domingo, 2 de fevereiro de 2025

32º Domingo Depois de Pentecostes

02 de Fevereiro de 2025 (CC) 20 de Janeiro (CE)
Santo Eutímio, o Grande
São Polieutkos (259); São Pedro, Bispo de Sebaste (395)
Tom 7



Santo Eutímio, o Grande (Melitene, 377 - Neguev, 20 de janeiro de 473) foi um asceta, abade e um dos Pais do monasticismo ortodoxo oriental, estabelecendo diversos centros religiosos ao longo da Palestina. Devido a sua vida ascética e sua confissão firme na fé ortodoxa, Eutímio adquiriu o epítome "o Grande". 
Quando o Concílio de Calcedónia (451) condenou Eutiques, foi graças a autoridade de Eutímio que os líderes eclesiásticos orientais aceitaram seus decretos. A Imperatriz Élia Eudócia converteu-se ao cristianismo através de Eutímio. 
Filho de Paulo e Dionísia, Eutímio logo na infância perde seu pai e sua mãe, que havia prometido guiá-lo a vida religiosa, entrega-o a seu irmão Eudóxio. Eudóxio leva a criança ao bispo Otreio de Melitene que aceita cuidar dele. Percebendo a aptidão de Eutímio, Otreio o nomeia Leitor e o torna um monge. Em pouco tempo Eutímio foi ordenado para o sacerdócio e a ele foi concebida a responsabilidade de gerir todos os mosteiros da cidade de Melitene. 
Em 406 partiu secretamente em peregrinação para Jerusalém onde filiou-se ao mosteiro de Parã, nas proximidades na cidade. Em sua viagem Eutímio visitou os Padres do Deserto. Em Parã, ganhando a vida tecendo cestos, Eutímio conheceu Teoctisto, monge de um mosteiro vizinho, que também compartilhava com ele o ascetismo. Todos os anos, após a Epifania do Senhor, ambos retiravam-se para o deserto de Coutila (próximo de Jericó). Em 411 Eutímio, junto de Teoctisto, partiu definitivamente para o deserto onde ambos habitaram uma caverna. Quando os habitantes locais tomaram conhecimento da presença destes ascetas, periodicamente eles recebiam visitas. Com o tempo uma comunidade monástica começou a ganhar forma estando entre os discípulos muitos monges de Parã. A Teoctisto foi concebido o dever de gerir o mosteiro. Durante este período Eutímio atuou no batismo de muitos árabes, entre eles Aspabeto (recebeu o nome de Pedro) e seu filho Terebão, ambos curados por Eutímio de uma moléstia. Aspebeto tornou-se bispo entre os árabes e recebeu o direito de participar do Concílio do Éfeso em 431. 
Rapidamente as notícias dos milagres de Eutímio se espalharam e multidões começaram a visitar o mosteiro a procura de cura para diversas enfermidades, Não suportando mais viver em meio a tanta fama, Eutímio abandona o mosteiro e parte junto com seu discípulo Domiciano para o deserto de Ruba, perto do mar Morto, onde habitaram a montanha onde situa-se as ruínas de Massada. No deserto de Zipho, nas cercanias da caverna onde, segundo relatos bíblicos, Davi escondeu-se de Saul, Eutímio fundou um mosteiro e construiu uma igreja, além de ter trabalhado na conversão de monges maniqueístas, na cura de enfermos e com exorcismo. Mais tarde Eutímio retorna para as proximidades do mosteiro de Teoctisto onde, em 420, funda um mosteiro semelhante ao de Parã. Em 428 a igreja próxima ao mosteiro é dedicada a ele por Juvenal, Patriarca de Jerusalém.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (10)

João 21:1-14

Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.

Tropárion da Ressurreição
Pela Cruz venceste a morte / e abriste o Paraíso ao ladrão arrependido. / Converteste em alegria a lamentação das mirróforas / e ordenaste a Teus Apóstolos que anunciassem a Tua Ressurreição, ó Cristo nosso Deus, // Tu Que concedes ao mundo a Tua infinita misericórdia.

Tropárion, Tom 4
Alegra-te, ó deserto que não deste à luz! / Tem bom ânimo, ó tu que não sentiste as dores do parto! / Pois o homem dos desejos espirituais multiplicou filhos para ti, / plantando-os com piedade e nutrindo-os com abstinência / até a perfeição das virtudes. / Através de suas súplicas, ó Cristo Deus, // traz paz à nossa vida.

Kondákion da Ressurreição
O poder da morte não é mais suficientemente forte para manter presos os homens mortais. / Pois Cristo desceu, fazendo em pedaços e destruindo esse poder. / O inferno agora está atado, / e os Profetas, em uma só voz, rejubilam grandemente, / dizendo: “O Salvador veio, // ide todos, vós Fiéis, para Sua Ressurreição”.

Kondákion da Festa, Tom 4
Tu apareceste hoje no Universo, Senhor, / e a Tua Luz mostrou-se a nós, / que, reconhecidos, Te cantarmos: / Tu vieste e Te manifestaste, // ó Luz Inacessível!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo

Tom 8: A criação encontrou alegria em tua honrada natividade / e em tua divina memória, ó venerável, / recebendo a boa alegria de teus muitos milagres. / Dá abundantemente deles às nossas almas, e lava a contaminação de nossos pecados, // para que possamos cantar: Aleluia!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos cristãos ...

Prokímenon, no 7º Tom

R. O Senhor dará força ao Seu povo; 
o Senhor abençoará o Seu povo com paz.

V. Trazei ao Senhor, filhos de Deus, trazei ao Senhor os filhos de carneiros.

No mesmo tom:

Custosa é aos olhos do Senhor a morte dos Seus Santos.

1 Timóteo 4:9-15

Irmãos, esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação; porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis. Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.

Aleluia no 7º Tom

É bom louvar ao Senhor e cantar ao Teu Nome, ó Altíssimo.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Proclamar de manhã a Tua misericórdia e à noite a Tua verdade.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

No 6º tom

Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, 
E que se apraz em Seus Seus mandamentos.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Lucas 19:1-10

Fragmento 94 - Naquela época, Jesus entrou em Jericó. E havia um homem chamado Zaqueu, o qual era o principal entre os coletores de impostos, e era rico. Ele tentou ver Quem era Jesus, mas não conseguiu por causa da multidão, porque ele era de pequena estatura. E correndo na frente, subiu num sicômoro para vê-Lo, já que Ele tinha que passar por ali. E chegando a este lugar, Jesus olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa; por hoje preciso estar na sua casa”. E ele apressadamente desceu e o recebeu com alegria. E quando eles viram isto, todos começaram a murmurar e dizer: “Ele foi se hospedar com o homem pecador”. E Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Eis que metade do que tenho, Senhor, dou aos pobres, e se alguma coisa forçada e injustamente tomei de alguém, vou compensar quatro vezes”. E Jesus disse-lhe: “Hoje a salvação veio a esta casa, porque este também é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido”.

Canto da Comunhão

Louvado seja o Senhor nos céus, 
louvado Seja nas alturas!

A memória dos justos será eterna; 
eles não temem as más notícias.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

† † †

HOMILIA

Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula.

Estas pulsões, nos ensinam também os Santos Padres, só podem ser vencidas pela Graça e a ascese, ou seja, o esforço espiritual, aquilo que São Paulo chama de “exercício da piedade”. As principais ferramentas deste combate são as orações, os jejuns, a caridade e as dignas participações da Eucaristia. Destes esforços e de seu fruto, assim nos diz São Pedro:

“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:8).

Sem este combate a alma não progride. E naquele no qual este combate ou esforços estão ausentes, nos diz o mesmo Apóstolo, que o tal é “ cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados” (2 Pedro 1:9).

O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.

No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu” que consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.

A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada, como fruto de sua fé e esforço pessoal: Zaqueu (Lucas 19:8-10; Tiago 2:24). 

Na perspectiva mistagógica podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.

O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.

O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece nas duas margens do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).

Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão).

A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.

Padre Mateus (Antonio Eça)

† † †

Nenhum comentário:

Postar um comentário