segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

36ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

28 de Janeiro de 2019 (CC) 15 de Janeiro (CE)
São Paulo de Tebas, no Egito (341), e São João Calabytes 
Modo 2



São Paulo nasceu no Egito, na baixa Tebaida, e perdeu seus pais quando tinha 14 anos. Distinguia-se por conhecer a língua grega e a cultura egípcia. Era bondoso, modesto e temente a Deus. A cruel perseguição do imperador Décio perturbou a Igreja no ano de 250. O demônio tratava de matar, com seus sutis artifícios, tanto os corpos quanto as almas. Durante estes dias, Paulo permaneceu escondido na casa de um amigo. Mas, ao saber que fora denunciado por um cunhado que cuidava de suas propriedades, fugiu para o deserto. Lá encontrou algumas cavernas que, segundo a tradição, serviram para cunhar moedas na época de Cleópatra, rainha do Egito. Escolheu para sua morada uma destas cavernas, próximo de uma fonte e de uma palmeira. Vestia-se com as folhas das palmeiras, seus frutos o alimentava e a água da fonte o saciava. 
Paulo tinha 22 anos quando chegou ao deserto. Seu primeiro propósito era gozar a liberdade para servir a Deus, durante as perseguições. Tendo gostado da doçura da contemplação, na solidão, resolveu não mais voltar a cidade e se esquecer totalmente do mundo. Paulo se alimentava do fruto da palmeira até seus 43 anos. Depois disso, até sua morte, assim como Elias, ele também era alimentado por um corvo que trazia pão no bico. Não se sabe de que forma viveu e com que se ocupava até morrer aos 90 anos quando Deus se deu a conhecer a seu servo. 
O Monge João, o Morador da Tenda

O Monge João, o morador das barracas, era filho de pais ricos e ilustres que viviam em Constantinopla durante o século V, e recebeu uma boa educação. Ele adorava ler livros espirituais, e tendo percebido a vaidade da vida secular, o preferiu "ao invés do caminho amplo, o que era estreito, frágil e extremamente rigoroso". Tendo persuadido seus pais a dar-lhe um evangelho, ele partiu secretamente para Bitínia. 
No mosteiro "vigilância Incessante" recebeu tonsura monástica. O jovem monge começou a sua ascese com extremo zelo, surpreendendo seus irmãos com oração incessante, obediência humilde, abstinência estrita e perseverança no trabalho. 
Depois de seis anos ele começou a passar por tentações: pensamentos sobre seus pais, sobre seu amor e carinho, sobre sua tristeza – tudo isso começou a perturbar o jovem asceta. 
São João revelou a sua situação ao higúmeno e pediu para ser liberado do mosteiro, e rogou aos irmãos para não esquecê-lo em suas orações, esperando que por suas orações ele iria, com a ajuda de Deus, tanto ver seus pais e superar também as armadilhas do diabo. O higúmeno deu-lhe a sua bênção. 
São João voltou para Constantinopla vestido de mendigo e não foi reconhecido por ninguém. Instalou-se às portas da casa dos pais. Os pais mandaram-lhe comida da mesa, por amor de Deus. Durante três anos, oprimido e insultado, viveu numa tenda (cabana), suportando frio e geada, conversando incessantemente com o Senhor e os Santos Anjos. Sempre com ele estava o Evangelho, dado por seus pais, e do qual ele incessantemente reunia palavras de vida eterna. Antes de sua morte, o Senhor apareceu em uma visão para o monge, revelando que o fim de suas dores estava se aproximando e que depois de três dias ele seria levado para o Reino Celestial.

Só, então, o Santo mostrou aos seus pais o evangelho que eles lhe tinham dado pouco antes de ele ter deixado a sua casa parental. Os pais reconheceram o filho. Com lágrimas de alegria abraçaram-no simultaneamente com lágrimas de tristeza, em que ele tinha sofrido privação por tanto tempo nas próprias portas de sua casa parental. São João deu instruções finais a seus pais para enterrá-lo no local onde estava sua tenda, e para colocar na sepultura os trapos do mendigo que ele usava durante a vida.  
O Santo morreu em meados do século V, quando ainda não tinha 25 anos de idade. No lugar de seu enterro os pais construíram uma igreja para Deus e ao lado dela uma casa de hospitalidade para estranhos. No século XII, uma parte das relíquias do Santo fora levada pelos cruzados para Besacon (na França), e as outras relíquias do santo foram levadas para Roma.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hebreus 11:17-23, 27-31

17 Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigênito aquele que recebera as promessas, 18 e a quem se havia dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, 19 julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o recobrou. 20 Pela fé Isaque abençoou Jacó e a Esaú, no tocante às coisas futuras. 21 Pela fé Jacó, quando estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou, inclinado sobre a extremidade do seu bordão. 22 Pela fé José, estando próximo o seu fim, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos. 23 Pela fé Moisés, logo ao nascer, foi escondido por seus pais durante três meses, porque viram que o menino era formoso; e não temeram o decreto do rei. 27 Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como quem vê aquele que é invisível. 28 Pela fé celebrou a páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos não lhes tocasse. 29 Pela fé os israelitas atravessaram o Mar Vermelho, como por terra seca; e tentando isso os egípcios, foram afogados. 30 Pela fé caíram os muros de Jericó, depois de rodeados por sete dias. 31 Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os desobedientes, tendo acolhido em paz os espias.      

Marcos 9:42-10:1

E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros. 1 E, levantando-se dali, foi para os termos da Judéia, além do Jordão, e a multidão se reuniu em torno dele; e tornou a ensiná-los, como tinha por costume.

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REFLEXÃO


“Não consintas; afasta-o de teus ouvidos, talvez volte corrigido”

Portanto, quando escutas: Ai do mundo por causa dos escândalos, não te assustes. Ama a lei de Deus e não haverá escândalo para ti. Mas se aproxima a mulher te sugerindo não sei que mal. A amas como deve amar-se a esposa, como membro teu que ela é. Mas se teu olho te escandaliza, se tua mão te escandaliza, se teu pé te escandaliza, como ouviste no Evangelho: corta-os e lança-os longe de ti.

Quem te é muito querido, aquele a quem tens muito apreço, considera-o grande, considera-o como teu membro querido enquanto não comece a escandalizar-te, ou seja, a persuadir-te algum mal. Escutai que isto é o escândalo. Colocamos como exemplo a Jó e a sua esposa; porém, ali não aparece a palavra escândalo. Escuta o Evangelho: Quando o Senhor se pôs a falar de sua paixão, Pedro começou a dissuadir-lhe de padecer. Aparta-te de mim, satanás, porque tu és para mim escândalo. Desta forma o Senhor, que te deu o exemplo de como viver, te ensinou em que consiste o escândalo e o modo de precaver-te dele.

Tendo-lhe dito antes: Feliz és, Simão Bar Jona, tinha manifestado que era seu membro. Mas quando começou a servir-lhe de escândalo, cortou o membro; em seguida o refez e o repôs. Portanto, será escândalo para ti quem comece a te persuadir para algum mal. E entenda-o bem vossa caridade: isto acontece a maior parte das vezes não por malignidade, mas por uma perversa benevolência.

Por exemplo: teu amigo te vê, que te ama e a quem amas, teu pai, teu irmão, teu filho, tua esposa; teu amigo te vê no mal e quer te fazer mal. O que é te ver no mal? É te ver em alguma tribulação. Talvez a sofres por causa da justiça; talvez a sofres porque não queres proferir um falso testemunho. Falei isto a modo de exemplo. Estes abundam, visto que ai do mundo por causa dos escândalos!

Por exemplo: um homem poderoso, para alcançar seu despojo e conseguir seu roubo, te pede o serviço do falso testemunho. Tu te negas; negas a falsidade, para não negar a verdade. Para não perder tempo, ele se enfurece e, sendo poderoso, te recompensa. Aproxima-se o teu amigo que não deseja ver-te em tal aperto com estas palavras: “Suplico-te, faz o que te diz: que importância tem?” Talvez se repete o que satanás disse ao Senhor: Está escrito de ti que enviará os seus anjos para que teu pé não tropece. Talvez também este teu amigo, como vê que és cristão, quer persuadir-te com testemunhos da lei a que faças o que ele pensa que deves fazer. “Faz o que diz”. “O quê?” “O que ele deseja”. “Mas se trata de uma mentira, de uma falsidade”. “Não leste que todo homem é mentiroso?” Eis aqui já o escândalo. Trata-se de teu amigo; o que vais fazer? É tua mão, teu olho: Arranca-o e lança-o longe de ti. O que significa arranca-o e lança-o longe de ti? Não consintas. Arranca-o e lança-o longe de ti significa não consentir.

Os membros de nosso corpo, pela coesão, formam uma unidade, pela coesão que vivem, e pela coesão se unem entre si. Onde há dissensão há enfermidade ou ferida. Portanto, visto que é teu membro, o amas; mas se te escandaliza, arranca-o e lança-o longe de ti. Não consintas; afasta-o de teus ouvidos, talvez volte corrigido.

Bem-aventurado Agostinho, 

bispo de Hypona (séc. V)

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