domingo, 18 de fevereiro de 2018

Domingo do Perdão

Semana da Abstinência de Queijo 
18 de Fevereiro de 2018 (CC) - 05 de Fevereiro (CE)
Santa Ágata (Águeda), virgem, mártir, (†251)
Modo 4




Santa Ágata nasceu em Palermo, na Sicilia, na época do imperador Décio (251). Nascida em família cristã, de boa situação econômica, a menina cresceu sendo educada nas virtudes cristãs. Desde criança demonstrou inteligência e era considerada uma das mulheres mais belas de sua época. Porém, era mais destacada ainda por sua vida virtuosa. Desde menina fez votos de virgindade e de não ter outro esposo senão Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos cavalheiros nobres que admiravam sua beleza, pediam-na em casamento. Encontrando-se Ágata em Catânia, Quinciano, governador da Cicília, ouviu falar de suas qualidades e de sua intenção de se tornar serva de Cristo; quis vê-la e tomá-la por esposa, a ponto de ir pessoalmente ao seu encontro. Vendo-se perseguida, Ágata orou fervorosamente e, terminando a oração, levantou-se animada, partindo para Catânia. O governador Quinciano ordenou que fosse entregue a Afrodisia, mulher perversa que com suas seis filhas mantinha uma casa de má fama. Nesse lugar, Ágata sofreu varias tentativas contra sua honra, o que para ela foi mais terrível que os tormentos ou a morte, mas se manteve firme. Depois de um mês, Quinciano a assustava com ameaças, mas ela permanecia firme e declarava que “ser serva de Cristo, na verdade era ser livre”. O juiz descontente com suas respostas, ordenou que fosse presa e açoitada. No dia seguinte, Ágata novamente foi interrogada por Quinciano: “Como, tendo nascida livre e em uma casa tão ilustre, te conformas com a miserável condição de ser escrava?” Ágata respondeu: “Se ser serva de Deus é ser escrava, faço nobre esta escravidão porque não conheço nem maior e nem mais verdadeira nobreza que a de servir a este Senhor”.

O governador então insistiu que ela oferecesse sacrifícios aos deuses do império, dizendo que se não o fizesse espontaneamente, faria pela força e rigor dos tormentos. Como mantivesse a firmeza da fé, foi submetida a cruéis torturas: desconjuntamento dos ossos, dilaceramento dos seios. Foi arrastada por sobre cacos de vidros e carvões em brasa. Porém, nem as ameaças, nem as promessas a fizeram sucumbir, já que, para ela, aqueles ídolos nada significavam. Ao ver que tudo sofria com serenidade, o governador ficou ainda mais enfurecido e ordenou que fosse levada à prisão sem alimento nem cuidados médicos. Deus, porém, a confortava; apareceu-lhe São Pedro em uma visão que iluminou com uma luz celestial todo o calabouço, consolando-a e sarando seus ferimentos. Na prisão, Ágata dirigiu ao Senhor a seguinte oração: “Deus poderoso e eterno, que por puro afeto e misericórdia quiseste tomar sob tua proteção esta humilde serva, e que desde cedo preservaste do amor do mundo para que meu coração ardesse unicamente em teu amor: meu Salvador Jesus Cristo, que quiseste conservar em meio a tantos tormentos, para maior gloria de teu nome e para a confusão do poder das trevas, digna-te receber minha alma em tua eterna morada, a dos bem-aventurados; esta é a última graça que te peço e que espero de tua infinita bondade. Sua morte aconteceu dia 05 de fevereiro de 251 sendo sepultada em Catânia com toda veneração, à altura de tão ilustre martírio.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (IV)

Lucas 24:1-12

E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.

LITURGIA

Tropárion 
Ouvindo do Anjo o alegre anúncio da Ressurreição, / que da antiga condenação nos libertou, / as discípulas do Senhor, disseram envaidecidas aos apóstolos: / «A morte foi vencida, e o Cristo Deus ressuscitou // dando ao mundo a grande misericórdia.» 

Kondákion 
O Salvador e Redentor meu, / sendo Deus, rompeu as portas do Hades, / libertando de suas cadeias os habitantes da terra, // e, sendo Soberano, ressuscitou ao terceiro dia.  

Theotókion 
O mistério eternamente oculto e dos anjos desconhecido, / através de ti, ó Mãe de Deus, encarnando-se, / apareceu na terra, voluntariamente aceitou a Cruz, / e com ela ressuscitou o primeiro criado, //e salvou da morte as nossas almas. 

Kondakion do Domingo do Queijo Modo 6
Ó Senhor, que És o guia para a sabedoria, o Doador da prudência, o instrutor do insensato e o protetor dos pobres: fortalece e iluminar-meu coração. Dá-me o dom de saber me expressar, ó Tu que És a Palavra do Pai; porque eis que não impedirás os meus lábios de clamar a Ti, ó Misericordioso Senhor: tem piedade de mim que tenho caído.

Prokímenon 

Quão magníficas são as Tuas obras, Senhor, 
Fizeste com sabedoria todas as coisas. (Sl 103:24)  

Bendize ó minha alma o Senhor 
Senhor, como Tu És grandioso. (Sl 103:1) 

Romanos 13:11-14:4 

11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. 12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 13 Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. 14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. 1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. 2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. 3 Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. 4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! 
Cinge a Tua espada, com majestade e esplendor, 
cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça. 
 

Aleluia, aleluia, aleluia! 
Amaste a justiça e detestaste a iniquidade,
 
Por isso Deus Te ungiu com o óleo da alegria.
 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 6:14-21

14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. 16 Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 

† † † 


Meditação Para O Domingo Do Perdão

Este é o quarto e último domingo da temporada preparativa para a Grande Quaresma, e amanhã iniciamos o período bendito da Grande Quaresma.

No "Domingo do Fariseu e do Publicano", Cristo abre as portas do arrependimento e inicia o caminho que conduz à Grande Quaresma.

No "Domingo do Filho Pródigo" se direciona o olhar para o Pai, a meta da Grande Quaresma.

No "Domingo do Juízo Final" e da "Abstinência de Carne", se medita sobre a importância do próximo, porque com ele se cumprirão as "obras do amor".

E hoje, no "Domingo do Perdão", se dá ao próximo o beijo de amor para iniciar o jejum com alegria, reconciliando-nos com Deus e com o próximo, e, por conseguinte, conosco mesmo.

Nos Ofícios e orações deste domingo, como assim também na passagem do Evangelho (Mt 6:14-21), duas temáticas se sobressaem. 

A primeira trata da comemoração da expulsão de Adão do Paraíso, o qual o deixa em lágrimas. Os hinos e as leituras bíblicas comparam a situação paradisíaca com a situação posterior à queda, a qual realmente merece o pranto e o arrependimento, algo que os hinos reiteram exaustivamente.

A segunda temática trata do perdão, isto é, pedir perdão a Deus e perdoar ao próximo. Sobre isto nos fala a passagem do Evangelho: o perdão que Deus nos concede e o perdão que devemos conceder aos demais. Justamente antes de tratar do tema do jejum. Por meio desta celebração, a Igreja conclui este período de preparação com o perdão, e inicia a Grande Quaresma.

Assim, ambas as temáticas - a do pranto de Adão pela expulsão do Paraíso e a de pedir o perdão de Deus e perdoar ao próximo - se reúnem em um único tema, que é o jejum.

Acaso não é pelo fato de não haver obedecido a Deus, e de haver transgredido o mandamento de jejuar (ou seja, não comer da árvore proibida) a causa da expulsão de Adão do Paraíso? Agora, o jejum é a ferramenta que possibilitará a reconciliação entre os seres humanos Deus, pois, o jejum nos brinda com o perdão Divino pelo arrependimento das nossas transgressões.

Este domingo nos recorda dois acontecimentos. O primeiro é a expulsão de Adão do Paraíso; o momento da separação entre Deus e o homem, momento este retrato nas Bíblia com imagens fortes, pois Deus põe querubins para vigiar as portas do Paraíso com uma espada de fogo em suas mãos. É uma imagem que dá a entender que a porta está fechada frente a qualquer intento de reconciliação com Deus, depois que Adão e Eva se descuidaram do "jejum". O segundo é o anuncio antecipado do perdão de Deus, outorgado com a esperança de que os homens se perdoarão para que o perdão Divino se cumpra completa e definitivamente, como claramente fala a Escritura. Este será o momento da "reconciliação" com Deus.

Nos reconciliaremos com Deus por meio do jejum, o qual deve ser iniciado perdoando o próximo e nos reconciliando com ele. Pode ser que seja mais fácil ajudar a um pobre ou nos compadecer de um estranho; mas, o mais difícil é perdoar ao nosso próximo (o perdão entre Fiéis e próximos), pois, a reconciliação somente ocorre quando o amor chega realmente a superar nosso amor por nós mesmos e a todo orgulho pessoal. Será a prova que temos posto ao próximo não somente acima de algumas de nossas razões, como também acima da nossa própria dignidade; porque ao nos reconciliar com nosso próximo, alcançamos agradar o coração Divino e sentir paz.

Por isto a Igreja estabeleceu em seu culto (e o culto é a forma visível da vivência da Fé), que todos os cristãos se reúnam no Ofício das "Vésperas do Domingo do Perdão", e ao final do Ofício troquem o beijo da paz entrei e se abracem mutuamente como sinal de reconciliação e amor verdadeiro. A Tradição da Igreja Ortodoxa prevê que o Bispo junto com todos os Sacerdotes e Fiéis se congreguem na tarde daquele dia, para celebrar o Ofício de Vésperas, que se peçam mutuamente perdão a fim de iniciar a Grande Quaresma com alegria e determinação. Este gesto também pode igualmente se dar ao final da Divina Liturgia deste domingo.

Depois de abordar a necessidade de perdoar ao próximo para obter o perdão Divino, o texto bíblico aborda o tema do jejum, o qual deve ser acompanhado de sinais de alegria e não com "rostos tristes" para que as pessoas percebam que estamos jejuando.

Sim, a Quaresma não é um período em que nos torturamos, nem que nos castigamos, tão pouco se trata de "pagar" nossas dívidas para com Deus. A Quaresma é o período no qual predomina o amor fraterno, e o sentido de amor a Deus e à Luz que Ele nos concedeu. O jejum é o período no qual nos enchemos da Graça Divina derramada em nossos corações e nos alegramos com a presença da Graça em nós, a tal ponto que "nos esquecemos de comer nosso pão" - Salmo 101(102):4. A Quaresma é o período no qual não vivemos competindo por um pedaço de pão; é o período em que "o pão nosso de cada dia" se converte no pão dos anjos - quer dizer, louvor - e também em dar de comer ao próximo - quer dizer, amor.

Assim nos exorta o Ofício de Vésperas celebrado neste domingo à tarde:

"Iniciemos o período do jejum com alegria, 
Livremente desejando percorrer pela via do combate espiritual;
Purifiquemos nossa alma, purifiquemos nosso corpo,
Jejuando das paixões tal como jejuaremos dos alimentos.
Gozemos, pois, das virtudes do Espírito."

Eis aqui um tempo oportuno, eis aqui o período do arrependimento, o qual poderemos iniciar com uma frase: "Perdoa-me, meu irmão" - e, assim, iniciar juntamente com nosso próximo, a Grande Quaresma com o beijo da paz. Amém

Metropolita Chrysóstomos,

Igreja Ortodoxa Grega (GOC),
Metrópole Autônoma do Equador e América Latina

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