quarta-feira, 6 de março de 2019

3ª Quarta-feira do Triódion

06 de Março de 2019 (CC) / 21 de Fevereiro (CE)
Santos Timóteo de Symboleia, na Bitínia (795); Estácio, Arcebispo de Antioquia (337); George Bispo de Amastris, no Mar Negro (805); 
João Escolástico, Patriarca de Constantinopla (577); 
Zacarias, Patriarca de Jerusalém (633); Santo Ícone da Mãe de Deus Kozelenskaya.
Abstinência de Carne
Tom 7


São Timóteo de Symbola, era de ascendência italiana. Tornou-se monge ainda jovem e procurou o ascetismo em um mosteiro chamado "Symbola", na Ásia Menor, perto do Monte Olimpo. Naquela época Teoctisto era o arquimandrita do mosteiro. São Timóteo foi discípulo de Teoctisto e também de São Platão do Mosteiro de Studion (5 de abril). Atingindo um alto grau de perfeição espiritual, recebeu de Deus o dom de curar os doentes e expulsar os espíritos imundos. Passou muitos anos como eremita, vagando pelo deserto, montanhas e florestas, de dia e de noite, oferecendo orações ao Senhor Deus. Faleceu bem idoso, no ano de 795.  
Comemoração de São George, Bispo de Amastris 
No início do século IX, habitava em chromma, próximo a Amastris, às margens do Mar negro,  o casal Teodósio e Mageta. Casados já há muito tempo, ainda não havia sido agraciados com filhos. Rezavam a pedindo a Deus para que lhes enviasse um. Deus escutou as orações do casal e, quando nasceu um menino, puseram-lhe o nome de George. Aos três anos de idade, o menino caiu em uma fogueira e ficando entre a vida e a morte. Mesmo salvo, as queimaduras lhe deixaram cicatrizes nas mãos e num dos pés. George era de uma bondade extraordinária, o que surpreendia a todos. Completou seus estudos eclesiais e, em sua ordenação sacerdotal muitas pessoas que o viram crescer ou que o conheciam sua fama estiveram presentes. O jovem sacerdote sentiu-se chamado a viver de forma mais despreendida das coisas do mundo e foi para o deserto no Monte Sirik, onde  encontrou um ancião anacoreta que lhe iniciou na vida eremitica. Juntos permaneceram até a morte de seu pai espiritual que havia lhe pedido que, após sua morte, para que não ficasse sozinho, fosse morar no monastério de Bonissa. George,  ainda que desconhecido, foi aceito pelos monges que o tratavam como um velho amigo. No entanto, o povo de Amastris não havia ainda se esquecido de George. 
Quando o bispo local faleceu, George foi eleito para sucedê-lo, e o povo foi ao monastério onde vivia para lhe comunicar sobre sua eleição. Como George se negasse a aceitar o cargo, a comitiva o convenceu a ir a Constantinopla para ser apresentado ao Patriarca Tarásios. O Patriarca recordou-se de George  pois alguns anos antes, em Constantinopla, havia participado de alguns ofícios, cantando no coro. Era costume do Patriarca dar aos cantores, após o oficio, uma pequena espórtula, e George negou-se a recebê-la, o que impressionou muito o Patriarca Tarásios. O Patriarca mostrou-se decidido a consagrar George bispo, ainda que o imperador tivesse um outro candidato para ocupar o trono em Amastris. Por ter sido eleito pelo povo, o Patriarca resolveu então proceder uma nova eleição entre os dois candidatos. George novamente foi eleito e foi consagrado pelo Patriarca e recebido pelo povo com grande alegria. O novo bispo foi um pai para o seu povo, e sua prudência não superou sua piedade. Naquela época, a região era freqüentemente atacada pelos sarracenos.  Sabendo disso que isso era iminente, o bispo avisou aos camponeses para que se refugiassem dentro das muralhas da cidade. Não acreditando no perigo, negavam-se a sair de suas casas. O bispo George, então, foi de casa em casa para convencer os moradores a irem para dentro  dos muros da cidade. Os camponeses obedeceram seu bispo e os inimigos, ao chegar, decidiram retirar-se ao ver que a cidade estava preparada para expulsá-los. 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

HORA SEXTA

Joel 2:12-26

12 Todavia ainda agora diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. 13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal. 14 Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de cereais e libação para o Senhor vosso Deus? 15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene; 16 congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu tálamo. 17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus? 18 Então o Senhor teve zelo da sua terra, e se compadeceu do seu povo. 19 E o Senhor, respondendo, disse ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, o vinho e o azeite, e deles sereis fartos; e vos não entregarei mais ao opróbrio entre as nações; 20 e removerei para longe de vós o exército do Norte, e o lançarei para uma terra seca e deserta, a sua frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental; subirá o seu mau cheiro, e subirá o seu fedor, porque ele tem feito grandes coisas. 21 Não temas, ó terra; regozija-te e alegra-te, porque o Senhor tem feito grandes coisas. 22 Não temais, animais do campo; porque os pastos do deserto já reverdecem, porque a árvore dá o seu fruto, e a vide e a figueira dão a sua força. 23 Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, e regozijai-vos no Senhor vosso Deus; porque ele vos dá em justa medida a chuva temporã, e faz descer abundante chuva, a temporã e a serôdia, como dantes. 24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite. 25 Assim vos restituirei os anos que foram consumidos pela locusta voadora, a devoradora, a destruidora e a cortadora, o meu grande exército que enviei contra vós. 26 Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca será envergonhado. 

VÉSPERAS

Joel 3:12-21

12 Suscitem-se as nações, e subam ao vale de Jeosafá; pois ali me assentarei, para julgar todas as nações em redor. 13 Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, os vasos dos lagares trasbordam, porquanto a sua malícia é grande. 14 Multidões, multidões no vale da decisão! porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão. 15 O sol e a lua escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor. 16 E o Senhor brama de Sião, e de Jerusalém faz ouvir a sua voz; os céus e a terra tremem, mas o Senhor é o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel. 17 Assim vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o meu santo monte; Jerusalém será santa, e estranhos não mais passarão por ela. 18 E naquele dia os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os ribeiros de Judá estarão cheios de águas; e sairá uma fonte da casa do Senhor, e regará o vale de Sitim. 19 O Egito se tornará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente. 20 Mas Judá será habitada para sempre, e Jerusalém de geração em geração. 21 E purificarei o sangue que eu não tinha purificado; porque o Senhor habita em Sião. 

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MEDITAÇÃO


Santo Atanásio, Bispo de Alexandria (séc. IV)

“Suas Cicatrizes Nos Curaram”

Nos conta São João que Jesus tinha dito: Destruí este templo e em três dias o erguerei. Mas ele – observa o evangelista – falava do templo do seu corpo. E se é verdade que o Pai fez tudo por sua Palavra, por seu Filho, não é menos evidente que a ressurreição de sua carne a consumou por seu próprio Filho. Portanto, por meio dele o ressuscita e por meio dele lhe dá a vida. Enquanto homem é ressuscitado segundo a carne, e enquanto homem recebe a vida, quem agiu como um homem qualquer.

Mas ele é ainda quem, em sua qualidade de Deus, levanta o seu próprio templo e comunica a vida a sua própria carne. Enquanto por um lado nos diz: Por eles me consagro para que também eles se consagrem na verdade. E quando diz: Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?, fala como nosso representante, já que assumiu a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E assim, encontrado com aspecto humano, se humilhou fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. E como disse Isaías: Ele suportou nossos sofrimentos e padeceu nossas dores.

Sendo assim, não foi vexado de dores por sua causa, mas pela nossa; nem foi abandonado por Deus, mas nós; e por nós, os abandonados, ele veio ao mundo. E quando diz: Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome, fala do templo de seu corpo.

Realmente, não é o Altíssimo quem é exaltado, mas a carne do Altíssimo; e é para a carne do altíssimo que se concedeu o “nome que está acima de todo nome”. E quando disse: o Espírito ainda não tinha sido dado, porque Jesus não havia sido glorificado, fala da carne de Cristo que ainda não estava glorificada. Pois não é o Senhor da glória que é glorificado, mas a carne do Senhor da glória; esta recebeu a glória junto com ele quando subiu ao céu. Por isso, o espírito de adoção ainda não fora dado aos homens, porque as primícias que o Verbo tinha assumido da natureza humana ainda não haviam subido ao céu.

Portanto, quando a Escritura utiliza expressões tais como: “o Filho recebeu”, ou “o Filho foi glorificado”, referem-se a sua humanidade, não a sua divindade. Assim, enquanto alguns textos dizem: Aquele que não poupou ao seu próprio Filho, mas que o entregou à morte por nós, outros afirmam: Como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela.

Deus, que é imortal, não veio para salvar-se a si mesmo, mas para libertar-nos, a nós que estávamos mortos; nem padeceu por si mesmo, mas por nós, e de tal forma ele assumiu nossa miséria e nossa pobreza, que foi com a finalidade de enriquecer-nos com a sua riqueza. Pois sua paixão é nossa alegria; sua sepultura, nossa ressurreição; e seu batismo, nossa santificação. De fato, ele afirma: Por eles me consagro, para que também eles se consagrem na verdade. E seus sofrimentos são nossa salvação, porque suas chagas nos curaram. O castigo suportado por ele é a nossa paz, já que nosso salutar castigo recaiu sobre ele, isto é, foi castigado para merecermos a paz.

E quando na cruz exclama: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, encomenda ao Pai, nele mesmo, a todos os homens que nele são vivificados. Somos realmente seus membros, e ainda que sejam muitos os membros, formamos um só corpo, que é a Igreja. É o que diz São Paulo escrevendo aos gálatas: Porque todos vós sois um só em Cristo Jesus. Desta forma, nele, nos encomenda a todos.

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