domingo, 16 de fevereiro de 2025

Domingo do Filho Pódigo

16 de Fevereiro de 2025 (CC) - 03 de Fevereiro (CE)
Sinaxys dos Santos Simeão, o justo e Ana, profetisa (séc. I); 
São Nicolau, Iluminador do Japão (1912). Novo Hieromartyr João, Timóteo, Adriano, sacerdotes e Mártires Vladimir, Michael (1938). São Romanus, o príncipe de Uglich (1285). São Simeão, o primeiro bispo de Tver e Polotsk (1289). 
Santo Inácio de Mariupol na Criméia, metropolitana de Gothia e Kafa (1786). 
O Profeta Azarias (10º c.a.C.). 
Mártires Papias, Diodoro, e Claudianus em Perge, na Panfília (250). 
Mártires Adrian e Eubulus, em Cesaréia, na Capadócia (310). 
Mártir Brás de Cesaréia na Capadócia (3º c.). 
St. Ansgar, bispo de Hamburgo, Iluminador da Dinamarca e da Suécia (865). São Lourenço de Cantuária, bispo (619) (Celta E Britânico). 
 Venerável Werburga de Chester, abadessa (700) (Celta E Britânico). 
St. Ia, virgem da St. Ives. St. James, o arcebispo da Sérvia (1292) (Sérvia). 
Mártir Paulo, o Sírio, que sofreram sob Diocleciano (4 c.). São Sviatoslav-Gabriel e de seu filho St. Dimitry de Lúriev (1253).  São Sabbas de Ioannina (15º c.); 
Novos Mártires Stamatius e João, irmãos, e Nicholas seu companheiro, em Chios (1822).
Tom 1


 
São Simeão viveu na época do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Segundo o Evangelista Lucas, Simeão recebeu de Deus a promessa de que não morreria enquanto não visse o Messias. Conforme certa tradição, ele recebeu esta promessa antes do nascimento do Salvador. Simeão era integrante do corpo dos 72 tradutores dos livros das Sagradas Escrituras (do hebraico para a língua grega), para a biblioteca do rei do Egito, Ptolomeu Filadelfo. Esta obra ficou conhecida como Septuaginta (a Bíblia dos 70 – LXX), e até hoje, permanece no Cânon Sagrado da Igreja Ortodoxa. 
Quando Simeão estava traduzindo as profecias de Isaias sobre o nascimento do "Emanuel" através de uma virgem, duvidou da exatidão da profecia e quis mudar a palavra «virgem» (παρθένος – partenos), pelo termo "mulher" (γυνὴ - guine). Neste momento teve uma revelação do Espírito Santo para que não alterasse a profecia, e ainda, que não morreria até que se cumprisse a profecia de Isaias sobre o nascimento do Messias que se daria exatamente através de uma virgem. 
Quando o menino Deus nasceu e foi trazido ao Templo, Simeão recebeu a revelação do Espírito Santo de que sua esperança havia se realizado e que no Templo de Jerusalém finalmente veria o Salvador. Ao chegar ao Templo o velho Simeão não só viu o menino prometido, como também sua puríssima Mãe-Virgem, e dignou-se segurar menino Jesus em seus braços. Foi neste momento que pronunciou aquelas palavras perenes, que tão frequentemente se escuta durante o ofício litúrgico das Vésperas: 
"Agora podes deixar teu servo ir em paz, Senhor, segundo tua palavra, pois meus olhos viram a salvação que preparaste a todos os povos, luz que ilumina as nações e para a glória de teu povo, Israel". 
Simeão representa a humanidade do Antigo Testamento que esperava pela vinda do Salvador, e que simultaneamente se transforma em anunciador do Novo Testamento. 
O Evangelista São Lucas não especifica no que trabalhava São Simeão, porém, em alguns hinos da Igreja, ele é chamado de sacerdote e santo, o que leva a intuir que era um dos sacerdotes que oficiava no Templo (Lc 2,23-37).

Santa Ana
Junto com Simeão, Santa Ana foi digna de encontrar-se com o Senhor no Templo de Jerusalém. O Evangelho informa que ela provém da tribo de Aser e que era filha de Fanuel. Depois de estar casada durante 7 anos, ficou viúva, dedicando-se ao serviço do Templo, servindo a Deus dia e noite, em jejuns e orações (Lc 2,37). 
Santa Ana tinha o dom da profecia. Para todos ela é um exemplo de vida verdadeiramente digna de respeito. Segundo o Apóstolo Paulo, estas viúvas eram, para a Igreja, de um grande valor e serviam de exemplo e ensino para a juventude (Tm 5, 3-5). Já tinha chegado a uma idade avançada e, como Simeão, ela esperava pelo Salvador. Estava atenta a todos os fatos espirituais e somou sua voz de anciã à glorificação de Simeão feita no Templo durante o encontro com o Menino Deus. Nas orações da Igreja, Santa Ana é venerada como uma mulher viúva, casta e muito respeitada. É considerada também «a profetisa do Novo Testamento». 

Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (1)  

Mateus 28:16-20

Fragmento 116 - Naquela época, os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte onde Jesus os havia ordenado. Quando O viram, prostraram-se em adoração, mas, duvidaram. Então, Jesus aproximou-Se deles e disse: “Toda a autoridade Me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar todas as coisas que vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” Amém!

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição, Tom 1
Apesar da pedra do túmulo ter sido selada pelos judeus, / e o Teu puríssimo Corpo guardado pelos soldados, / Tu ressuscitaste ao terceiro dia, ó Salvador nosso, / dando a vida ao mundo. / Por isso, ó Autor da Vida, / os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: / “Glória à Tua Ressurreição, ó Cristo! / Glória à Tua Realeza! // Glória à Tua Providência, ó Amigo do homem.

Tropárion da Festa, Tom 1
Rejubila, Tu que és cheia de graça, Ó Virgem Mãe de Deus, / pois de Ti se levantou o Sol de Justiça, Cristo nosso Deus, / iluminando aqueles que estão nas trevas. / Rejubila também, justo Ancião, que recebeste em teus braços //o Redentor de nossas almas e que também nos concede a Ressurreição.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono}
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Kondákion do Triódion, Tom 3: Tendo abandonado tolamente a Tua glória paterna, / desperdicei em vícios a riqueza que me deste. / Por isso clamo a Ti, Pai misericordioso, recebe a mim que me arrependo, / e trata-me como um de Teus servos contratados.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono}Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Kondákion da Festa Tom 1
Tu que, pelo Teu nascimento, santificaste o seio virginal / abençoaste como era necessário, as mãos de Simeão, / salvaste-nos agora ao preceder-nos, ó Cristo Deus. / Concede a paz às cidades ameaçadas pela guerra //e fortalece os Cristãos Ortodoxos que Tu amaste, ó único Amigo do homem.

Prokímenon, no 1º Tom

R. Seja a Tua misericórdia, Senhor, sobre nós, como em Ti esperamos. (Sl. 32:22)

V. Regozijai-vos no Senhor, vós, justos, pois aos retos convém o louvor.

No 3º Tom

R. Minha alma glorifica o Senhor 
e meu Espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador. (Lc 1:46,47)

1 Coríntios 6:12-20

Fragmento 135 - Irmãos, todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. Os alimentos são para o ventre, e o ventre para os alimentos; mas Deus destruirá tanto um como os outros. Ora, o corpo não é para a fornicação, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. E Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu próprio poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e os farei membros de uma prostituta? De modo nenhum. Não sabeis vós que o que se une à prostituta, faz-se um só corpo com ela? Porque os dois serão uma só carne, disse Ele. Mas aquele que se une ao Senhor é um só espírito com Ele. Fugi da fornicação: Todo pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Não sabeis vós que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais são de Deus.

Aleluia, no 1º Tom

Ó Deus, Tu me fizeste justiça, 
e a mim os povos submeteste. (Sl. 17:47)

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Ele dá grande livramento ao Seu Rei, e usa de misericórdia para com o Seu Ungido, para com Davi e sua posteridade, para sempre. (Sl. 17:50)

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Agora, Senhor, podes deixar teu servo ir em paz 
segundo a tua palavra. 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 15:11-32

Fragmento 79 - O Senhor falou esta parábola: “Um homem tinha dois filhos, e o mais jovem deles disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da propriedade que me é devida.’ E ele dividiu a propriedade entre eles. E poucos dias depois, tendo recolhido tudo, o filho mais novo partiu para um país distante e lá esbanjou sua fortuna, vivendo desordenadamente. E quando tinha gastado tudo, veio uma grande fome naquele país e ele começou a passar necessidade; então, ele foi e se juntou a um dos cidadãos daquele país, o qual o enviou para seus campos para alimentar porcos. E ele desejava encher o seu estômago com as cascas que os porcos comiam, no entanto, ninguém nada lhe dera. E caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, mas eu estou morrendo de fome aqui. Vou me levantar, ir até meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra céu e diante de ti; não sou mais digno de ser chamado de teu filho; trata-me como qualquer um dos teus trabalhadores’. E ele se levantou e foi até seu pai. E quando ele ainda estava longe, seu pai o viu e se compadeceu, e correndo, lançou-se em seu pescoço e beijou-o. E o filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. E o pai disse aos seus servos: ‘Correi para pegar suas melhores roupas e colocá-la, e ponde um anel em sua mão e sapatos em seus pés, e trazei nosso bezerro cevado e matai-o; comeremos e nos alegraremos, pois, este meu filho estava morto e ressuscitou, se perdeu e foi encontrado’. E eles começaram a se alegrar. E seu filho mais velho estava no campo; e quando, voltando, ao se aproximar da casa, ouviu música e dança; e chamando um dos criados, perguntou o que isso significava. E ele disse-lhe ‘Teu irmão retornou e teu pai matou nosso bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo’. Então, enfurecido, não quis entrar. E seu pai saiu e começou a lhe questionar. E ele respondeu ao pai: ‘Eis que te sirvo há tantos anos, nunca quebrei teu mandamento, e tu nunca me deste um cabrito para me divertir com meus amigos. Mas, vindo o teu filho, que consumiu tua propriedade com prostitutas, tu lhe mataste um bezerro cevado’. Ele lhe disse: ‘Meu filho, tu está sempre comigo, e tudo o que é meu é teu, e tu tinhas que se alegrar e festejar, pois, teu irmão estava morto e ressuscitou, estava perdido e foi encontrado’.”

Canto da Comunhão

Louvai ao Senhor nos céus, 
louvai-O nas alturas! 

Tomarei o Cálice da Salvação
e invocarei o Nome do Senhor.

Aleluia! Aleluia! Aleluia!

† † †

HOMILIA

Esta é uma das parábolas de Cristo mais conhecidas, pois o cenário onde ela se desenrola é o de um ambiente familiar, retratando um drama que quase todas, senão todas as famílias enfrentam: a ruptura dos filhos adolescentes com o Pai.

A crise do jovem caçula é um ícone dos sentimentos e mentalidades que governam a humanidade: o desejo de uma autonomia precoce baseado numa avaliação presunçosa e equivocada de si mesma.

Presunçosa, porque - à semelhança de um adolescente que presume que a maturidade biológica do seu corpo e seu acesso a informação lhe garante a autonomia - assim, também, a humanidade, concebe que seu avanço científico e tecnológico não lhe permite mais depender de Deus e de leituras teológicas da realidade.

Equivocada porque, assim como a adolescente não se apercebe que sua maturidade biológica e capacidade mental de raciocinar logicamente, são mediadas por uma estrutura subjetiva conflituosa e por forças passionais coercitivas, assim também a humanidade ignora sua estrutura ontológica: corpo, alma e espírito, os quais se encontram fragmentados e incapazes de interagir harmonicamente, incapacitando-nos, assim de atingirmos uma “maior idade”.

Este filho caçula, nosso ícone pessoal, ao se apartar do Pai conhece em primeira estância os prazeres que advém desta ― "liberdade", mas logo, logo, descobre o quanto são passageiros, e passa a provar os amargos dissabores desta postura de vida.

Em seu abismo existencial, um raio de luz alcança sua alma, e ele, avaliando as realidades presentes e as que vivia na casa do Pai, é levado a tomar uma decisão:

“Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai”.

Esta luz que brilhou em seu ser transforma radicalmente a sua alma, levando-o a trilhar a mesma estrada que liga a casa paterna, mas, agora de forma totalmente inversa. O caminho que outrora vira passar um jovem altivo, cheio de perspectivas ilusórias, sentindo-se senhor de todo saber; assiste agora os passos de um homem humilhado, de olhar e expectativas incertas, cheio de temores, a mendigar a aceitação do Pai em condições degradantes.

Uma surpresa põe termo a toda esta atmosfera sombria: o Pai o aguardava de braços abertos e lhe devolvendo a honra que um dia tão tolamente desprezara.

A história deste jovem é a nossa história pessoal. Todos nós a ele nos igualamos em sua primeira decisão: a de romper com o Pai, tomar a nossa herança e gerencia-la como nos aprouver. Também, assim como ele, experimentamos o gozo efêmero e os profundos dissabores que provêm desta decisão. Mas, se quisermos ter o mesmo fim venturoso deste jovem, devemos, também, o imitar em sua segunda decisão: erguer-se deste lodo no qual nos achamos e caminhar em direção ao Pai e lhe dizer:

― "Pai, pequei contra Ti, já não sou digno de ser chamado Teu filho".

Porém, não pensemos que apenas o caçula é o nosso ícone pessoal: também o filho mais velho espelha a alma de alguns de nós: pois, este, vivendo na casa do Pai, não o conhecia; alimentava-se de imagens limitantes que o impedia de ter acesso a todos os bens que o Pai preparara para que ele os desfrutasse.

Padre Mateus (Antonio Eça)

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