sexta-feira, 21 de maio de 2021

3ª Sexta-feira da Páscoa

21 de Maio de 2021 (CC) / 08 de Maio (CE)
Santo Apóstolo e Evangelista João, o Teólogo; 
Arsênio, o Grande; Arsênio, Trabalhador; Pímen, o Jejuador de Pechersk; Traslado das Santas Relíquias de Arsênio de Nóvgorod; Zósimas e Adriano de Volokolamsk; 
Milagre da Mãe De Deus em Casiopia; 
Comemoração da Emanação do Maná da Tumba de São João, o Teólogo.
Tom 2
Jejum (Peixe é permitido)






«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»


São João, filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, de profissão pescador, originário de Betsaida, como Pedro e André, ocupa um lugar de primeiro plano no elenco dos Apóstolos. O Autor do Quarto Evangelho e do Apocalipse, será classificado pelo Sinédrio como indouto e inculto. No entanto, o leitor, mesmo que leia superficialmente os seus escritos, percebe não só o arrojo do pensamento, mas também a capacidade de revestir com criativas imagens literárias os sublimes pensamentos de Deus. A voz do juiz divino é como o mugido de muitas águas. João é sempre o homem da elevação espiritual, mais inclinado à contemplação que à ação. É a águia que desde o primeiro bater das asas se eleva às vertiginosas alturas do Mistério Trinitário:

“No princípio de tudo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus.”

Ele está entre os mais íntimos de Jesus e nas horas mais solenes de sua vida João está perto. Está a seu lado na hora da ceia, durante o processo, e único entre os Apóstolos, que assiste à Sua morte junto com Maria.

Mas, contrariamente a tudo o que possam fazer pensar as representações da arte, João não era um homem fantasioso e delicado. Bastaria o apelido jocoso que o Mestre impôs a ele e a seu irmão Tiago: “Filhos do trovão” para nos indicar um temperamento vivaz e impulsivo, alheio a compromissos e hesitações, até aparecendo intolerante e cáustico. No seu Evangelho designa a si mesmo simplesmente como “o discípulo a quem Jesus amava.” Também se não nos é dado indagar sobre o segredo desta inefável amizade, podemos adivinhar uma certa analogia entre a alma do Filho do homem e a do filho do trovão, pois Jesus veio à terra não só trazer a paz, mas, também, o fogo.

Após a ressurreição, João está quase constantemente ao lado de Pedro. Paulo, na Epístola aos Gálatas, fala de Pedro, Tiago e João como colunas da Igreja. No Apocalipse, João diz que foi perseguido e degredado para a Ilha de Patmos “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo”.

Conforme uma tradição unânime, ele viveu em Éfeso em companhia de Maria, e sob o Imperador Domiciano foi colocado dentro de uma caldeira com óleo a ferver, mas, saiu ileso e com a glória de ter dado testemunho. Depois do exílio de Patmos voltou definitivamente para Éfeso, onde exortava continuamente os fiéis ao amor fraterno, resultando em três cartas, acolhidas entre os textos sagrados, assim como o Apocalipse e o Evangelho. Morreu carregado de anos em Éfeso durante o império de Trajano (98-117), onde foi sepultado.
 
Comemoração de São João 
Tropárion do Apóstolo São João Tom 2
Apóstolo predileto do Cristo Deus, / apressa-te em ajudar um povo sem defesa. / Aquele que te concedeu reclinar a cabeça sobre o Seu peito, / te acolha aos seus pés a fim de interceder por nós. / O Teólogo, suplica-lhe para que dissipe a nuvem persistente do paganismo / e pede por nós a paz e uma misericórdia abundante». 
Kondákion do Apóstolo Tom 2
Quem pode relatar as tuas obras poderosas, ó virgem Apóstolo? / Pois tu operas milagres e fazes fluir curas, / e também oras por nossas almas, / pois, és teólogo e amigo de Cristo. 
Leituras Bíblicas 
1 João 21:15-25 (Matinas)
1 João 1:1-7
João 19:25-27; 21:24-25 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 8:40-9:19

40 Mas Filipe achou-se em Azoto e, indo passando, evangelizava todas as cidades, até que chegou a Cesaréia. 1 Saulo, porém, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, 2 e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu; 4 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; 6 mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer. 7 Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém. 8 Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão, conduziram-no a Damasco. 9 E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu. 10 Ora, havia em Damasco certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! Respondeu ele: Eis-me aqui, Senhor. 11 Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; 12 e viu um homem chamado Ananias entrar e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista. 13 Respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; 14 e aqui tem poder dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. 15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel;  16 pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome. 17 Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. 18 Logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado. 19 E, tendo tomado alimento, ficou fortalecido. Depois demorou- se alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco.

João 6:48-54

48 Eu sou o pão da vida. 49 Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. 50 Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. 51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. 52 Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer? 53 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 



COMENTÁRIO

“Para Dar-nos a Conhecer Estes Dons, Chamou-Se a Si Mesmo de Pão”

Porém, é notável que ao dar o pão ele não dissesse: “Isto é a figura de meu corpo”, mas: Este é o meu corpo; e da mesma maneira o cálice, não diz: “Isto é a figura do meu sangue”, mas: Este é o meu sangue; porque ele quis que tendo estes (o pão e o cálice) recebido a graça e a vinda do Espírito Santo, não apreciemos mais a sua natureza, mas o recebamos como o corpo e o sangue que são de nosso Senhor. Pois o corpo de nosso Senhor também não teve, por sua própria natureza, a imortalidade e o (poder de) dar a imortalidade, mas foi o Espírito Santo que a deu, e pela ressurreição dentre os mortos recebeu a conjunção com a natureza divina, veio a ser imortal e causa de imortalidade para os demais.

Portanto, tendo dito nosso Senhor: Aquele que come o meu corpo e bebe o meu sangue viverá eternamente, quando viu aos judeus murmurarem e duvidarem desta palavra – pensando que por meio de uma carne mortal não é possível receber a imortalidade –, acrescentou para prontamente resolver a dúvida: Se virdes ao Filho do homem subir para onde estava antes, como se dissesse: “Agora isto não vos parece certo porque disse isto de meu corpo; porém, quando me verdes ressuscitado dentre os mortos e subir ao céu, certamente não se poderá mais ter por dura e estranha esta palavra; porque pelos próprios fatos vos convencereis de que passei para uma natureza imortal; se eu não estivesse nela, eu não subiria ao céu”.

E para indicar de onde lhe virá isto, acrescenta em seguida: O Espírito vivifica, porém o corpo de nada serve. Isto, ele diz, lhe virá pela natureza do Espírito vivificante, pela qual ele será transformado para este (estado); que ele seja imortal e que ele concede a imortalidade aos demais – aquilo que ele não tinha e o que não podia dar aos demais como proveniente de sua natureza, porque a natureza da carne é impotente para um dom e um auxílio deste gênero.

Porém, se a natureza do Espírito vivificante fez o corpo de nosso Senhor desta natureza, da qual ele não era antes, é preciso que tampouco nós, que recebemos a graça do Espírito Santo pelas figuras sacramentais, ainda vejamos como pão e como cálice o que nos é apresentado, mas (consideremos) que é o corpo e o sangue de Cristo, nos quais são transformados pela descida da graça do Espírito Santo: ela, que obtém para os que dela participam o mesmo que por meio do corpo e sangue de nosso Senhor, nós pensamos que recebem os fiéis.

Por isto ele diz: Eu sou o pão da vida descido do céu; e eu sou o pão da vida. E para mostrar que ele é aquilo que ele chama de pão, diz: E o pão que vos darei é meu corpo para a vida do mundo. Já que, de fato, nós subsistimos nesta vida por meio do pão e do alimento, ele se chama a si mesmo pão da vida descido do céu, significando isto: “Verdadeiramente eu sou o pão da vida, que dá a imortalidade aos que creem em mim, mediante este (corpo) visível, pelo qual eu desci e ao qual conferi a imortalidade, e por meio do qual (a dou) aos que creem em mim”. Podendo dizer: “Eu sou aquele que dá a vida”, se abstém e no lugar diz: Eu sou o pão da vida.

De fato, já que a imortalidade esperada, cuja promessa nos foi dada aqui, a vamos receber nas figuras sacramentais por meio do pão e do cálice. Ele devia chamar-se pão a si mesmo e ao seu corpo, de modo que pela própria figura venerássemos aquele que reivindicou esta denominação; para dar-nos a conhecer estes dons, chamou-se a si mesmo de pão, mas quis também, por estas coisas daqui (terrenas), fazer-nos receber sem duvidar estes bens demasiado elevados para as palavras.

Teodoro de Mopsuéstia (séc. V)

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