terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

2ª Terça-feira do Triódion

06 de Fevereiro de 2018 (CC) - 24 de Janeiro (CE)
S. Xênia de Roma, monja († séc. V);
Xênia, de São Petersburgo, Louca de Cristo (Séc. XVIII)
Modo 2



Santa Xênia era filha única do ilustre senador romano, Eusébio. Embora ainda muito jovem, decidiu permanecer virgem e para evitar o casamento, partiu rumo a Alexandria, juntamente com dois escravos. Uma vez lá, convenceu a seus acompanhantes de a chamarem Xênia, que em grego significa «peregrina», dificultando assim ser encontrada. 
Quando se encontrou com o abade do Monastério do Santo Apóstolo André, na cidade de Mileto (em Caria), ela me pediu para que a levasse, juntamente com seus acompanhantes, à cidade de Milas. Xênia comprou um terreno e construiu uma igreja dedicada a Santo Estevão, organizando junto um monastério para mulheres. Logo, por sua vida exemplar, o bispo de Milas a elevou à dignidade de diaconisa. Verdadeiramente, Xênia levava uma vida angelical. Amava a todos, prestava ajuda a todos na medida do que lhe era possível. Era uma benfeitora dos pobres, consolava os aflitos e sofredores e, para os pecadores, uma mãe espiritual. Por sua profunda humildade, se considerava a si mesma como a pior e a mais pecadora de todos. Santa Xênia ajudou a salvar muitas almas. Ele morreu na segunda metade do século V. Durante a sua morte, ocorreram sinais miraculosos.  
Xênia, de São Petersburgo, Louca de Cristo 
Nasceu por volta de 1730 e, muito jovem, se casou com um coronel do exército chamado Andrei, um homem bonito e atormentado que gostava de vida mundana.


Quando tinha vinte e seis anos, seu marido morreu de repente depois de beber com seus amigos, deixando Xênia uma viúva sem filhos. Logo depois, ela distribuiu todas as suas posses e desapareceu de São Petersburgo por oito anos; acredita-se que ela passou o tempo em um eremitério, ou mesmo em um mosteiro, aprendendo os caminhos da vida espiritual. Quando voltou para São Petersburgo, ela pareceu ter perdido o motivo de viver: vestia-se com o casaco do exército do marido e só respondia ao nome dele. Xênia passou a morar na rua, vagando pelas vias da cidade, zombada e abusada por muitos. Ela recebia esmolas de pessoas de caridade, mas imediatamente as entregava aos pobres; sua única comida vinha das refeições que às vezes aceitava daqueles que a conheciam. À noite, se retirava para um campo fora da cidade onde se ajoelhsvs em uma oração até a manhã.

Lentamente, as pessoas da cidade observaram sinais de uma santidade que subjazia sua vida aparentemente perturbada: ela mostrou um dom de profecia, e sua própria presença quase sempre provava ser uma benção. O Synaxarion diz:

"A bênção de Deus parecia acompanhá-la onde quer que ela fosse... Então, a compaixão, em pouco tempo, deu lugar à veneração, e as pessoas geralmente a consideraram como o verdadeiro anjo da guarda da cidade ".


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 João 3:11-20

11 Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros,    12 não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas. 13 Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia. 14 Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15 Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele. 16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos. 17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? 18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade. 19 Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranqüilizaremos o nosso coração;  20 porque se o coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. 

Marcos 14:10-42

10 Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11 Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna. 12 Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa? 13 Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; segui-o; 14 e, onde ele entrar, dizei ao  dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? 15 E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos. 16 Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa. 17 Ao anoitecer chegou ele com os doze. 18 E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me. 19 Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu? 20 Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato. 21 Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido. 22 Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo. 23 E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. 26 E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras. 27 Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão. 28 Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galileia. 29 Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu. 30 Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás. 31 Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos. 32 Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro. 33 E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se; 34 e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai. 35 E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. 36 E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres. 37 Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora? 38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras. 40 E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder. 41 Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. - Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.


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COMENTÁRIO

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (séc. V)

Durante a ceia, tomou o pão e o partiu. Por que instituiu este mistério durante a Páscoa? Para que conclua de todos os seus atos que ele foi o legislador do Antigo Testamento, e que todas as coisas que nele se contêm foram esboçadas em vista à nova aliança. Por isso, onde estava a figura, Cristo entronizou a verdade. A tarde era o símbolo da plenitude dos tempos, e indicava que as coisas já estavam chegando ao seu fim. Pronunciou a bênção, ensinando-nos como nós temos de celebrar este mistério, mostrando que não vai coagido para a paixão e preparando-nos para que tudo quanto soframos o saibamos suportar com ação de graças, e tirando do sofrimento um avigoramento da esperança.

Pois, se já o tipo ou a figura foi capaz de libertar de tão grande escravidão, com mais razão libertará a verdade ao redor da terra e redundará em benefício de nossa raça. Por isso Cristo não instituiu este mistério antes, mas tão somente no momento em que estavam para cessar as prescrições legais. Aboliu a mais importante das solenidades judaicas, convocando aos judeus em torno à outra mesa muito mais santa, e disse: Tomai e comei: isto é meu corpo, que será entregue por vós.

E como não se perturbaram ao ouvir isto? Porque anteriormente Cristo já lhes tinha dito muitas e grandiosas coisas deste mistério. Por isso agora ele não se estende em explicações, porque já tinham escutado bastante sobre esta matéria. Apesar disso, sei que lhes diz qual é a causa da paixão: o perdão dos pecados. Chama a seu sangue, “sangue da nova aliança”, ou seja, da promessa e da nova lei. De fato, isto é o que antigamente já tinha prometido e o confirma a nova aliança. E assim como a antiga aliança ofereceu ovelhas e novilhos, a nova oferece o sangue do Senhor. Esta passagem também insinua que ele tinha que morrer; por isso fez alusão ao testamento e menciona também o antigo. Daí que também não faltasse sangue na inauguração da primeira aliança. Novamente declara a causa de sua morte: Que será derramada por muitos para o perdão dos pecados. E acrescenta: Fazei isto em minha memória.

Não percebes como retrai e afasta os seus discípulos dos ritos judaicos? Que é como se dissesse: Vós comemorais aquela ceia em comemoração dos prodígios operados no Egito; celebrai a nova ceia em minha comemoração. Aquele sangue foi derramado para salvar aos primogênitos; este, para o perdão dos pecados de todo o mundo. Este é o meu sangue, diz, que será derramado para o perdão dos pecados. Disse isto, sem dúvida, tanto para demonstrar que a paixão e a morte são um mistério, como para, desta forma, consolar novamente aos seus discípulos. E assim como Moisés disse: É lei perpétua para vós, assim ele também disse: Em minha comemoração, até que eu volte. Por isso afirma: Tenho desejado ardentemente comer esta comida pascal; ou seja, desejei entregar-vos esta nova realidade, dar-vos uma páscoa com a qual vos convertereis em homens espirituais.

E ele mesmo bebeu também dele. Para evitar que ao ouvir estas palavras replicassem: “Como? Vamos beber sangue e comer carne?” E se escandalizassem – pois, falando em outra ocasião deste tema, muitos se escandalizaram de suas palavras; pois bem, para que não tivessem motivo de escândalo, ele é o primeiro em dar o exemplo, induzindo-os a participar nestes mistérios com o espírito tranquilo. Por esta razão, ele mesmo bebeu o seu sangue.

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