domingo, 21 de agosto de 2016

9º Domingo Depois de Pentecostes

9ª DOMINGO DE SÃO MATEUS
PÓS-FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO
21 de Agosto de 2016 (CC) / 08 de Agosto (CE)
Santo Emiliano, o Confessor – bispo de Cízico († C. 815-820)
Jejum da Dormição da Santíssima Mãe de Deus
Modo 8





Santo Emiliano foi perseguido e torturado por causa de sua fé. O apóstolo São Paulo, pretendendo pôr em destaque a importância da confissão de nossa fé em Cristo, afirmou: 
«Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé» (Hb 4,14). 
Sim, temos um grande Αρχιερέα (Sumo Sacerdote), que já passou pelos céus e adentrou o eterno fim aonde nos espera, Ele que não é um simples homem, mas o Filho de Deus. Assim, estejamos firmes nesta fé n’Ele, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 
Um exemplo disto foi Santo Emiliano, que viveu durante o reinado do imperador iconoclasta Leão, o Armênio (813-820). Emiliano foi bispo de Cízico, sucedendo Nicolau, nos anos 787-815. Ele lutou com todas as forças que Deus lhe concedeu em defesa da veneração dos santos ícones. Convocado, juntamente com outros bispos, ao tribunal do imperador que insistia com veemência para que os bispos se abstivessem da veneração dos santos ícones, Santo Emiliano foi o primeiro a responder com toda firmeza ao  imperador, esclarecendo que a questão sobre a veneração dos santos ícones era uma questão a ser tratada e decidida no âmbito interno da Igreja, e por aqueles que se ocupam das coisas espirituais, e não por um tribunal imperial. No ano 815, Emiliano foi enviado para a prisão onde entregou sua vida como um mártir da fé ortodoxa.

MATINAS (IX)

João 20:19-31

19 Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco. 20 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor. 21 Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. 22 E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos. 24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei. 26 Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco. 27 Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente. 28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu! 29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. 30 Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; 31 estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

† † †
   

LITURGIA

Tropário da Ressurreição
Tu desceste do alto dos Céus, ó Deus misericordioso,
e aceitaste estar sepultado durante três dias,
a fim de nos libertares de nossas paixões.
Glória a Ti, Senhor, nossa vida e nossa Ressurreição!

Kondákion da Ressurreição
Ressuscitando do túmulo, Tu acordaste os mortos
e levantaste Adão, 
e Eva dançou de alegria na Tua Ressurreição,
e os confins da terra eclodiram em festejos triunfais 
na Tua Ressurreição dentre os mortos, 
ó Tu Que És misericordiosíssimo.

Hino à Virgem
Ó admirável Protetora dos Cristãos
e nossa Medianeira ante o Criador,
não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores;
mas, apressa-te a auxiliarnos como Mãe bondosa que és,
pois, te invocamos com fé:
Roga por nós, junto de Deus,
tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Tropárion da Festa Modo 7
Ó Cristo, nosso Deus,
que te transfiguraste sobre o Monte Tabor,
mostrando aos teus discípulos a tua glória
tanto quanto lhes era possível contemplá-la,
faze brilhar também sobre nós a tua luz eterna,
pelas orações da Mãe de Deus.
Ó Doador da Luz, glória a Ti!

Kondákion de Santo Emiliano Modo 3
Canta a Igreja pela qual padeceste, ó Emiliano.
É por acaso que ela te glorifica?
Pois te revelaste um vitorioso defensor da Trindade.
Por isto, nós honramos a tua memória.
Livra os teus servos do assalto dos pagãos.

Kondákion da Festa Modo 7
Tu te transfiguraste sobre o Monte, ó Cristo, nosso Deus,
revelando a tua glória aos teus discípulos,
tanto quanto lhes era possível contemplá-la,
a fim de que, quando te vissem crucificado,
compreendessem que aceitaste livremente a tua Paixão,
e anunciassem ao mundo que és, em verdade, o Esplendor do Pai.

Prokimenon

Fazei votos, e pagai-os
ao Senhor vosso Deus. (Sl. 75:11)

Conhecido É Deus em Judá, 
grande É o Seu Nome em Israel. (Sl. 75:1)

1 Coríntios 3:9-17

9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. 10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. 11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. 12 E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. 14 Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. 15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá prejuízo; mas o tal será salvo, todavia, como que pelo fogo. 16 Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? 17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós.

ALELUIA 

Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor,

cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, 

e celebremo-lo com salmos! 


Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 14:22-34

22 Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões. 23 Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho. 24 Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário. 25 À quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar. 26 Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo. 27 Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais. 28 Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas. 29 Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus. 30 Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me. 31 Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? 32 E logo que subiram para o barco, o vento cessou. 33 Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus. 34 Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.   


COMENTÁRIO

Esta é a segunda vez que Cristo permite aos Seus discípulos passar por uma tempestade (ver 8:23-27). Na primeira vez Cristo estava com eles; aqui Ele os havia despedido em paz. Desta forma, Cristo reforça a fé apostólica de que Ele estará sempre com eles no meio das tempestades da vida. 
A fé de Pedro lhe permite andar sobre a água. Note que Pedro não pede para andar sobre as águas em si, mas para chegar até Jesus; seu desejo não é o de fazer milagres, mas de estar com o Senhor. Pedro é capaz de participar deste milagre divino, enquanto mantém seu foco em Cristo. Assim que fica distraído, começa a afundar. 
Em 14:31 O termo grego para dúvidas, aqui, significa "vacilar", ou seja, a causa do afundamento de Pedro não era a tempestade, mas a dúvida "hesitação."; portanto, Cristo não repreende o vento, mas Pedro.
Esta é a primeira vez que os discípulos confessam que Jesus É o Filho de Deus. Sabendo que só Deus pode ser adorado, eles confessam a divindade de Cristo por adorá-Lo. O barco é um símbolo da Igreja.

† † †


HOMILIAS



“Coragem! Sou Eu!”

Se em alguma ocasião chegássemos a tombar no recife das tentações, recordemos que foi Jesus quem nos mandou subir na barca da prova, e que quer que lhe precedamos na margem oposta. Pois é impossível, para quem não passou pela tentação das ondas e do vento contrário, chegar àquela margem. Assim, quando nos víssemos cercados por múltiplas dificuldades, e mediante um esforço moderado tivéssemos de certa forma conseguido esquivar-se delas, imaginemos que nossa barca se encontra em mar aberto, sacudida pelas ondas que desejariam fazer-nos naufragar na fé ou em alguma outra virtude. Porém, quando víssemos que é o espírito do mal que ataca-nos, então temos de concluir que o vento nos é contrário.

Contudo, quando suportando o vento contrário tivessem transcorrido as três vigílias da noite, isto é, das trevas que acompanham a tentação, lutando intrepidamente de acordo com as nossas forças, procurando escapar ao naufrágio da fé – a primeira vigília representa o pai das trevas e do pecado; a segunda seu filho, “o adversário”, em revolta contra tudo o que traz o nome de Deus ou o que é objeto de adoração; a terceira, o espírito inimigo do Espírito Santo –, estejamos seguros que, vindo a quarta vigília, quando a noite vai adiantada e está prestes a amanhecer, o Filho de Deus virá junto a nós, caminhando sobre as ondas para acalmar o nosso mar agitado. E quando víssemos que o Verbo nos aparece, talvez nos assustemos antes de percebermos de que estamos na presença do Salvador, e, crendo ver um fantasma, gritaremos atemorizados, mas ele nos dirá em seguida: Coragem, sou eu, não tenham medo!

E se entre nós se encontrar outro Pedro, mais fortemente comovido pelas palavras de coragem do Senhor, esse Pedro em caminho para uma perfeição que ainda não alcançou, descendo da barca – como fugindo da tentação que o acometia – em um primeiro momento andou querendo aproximar-se de Jesus sobre as águas; porém, sendo a sua fé ainda insuficiente, e agitado pela dúvida, sentirá a força do vento, sentirá medo e começará a afundar. Mas não afundará, porque gritando se dirigirá a Jesus suplicando: Senhor, salva-me! E imediatamente, também a este Pedro que lhe suplica dizendo: Senhor, salva-me, o Verbo lhe estenderá a mão e socorrerá a este homem, agarrando-o no preciso momento em que começava a afundar, e lançando-lhe em face sua pouca fé e o ter duvidado. Contudo, observa que não lhe disse: “Incrédulo”, mas: homem de pouca fé, e que acrescentou: Por que duvidaste?, como alguém que, apesar de ter um pouco de fé, vacila e não se comporta de modo contrário.

Momentos depois, tanto Jesus como Pedro subiram na barca e o vento se acalmou. Os que estavam na barca, percebendo de que perigos foram salvos, o adoraram dizendo: Realmente és o Filho de Deus.

Orígenes (séc. III)

***


“Senhor, Salva-Me, Porque Estou Afundando”

O Evangelho que nos foi proclamado e que recolhe o episódio de Cristo, o Senhor, andando sobre as ondas do mar, e do Apóstolo Pedro, que ao caminhar sobre as águas vacilou sob a ação do temor, duvidando se afundava e confiando novamente saiu flutuando, nos convida a ver no mar um símbolo do mundo atual, e no Apóstolo Pedro a figura da única Igreja.

Na realidade, Pedro em pessoa – ele, o primeiro na ordem dos apóstolos e generosíssimo no amor a Cristo – com frequência responde em nome de todos. Quando o Senhor Jesus perguntou quem dizia o povo que ele era, enquanto os demais discípulos lhe informam sobre as distintas opiniões que circulavam entre os homens, ao insistir o Senhor em sua pergunta e dizer: E vós, quem dizeis que eu sou?, Pedro respondeu: Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo. A resposta a deu um em nome de muitos, a unidade em nome da pluralidade.

Contemplando a este membro da Igreja, tratemos de discernir nele o que procede de Deus e o que procede de nós. Deste modo não vacilaremos, mas estaremos fundamentados sobre a pedra, estaremos firmes e estáveis contra os ventos, as chuvas e os rios, isto é, contra as tentações do mundo presente. Observai, pois, nesse Pedro que então era nossa imagem: algumas vezes confia, outras vacila; algumas vezes lhe confessa imortal e outras teme que morra. Por isso, porque a Igreja tem membros seguros, tem também inseguros, e não pode subsistir sem seguros nem sem inseguros. Naquilo que Pedro disse: Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo, representa os que são seguros; no fato de tremer e vacilar, não querendo que Cristo padecesse, temendo a morte e não reconhecendo a Vida, representa aos inseguros da Igreja. Assim, portanto, naquele único apóstolo, ou seja, em Pedro, o primeiro e principal entre os apóstolos, no qual estava prefigurada a Igreja, deviam estar representados os dois tipos de fiéis, ou seja, os seguros e os inseguros, já que sem eles não existe a Igreja.

Este é também o significado do que nos acabou de ser lido: Senhor, se és tu, manda-me ir até ti andando sobre a água. E, diante de uma ordem do Senhor, Pedro verdadeiramente caminhou sobre as águas, consciente de não poder fazê-lo por si mesmo. Pode a fé o que a humana fraqueza era incapaz de fazer. Estes são os seguros da Igreja. Ordene-o o Deus homem e o homem poderá o impossível. Vem – disse ele –, e Pedro desceu e começou a andar sobre as águas: pôde fazê-lo porque o havia ordenado a Pedra. Eis aqui do que Pedro é capaz em nome do Senhor; o que é que pode por si mesmo? Ao sentir a força do vento, ficou com medo, começou a se afundar e gritou: Senhor, salva-me, porque estou afundando! Confiou no Senhor, pôde no Senhor; vacilou como homem, retornou ao Senhor. Em seguida estendeu a ajuda de sua destra, agarrou ao que estava afundando, censurou ao desconfiado: Que pouca fé!

Bom, irmãos, temos que terminar o sermão. Considerai o mundo como se fosse o mar: vento fortíssimo, tempestade violenta. Para cada um de nós, suas paixões são sua tempestade. Amas a Deus: andas sobre o mar, sob os teus pés ruge a agitação do mundo. Amas ao mundo: ele te engolirá. Ele sabe devorar, não suportar os seus adoradores. Porém, quando o sopro da concupiscência agita teu coração, para vencer tua sensualidade invoca sua divindade. E se teu pé vacila, se hesitas, se existe algo que não consegues superar, se começas a te afundar, diz: Senhor, salva-me, porque estou afundando! Porque só te livra da morte da carne aquele que na carne morreu por ti. 


Bem-Aventurado Agostinho, Bispo de Hypona (Séc. V)

***


“A Insondável Profundidade De Deus”


Deus está em todas as partes, é imenso e está próximo de todos, conforme atesta de si mesmo: Eu sou – diz – um Deus próximo, e não distante. O Deus que buscamos não está longe de nós, já que está dentro de nós, se somos dignos de sua presença. Habita em nós como a alma no corpo, na condição de que sejamos seus membros sãos, de que estejamos mortos ao pecado. Então, habita verdadeiramente em nós aquele que disse: Habitarei e caminharei com eles. Se somos dignos de que ele esteja em nós, então somos realmente vivificados por ele, como seus membros vivos: Pois nele – como afirma o apóstolo – vivemos, nos movemos e existimos.

Quem, pergunto-me, será capaz de penetrar no conhecimento do Altíssimo se consideramos o inefável e incompreensível de seu ser? Quem poderá investigar as profundezas de Deus? Quem poderá gloriar-se de conhecer ao Deus infinito que tudo preenche e tudo envolve, que tudo penetra e tudo supera, que tudo abarca e tudo transcende? A Deus ninguém jamais o viu tal como é. Ninguém, portanto, tenha a presunção de perguntar-se sobre o indecifrável de Deus, o que foi, como foi, quem foi. Estas são coisas inefáveis, inescrutáveis, impenetráveis; limita-te a crer com simplicidade, porém com firmeza, que Deus é e será tal como foi, porque é imutável.

Quem é, portanto, Deus? O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus. Não questione mais a respeito de Deus; porque os que querem conhecer as profundezas insondáveis devem antes considerar as coisas da natureza. De fato, o conhecimento da Trindade divina se compara, com razão, à profundidade do mar, conforme aquela expressão do Eclesiastes: O que existe é distante e muito obscuro, quem o examinará? Porque, assim como a profundidade do mar é impenetrável aos nossos olhos, assim também a divindade da Trindade escapa a nossa compreensão. E, por isto, insisto, se alguém se esforça em saber o que deve crer, não pense que o compreenderá melhor dissertando do que crendo; ao contrário, ao ser buscado, o conhecimento da divindade se afastará ainda mais que antes daquele que pretenda alcançá-lo.

Busca, portanto, o conhecimento supremo, não com investigações verbais, mas com a perfeição de um bom comportamento; não com palavras, mas com a fé que procede de um coração simples e que não é fruto de uma argumentação baseada em uma sabedoria irreverente. Portanto, se buscas mediante o discurso racional ao que é inefável, ficarás muito longe, mais do que estavas; porém, se o buscas com fé, a sabedoria estará à porta, que é onde tem a sua morada, e ali será contemplada, pelo menos parcialmente. E também podemos realmente alcançá-la um pouco quando cremos naquele que é invisível, sem compreendê-lo; porque Deus há de ser crido tal como é, invisível, mesmo que o coração puro possa, em parte, contemplá-lo.

São Columba, de Iona (séc. VI)

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