Tom 7
O Santo Profeta Ezequiel viveu no século VI antes do nascimento de Cristo. Ele nasceu na cidade de Sarir e descendia da tribo levita; era sacerdote e filho do Sacerdote Buzi. Na segunda invasão contra Jerusalém pelo imperador babilônico Nabucodonosor, aos 25 anos Ezequiel foi conduzido para a Babilônia junto com o Rei Jeconias II e muitos outros judeus.
No cativeiro, o Profeta Ezequiel viveu perto do rio Chobar. Ali, aos 30 anos de vida, em uma visão fora-lhe revelado o futuro da nação hebraica e de toda a humanidade. O profeta viu uma nuvem brilhante, no meio da qual havia uma chama, e nela - uma misteriosa semelhança de uma carruagem movendo-se pelo espírito e por bestas de quatro asas, cada uma com quatro faces: A de um homem, de um leão, de um boi e de uma águia. Sob seus rostos estava situada uma roda, enfeitada com olhos. Sobre a carruagem erguia-se como se fosse um firmamento cristalino, e sobre o firmamento - a semelhança de um trono como se fosse de safira refulgente. E sobre este trono resplandecia intensamente uma "semelhança do Homem", e sobre Ele um arco-íris (Ezequiel 1: 4-28).
De acordo com a explicação dos Padres da Igreja, a intensa resplandecência da imagem que se "assemelhava a um Homem" sobre o trono de safira refulgente, era uma prefiguração da Encarnação do Filho de Deus e da Santíssima Virgem Maria, revelada como o Trono de Deus. As quatro criaturas prefiguraram os quatro evangelistas e a roda com uma multidão de olhos - a partilha da luz com todas as nações da terra.
Durante esta visão, o santo profeta caiu ao chão com medo, mas a voz de Deus ordenou-lhe que se levantasse e então explicou que o Senhor o estava enviando para pregar à nação de Israel. A partir dessa época começou o ministério profético de Ezequiel. O Profeta Ezequiel anuncia à nação de Israel, cativa na Babilônia, que suas tribulações era consequência do seu desvio da fé e abandono doDeus Verdadeiro. O profeta proclamou também uma época melhor para seus conterrâneos cativos e previu seu retorno da Babilônia e a restauração do Templo de Jerusalém.
Particularmente importantes são dois elementos significativos na visão do profeta - um sobre a visão do templo do Senhor, cheio de glória, - o segundo sobre os ossos no campo, aos quais o Espírito de Deus deu nova vida. A visão sobre o templo foi uma misteriosa prefiguração da libertação da raça humana da ação do inimigo e da edificação da Igreja de Cristo por meio da ação redentora do Filho de Deus, encarnado da Santíssima Virgem Maria, - chamada pelo profeta de "Portas Fechadas", através das quais entraria o Único Senhor Deus (Ezequiel 44: 2). A visão sobre os ossos secos no campo - prefigurava a ressurreição universal dos mortos e a nova vida eterna dos redimidos pela morte na Cruz do Senhor Jesus Cristo (Ez 37: 1-14).
O Santo Profeta Ezequiel recebeu do Senhor o dom de fazer maravilhas. Ele, como o Profeta Moisés, em oração a Deus dividiu as águas do rio Chobar, e os hebreus cruzaram para a margem oposta, escapando dos perseguidores caldeus. Durante uma época de fome, o profeta implorou a Deus por mais alimentos para os famintos.
Por sua denúncia da idolatria de um certo príncipe hebreu, Santo Ezequiel foi entregue à execução: amarrado a cavalos selvagens, ele foi despedaçado. Os hebreus piedosos recolheram o corpo dilacerado do profeta e enterraram-no em Maur Field, na tumba de Sim e Arthaxad, antepassados de Abraão, não muito longe de Bagdá. A profecia de Ezequiel foi escrita em um livro que leva o seu nome, e está incluído na Bíblia.
São Dimitrii de Rostov chamou a atenção dos crentes para o seguinte conceito no livro do Profeta Ezequiel: "Se um homem justo, na esperança de sua própria justiça, se aventurasse a pecar e no pecado morresse, ele responderia pelo pecado e seria sujeito a julgamento; mas um pecador, se ele se arrependesse, e em arrependimento morresse, seu pecado anterior não seria lembrado diante de Deus" (Ezequiel 3:20; 18: 21-24).
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
1 Coríntios 14:6-19
Fragmento 155 - Irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? Da mesma sorte, se as coisas inanimadas, que fazem som, seja flauta, seja cítara, não formarem sons distintos, como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara? Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis como que falando ao ar. Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação. Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim. Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja. Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado. Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.
Mateus 20:17-28
Fragmento 81 - Naquela ocasião, subindo a Jerusalém, Jesus chamou à parte os Seus doze discípulos, e no caminho disse-lhes: Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e O condenarão à morte. E O entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e O açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará. Então se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-O, e fazendo-Lhe um pedido. E Ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita e outro à Tua esquerda, no Teu Reino. Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que Eu hei de beber, e ser batizados com o batismo com que Eu sou batizado? Dizem-Lhe eles: Podemos. E diz-lhes Ele: Na verdade bebereis o Meu cálice e sereis batizados com o batismo com que Eu Sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem Meu Pai o tem preparado. E, quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Então Jesus, chamando-os para junto de Si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos.
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COMENTÁRIO
“Ai da Alma Na Qual Não Habita Cristo!”
Assim como Deus em outro tempo, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém à afronta de seus inimigos e seus adversários os submeteram, de maneira que já não restaram nela nem festas nem sacrifícios; assim também agora, encolerizado contra a alma que viola os seus mandatos, a entrega em poder dos mesmos inimigos que a seduziram até torná-la feia.
E da mesma forma que uma casa, se não habita nela seu dono, se cobre de trevas, de ignomínia e de afronta, e fica toda cheia de sujeira e imundície; assim também a alma, privada de seu Senhor e da presença alegre de seus anjos, fica repleta das trevas do pecado, da fealdade das paixões e de todo tipo de desonra.
Ai do caminho pelo qual ninguém passa, e no qual não se ouve nenhuma voz humana, porque se torna asilo de animais! Ai da alma pela qual o Senhor não caminha, nem afugenta dela com a sua voz as bestas espirituais da maldade! Ai da casa na qual não habita o seu dono! Ai da terra privada de colono que a cultive! Ai do barco privado de piloto, porque, acometido pelas ondas e tempestades do mar, acaba por naufragar! Ai da alma que não traz em si o verdadeiro piloto, Cristo, porque, colocada em um cruel mar de trevas, sacudida pelas ondas de suas paixões e atacada pelos espíritos malignos como por uma tempestade de inverno, acabará naufragando!
Ai da alma privada do cultivo dedicado de Cristo, que é aquele que lhe faz produzir os bons frutos do Espírito, porque, encontrando-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada e cheia dos maus odores de suas paixões, torna-se hospedagem de todos os vícios!
Assim como o colono, quando se dispõe a cultivar a terra, necessita dos instrumentos e vestes apropriados, assim também Cristo, o rei celestial e verdadeiro agricultor, ao visitar a humanidade desolada pelo pecado, tendo-se revestido de um corpo humano e levando a cruz como instrumento, cultivou a alma abandonada, arrancou dela os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extraiu a cizânia do pecado e lançou ao fogo toda a erva má; e, tendo-a assim trabalhado incansavelmente com o madeiro da cruz, plantou nela o belíssimo horto do Espírito: horto que produz para Deus, seu Senhor, um fruto agradável e suavíssimo.
São Macário, o Grande (séc. IV)
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