9ª SEXTA-FEIRA DEPOIS DE PENTECOSTES
19 de Agosto de 2016 (CC) / 06 de Agosto (CE)
S. Eusígnio, mártir († 362).
Jejum da Dormição
Modo 7
19 de Agosto de 2016 (CC) / 06 de Agosto (CE)
S. Eusígnio, mártir († 362).
Jejum da Dormição
Modo 7
Comemoramos hoje a Transfiguração do Senhor. Esta festa remonta ao século V, no Oriente e, na Idade Média estendeu-se por toda Igreja Universal. O episódio foi relatado pelos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Presentes estavam os apóstolos Pedro, João e Tiago. Jesus transfigurou-se diante deles, seu corpo ficou luminoso e resplandecentes as suas vestes. Com isto, Jesus quis manifestar aos discípulos que Ele era realmente o Filho de Deus, enviado pelo Pai. Jesus é o cumprimento de todas as promessas de Deus; é Deus conosco, a manifestação da ternura e da misericórdia do Pai entre os homens. A sua paixão e morte não serão o fim, mas tudo recobrará sentido quando Deus Pai o ressuscitar e o fizer sentar-se à Sua direita, na Sua glória. Tudo isto é dito de uma maneira plástica – luz, brancura, glória, nuvem … que indicam a presença de Deus. O caminho necessário para a ressurreição é, contudo, o caminho da cruz, da paixão e morte, da entrega total de Sua vida pelo perdão dos pecados.
Para a igreja Ortodoxa, a festa da «Transfiguração (Metamórphosis) de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo» é uma das 12 solenidades do calendário litúrgico. Isso traduz toda a teologia da divinização do homem. A teologia oriental insiste sobre a graça incriada, participação na luz que envolveu o Cristo no Tabor, «Graça deificante, emanação do Espírito Santo que vem a iluminar a Esposa para torná-la nupcialmente conforme ao Esposo», como escreve C. Andronikov, acrescentando:
«A Transfiguração, festa teleológica por excelência, nos permite aguardar a Páscoa e prever o porvir para além da parusia.»
A referida festa parece ter surgido como comemoração de dedicação das basílicas do monte Tabor. É posterior à festa da Exaltação da Cruz, da qual, no entanto, depende quanto à fixação de sua data. Com efeito, segundo uma tradição, a Transfiguração de Jesus tinha acontecido 40 dias antes da crucifixão. A solenidade tinha-se, pois, fixado no dia 6 de Agosto, isto é, 40 dias antes da Exaltação da Cruz, que é celebrada no dia 14 de Setembro. A relação entre uma e outra festa sublinha-se, igualmente, pelo fato de que no dia 6 de Agosto começam a cantar-se os hinos (catavasias) da Cruz. Neste dia é costume que os fiéis tragam frutas para a Igreja para que sejam abençoadas, como se fazia, antes, oferecendo as primícias para o Templo, conforme a lei.
MATINAS
Lucas 9:28-36
28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar. 29 Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente. 30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, 31 os quais apareceram em glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém. 32 Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele. 33 E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. 34 Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os envolveu em escuridão; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem. 35 E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. 36 Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
LITURGIA
Tropárion Modo 7
Ó Cristo, nosso Deus,
que te transfiguraste sobre o Monte Tabor,
mostrando aos teus discípulos a tua glória
tanto quanto lhes era possível contemplá-la,
faze brilhar também sobre nós a tua luz eterna,
pelas orações da Mãe de Deus.
Ó Doador da Luz, glória a Ti!
Kondakion Modo 7
Tu te transfiguraste sobre o Monte, ó Cristo, nosso Deus,
revelando a tua glória aos teus discípulos,
tanto quanto lhes era possível contemplá-la,
a fim de que, quando te vissem crucificado,
compreendessem que aceitaste livremente a tua Paixão,
e anunciassem ao mundo que és, em verdade, o Esplendor do Pai.
Prokimenon Modo 4
Quão magníficas são as Tuas obras, ó Senhor,
fizeste com sabedoria todas as coisas!
Bendize ó minha alma o Senhor,
Senhor, como És grandioso. (Sl 103:24-1)
2 Pedro 1:10-19
10 Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. 11 Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 12 Pelo que estarei sempre pronto para vos lembrar estas coisas, ainda que as saibais, e estejais confirmados na verdade que já está convosco. 13 E tendo por justo, enquanto ainda estou neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações, 14 sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, assim como nosso Senhor Jesus Cristo já mo revelou. 15 Mas procurarei diligentemente que também em toda ocasião depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas. 16 Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares da sua majestade. 17 Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando pela Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; 18 e essa voz, dirigida do céu, ouvimo-la nós mesmos, estando com ele no monte santo. 19 E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações...
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Teus são os Céus e tua é a Terra
fundaste o mundo e tudo o que ele contém.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Feliz o povo que tem o Senhor por seu Deus.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Mateus 17:1-9
1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte; 2 e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. 5 Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. 6 Os discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados. 7 Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não temais. 8 E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente. 9 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos.
Kinonikón (Canto da Comunhão)
Caminharemos, Senhor,
na luz da glória de Tua face pelos séculos.
Aleluia, aleluia, aleluia!
† † †
HOMILIAS
Por São Nikolai Velimirovic
Irmãos, como pode o homem mortal ter parte na natureza de Deus? Como pode a eternidade ser companheira de tempo e de glória com o que é sem glória, o incorruptível com o corruptível, o puro com o impuro? Simplesmente não podem, a não ser em condições particulares, e essas condições o Apóstolo Pedro menciona - uma condição da parte de Deus e a outra por parte dos homens.
Como condição da parte de Deus, o apóstolo diz:
"Conforme o seu divino poder nos deu todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade" (2 Pedro 1:3).
Como condição por parte do homem:
"...havendo escapado da corrupção que há no mundo das paixões" (2 Pedro 1:4).
Deus cumpriu a sua condição e nos deu o Seu poder. "Através do conhecimento daquele que nos chamou para a glória e virtude" (2 Pedro 1:3). Agora é a vez do homem cumprir a sua condição, ou seja, conhecer a Cristo como Senhor para escapar dos desejos corporais deste mundo.
O Senhor Jesus Cristo abriu o céu e todos os tesouros do céu e, em seguida, chamou a humanidade a se aproximar dele para receber esses tesouros. Como Ele os convida? Apenas por palavras? Em palavras, mas não só palavras, mas também "nos chamou para a glória e virtude"; glória, isto é, pela Sua ressurreição gloriosa; virtude, isto é, pela Sua obra miraculosa e sofrimento. Por isso Ele nos convidou para receber as promessas grandíssimas que, por eles, podemos participam na natureza de Deus. Mas, para que possamos conhecer a Cristo e ouvir o Seu convite, devemos primeiro escapar de todos os desejos físicos do mundo. Se não escapar, então vamos permanecer cegos diante d'Ele, antes de Sua glória e virtude e surdo ao seu convite!
Ó irmãos, quão enorme é a misericórdia de Deus para conosco! De acordo com esta grande misericórdia, Deus oferece a nós mortais a adoção pelo Único Imortal, e para nós pecadores, ergueu um edifício no Corpo Glorioso de Jesus. Mas, sob uma única condição, que não é nem um jugo grande nem pesada cruz.
Ó Senhor Jesus, em Quem se cumprem todas as promessas e Onde reside a fonte de todo bem, curai-nos de nossa cegueira e surdez e concedei-nos poder para escapar das paixões do mundo.
† † †
por São João Damasceno (c. 676-749)
«Uma nuvem luminosa cobriu-os com a sua sombra» e os discípulos foram tomados de grande temor vendo Jesus, o Salvador, com Moisés e Elias na nuvem. Outrora, é certo, quando Moisés viu Deus, entrou na nuvem divina (Ex 24,18), dando assim a compreender que a Lei era uma sombra. Escuta o que diz S. Paulo:
«Na verdade, a Lei não era mais do que sombra dos bens futuros, não a própria realidade» (He 10,1).
Nesse tempo, Israel «não tinha podido fixar os olhos na glória passageira do rosto de Moisés» (Col 3,7). «Mas nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor e somos transformados de uma glória para uma glória ainda maior, pela ação do Senhor que é Espírito» (v. 18). É por isso que a nuvem que cobriu os discípulos com a sua sombra não estava cheia de trevas mas de luz. Com efeito, «o mistério escondido há séculos e através das gerações foi revelado» (Col 1,26) e a glória perpétua e eterna foi manifestada. Eis porque é que Moisés e Elias, um de cada lado do Salvador, personificavam a Lei e os profetas. Aquele que a Lei e os profetas anunciavam é, na verdade, Jesus, o dispensador da vida.
Moisés representa também a assembleia dos santos que outrora adormeceram (Dt 24,5) e Elias, a dos vivos (2R 2,11), porque Jesus transfigurado é o Senhor dos vivos e dos mortos. E Moisés entrou finalmente na Terra Prometida porque é Jesus que aí o conduz. Outrora, Moisés tinha visto apenas de longe a herança prometida (Dt 34,4); hoje vê-a nitidamente.
† † †
por São Cirilo, Bispo de Alexandria (380-444).
Jesus subiu à montanha com os três discípulos que escolheu. Depois foi transfigurado por uma luz fulgurante e divina, a ponto de as Suas vestes parecerem brilhar como a luz. Seguidamente, Moisés e Elias envolveram Jesus, falaram entre eles da Sua partida, que devia acontecer em Jerusalém, quer dizer, do mistério da Sua encarnação e da Sua Paixão salvadora, que devia concretizar-se na cruz. Porque é verdade que a lei de Moisés e a pregação dos profetas tinham mostrado antecipadamente o mistério de Cristo. [...] Esta presença de Moisés e de Elias e a conversa entre eles tinha como objetivo mostrar que a Lei e os profetas formavam como que o cortejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor que tinham profetizado. [...] Depois de terem aparecido não se calavam, falando da glória de que o Senhor ia ser cumulado em Jerusalém pela Sua Paixão e pela Sua cruz e, sobretudo, pela Sua ressurreição.
Talvez o bem-aventurado São Pedro, acreditando que tinha chegado o Reino de Deus, tenha desejado permanecer na montanha, porque disse que deviam fazer «três tendas». [...]. Não sabia o que estava a dizer». Porque ainda não tinha chegado o momento do fim do mundo e não será no tempo presente que os santos usufruirão da esperança que lhes foi prometida. É que São Paulo afirma:
«Ele transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao Seu corpo glorioso» (Fil 3, 21).
Uma vez que o projecto da Salvação ainda não estava completo, estando apenas no seu começo, não era possível que Cristo, que tinha vindo ao mundo por amor, renunciasse a querer sofrer por ele. Porque Ele manteve a natureza humana para sofrer a morte na Sua carne, e para a destruir pela Sua ressurreição de entre os mortos.
† † †
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