreição glorificamos.

Prokímenon Tom 6

Salva, Senhor, o Teu povo e abençoa a Tua herança. (Sl 27:9)

Clamo a Ti, Senhor, meu Rochedo
Presta ouvido aos meus rogos. (Sl 27:1)

Hebreus 4:14-5:6

14 Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. 1 Porque todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, 2 podendo ele compadecer-se devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado de fraqueza. 3 E por esta razão deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício pelos pecados. 4 Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão. 5 assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; 6 como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo 
E vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)   

Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção, 
Sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 90:2)

Aleluia, aleluia, aleluia!

Marcos 8:34-9:1

34 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. 35 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. 36 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? 37 Ou que diria o homem em troca da sua vida? 38 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. 1 Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.

Zadostoinik
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação./ A assembleia dos anjos e o gênero humano te glorificam, / ó templo santificado, paraíso espiritual e glória das virgens,/ na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se Filho/ Aquele que é nosso Deus antes dos séculos./ Porque fez de teu seio um trono/ e as tuas entranhas, mais vastas do que os céus. / Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!

Canto da Comunhão
Ergue, Senhor, sobre nós
a luz do Teu Rosto! (Salmo 4:7a)
Aleluia, Aleluia, Aleluia!

* Em vez de "Vimos a Luz Verdadeira...", entoa-se o Tropárion da Cruz: 
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
† † †

A COMEMORAÇÃO DA CRUZ


No calendário Litúrgico há duas datas nas quais veneramos a Santa Cruz, tamanha é a relevância e o simbolismo deste instrumento de morte que se transformou em instrumento de vida e salvação para os cristãos: 14 de setembro (festa principal) e no Terceiro Domingo da Quaresma.

A Santa Cruz transformou-se, no decorrer dos acontecimentos da vida da Igreja, no arquétipo da ação salvífica de Deus e no modelo de resposta do homem. Deus salva os homens pela Cruz, através de seu Filho que, obediente à vontade do Pai, a abraçou restaurando aos homens a dignidade filial perdida.

Os primeiros cristãos, conforme relata São Paulo em suas cartas, começavam a descobrir as riquezas do mistério da morte de Jesus na cruz, quando à luz da Ressurreição a vislumbravam como meio de salvação e não como instrumento de perdição. Já que o Senhor havia morrido numa cruz, em obediência à vontade do Pai, ela foi acolhida como sinal de humildade e sujeição aos desígnios de Deus. A resposta do homem ante a vontade divina passou a ser dada de maneira consistente: A fé no Ressuscitado movia os corações a uma plena compreensão do plano salvífico.

São Paulo não se limitou apenas a ensinar sobre o poder que tem a Cruz de libertar os homens do pecado, do egoísmo e da morte. Ele foi além dessas verdades estendendo o seu significado. Deu à Cruz a dimensão de Redenção, vendo nela o meio necessário para que fosse selada a Nova Aliança entre Deus e os homens.

Todo cristão, por participar do amor e da obediência de Cristo na Cruz, morre para o pecado que o impede de amar a Deus e aos homens de forma plena e livre. Santo Inácio de Antioquia (†117) e São Policarpo (†165) lembravam os sofrimentos de Cristo constantemente em suas pregações, para enfatizar a todos os cristãos que no escândalo da Cruz se ocultava o profundo amor de Deus pelos homens. Na cruz trilhava-se o caminho para se chegar à Ressurreição. Por isso, os cristãos do Oriente veneram a Cruz como símbolo da vitória sobre a morte.

Todo sofrimento, angústia, desespero e morte tornam-se secundários diante da magnitude da Ressurreição. O Cristão Ortodoxo contempla a Cruz resplandecente, mergulhado no espírito pascal: o Senhor não terminou sua missão na Cruz, mas fez dela um instrumento de passagem para se chegar à Vida.

A Cruz para um cristão que esteja imbuído deste espírito torna-se fonte de bênçãos. A loucura da Cruz de Cristo ganha a dimensão do amor infinito e totalmente oblativo. Hoje em dia são muitos os que tem dificuldade em compreender a teologia da Cruz. Parecem fugir dela por medo de sofrer. O sofrimento e a dor fazem parte da humanidade. Sofremos ao nascer, sofremos durante a vida e a morte virá com muito ou pouco sofrimento, mas virá com ele. Não podemos mudar esta realidade que nos é inerente por natureza. Como cristãos podemos mudar a compreensão que damos ao sofrimento.

A Cruz, antes vista como horror e escândalo, passou a ser compreendida como instrumento de salvação. Para que cheguemos a este amadurecimento espiritual é necessário o encontro com o Senhor Crucificado que padeceu os horrores da dor, para que Ele mesmo nos conduza às alegrias da Ressurreição.

Venerar a Cruz é venerar a história humana. Contemplar a Cruz é contemplar os seres humanos nos mais diversos continentes do mundo. Venerar a Cruz gloriosa e vivificante é restabelecer à história humana sua grandeza na História da Salvação. A Cruz sem Deus revela o abandono e a morte. A Cruz com Deus é sinal de esperança e vida nova.

Neste terceiro Domingo da Quaresma a Igreja nos convida a refletir sobre a dimensão que damos à Cruz e ao sofrimento em nossas vidas. Nossa postura frente à Cruz e ao sofrimento humano deve assemelhar-se à postura de Maria e a de João, o discípulo do amor. Estavam em pé diante do Crucificado, contemplando Aquele que era a Ressurreição e a Vida. Mesmo sem entender o que estava acontecendo conservavam tudo isso no coração. Não procuravam uma explicação racional e uma lógica que os fizessem compreender o sofrimento de Jesus. A lógica que os fazia silenciar e aceitar os desígnios de Deus era a obediência e a entrega à vontade do Pai.

Quando racionalmente procuramos explicações para o sofrimento e a cruz, fatalmente cairemos em subjetivismos perigosos que nos poderão levar a erros e a desvios da Fé Apostólica. O homem por si só não pode explicar os mistérios de Deus. A lógica Divina não obedece os parâmetros racionais humanos. A Cruz para a Igreja é sinal e instrumento de Salvação. Por isso, os Cristãos Ortodoxos a veneram gloriosa e vivificante, despida dos sentimentos mórbidos que poderiam ofuscar a sua magnitude. O sofrimento, as dores e a morte que o Senhor sofreu por meio dela, por mais terríveis que pudessem ser, fez dela veículo da nossa salvação.

Em recente entrevista à Revista 30 Dias, assim se expressou Sua Santidade o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, referindo-se a relação existente entre a Igreja e a Cruz:

«A Igreja deve apoiar a sua força na sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (escândalo para os Judeus, loucura para os Gregos), e a sua esperança na ressurreição de Cristo. Privada de todo poder mundano, perseguida e entregue cotidianamente à morte, a Igreja faz com que surjam santos, que guardam a Graça de Deus em vasos de argila, que vivem dentro da luz da Transfiguração e são conduzidos por Deus ao martírio e ao sacrifício.»

Um cristão, à Luz da Ressurreição, carrega sua cruz subindo o Calvário para a Santidade. O madeiro que sustentou o corpo do Senhor Crucificado tornou-se Árvore da Vida, pois nele foi selado o Novo Testamento, a Nova Aliança. Deus pôs no santo Lenho da Cruz a salvação da humanidade, para que a vida ressurgisse de onde viera a morte.

Durante o Rito de veneração à Santa e Vivificante Cruz, entoa-se um canto que nos convida a contemplar o madeiro sagrado que nos deu a vitória sobre o mau:

«Vinde, fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida, 
no qual Cristo, o Rei da Glória, 
estendeu voluntariamente, seus braços, 
restaurando em nós a felicidade primitiva. 
Vinde, adoremos a Cruz 
que nos dá a vitória sobre o mal.»

Mais forte é o significado da segunda parte deste mesmo hino que nos faz compreender a dimensão e a grandeza da Cruz de Cristo:

«Hoje, a Cruz é exaltada 
e o mundo se liberta do erro. 
Hoje, renova-se a Ressurreição de Cristo, 
regozijam-se os confins da terra..."

Na Cruz renova-se a Ressurreição. Pela Cruz a Vida nos é possível. Pela Cruz a Santidade é uma realidade presente. Basta o encontro com o Senhor e nossa entrega total a Vontade de Deus.

O silêncio e a meditação nos auxiliarão, nesta Quaresma, a ver na Cruz e no sofrimento riquezas espirituais nunca antes vislumbradas por nós, mas já vividas pelos santos. Meditando sobre a Cruz à luz da Ressurreição, "adoramos a tua Cruz, ó Mestre e glorificamos a tua Santa ressurreição.

† † †

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