domingo, 7 de agosto de 2016

7º Domingo Depois de Pentecostes

7º DOMINGO DE SÃO MATEUS
07 de Agosto de 2016 (CC) / 25 de Julho (CE)
Dormição de Santa Ana, Avó do Senhor Jesus Cristo;
Santa Olympia (410), Diaconisa e Confessora; Santa Euphrasia (413);
Comemoração dos Santos 165 Padres do Quinto Concílio Ecuménico 
Modo 6




A divinamente sábia e bendita Ana, era filha do sacerdote Nathan e de sua esposa Maria, da tribo de Levi, pela descendência de Aarão. Segundo a tradição, Ana morreu em paz, em Jerusalém, aos 79 anos, antes da Anunciação à santíssima Virgem Maria. Durante o reinado do Santo Imperador Justiniano (527-565), uma igreja foi construída em sua honra em Dêutera. Esta Igreja foi restaurada pelo Imperador Justiniano II (685-695; 705-711), depois que a Justa aparecera à sua esposa que estava grávida. E foi nesta ocasião que o corpo e o omophorion (véu) de Santa Ana foram transferidos para Constantinopla. (A conta sobre Righteous Joakim e Anna está localizado sob 9 Setembro).

Santa Olympia, Diaconisa e Confessora 
Santa Olimpíada era filha de importante e conhecido dignitário e nasceu em Constantinopla aproximadamente por volta do ano de 366. Seu avô por parte da mãe ocupava importante posto na corte do imperador Constantino, o Grande. Desde a tenra idade Olimpíada foi prometida, mas o seu noivo morreu antes do casamento. Olimpíada resolveu permanecer virgem e dedicar-se a serviço de Deus. Ela herdou grande propriedade. Considerando a riqueza uma propriedade de Deus, Olímpia distribuía-a aos pobres, às igrejas, aos mosteiros, às casas para hospedar estranhos, prisões e lugares de exílio. Na narrativa de sua vida consta que ela nunca recusou ajuda a ninguém.

Pela sua vida bondosa, o Patriarca de Constantinopla, Nectario (381-397) sagrou-a diaconisa. Seu sucessor na cátedra de Constantinopla São João Crisóstomo respeitava muito seus feitos bondosos. Ele escreveu-lhe algumas cartas que ficaram guardadas na coletânea de suas composições e representam grande preciosidade espiritual. Os inimigos de São João Crisóstomo depuseram-no da cátedra, exilando-o, e também se armaram contra Santa Olímpia. Os últimos anos de sua vida ela passou em numerosas provações penosas. Morreu em Nicomídia por volta do ano 410. No tempo do patriarcas Sérgio (610-638) os restos mortais de Santa Olímpia foram transladados para um mosteiro feminino que foi fundado por ela em Constantinopla. Foram descritos alguns milagres e curas pelos seus restos mortais. 
A Venerável Virgem Euphrasia 
Euphrasia era filha de Antígono, um nobre de Constantinopla e parente do Imperador Teodósio, o Grande. Ela e sua mãe, uma jovem viúva, estabeleceu-se no Egito. Lá, elas visitaram os mosteiros, deram esmolas e oravam a Deus. De acordo com o seu desejo fervoroso, aos sete anos de idade Euphrasia foi tonsurada monja. Quanto mais avançava em idade, mais ela se impunha pesadas disciplinas ascéticas. Certa vez, jejuou durante quarenta dias. Possuidora de uma grande graça de Deus, ela curava as mais graves doenças. Euphrasia descansou em 413 dC, aos 33 anos de idade. 

Comemoração dos Santos 165 Padres do Quinto Concílio Ecuménico 
Este Concílio foi convocado em Constantinopla durante o reinado do Imperador Justiniano o Grande, no ano 553 dC. Todas as heresias do monofisismo foram condenadas neste Concílio, bem como os escritos heréticos de Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Cyrrhus e do ensino do origenismo (contra a ressurreição dos mortos).



MATINAS (VII)

João 20:1-10

No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro. Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.  Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados, e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu. Porque ainda não entendiam a escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.  

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LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Enquanto Maria estava diante do sepulcro / à procura de Teu imaculado Corpo, / os anjos apareceram em teu túmulo / e as sentinelas desfaleceram. / Sem ser vencido pela morte, submeteste ao Teu domínio o reino dos mortos, / e vieste ao encontro da Virgem revelando a vida. // Senhor que ressurgistes dos mortos, glória a Ti!

Kondakion da Ressurreição
Levantando com Sua vivificante mão todos os mortos dos vales tenebrosos, / Cristo Deus, Doador da vida, / quis conceder a Ressurreição ao gênero humano; / pois Ele É o Salvador, a Ressurreição, a Vida // e o Deus de todos. 

Hino à Virgem
Ó admirável Protetora dos Cristãos...

Tropárion da Dormição De St. Ana, Mãe da Santíssima Theotokos Modo 4
O divinamente sábia Ana, / em teu ventre sustentaste a Puríssima Mãe de Deus, que deu à luz à Vida. / Por isto, em glorioso júbilo, / foste trasladada para as mansões celestes, morada dÀquele em Quem te rejubilas. / Ó sempre Bendita, roga pela purificação das transgressões // de todos que te honram com amor.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kontákion Modo 2
Nós celebramos a memória dos antepassados de Cristo, / rogando-lhes com "fé por socorro, / para que livrem de todas as tribulações aos que exclamam: / O nosso Deus está conosco, // e nós O glorificamos, por Sua boa vontade!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Clamando com a Tua bendita Mãe, / voluntariamente, vieste padecer, irradiando na cruz, / desejaste encontrar Adão, dizendo aos anjos: / Alegrem-se Comigo, porque foi encontrado o dracma perdido. / Ó Deus nosso, que com sabedoria tudo consolidaste, // glória a Ti!

PROKÍMENON

Salva, Senhor, o Teu povo 
E abençoa a Tua herança. (Sl 27:9)

Clamo a Ti, Senhor, meu Rochedo,
Presta ouvido aos meus rogos. (Sl 27:1)

Romanos 15:1-7

Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.  Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.

ALELUIA

Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo 
E vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)   

Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção, 
Sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 90:2)

Aleluia, aleluia, aleluia!
  
Mateus 9:27-35

Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi. E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam-lhe eles: Sim, Senhor. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba. Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra. Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.

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COMENTÁRIO


Mateus é o único Evangelista que narra este milagre como sendo dois cegos curados e não um, conforme as narrativas de Marcos e Lucas.

Deixarei de lado as considerações que trabalham as razões desta divergência textual, pois isto exige muitos arrazoados, o que tornaria este comentário longo e enfadonho para muitos. Detenhamo-nos em considerar as dimensões místicas desta peculiaridade de Mateus.

Conforme o ensino dos Santos Pais da Igreja, a alma humana possui duas dimensões: a racional (lógica) e a intuitiva (mística). Pela primeira o homem entende e domina as coisas visíveis e sensíveis; pela segunda o homem adentra o mundo invisível e se eleva para Deus. São os dois olhos da alma, os quais ficaram cegos pelo pecado.

Por isto a ciência e a sabedoria deste mundo estão entenebrecidas, e tornam-se ridículos perante Deus os seres humanos que se gloriam de seus entendimentos e com isto sentem-se mais elevados e nobres que os demais. São cegos que enxergam vultos e deduzem que a realidade é tal qual suas visões turvas. Quando alguém se converte ao Senhor o véu dos seus olhos lhes é paulatinamente retirado, passando a enxergar a glória de Deus manifestada em Sua criação visível e invisível (2 Cor. 3:16-18).

Para livrar os sábios segundo a carne do seu torpor, Deus confere primeiramente a restauração da visão aos que por esses são tidos como desprezíveis e inferiores. E é esta graça que se manifesta aos dois homens cegos que jaziam nas proximidades de Jericó. São cegos dos olhos, mas não da alma, pois embora não enxergassem a forma física de Jesus, enxergavam sua identidade e à esta Identidade se dirigem clamando a plenos pulmões: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!

Aquilo que os olhos “sadios” dos Escribas e Doutores da Lei (sábios segundo este mundo), não puderam enxergar, dois “insignificantes” cegos o puderam. Então, Cristo em Seu amor e compaixão pelos homens, fez com que a luz presente nas almas daqueles homens se estendesse aos seus olhos debilitados, curando totalmente suas cegueiras.

A cura dos dois cegos simboliza o poder de Cristo para sanar as almas dos homens em todas as suas dimensões: a racional e a intuitiva, fazendo com que as duas, fragmentadas pelo pecado, voltem a se unir, elevando o homem à glória que lhe foi preparada.

Padre Mateus (Antonio Eça)


ORAÇÃO

Tendo os olhos espirituais cegos, eu me aproximo de Ti, ó Cristo, e com arrependimento clamo: Tem piedade de mim, Tu que iluminas com luz resplandecente aos que estão nas trevas.


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