quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

2ª Quarta-feira do Triódion

07 de Fevereiro de 2018 (CC) - 25 de Janeiro (CE)
S. Gregório Nazianzeno, o Teólogo, Arcebispo de Constantinopla († c. 389)
Modo 2


São Gregório, o Teólogo, (326-389) era filho de Gregório (que mais tarde tornou-se Bispo de Nazianzeno) e de Nonna, mulher de ilibada conduta moral. Antes mesmo de dar à luz a Gregório, prometera que dedicaria seu filho a Deus, educando-o e fazendo todo esforço para que sua vontade fosse inclinada ao serviço de Deus. Por isso, São Gregório considerava que a educação que recebeu de mãe foi decisiva em sua vocação. Era muito inteligente e recebeu uma excelente educação. Estudou nas escolas de Cesárea, onde existia uma biblioteca cujos livros foram organizados por São Panfílio. Em Alexandria, estudou as obras de Orígenes e, em Atenas, cultivou uma profunda amizade por São Basílio, o Grande, que já o conhecia anteriormente. A amizade por São Basílio lhe rendeu um grande aprendizado que, dificilmente poderia obter em qualquer escola de nível superior. Em Atenas, dividiam a mesma morada e compartilhavam da mesma maneira de viver. Conheciam só dois caminhos: um que os levava a escola e o outro que os conduzia a Igreja. Também em Atenas, São Gregório conheceu Juliano, o Apóstata, que mais tarde tornou-se imperador e renegou o cristianismo, tentando fazer renascer o paganismo no Império Romano (361-363), deixando marcas de perversidade e firmando-se como inimigo da Igreja. Ao completar 26 anos, São Gregório foi batizado e regressou à sua pátria, afastando-se por muito tempo de todos os cargos públicos, ocupando-se com leituras, orações, composições de canções e com o cuidado de seus pais que já eram idosos.

Passou algum tempo no deserto, considerado por ele, como o tempo mais feliz de sua vida. Seu pai, sendo já bispo, precisava de um auxiliar, e chamou seu filho Gregório do Monastério Basiliense para a cidade de Nazianzo, e lhe ordenou presbítero. A dignidade do sacerdócio e o peso das obrigações atemorizaram São Gregório que se refugiou no deserto para viver uma vida de solidão. Posteriormente, quando seu espírito já estava apaziguado, regressou e aceitou as obrigações sacerdotais, consolando-se por servir a Deus, auxiliando seu velho pai no serviço das paróquias.

Aconteceu também que seu amigo Basílio, tornou-se arcebispo e, desejando ter consigo um fiel e instruído auxiliar para cuidar de uma ampla região, ofereceu a Gregório o cargo de principal presbítero de sua sede. Gregório, porém, recusou este honroso e influente cargo. Tempos depois, Gregório foi escolhido para ser bispo de Sasima, fruto de um acordo entre Basílio e o pai de seu pai. Vendo em tudo isto a vontade de Deus, Gregório aceitou ser ordenado, mas não quis o título, continuando como vigário na paróquia de Nazianzo, ajudando seu pai. Em 374, seu pai faleceu e, pouco depois, sua mãe. São Gregório continuou trabalhando e ocupando-se das funções que eram de seu pai, dirigindo a Igreja de Nazianzo. Adoeceu gravemente, e quando já estava recuperado, afastou-se para um monastério isolado onde, em jejum e oração, viveu próximo de três anos. Mas, uma pessoa como ele, não poderia se esconder na cela de um monastério. Foi eleito pelos Bispos Ortodoxos e pelos Fiéis, Arcebispo de Constantinopla, na época em que os arianos tinham muita influência e poder, e tomavam todas as igrejas da capital.

São Gregório se hospedou em uma casa de conhecidos. Transformou um cômodo numa pequena Igreja e a dedicou à Anastasia (Ressurreição), acreditando que ressuscitaria a Ortodoxia, e começou seu trabalho de pregação. Os arianos o incomodavam atirando-lhe pedras e enviando secretamente assassinos. O povo reconheceu o seu verdadeiro pastor e, cada vez, mais aproximavam-se de sua cátedra, “como o metal se aproxima do imã”, como costumava dizer. Por suas palavras fortes, exemplo de vida e diligência pastoral, vencia os inimigos da Igreja. Muitas pessoas vinham de todas as partes para escutar suas inspiradoras palavras. O público presente parecia um mar atormentado, aplaudiam-no, gritavam com grande entusiasmo expressando concordar com o que ouviam e, alguns escribas anotavam suas palavras para a posteridade. Cada semana, milhares de pessoas retornavam à Fé Ortodoxa. Quando o Ortodoxo Teodósio se tornou imperador (379-395), os arianos foram então expulsos das igrejas da capital.

São Gregório combatia também a heresia de Macedônio, que negava a divindade do Espírito Santo. Participou ativamente do segundo Concílio Ecumênico. Ao terminar seus trabalhos, não quis mais o trono de Constantinopla dizendo: “Adeus cátedra – elevado e perigoso posto que suscita tanta inveja”. Afastou-se para sua cidade natal Arianzo, próximo de Nazianzo, onde passou seus últimos anos de vida vivendo como asceta. Por suas excelentes obras teológicas e por sua habilidade em discorrer sobre assuntos profundos da fé, explicando suas inexplicáveis verdades, com caridade, rigor e exatidão, São Gregório recebeu da Igreja o respeitável título de “Teólogo” e “Mestre Universal”. Também a Igreja o chama de “Mente superior”. Seus sermões são cheios de poesia e muitas de suas expressões foram utilizados nas orações próprias para os dias festivos (por São João Damasceno e outros). Até os dias de hoje, das suas relíquias brotam um agradável aroma. 
Leituras Comemorativas
João 10:1-9 (Matinas)
2 Timóteo 3:1-9 
Lucas 20:46-21:1-4 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 João 3:21-4:6

21 Amados, se o coração não nos condena, temos confiança para com Deus; 22 e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista. 23 Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou. 24 Quem guarda os seus mandamentos, em Deus permanece e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos tem dado. 1 Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. 2 Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; 3 e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo. 4 Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. 5 Eles são do mundo, por isso falam como quem é do mundo, e o mundo os ouve. 6 Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. Assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro. 

COMENTÁRIO

São Teófano, o Recluso
Você questiona se de fato existe uma ajuda, pois, você diz: "Eu a pedi e não me foi dada". Mas, então, como é que ela foi dada aos outros? Com o Senhor não há acepção de pessoas; não sem motivo Ele concede a um e a outro não. Ele está pronto para socorrer a todos, pois, Lhe É Próprio o donativo. Se Ele não doar a alguém, a razão não está nEle, mas unicamente em quem está pedindo ajuda. Entre essas razões pode haver algumas que não podemos sequer imaginar. Mas existem razões conhecidas e visíveis para qualquer pessoa. Uma dessas razões (e não seria esta a principal razão?) é apontada por São João como sendo a ausência de confiança; e a causa desta ausência de confiança vem da condenação do coração ou da consciência: 
"Amados," diz ele, "se o nosso coração não nos condena, então temos confiança para com Deus. E tudo o que Lhe pedirmos, dEle receberemos, porque guardamos os Seus mandamentos e fazemos o que é agradável à Sua vista (I João 3:21) . 
Não há nada mais a acrescentar a estas palavras. Tudo está claro em si e por si. O mestre vai ajudar um servo infiel, um esbanjador e perdulário? Será que o Senhor realmente está em nós quando nós não queremos agradar a Deus e cumprir Seus mandamentos; se nós só nos doamos à oração quando surge uma necessidade extrema ?!

Marcos 14:43-14:72

43 E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos. 44 Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança. 45 E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou. 46 Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam. 47 Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha. 48 Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? 49 Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras. 50 Nisto, todos o deixaram e fugiram. 51 Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram. 52 Mas ele, largando o lençol, fugiu despido. 53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. 54 E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo. 55 Os principais sacerdotes procuravam testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam. 56 Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam. 57 Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo: 58 Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens. 59 E nem assim concordava o seu testemunho. 60 Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?  61 Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?    62 Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu. 63 Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas? 64 Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte. 65 E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas. 66 Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote 67 e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus. 68 Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. 69 E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles. 70 Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu. 71 Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais. 72 Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar. 



São Cirilo
Patriarca de Alexandria
Eis que um rei reinará com justiça e seus chefes governarão conforme o direito. O Verbo, unigênito de Deus, era o rei universal juntamente com Deus Pai e, ao vir a nós, toda criatura visível e invisível submeteu-se a ele. E embora o homem terreno, apartando-se e desvinculando-se de seu reino, fez pouco caso de seus mandamentos até o ponto de deixar-se enredar pela tirânica mão do diabo com os laços do pecado, ele, administrador e dispensador de toda justiça, novamente voltou a submeter-lhe ao seu jugo. São verdadeiramente retos os caminhos do Senhor.
Chamamos caminhos de Cristo aos oráculos evangélicos, por meio dos quais, atentos a todo tipo de virtude e ornando nossas cabeças com as insígnias da piedade, alcançamos o prêmio de nossa vocação celestial. Estes caminhos são realmente retos, sem curva ou perversidade alguma. Os chamaríamos retos e transitáveis. De fato, está escrito: Os caminhos do justo são retos, aplainas as sendas do justo. Pois a senda da lei é áspera, arrasta-se entre símbolos e figuras, e é de uma intolerável dificuldade. Por outro lado, o caminho dos oráculos evangélicos é plano, em nada áspero ou pedregoso.
Assim, os caminhos de Cristo são retos. Ele edificou a cidade santa, isto é, a Igreja, na qual ele mesmo estabeleceu sua morada. Ele realmente habita nos santos e nós nos convertemos em templo de Deus vivo, pois, pela participação do Espírito Santo, temos Cristo em nosso interior. Fundou, pois, a Igreja, e ele é o fundamento sobre o qual também nós, como pedras esplêndidas e preciosas, nos vamos integrando na construção do templo santo, para ser morada de Deus, pelo Espírito.
Absolutamente inalterável é a Igreja que tem a Cristo por fundamento e base inabalável. Vede, diz, eu coloco em Sião uma pedra provada, angular, preciosa, de fundamento: quem se apoia nela não vacila. Portanto, uma vez fundada a Igreja, ele mesmo alterou a sorte de seu povo. E a nós, derrubado por terra o tirano, nos salvou e libertou do pecado, e nos submeteu ao seu jugo, não porque fosse-lhe pago um preço ou à base de regalias. Um de seus discípulos o diz claramente: Resgataram-nos deste proceder inútil recebido de nossos pais: não com bens efêmeros, com ouro e prata, mas ao preço do sangue de Cristo, o cordeiro sem defeito e sem mancha. Ele deu por nós o seu próprio sangue: portanto, não nos pertencemos, mas somos daquele que nos comprou e nos salvou.

Com razão, pois, todos aqueles que desprezam a reta norma da verdadeira fé se veem acusados pela boca dos santos como negadores do Deus que os redimiu.


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