segunda-feira, 24 de maio de 2021

4ª Segunda-feira de Páscoa

24 de Maio de 2021 (CC) / 11 de Maio (CE)
Ss. Cirilo e Metódio, Iguais aos Apóstolos e Mestres dos Eslavos
Tom 3






«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»


Os Santos Cirilo e Metódio eram irmãos de Tessalônica, filhos de pais ilustres e ricos, Leo e Maria.

O irmão mais velho Metódio passou dez anos como oficial entre os eslavos macedônios e, assim, aprendeu a língua eslava. Depois disso Metódio retirou-se para o Monte Olimpo e dedicou-se à vida monástica ascética. Foi aqui que Cirilo (Constantine), mais tarde viera a se juntar a ele.

Quando o rei Khazarite, Kagan, solicitou pregadores da fé de Cristo ao Imperador Miguel III, imediatamente, por ordem do Imperador, estes dois irmãos foram encontrados e enviados entre os khazares. O Rei Kagan converteu-se a Cristo, e junto com ele, Cirilo e Metódio batizaram um grande número de seus principais assistentes e um maior número de pessoas dentre o povo.

Depois de um período de tempo, eles voltaram para Constantinopla, onde compilaram o alfabeto eslavo em trinta e oito cartilhas e passaram a traduzir os livros eclesiásticos do grego para o eslavo.

A pedido do príncipe Rastislav, que viajou para Morávia, onde os irmãos se embrenharam e estabeleceram a fé devota e foram publicados muitos livros destinados à catequese dos jovens.

Atendendo à uma solicitação do Papa de Roma, Cirilo viajou para esta cidade, e estando em Roma, adoeceu e morreu em 14 de fevereiro de 867. Então Metódio retornou à Morávia, onde havia trabalhado, para fortalecer a fé em Cristo entre os eslavos, até sua morte, ocorrida no dia 6 de abril de 885.

O Minéon do mês de maio registra a festa dos dois irmãos neste dia 11. Essa data é importante, especialmente para os povos eslavos. Mas, sendo o costume ainda bastante difundido no Oriente de usar para a liturgia o Calendário Juliano, atrasado 13 dias em relação ao gregoriano – mais conhecido e adotado universalmente, tal data, na realidade, vem a coincidir com o nosso 24 de maio. É uma data já arraigada na consciência popular ao ponto que, mesmo naquelas regiões em que foi adotado oficialmente o calendário do «novo estilo», os fiéis bizantinos preferem manter a antiga data do 24 de maio. É possível avaliar quanto temos afirmado acima ao constatar o afluxo das muitas delegações (por exemplo, as da Bulgária) que, para honrar os «Mestres dos Eslavos» a cada ano, nesse dia, se dirigem à basílica de São Clemente em Roma onde se conservam as relíquias dos santos Cirilo e Metódio. A herança cultural deixada por eles é, de fato, ampla e reconhecida ao ponto que, em alguns países balcânicos, enquanto 25 de dezembro é um dia de trabalho, o aniversário dos dois santos é também festa civil, portanto feriado.  Com insistência os textos litúrgicos convidam a celebrar os irmãos «iluminadores» dos povos eslavos, salvos com a luz da Trindade e de Cristo, «fontes do conhecimento divino, mediante as Escrituras» traduzidas por eles e que ainda hoje «estando na presença de Deus fervorosamente intercedem» por aqueles que os invocam. 
Tropárion Tom 4
“Êmulos dos Apóstolos e Mestres dos países eslavos,
sábios e santos Cirilo e Metódio, orai ao Senhor do universo
para que todos os povos eslavos
sejam fortalecidos na unidade e na fé ortodoxa,
para que ao mundo seja concedida a paz

e para que sejam salvas as nossas almas.” 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 5:21-33

21 Ora, tendo eles ouvido isto, entraram de manhã cedo no templo e ensinavam. Chegando, porém o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o sinédrio, com todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram guardas ao cárcere para trazê-los. 22 Mas os guardas, tendo lá ido, não os acharam na prisão; e voltando, lho anunciaram, 23 dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às portas; mas, abrindo-as, a ninguém achamos dentro. 24 E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos acerca deles e do que viria a ser isso. 25 Então chegou alguém e lhes anunciou: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o povo. 26 Nisso foi o capitão com os guardas e os trouxe, não com violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. 27 E tendo-os trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: 28 Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. 29 Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens. 30 O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro; 31 sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados. 32 E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem. 33 Ora, ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los.

João 6:14-27

14 Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo. 15 Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho. 16 Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao mar; 17 e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com eles; 18 ademais, o mar se empolava, porque soprava forte vento. 19 Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram atemorizados. 20 Mas ele lhes disse: Sou eu; não temais. 21 Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam. 22 No dia seguinte, a multidão que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho, e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido sós  23 (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças); 24 quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus. 25 E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? 26 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes. 27 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.



ENSINOS DOS SANTOS PADRES

“Nosso Senhor Jesus Cristo Nos Alimenta Para a Vida Eterna”

Penso que o maná é sombra e tipo da doutrina e dos dons de Cristo, que procedem do alto e nada possuem de terreno; pelo contrário, antes estão em aberta oposição com esta carnal execração, e que na realidade são pasto não somente dos homens, mas também dos anjos. De fato, o Filho nos manifestou ao Pai em si mesmo, e por meio dele fomos instruídos na razão de ser da santa e consubstancial Trindade, e até nos introduziu no nobre caminho de todas as virtudes.

Na verdade, o reto e verdadeiro conhecimento destas realidades é alimento do espírito. Contudo, Cristo repartiu em abundância a doutrina à plena luz e de dia. Também o maná foi dado aos antepassados ao raiar do dia e à plena luz. Realmente em nós, os crentes, o dia já tem despontado, como está escrito, e o luzeiro nasceu em todos os corações, e saiu o sol de justiça, a saber, Cristo, o doador do maná inteligível. E que aquele maná sensível foi algo assim como uma figura, e este, em vez disso, o maná verdadeiro, Cristo mesmo assegura-nos com todas as garantias, quando diz aos judeus: Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.

Ele, pelo contrário, é o pão que desce do céu, para que o homem dele coma e não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Aquele que comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Nosso Senhor Jesus Cristo nos alimenta para a vida eterna tanto com os seus preceitos que estimulam a piedade como mediante seus místicos dons. Ele é, portanto, realmente em pessoa aquele maná divino e vivificante.

Aquele que dele comer não experimentará a futura corrupção e escapará da morte; mas não aqueles que comeram o maná sensível, pois o “tipo” não era portador de salvação, mas era unicamente figura da verdade. Deus, fazendo cair o maná do céu em forma de chuva, ordena que cada um recolha o que possa comer, e se quer, pode recolher também para aqueles que vivam na mesma tenda. Que cada um – diz – recolha o que possa comer e para todas as pessoas que vivam em cada tenda. Que ninguém guarde para amanhã. Devemos estar bem penetrados da doutrina divina e evangélica.

Portanto, Cristo distribui a graça igualmente para pequenos e grandes, e a todos alimenta igualmente para a vida; quer reunir os demais com os mais fracos, e que os fortes se sacrifiquem por seus irmãos até assumir sobre si os trabalhos deles, e fazer-lhes partícipes da graça celestial. Isto é o que – a meu juízo – ele disse aos próprios santos apóstolos: De graça recebestes, de graça dai. Portanto, aqueles que recolheram para si maná abundante, apressaram-se a reparti-lo entre os que viviam sob as mesmas tendas, isto é, na Igreja. Os discípulos realmente exortavam a todos e os estimulavam a coisas mais dignas; comunicavam a todos em abundância a graça que de Cristo alcançaram.

São Cirilo de Alexandria, Patriarca de Alexandria (séc. V)




“Pela Carne Estar Unida Ao Verbo Vivificador, Ela Se Tornou Toda Vivificante”

O espírito é que vivifica; a carne de nada serve. Não foi com absoluta falta de inteligência que atribuístes à carne a incapacidade de vivificar; porque, quando se considera somente a natureza da carne em si mesma, evidentemente que não é vivificadora, já que não vivificará de jeito nenhum a coisa alguma das que existem, antes ela tem necessidade de quem a possa vivificar. Mas examinando com empenho o mistério da encarnação e aprendendo, então, quem é que habita nesta carne, estareis inteiramente em disposição de aceitar, a não ser que queirais contradizer ao próprio Espírito Santo que pode vivificar, ainda que por si a carne de nada sirva.

Pois, por ela (a carne) estar unida ao Verbo vivificador, tornou-se toda vivificante, elevada à potência daquele que é superior; porque ela não forçou a vir ao seu próprio nível ao que não pode ser vencido (Verbo). E assim, por mais que a natureza da carne seja impotente – no que a ela diz respeito – para vivificar, porém, realizará isto tendo ao Verbo vivificador e levando em si toda a potência do Verbo. Portanto, é corpo daquele que é por natureza Vida, e não de qualquer um dos homens, a respeito do qual com razão valeria aquilo: A carne de nada serve. Porque isto não realizará em nós a carne de Paulo, por exemplo, nem a de Pedro, ou a de qualquer outro; a única exceção é a carne de Cristo, nosso Salvador, no qual habitou corporalmente toda a plenitude da divindade.

É certo que seria a coisa mais absurda que por um lado o mel colocasse sua própria qualidade no que por natureza não é doce e pudesse transformar em si aquilo com o qual se mistura, e pensar, por outro lado, que a natureza vivificante do Verbo não exalta a sua própria bondade ao corpo no qual habitou. Por conseguinte, de todos os outros é verdade o de que a carne de nada serve; falhará somente em Cristo, porque naquela carne habita a vida, a saber: o Unigênito.

E se chama a si mesmo espírito: Porque Deus é espírito; e segundo o bem-aventurado Paulo: Porque o Senhor é o Espírito. E não dizemos isto por negar que o Espírito Santo tenha subsistência própria, mas como se chama a si mesmo Filho do homem por ter-se feito homem, assim agora se nomeia por seu próprio espírito. Porque seu Espírito não lhe é indiferente.

As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Todo seu corpo está pleno com a potência vivificadora do Espírito. E assim já chama “espírito” a sua carne, não porque se desfaça do que é carne, mas porque ela está extremamente unida a ele, e por revestir toda sua força vivificante dele, devendo já ser chamada também espírito. E nada de estranho tem isto, nem há por que te escandalizes disso, pois se aquele que adere ao Senhor torna-se um só espírito com ele, como o próprio corpo dele não há de ser, com maior razão, declarado um com ele?

Portanto, com o que antecede quer significar isto: Por vossas reflexões percebo – ele diz; estais sem entender porque andais discutindo o que de mim tenha saído ou dito sobre o que é o corpo terreno por sua natureza vivificadora; contudo, não é esse o fim para onde se dirigem as minhas palavras, porque toda a explicação que eu vos fazia versava a respeito do Espírito divino e sobre a vida eterna. Pois não é a natureza da carne que torna vivificador ao espírito, mas a força do Espírito que torna ao corpo vivificador. Por isso as palavras que vos tenho dito são espírito, ou seja, espirituais e que tratam sobre o Espírito; e são vida, porque é vivificante e a respeito da vida por natureza.

E ele não diz isto por destruir a sua própria carne, mas ensinando-nos o que é a verdade. Assim, o que há pouco dissemos, o voltaremos a repetir pela utilidade que existe nisso: a natureza da carne, ela por si, não poderia vivificar; pois o que mais teria naquele que é por natureza Deus? Porém, não há de entender-se que em Cristo (a carne) está só e em si mesma; está unida ao Verbo, o qual é por natureza vida. Por isso, quando Cristo a chama vivificante, não atribui a ela o poder vivificar tanto como a si mesmo ou ao seu próprio Espírito. Porque por ele o seu próprio corpo é também vivificador, já que o transformou elevando-o a sua própria eficácia; porém a forma nem é compreensível para a mente nem pode expressá-lo a língua, mas somente deve ser honrado com silêncio e com fé, que excede à razão.

São Cirilo de Alexandria, Patriarca de Alexandria (séc. V)


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