2º DOMINGO DA PÁSCOA: ANTIPÁSCOA
12 de Maio de 2024 (CC) / 29 de Abril (CE)
Santos Nove Mártires de Cízico († Séc. III)
«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»
Os santos nove mártires de Cízico foram um grupo de nove cristãos que, nas últimas décadas do século III foram martirizados na cidade de Cízico na Ásia Menor por defender sua fé em Jesus Cristo. Chamavam-se Taumásio, Teógnis, Rufo, Antípatro, Teóstico, Ártemas, Magno, Teódoto e Filemom.
Enquanto pela cidade de Cízico na costa de Dardanelos (Helesponto) na Ásia Menor viu-se a difusão do cristianismo a partir da pregação de São Paulo, no final do terceiro século Cízico ainda era basicamente uma cidade pagã. Durante as perseguições, alguns dos cristãos fugiram da cidade, enquanto outros silenciosamente em segredo mantinham sua fé em Cristo. A situação afligiu os cristãos na cidade que procuraram defender ativamente a fé cristã. Através destes anos enquanto o terceiro século terminava, lá estavam entre esses cristãos nove homens: Taumásio, Teógnis, Rufo, Antípatro, Teóstico, Ártemas, Magno, Teódoto e Filemom.
Os nove vieram de muitos lugares diferentes e eram de diferentes idades. Havia jovens como Antípatro e idosos como Rufo. Eles tinham muitas ocupações diferentes na sociedade, incluindo soldados, camponeses, pessoas da cidade, e do clero. Todos eles, no entanto, declaravam sua fé em Cristo, e oravam pela propagação do cristianismo em toda a região. Estes santos corajosamente confessaram Cristo e destemidamente denunciaram a impiedade pagã.
Por sua vez, eles foram presos e levados a julgamento. Depois que o governador da cidade, condenou-os, eles foram torturados durante vários dias, então na prisão, antes de voltarem a ser levados novamente ao juiz, prometeram-lhes a liberdade se renunciassem a Cristo. Mas, como soldados de Cristo, eles continuaram a glorificar o Senhor. Durante os anos de 286 a 299 todos os nove mártires foram decapitados pela espada, e seus corpos enterrados perto da cidade.
No ano de 324, após cessarem as perseguições contra os cristãos sob o governo de Constantino, o Grande, os cristãos de Cízico removeram os corpos incorruptos dos mártires de seus túmulos e os colocaram em uma igreja construída em sua honra. Na igreja muitos milagres ocorreram diante das relíquias dos mártires: os doentes eram curados, e os mentalmente perturbados tornavam-se sãos . Pela intercessão dos santos mártires de Cízico a fé em Cristo cresceu dentro da cidade e muitos pagãos se converteram ao cristianismo.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (I)
Mateus 28:16-20
16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. 17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
LITURGIA
Tropárion da Semana de Antipáscoa, Tom 7
Estando o sepulcro selado, Ó Vida, / Tu resplandeceste do túmulo, Ó Cristo Deus. / E ainda que as portas se encontrassem fechadas, / vieste aos Teus discípulos, Ó Ressurreição de todos, / renovando em nós, por eles, o Espírito de retidão, // por Tua grande e infinita misericórdia.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Kondákion da Semana de Antipáscoa, Tom 8
A hesitante mão direita de Tomé tocou Teu lado, Ó Portador da Vida; / e ao entrares enquanto as portas estavam fechadas, Ó Cristo Deus; / então, com o resto dos discípulos, ele a Ti exclamou : // Tu És o meu Senhor e o meu Deus!
Prokímenon, Tom 3
R. Grande É o Senhor nosso Deus e poderosa a Sua força;
Sua sabedoria não tem limites.
V. Louvai o Senhor, porque Ele É bom!
Agradável é o louvor ao nosso Deus.
Atos 5:12-20
Fragmento 14 – Naqueles dias, muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no Pórtico de Salomão. Dos outros, porém, ne-nhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima; e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número, tanto de homens como de mulheres; a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os colocavam em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados. Levantan-do-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de inveja, deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública. Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse: Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)
R. Grande É o Senhor nosso Deus e poderosa a Sua força;
Sua sabedoria não tem limites.
V. Louvai o Senhor, porque Ele É bom!
Agradável é o louvor ao nosso Deus.
Atos 5:12-20
Fragmento 14 – Naqueles dias, muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no Pórtico de Salomão. Dos outros, porém, ne-nhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima; e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número, tanto de homens como de mulheres; a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os colocavam em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados. Levantan-do-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de inveja, deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública. Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse: Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)
Vinde, regozijemo-nos no Senhor;
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Porque o Senhor É grande,
É o grande Rei de toda a terra.
João 20:19-31
Fragmento 65A – Naquele primeiro dia da semana, ao entardecer daquele dia, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-Se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor. Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós. E havendo dito isso, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Diziam-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei. Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-Se no meio deles e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no Meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-Lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque Me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. Jesus, na verdade, operou na presença de Seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu Nome.
Zadostoinik
O Anjo exclamou à Cheia de Graça: / "Virgem pura rejubila!"/ De novo digo: rejubila, // teu Filho ressuscitou do túmulo ao terceiro dia!
Resplandece, resplandece, ó nova Jerusalém, / pois a glória do Senhor brilhou sobre ti! / Dança de alegria e rejubila ó Sião; / e tu, Mãe de Deus toda pura, / sê exaltada na Ressurreição // Daquele a quem deste a luz.
Louvai ao Senhor, Jerusalém!
Louvai o teu Deus, ó Sião.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Queridos irmãos e irmãs em Cristo!
Cristo ressuscitou!
Durante toda a Semana Luminosa vivemos na alegria pascal do Salvador ressuscitado, e a nossa alegria, assim como a dos santos apóstolos, foi misturada por uma confusão de sentimentos.
Afinal, não faz muito tempo , nós estávamos lembrando da morte daquele que é a Fonte da vida, mas agora nós nos alegramos, pois fomos restaurados para a vida por Ele.
Assim como os santos apóstolos fizeram durante os primeiros dias após a ressurreição, nos vividamente lembramos das paixões de Cristo durante a leitura dos 12 Evangelhos: a morte do Senhor e a retirada do Seu corpo da Cruz, o Seu sepultamento , para nós simbolizados quando carregamos o Sudário e fazemos a procissão ao redor da igreja, até as longas horas de espera em jejum total e oração, até o milagre no sábado da Grande Quietude.
Já nos primeiros momentos daquela manhã no dia do Ressurreição, a boa notícia foi sendo propagada para toda a criação, tanto pelos anjos do céu (Marcos 16:06) quanto pelas santas miróforas na terra (Lucas 24:9) e até mesmo pelos guardas do Sinédrio (Mateus 28:11) que já haviam falado sobre o milagre.
Contudo, ainda assim os apóstolos estavam em um estado de medo e dúvida, escondendo-se por trás de portas "por medo dos judeus" (João 20:19).
A dúvida dos discípulos não deve nos surpreender, pois eles afinal eram testemunhas do maior milagre da história da criação: O homem matou Deus, e Ele ressuscitou dos mortos e salvou a raça humana das garras do inferno.
Os discípulos de Cristo, depois da detenção do Mestre, esqueceram todas as Suas profecias sobre as coisas que estariam por vir.
E é por isso que eles não acreditaram de pronto na milagrosa história registrada pelas Santas Miróforas (Marcos 16:11, Lucas 24:11), e mesmo enquanto conversavam com o Ressuscitado face a face, eles hesitavam em confiar em seus próprios corações (Lucas 24:25), que estavam a arder e tremer na presença de Deus (Lucas 24:32).
Esta maravilhosa descrença (Lucas 24:41), advinda da fraqueza humana , incapaz de abarcar a magnitude do milagre que teve lugar, reflete-se nas famosas palavras do apóstolo Tomé: "Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos e colocar o meu dedo onde estavam os pregos, e por a minha mão no seu lado, eu não vou acreditar. "(João 20:25)
Muitas vezes as pessoas referem-se a Tomé como aquele que "duvidou", sem realmente considerar a profundidade e a dimensão da "dúvida" deste santo apóstolo.
Mas vamos agora olhar mais cuidadosamente para este homem.
Pois então, podemos pensar que a sua dúvida era a mesma que a dos judeus que gritavam: "desça agora da cruz, e acreditaremos "(Mateus 27:42).
E assim, podemos especular se essa dúvida não seria semelhante a aquela que ouvimos proferida pelos nossos contemporâneos, quando esses dizem : "Se Deus existe, que Ele se mostre a todos, e vamos então passar a crer nEle "?
Os antigos escribas e fariseus sabiam de todos os milagres de Cristo e, ao que parece, sabia Quem Jesus da Galileia Era realmente.
Mas cada vez que eles eram confrontados com Divino, eles se tornavam ainda mais enraizados na blasfêmia.
Quando descobriram que Cristo curou um cego de nascença, em vez de levantar louvores, eles vomitavam maldições: "Este homem é um pecador (João 9:24), e Tu és nascido todo em pecados "(João 9:34).
Tendo ouvido que Cristo tinha ressuscitado um homem morto já ha quatro dias, (um homem que apresentava os odores da putrefação), algo que aparentemente não deixaria mais qualquer dúvidas sobre divindade de Cristo, os anciãos da nação decidiram " matem Lázaro também "(João 12:10).
Finalmente, depois de terem sido confrontados com o fato da Ressurreição milagrosa de Cristo, e tendo ouvido as testemunhas oculares dos guardas (Mateus 28:11), que tinham caído no chão tremendo na presença de um anjo brilhante (Mateus 28:4), os anciãos subornaram os soldados e buscaram enganar o povo (Mateus 28:12-14), tornando cada vez maior a sua blasfêmia.
Os Fariseus modernos também só aprofundam as suas blasfêmias, estando novamente face a face com o Ressuscitado e ainda não são convencidos, mesmo diante dos Seus tantos milagres?
Mas o caso é que São Tomé não é um desses fariseus.
Nós sabemos sobre a sua fidelidade e amor sacrificial pelo seu Mestre.
Pois sabemos, que depois de seguir o Salvador por três anos, Tomé compreendia muito bem as consequências, os perigos de Cristo enfrentar os escribas e os fariseus.
Os outros discípulos também compreendiam muito bem tal perigo, e é por isso que quando o Salvador decidiu ir para a Jerusalém, os apóstolos tentaram falar com Ele sobre isso, buscando O alertar para o perigo (João 11:8).
Mas foi São Tomé, que disse: "Vamos nós também, para que possamos morrer com Ele "(João 11:16). Nós não vamos ouvir tais palavras de um descrente !
Após a Ascensão do Salvador, o Apóstolo Tomé, de acordo com a Tradição da Igreja, foi pregar o Evangelho em um dos mais distantes e difíceis lugares do mundo antigo, a Índia, onde foi torturado e morto por Cristo.
Mas naquele dia, uma semana depois da Ressurreição, quando o Salvador veio aos Seus discípulos e Tomé estava com eles, ao Santo Apóstolo foi necessário apenas um toque para que este discípulo que amava tão abnegadamente o seu Mestre percebesse a quem tinha dedicado a sua vida : "Meu Senhor e meu Deus ", exclamou Tomé, que apenas um minuto antes era compreensivelmente cético sobre os relatos dos seus irmãos.
"Meu Senhor e meu Deus", exclamou Tomé do fundo do seu coração amoroso !
Pois uma pessoa como Tomé, Deus vem, e a este tipo de pessoa, Ele permite mesmo que O toque !
Em seu desejo de salvar as pessoas, Cristo sofreu tudo: zombarias e açoites, a tortura e a morte vergonhosa, e mesmo que cutucassem as suas feridas com os dedos após Sua ressurreição gloriosa. Pois se Ele é aguardado, Cristo chega mesmo através de portas fechadas (João 20:26).
Mas o que Ele ouvirá ao adentrar em nossos corações? Ele vai ouvir de nós as palavras "meu Senhor e meu Deus" ou ele vai apenas receber zombaria e açoites?
Será que vamos adorá-Lo, como fez São Tomé, ou vamos crucificá-Lo com nossa falta de arrependimento e lançaremos as pedras dos nossos tantos pecados Nele ?
Ó Senhor, pelas orações do Santo Apóstolo Tomé, nos dê fé e nos ajude a nossa incredulidade (Marcos 9:24)!
Amém.
Durante toda a Semana Luminosa vivemos na alegria pascal do Salvador ressuscitado, e a nossa alegria, assim como a dos santos apóstolos, foi misturada por uma confusão de sentimentos.
Afinal, não faz muito tempo , nós estávamos lembrando da morte daquele que é a Fonte da vida, mas agora nós nos alegramos, pois fomos restaurados para a vida por Ele.
Assim como os santos apóstolos fizeram durante os primeiros dias após a ressurreição, nos vividamente lembramos das paixões de Cristo durante a leitura dos 12 Evangelhos: a morte do Senhor e a retirada do Seu corpo da Cruz, o Seu sepultamento , para nós simbolizados quando carregamos o Sudário e fazemos a procissão ao redor da igreja, até as longas horas de espera em jejum total e oração, até o milagre no sábado da Grande Quietude.
Já nos primeiros momentos daquela manhã no dia do Ressurreição, a boa notícia foi sendo propagada para toda a criação, tanto pelos anjos do céu (Marcos 16:06) quanto pelas santas miróforas na terra (Lucas 24:9) e até mesmo pelos guardas do Sinédrio (Mateus 28:11) que já haviam falado sobre o milagre.
Contudo, ainda assim os apóstolos estavam em um estado de medo e dúvida, escondendo-se por trás de portas "por medo dos judeus" (João 20:19).
A dúvida dos discípulos não deve nos surpreender, pois eles afinal eram testemunhas do maior milagre da história da criação: O homem matou Deus, e Ele ressuscitou dos mortos e salvou a raça humana das garras do inferno.
Os discípulos de Cristo, depois da detenção do Mestre, esqueceram todas as Suas profecias sobre as coisas que estariam por vir.
E é por isso que eles não acreditaram de pronto na milagrosa história registrada pelas Santas Miróforas (Marcos 16:11, Lucas 24:11), e mesmo enquanto conversavam com o Ressuscitado face a face, eles hesitavam em confiar em seus próprios corações (Lucas 24:25), que estavam a arder e tremer na presença de Deus (Lucas 24:32).
Esta maravilhosa descrença (Lucas 24:41), advinda da fraqueza humana , incapaz de abarcar a magnitude do milagre que teve lugar, reflete-se nas famosas palavras do apóstolo Tomé: "Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos e colocar o meu dedo onde estavam os pregos, e por a minha mão no seu lado, eu não vou acreditar. "(João 20:25)
Muitas vezes as pessoas referem-se a Tomé como aquele que "duvidou", sem realmente considerar a profundidade e a dimensão da "dúvida" deste santo apóstolo.
Mas vamos agora olhar mais cuidadosamente para este homem.
Pois então, podemos pensar que a sua dúvida era a mesma que a dos judeus que gritavam: "desça agora da cruz, e acreditaremos "(Mateus 27:42).
E assim, podemos especular se essa dúvida não seria semelhante a aquela que ouvimos proferida pelos nossos contemporâneos, quando esses dizem : "Se Deus existe, que Ele se mostre a todos, e vamos então passar a crer nEle "?
Os antigos escribas e fariseus sabiam de todos os milagres de Cristo e, ao que parece, sabia Quem Jesus da Galileia Era realmente.
Mas cada vez que eles eram confrontados com Divino, eles se tornavam ainda mais enraizados na blasfêmia.
Quando descobriram que Cristo curou um cego de nascença, em vez de levantar louvores, eles vomitavam maldições: "Este homem é um pecador (João 9:24), e Tu és nascido todo em pecados "(João 9:34).
Tendo ouvido que Cristo tinha ressuscitado um homem morto já ha quatro dias, (um homem que apresentava os odores da putrefação), algo que aparentemente não deixaria mais qualquer dúvidas sobre divindade de Cristo, os anciãos da nação decidiram " matem Lázaro também "(João 12:10).
Finalmente, depois de terem sido confrontados com o fato da Ressurreição milagrosa de Cristo, e tendo ouvido as testemunhas oculares dos guardas (Mateus 28:11), que tinham caído no chão tremendo na presença de um anjo brilhante (Mateus 28:4), os anciãos subornaram os soldados e buscaram enganar o povo (Mateus 28:12-14), tornando cada vez maior a sua blasfêmia.
Os Fariseus modernos também só aprofundam as suas blasfêmias, estando novamente face a face com o Ressuscitado e ainda não são convencidos, mesmo diante dos Seus tantos milagres?
Mas o caso é que São Tomé não é um desses fariseus.
Nós sabemos sobre a sua fidelidade e amor sacrificial pelo seu Mestre.
Pois sabemos, que depois de seguir o Salvador por três anos, Tomé compreendia muito bem as consequências, os perigos de Cristo enfrentar os escribas e os fariseus.
Os outros discípulos também compreendiam muito bem tal perigo, e é por isso que quando o Salvador decidiu ir para a Jerusalém, os apóstolos tentaram falar com Ele sobre isso, buscando O alertar para o perigo (João 11:8).
Mas foi São Tomé, que disse: "Vamos nós também, para que possamos morrer com Ele "(João 11:16). Nós não vamos ouvir tais palavras de um descrente !
Após a Ascensão do Salvador, o Apóstolo Tomé, de acordo com a Tradição da Igreja, foi pregar o Evangelho em um dos mais distantes e difíceis lugares do mundo antigo, a Índia, onde foi torturado e morto por Cristo.
Mas naquele dia, uma semana depois da Ressurreição, quando o Salvador veio aos Seus discípulos e Tomé estava com eles, ao Santo Apóstolo foi necessário apenas um toque para que este discípulo que amava tão abnegadamente o seu Mestre percebesse a quem tinha dedicado a sua vida : "Meu Senhor e meu Deus ", exclamou Tomé, que apenas um minuto antes era compreensivelmente cético sobre os relatos dos seus irmãos.
"Meu Senhor e meu Deus", exclamou Tomé do fundo do seu coração amoroso !
Pois uma pessoa como Tomé, Deus vem, e a este tipo de pessoa, Ele permite mesmo que O toque !
Em seu desejo de salvar as pessoas, Cristo sofreu tudo: zombarias e açoites, a tortura e a morte vergonhosa, e mesmo que cutucassem as suas feridas com os dedos após Sua ressurreição gloriosa. Pois se Ele é aguardado, Cristo chega mesmo através de portas fechadas (João 20:26).
Mas o que Ele ouvirá ao adentrar em nossos corações? Ele vai ouvir de nós as palavras "meu Senhor e meu Deus" ou ele vai apenas receber zombaria e açoites?
Será que vamos adorá-Lo, como fez São Tomé, ou vamos crucificá-Lo com nossa falta de arrependimento e lançaremos as pedras dos nossos tantos pecados Nele ?
Ó Senhor, pelas orações do Santo Apóstolo Tomé, nos dê fé e nos ajude a nossa incredulidade (Marcos 9:24)!
Amém.
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